domingo, 4 de setembro de 2011

Oportunidade?

"A nova temporada trouxe, desde logo, densa polémica em torno da arbitragem.

No ano passado foi o Benfica a vítima do Sistema - que pretendeu decapitar a equipa, então considerada como a principal favorita à conquista do título. Este ano, um renovado Sporting, carregado de aquisições e de esperança, parece ter sido alvo de idêntica estratégica. O ponto em comum é fácil de identificar, e reside naqueles que, sempre que necessário, podem contar com a mão amiga dos seus heróis de estimação.

Como qualquer benfiquista, não gosto do Sporting. Mas, competições à parte, independentemente de uma ou outra declaração inflamada, de um ou outro comportamento condenável dos seus adeptos, reconheço que o nosso vizinho e rival constitui, juntamente com o Benfica, o duo dos maiores clubes portugueses daquilo a que eu chamaria o arco da responsabilidade.

Nos últimos anos, tolhidos por uma rivalidade cega e doentia, por um sentimento de inveja e de ciúme para com o nosso crescimento, e para com a nossa clara superioridade dentro do campo, a postura institucional dos 'leões' foi equívoca, inviabilizando, em momentos históricos determinados, que o Futebol português fosse definitivamente libertado das amarras que ainda o envolvem. Com novos dirigentes empossados, a esperança numa plataforma de entendimento e compreensão comum ganhou novos argumentos, e creio que esta pode ser a altura certa para encetar esse caminho. Até porque o Benfica não pode, nem deve, esquecer o que lhe sucedeu no ano passado, por esta mesma altura.

O combate pela verdade, que o Benfica assumiu sozinho, está muito longe do seu epílogo, e carece de apoios. Será que se pode confiar neste Sporting para, por fim, assumir as suas responsabilidades, deixar de assobiar para o lado, evitar gritos estéreis, e caminhar lado a lado connosco (e com quem mais se queira juntar) nesta difícil luta? Creio que beneficiariam ambos com isso, pois, com resultados decididos apenas pelos jogadores, tanto o Benfica, como o Sporting, ganhariam mais vezes."


Luís Fialho, in O Benfica

O apito negro

"A crise aberta com a recusa do árbitro João Ferreira em arbitrar o jogo Beira-Mar - Sporting está muito longe de estar encerrada. Costuma ser assim com as grandes crises: põem a descoberto as questões de fundo e vão-se agudizando por etapas sucessivas, nalguns casos até à ruptura final.

O que aconteceu com este jogo foi grave e inusitado, mas veio mostrar até que ponto existe uma solidariedade corporativa entre os profissionais do sector, que se mantiveram unidos e deixaram o problema sem solução até ao último momento.

Não é fácil ser árbitro em Portugal, já que se trata de uma actividade sujeita a uma permanente suspeição e a um escrutínio que causa profundo desgaste a quem se expõe todas as semanas nos relvados.

Neste aspecto, os árbitros são muitas vezes comparáveis aos políticos, sujeitos à mesma pressão e desgaste. E que ninguém duvide que a maioria é gente séria e competente. Os árbitros debatem-se com problemas de diversa índole. Um deles é o aumento constante da exposição mediática e a polarização de conflitos de maior amplitude que muitas vezes encontram a válvula de escape no Futebol. Outro problema é o facto de o espectador em casa ter hoje muito melhores condições técnicas para ajuizar do que o próprio árbitro. Quando ele erra, por distracção, negligência ou dolo, já o mal está feito e tornou-se irreparável. Por outro lado, as bancadas estão repletas de árbitros e treinadores informais que vêem e julgam muito mais com os olhos do coração do que com os da razão. Nessa medida, cada jogo tende a ser um barril de pólvora à espera do rastilho que o active.

Num futuro próximo terá de se reequacionar a forma como os árbitros julgam, dotando-os, eventualmente, de meios tecnológicos que os tornem menos falíveis, vulneráveis e, em alguns casos, aliciáveis. Para já, a crise está para durar, de tal modo que se pode mesmo falar da existência de uma espécie de 'apito negro', roufenho, quase inaudível e muito pouco digno de respeito."


José Jorge Letria, in O Benfica

El Rei D. Sebastião

"Quero falar do projecto de taxas a aplicar aos ricos, do Barcelona/Porto, da greve dos jogadores em Espanha, do descalabro do Arsenal e dos seis golos sem culpa que Roberto sofreu, mas não dá, não há como. Por muito que me apeteça é-me impossível fugir ao assunto Nacional/Sport Lisboa e Benfica. É demasiado importante para ser deixado para a semana seguinte. De arranque sugiro que façamos um teste fácil:

1) Em que Estádio o nevoeiro nocturno marca presença regular a ponto de ser impossível ver jogadores, árbitros e linhas do relvado?

2) Qual o campo, qual é ele, onde as partidas foram interrompidas por causa do nevoeiro, desde que há primeira Liga?

3) Qual o encontro da época anterior em que o SLB foi mais prejudicado pela arbitragem?

4) A que equipa pertence Filipe Lopes, que nesta última jornada deveria ter sido expulso (três faltas para vermelho directo) e castigado com pelo menos cinco jogos de suspensão?

5) Qual o emblema que representam os atletas que viram Bruno César fugir que nem um foguete até marcar um belíssimo golo na passada Segunda-feira?

