quinta-feira, 28 de abril de 2011

O coração das trevas

"Quando as luzes se apagaram uma sensação de alívio tomou conta daquelas insalubres almas penadas às quais o sol faz mal como a qualquer vampiro chupa-sangue barato de novela pobre. Afinal, é a cobro da noite de vielas esconsas que se habituaram a agredir jornalistas incómodos com a cobardia própria de quem tem vergonha da cara com que nasceu.

É na escuridão de bairros suburbanos que conduzem árbitros corruptos para encontros secretos nos quais conbinam resultados falseados.

É na sombra húmida dos calores da noite que se apaixonam por prostitutas, as levam ao altar e as apresentam ao Papa como sobrinhas devotadas aos prazeres sórdidos dos tios decrépitos.

Ah! As trevas são o seu mundo. Apaguem-lhes as luzes; apaguem-lhes as luzes todas; apaguem até a luz do dia!

Quando as luzes se apagaram saltaram uns sobre os outros como animais esfaimados. Veio-lhes, de repente, uma fome de destruição e uma vontade ensandecida do caos que nasce da tibieza de quem se sabe protegido pelo manto negro do anonimato.

É assim que partem ao assalto de gente inofensiva, se enrouquecem em insultos torpes a famílias incautas, agridem crianças sem rebuço, apedrejam qualquer alvo que se mova na fuga a esta turba enlouquecida.

Mas que bichos são estes que assim se comportam?

Quem são esses peralvilhos que se orgulham do que roubam, do que esbulham?

Quem é esta caterva de solípedes que se retouça no própria excremento?

Quem são estas alimárias que se descobrem, por incompetência dos polícias e conluio dos tribunais, acima das leis da República e à margem das regras lhanas das relações humanas?

Gente não é.

Gente não se comporta assim. Por isso, apaguem-lhes as luzes! Apaguem-lhes todas as luzes! Afinal, é no conforto macabro das trevas que os vermes se multiplicam. E os fungos."


Afonso de Melo, in O Benfica

Às portas da história

"Um empate na Holanda selou, como se esperava, o apuramento do Benfica para as meias-finais da Liga Europa.

17 anos depois, o nosso Clube volta a estar em tão adiantada fase de uma prova internacional, feito que, independentemente do que suceder daqui em diante, já é digno de registo - pois se considerarmos os últimos 40 anos, verificamos que o Benfica apenas atingiu as meias-finais, quer da Taça dos Campeões, quer na Taça UEFA, em cinco ocasiões, de entre as quais somente três foram bem sucedidas (acesso consumado à respectiva final).

Segue-se uma inédita eliminatória diante de outra equipa portuguesa, e espera-se tudo menos facilidades. O Sp. Braga tem feito uma temporada europeia assinalável, de onde podemos destacar as eliminações de Celtic, Sevilha, Liverpool e D. Kiev, acrescida de uma histórica vitória sobre o Arsenal. Trata-se de um clube que tem crescido bastante nos últimos anos, e hoje pouco ou nada deve ao estatuto de 'grande' do nosso futebol. Infelizmente, tem também alimentado uma evitável postura de hostilidade para com o Benfica, fruto, por um lado, da política de alianças dos seus dirigentes e, por outro lado, da necessidade de cortar com o tradicional benfiquismo da cidade de Braga - entendido, mal ou bem, como principal obstáculo à emancipação do clube local. Essa hostilidade vai certamente voltar a notar-se.

Uma questionável decisão da UEFA alterou unilateralmente a ordem dos jogos, obrigando-nos a decidir a eliminatória no terreno do adversário, onde as coisas costumam ser-nos poucos simpáticas. É preciso dizer também que, na Luz, em três jogos disputados com o Sp. Braga de Domingos, vencemos sempre, e nunca sofremos qualquer golo. Entre a concentração competitiva de uma 1.ª mão na qual manter a baliza inviolável deverá ser a palavra de ordem, e o estofo mental para depois suportar a pressão de um ambiente hostil, irá traçar-se o destino da contenda.

Humildade, concentração e frieza, são pois as chaves que nos podem abrir a porta da ansiada final de Dublin."


Luís Fialho, in O Benfica

RTP N

N de Porto - A RTPN não consegue despir a camisola. Os poucos minutos dedicados ao jogo da Luz com o PSV foram passados a atacar Roberto, e a responsabilizar exclusivamente a defesa holandesa pelo gordo resultado. Méritos do Benfica? Não se ouviu um."

Luís Fialho, in O Benfica


PS: Por acaso vi o dito programa (5.ª-feira)!!! Foi um regresso ao passado (início de época), onde o ataque ao Roberto, foi essencialmente um ataque pessoal, principalmente por parte de um dos convidados: Augusto Inácio!!!