domingo, 4 de dezembro de 2011

Espírito forte



Leões de Porto Salvo 3 - 6 Benfica



Excelente vitória, com grande segunda parte. Não é por acaso que esta equipa do Porto Salvo está em 3º lugar do Campeonato. São fisicamente fortes, rápidos, fortes no 1x1 defensivo, e sabem sair para o contra-ataque... Hoje, não conseguiram manter a intensidade no jogo, e o Benfica mesmo com menos 2 jogadores na rotação habitual (Arnaldo e Diego), acabou por 'cavar' a diferença merecida na segunda parte... Continuamos a demonstrar alguns problemas na transições defensivas. Além disso, hoje, sofremos os dois primeiros golos, em jogadas individuais dos adversários, 'em cima' dos nossos jogadores mais ofensivos, a retificar...

Apesar do Joel continuar a marcar muitos golos, e quase todos espectaculares, o meu destaque vai novamente para o César Paulo. Desde da grave lesão da época passada o nosso Imperador nunca mais tinha jogado ao seu melhor nível, nas últimas jornadas, parece que o César está de regresso ao seu melhor...

Não vai ser fácil o jogo com Lagartos para a semana, a ausência do Arnaldo e do Diego vai-se sentir, obrigando a uma maior utilização dos restantes jogadores, mas jogamos em casa, e além disso com um empate, ficamos em vantagem...

Os (ir)responsáveis

"1. Foi uma importante vitória a de sábado passado, frente a um muito moralizado (e lutador) Sporting. Infelizmente, no final, os adeptos do clube visitante confirmaram que mereciam mesmo ser colocados numa zona de segurança, embora a finalidade última dessa zona seja dupla: proteger, não só os adeptos de clube visitante, como os restantes dos desmandos destes. Mas a culpa maior do que se passou acaba por ser de quem andou a semana toda a acirrar os ânimos. Foi muito infeliz a reacção da Direcção do Sporting (creio que mais para 'mobilização' das suas 'tropas') à colocação no nosso Estádio de uma rede de protecção, que já existe em vários dos principais recintos europeus. Porque não em Portugal também?

O Benfica estava impossibilitado de colocar os adeptos dos clubes adversários todos juntos (até para uma mais fácil e económica protecção policial). Se os colocasse no piso 0, arriscavam-se a ser agredidos pelos adeptos dos pisos superiores; se os colocasse lá em cima, o mais certo seria acontecer o mesmo que em certo jogo com o FC Porto, com famílias em fuga nas bancadas por baixo.

Claro que não seria num encontro com o Paços de Ferreira ou o Rio Ave (e quem diz estes, diz quase todos os outros) que a rede seria testada. Nesses jogos, o piso 3 dessa bancada Coca-Cola nem sequer abre.

E sendo o Sporting o primeiro dos grandes clubes a ir à Luz esta época, claro que seria o estreante. Tudo normal. Alguém teria que ser o primeiro. O que não é normal é a reacção dos seus dirigentes, os primeiros, afinal, a acirrar os ânimos. Jorge Gabriel, sportinguista mas desportista lúcido, fez em excelente artigo no Record. Onde, indirectamente, até responde a algumas infelizes opiniões expressas no mesmo jornal. Depois do jogo, as declarações do vice-presidente do Sporting definem o personagem. Pois se até ficaram lugares vagos num dos dois sectores ocupados pelos adeptos do Sporting...

2. «A Bola» omite os insultos de Pinto da Costa ao jornalista da TVI a seguir ao jogo com o Sp. Braga e 'esconde' numa pequena notícia a agressão de que, depois, foi vítima por elementos do seu 'staff'. Chama-se a isto subserviência..."


Arons de Carvalho, in O Benfica

Responsabilidades

"No passado fim-de-semana, após mais uma derrota do seu clube frente ao Benfica, alguns adeptos do Sporting incendiaram propositada e premeditadamente uma bancada do Estádio da Luz.