Sim, nas respostas o denominador comum é o Nacional da Madeira. Todavia, independentemente dos erros de Artur Soares Dias e da excelente prestação do Benfica, o que me chama aqui é o disparate que se repete ano após ano, a irresponsabilidade de realizar à noite os jogos da Primeira Divisão na Choupana. O telespectador não vê, o espectador pagante que está na bancada não vê, os jogadores talvez vejam alguma coisa, mas o assinante da televisão não vê nada, convenhamos. Ninguém 'vê um Boi à frente do nariz'. Se não mudarem de Estádio então mudem a hora do jogo! Se a decisão é da Liga então a Liga que decrete a alteração no horário. Se a decisão é da televisão que paga a transmissão, então que se mude o encontro para os Barreiros. Não vale a pena pensar de forma gananciosa porque, tal como está, toda a gente perde. Será que ainda há gente a acreditar no regresso de D. Sebastião?"


Ricardo Palacin, in O Benfica

O novo-rico

"Vivemos tempos complicados para a DESEJADA ramificação dos valores de cidadania, da humanidade e da vivência em sociedade.

Com a massificação dos direitos à educação, à cultura, à saúde, ao trabalho e ao salário, o Homem foi mandando às urtigas certos princípios como a solidariedade, o bem-estar comum, a consciência de grupo e até mesmo de família.

É verdade. A facilidade com que o dinheiro foi entrando nas nossas vidas, às vezes de forma tão absolutamente lotérica ou ilícita -, ora em função das benesses de carácter social criadas pelos estados ditos desenvolvidos, pelo aproveitamento das brancas da lei geral e dos compadrios governamentais -, alterou a postura do homem no planeta e na vida.

Fenómenos como as riquezas súbitas, bem ou mal explicadas, provocaram uma espécie de mutação, digamos, genética, que atirou para as ruas gente de bolso farto e cabeça curta. Era pois inevitável que o mundo passasse a ter que contar com esse espírito novo-rico que tudo arrasta à sua passagem, na ilusão de que o poder material é inesgotável e justifica a agressão. Assim se compreende o significado da inflação. A inflação resulta precisamente desse novo-riquismo que consome e exige, não tanto o melhor, o que até seria compreensível, mas apenas o mais caro, o mais estrondoso nos números e nas fotografias.

O novo-rico está agora em todo lado, aqui e ali com comportamentos de pato-bravo, e não se queixa da alta dos impostos ou da qualidade de vida dos que o rodeiam. O novo-rico, no seu grau mais elevado, conseguiu atingir estado do offshore, do vidro escuro no jipe, da mesa reservada no restaurante, do beija-mão do político carente de votos, e, como não é burro, foi fazendo uma selecção de coisas que lhe dão prazer (e fortuna) e afastou as outras que são uma chatice e por vezes cheiram a suor. O novo-rico está, de facto, hoje em quase todo o lado, até na Selecção Nacional."


Paulo Montes, in A Bola

Nelson Évora em 5º no Campeonato do Mundo



Excelente resultado, 17,34 m, o melhor da época, o melhor após a prata do Mundial de 2009, depois do calvário das lesões, este resultado, confirma o regresso do Nelson aos grandes momentos... O início de época foi cuidadoso, com medo de uma 'recaída', só poucos dias antes do Mundial o Nelson ultrapassou os 17 metros, na próxima época, começando logo com confiança, fazendo consistentemente marcas nos 17 metros, quando chegarem os Jogos Olímpicos será possível lutar pelas medalhas, nos 17 metros 'altos', ou até nos 18 metros!!!

Hoje com os dois Americanos a baterem os seus recordes pessoais (o Claye fez dois nulos nos dois primeiros saltos, esteve praticamente a ser 'eliminado' dos últimos 3 saltos!!!), o Idowu a fazer o melhor da época, era impossível chegar ao pódio, mesmo assim, talvez com algum cansaço, o Nelson hoje só saltou acima dos 17 metros no primeiro salto, seria de esperar que fizesse outros saltos do mesmo nível, mas isso não aconteceu... mas para o ano a história será diferente. Recordo que provavelmente o maior adversário do Nelson em Londres vai ser o Tamgho, que faltou a estes Mundiais por lesão.


O Yazaldes Nascimento e o Ricardo Monteiro fizeram parte da Selecção Nacional nos 4x100 m. Falharam o apuramento para a final, após o Yazaldes ter sido tocado por um Brasileiro!!! Sendo a equipa do Brasil desclassificada, o estranho para mim é a equipa Portuguesa não ter sido 'repescada' para a final, já que acabou por ser prejudicada. Já na final dos 110m barreiras, o Chinês, foi tocado pelo Cubano, o Cubano foi desclassificado, mas o Chinês que provavelmente iria ganhar a corrida sem o toque, ficou com a prata!!!

Foi pena o Yazaldes não ter conseguido participar a nível individual nos 100m, recordo que ele conseguiu os mínimos, mas o vento anulou a marca...


A participação Portuguesa mesmo sem medalhas, foi uma das melhores de sempre, os Benfiquistas tiveram todos muito bem: 5º Nelson, 6º Fortes, 9º Marisa, 10ª Chuva...


Uma nota para horrível transmissão televisiva, uma realização absurda, e mesmo a nível da organização das provas houve falhas... Sendo que a discussão sobre as falsas partidas 'abafou' todos os outros problemas... pessoalmente defendo que a alteração à regra das falsas partidas, foi feita exclusivamente para não atrasar os directos televisivos, não houve nenhum critério desportivo envolvido, por isso acho absurdo a desclassificação do Bolt, e dos outros!!! A regra que permite uma falsa partida, e à 'segunda' (independentemente do atleta) dá a eliminação, é um mal menor, espero que nos Jogos Olímpicos de Londres não tenhamos 'novelas' destas...