quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Alarme

"O futebol italiano está a ser varrido por um novo tsunami. Depois do vendaval que o fustigou no Verão passado e que teve consequências funestas para oito jogadores, quatro treinadores, três dirigentes e 15 clubes, agora o que aí vem é um autêntico terramoto. Não só porque desta vez atinge em cheio o escalão principal e vários dos seus protagonistas mas também e, sobretudo, pelas proporções assustadoras que irá ter. O motivo é sempre o mesmo: resultados combinados e apostas clandestinas. Das 20 equipas da Série A só três (Juventus, Milan e Inter) não estão envolvidas no escândalo, enquanto os jogos sob suspeita são nada menos do que 20, alguns do campeonato ainda em curso. Tudo isto veio à tona porque Carlo Gervasoni, ex-defensor do Piacenza (já punido com cinco anos de suspensão na sentença do primeiro processo), apertado pelo juíz de investigação do tribunal de Cremona, despejou o saco. Do que não há dúvida, a fazer fé na opinião dos entendidos em direito do desporto, é de que ocorrerão irradiações e despromoções. Os próprios Buffon (que aposta, no mínimo, 200 mil euros/mês!), Cannavaro e Gattuso, viciados no jogo, não ficaram imunes a alguns salpicos da lama.

Para já, o caso está ainda no âmbito da justiça ordinária, que promete facultar à sua congénere desportiva o dossier com o resultado de todas as diligências efectuadas. Lá para o início da Primavera, o mais tardar, conheceremos as primeiras sanções e o alvoroço que irão provocar. O mais curioso é que o epicentro do ciclone está em Singapura e, pelos cálculos mais optimistas, haverá pelo menos 200 jogos sob suspeita, incluindo da Liga dos Campeões, disputados em países como Alemanha, França, Suíça, Hungria, Bósnia, Eslovénia, Croácia e, obviamente, Itália, que nestas coisas está sempre na primeira linha. Até na busca dos delinquentes."


Manuel Martins de Sá, in A Bola

3 comentários:

  1. Infelizmente, o que se constata, é que nem sequer os seus principais protagonistas, os jogadores, que deveriam mais que ninguém preservar a sua galinha dos ovos de ouro e quem lhe dá a ganhar milhões, p+reservam um desporto que tanto gostamos, mas que está no geral cada vez mais sujo.
      lamento que em Portugal não haja a mesma coragem.

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  2. Como é que em Itália, com a máfia que se conhece e de que se fala, estas coisas vêm à tona e são (supostamente) resolvidas com mão pesada e exemplar (a Juventus e o Milan pelos vistos parece que aprenderam) , e em Portugal nada se passa e nada acontece? Vivemos num país assim tão corrupto?

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  3. Em Itália no passado recente existiram Homens como Falcone e Borselino, que em vida, e depois como martires, conseguiram mudar as Leis do País, conseguiram ainda mudar o 'sistema', denunciando os famosos Juízes 'mata-sentenças' (que em Tribunais de recurso anulavam as acusações!!!), mas se calhar ainda mais significativamente, através do exemplo, criaram uma cultura de anti-Máfia... que ainda hoje se sente na sociedade Italiana...
    Em sentido completamente oposto, aqui em Portugal, ainda esta semana algumas pessoas com responsabilidades editoriais na imprensa, mesmo admitindo e reconhecendo todo o passado (e presente) criminoso do Padrinho das Bufas, resolveram elogiá-lo devido aos seus triunfos pífios!!! Vivemos num País, onde os comportamentos criminosos são facilmente desculpáveis, chegando mesmo ao ponto de serem elogiados.
    Isto é essencialmente um problema cultural, que não será resolvido com novas Leis... Só através do Exemplo e da furiosa denuncia se poderá alterar alguma coisa...

    Abraços

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