Antes disso, um vice-presidente do Sporting acicatou ânimos, insultou o Benfica e chegou a dizer, entre outas alarvidades, que a Direcção do Sporting se recusava a frequentar lugares como o camarote presidencial da Luz e camarotes adjacentes.

Após o criminoso acto pirómano dos seus adeptos, não há sportinguista com voz na comunicação social e responsabilidades no clube que não tenha vindo alijar responsabilidades próprias, fazendo piruetas com a coluna vertebral, para desresponsabilizar os responsáveis materiais do crime. Desta forma, acabam todos por ficar, moralmente, no patamar indecoroso dos criminosos que perpetraram o crime. Assim, há um grupelho de vândalos que vê os seus actos cobardemente protegidos pela desresponsabilização, escondendo-se por trás do grupo e de uma vergonhosa cultura de impunidade.

No mesmo fim-de-semana, mas numa outra latitude, um jornalista da TVI alega ter sido agredido e insultado na presença, e com a aquiescência, do presidente de um clube que prima pelas boas práticas exemplificadas nas escutas do processo “Apito Dourado”.

Neste reino pantanoso da irresponsabilidade, o absurdo não tem limites e, às tantas, ainda veremos as canetas de aluguer do costume a afirmar que as galhetas que o tal jornalista apanhou lá para as bandas do Freixo se deveram a uma rede no Estádio da Luz.

O Presidente da Liga assiste a tudo isto com a desresponsabilização do silêncio. E neste silêncio reside a mais fina ironia de tudo isto…"


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Objectivamente (Waldemar)

"Enquanto os nossos vizinhos de Alvalade andam a querer fazer figuras de gente grande provocando um caso - grave - sem pés nem cabeça. Pinto da Costa continua a provocar situações gravíssimas a jornalistas sem que nada lhe aconteça.

Este fim-de-semana o jornalista da TVI, Waldemar Duarte, foi enxovalhado pelo presidente do FCP e agredido por um grupo de pessoas que o acompanhava enquanto descia do local onde fez a narração do jogo FCP-Braga em direcção à sala de Imprensa. Mesmo à entrada do local onde iria a conferência aberta a toda a Comunicação Social, o mesmo jornalista foi abordado por mais pessoas que o empurraram e voltaram a agredir perante a passividade de toda a gente.

Colegas jornalistas incluídos que, muito provavelmente, por estarem habituados a estas cenas não ousaram tomar qualquer atitude em defesa de um colega de profissão ou, quando muito, de escreverem sobre o que se passou!

É inacreditável que em plena era da Democracia, como todos os dias berram milhares e milhares de pessoas por todo o lado, aconteçam situações como esta e os culpados nunca sejam condenados a pagar por isso.

O próprio Sindicato dos Jornalistas emitiu um comunicado que foi corroborado pela TVI e pela empresa proprietária daquele órgão de Comunicação Social. E o que se viu foi um silêncio «ensurdecedor» que apoquenta todos aqueles que já há longos anos vêem estas pessoas prevaricando com grande frequência sem que nada lhes aconteça.

Faz parte da história negra do nosso Futebol as agressões a homens como Carlos Pinhão, Alfredo Farinha e Homero Serpa, só pelo facto de serem grandes jornalistas, isentos, destemidos e «escritores» n'A Bola. Em tempos a «Bíblia do Futebol português». A história vai-se repetindo com o mesmo protagonista e as mesma vítimas. Mas a justiça continua parada a ver!"


João Diogo, in O Benfica

Apanhando nuvem

"Presidente da Federação deveria ter chamado presidentes de Benfica e Sporting e colocado água na fervura


1. (...)


2. O Benfica, ao perder na Madeira, disse adeus, mais uma vez, à Taça de Portugal. E concentra-se, necessariamente, na nossa Liga e na Liga dos Campeões. Mas, sem esquecermos a Taça da Liga que, obviamente, deve ser encarada com uma opção menor. Numa época que antecede um Europeu - onde, por sorteio nos calhou o verdadeiro grupo da morte - e em que são relevantes os euros a arrecadar, é imperioso que o Benfica vá o mais longe possível na Liga que gera milhões e consiga, uma vez mais e em meados de Maio de 2012, a entrada directa na fase de grupos da próxima Liga dos Campeões. Nestes tempos em que a Alemanha quer conseguir, à força, uma união orçamental, é essencial que, no futebol, nos concentremos no essencial. E o essencial, nestes tempos complexos, são os euros! E sabendo que, no Euro 2012, o primeiro jogo de Portugal vai ser contra a selecção que quer dominar o euro (moeda).


3. O rescaldo (termo rigoroso, pelo que se viu e sabe) dos actos de vandalismo registados no final do Benfica-Sporting estão sob investigação das autoridades policiais. Na realidade, como resulta com clareza meridiana das imagens divulgadas, o incêndio que foi deflagrado no sector do Estádio da Luz delimitado pelo espaço de protecção conformou a prática de um crime público de fogo posto e, como tal, merece acção conforme das polícias. E passados já os dias necessários para arrefecer ânimos e restituir ponderação e bom senso a esta discussão, importa reflectir sobre três questões que os factos em causa evidenciam: a violência associada ao futebol e ao desporto tem de ser ferozmente combatida com medidas eficazes; manifestamente, o ordenamento jurídico nacional, embora se suporte no rigor de outros, são tem propiciado resposta mínimas e não há jogo importante em que episódios desta natureza não ecludam; não se podem confundir grupos de energúmenos com claques, embora estas, por vezes conscientemente, lhes dêem guarida, nem se podem confundir adeptos dos clubes com as respectivas claques, embora as direcções por vezes cuidem mais destas do que daqueles. Exemplo paradigmático de combate à violência no desporto é a Inglaterra. Porque não assumir claramente o registo das identificações dos adeptos violentos, afastando-os dos estádios através da medida de segurança de apresentação coerciva nas esquadras à hora dos jogos sobre pena de prisão por desobediência qualificada? Este o segredo inglês. A lei portuguesa não o permite com esta simplicidade? Altere-se a lei. E, sobretudo, as estruturas organizativas (ou, perante a sua omissão, o Estado) têm de impor aos dirigentes desportivos em redobrado cuidado com o que dizem e com a forma como actuam.


4. Ainda sobre esta matéria, permitem uma reflexão que está para além do que a agenda mediática preencheu. Vozes credíveis permitem-me assumir que, no Estádio da Luz, se viram casais com camisolas e outros símbolos de ambos os clubes, famílias muiticolores, amigos e grupos de amigos verdes e vermelhos, muitos sportinguistas nos cativos da Luz, muita boa e sã confraternização. Isso foi o que se viu. Neste, como em todos os dérbies. São sempre jogos quentes, de muita rivalidade, vivida em conjunto, entre famílias e amigos que abraçaram as diferentes cores e convivem com elas na alegria do desporto. O resto - o que é mediático - são epifenómenos de marginalidade que bordejam os casos de polícia.


5. Faço, no entanto, votos que tudo isto serene e se consigam extrair lições e ensinamentos. E a primeira entidade que, neste caso, deveria ter intervindo seria o presidente da Federação, chamando ambos os presidentes e pondo a necessária água na fervura. Caso se revelassem infrutíferas as duas diligências, o Governo não poderia deixar de intervir. Em causa não está a autonomia - exigível e constitucionalmente consagrada - do movimento associativo. Em causa, enfim, está a diferença entre o mau perder e o não saber ganhar. Se os clubes não a percebem, que a Federação se imponha. Se a Federação não sabe, ou não logra, impor-se, que se imponha a Administração.


6. (...)"


Fernando Seara, in A Bola