quarta-feira, 9 de março de 2011

"Impronunciável" !!!


"Sobre declarações de Pinto da Costa
João Gabriel: “Foi condenado por corrupção activa pela justiça desportiva”

O director de comunicação do Sport Lisboa e Benfica, João Gabriel, respondeu esta quarta-feira às recentes declarações de Pinto da Costa relativamente à instituição “encarnada”, lembrando aos mais esquecidos quem tem estado acima da lei.
O presidente do FC Porto criticou a reacção do Benfica ao trabalho do árbitro Carlos Xistra na partida com o Sp. Braga. Para João Gabriel, “essa é uma afirmação que atinge a instituição no seu todo e não o departamento de futebol do Benfica, nem a equipa de futebol profissional”.
“Essa afirmação tem tanta credibilidade como uma outra qualquer que esse senhor possa vir a fazer nos próximos dias, em que diga que o casamento é para toda a vida. Há palavras que deviam queimar na boca de algumas pessoas e, portanto, acho que a palavra lei na boca desse senhor devia ser impronunciável”,
prosseguiu o director de comunicação do Sport Lisboa e Benfica.
Para aqueles que têm memória curta, João Gabriel fez questão de recordar o passado de Pinto da Costa. “Estamos a falar de alguém que foi condenado por corrupção activa pela justiça desportiva. Estamos a falar de alguém que foi acusado e que só não foi condenado pela justiça civil, porque esta não considerou as escutas como meio de prova, escutas em que ficou exposto uma rede de favores sexuais, corrupção, tráfico de influência e por aí a fora. Portanto, acho que em relação a quem está acima da lei, debaixo ou ao lado, acho que estamos conversados”, lembrou.
O director de comunicação afirmou ainda que tinha o presidente do FC Porto “como uma pessoa mais inteligente, ao ponto de não querer reabrir um processo em que fica manifestamente mal na fotografia”.
João Gabriel acrescentou que “o Benfica não está acima da lei, mas também exige ser tratado com respeito, isenção e critério”, lembrando que o Clube “foi empurrado em alguns jogos”."

The King

"Homenagear Eusébio não é só obrigação, é um dever e um prazer. Deixo-vos dois episódios. Treinados por Fernando Santos, fomos jogar uns quantos-de-final da Taça UEFA a Montjuich, com o Espanhol. Uma hora antes do jogo, estádio quase vazio, estava no camarote presidencial a falar com Eusébio quando um grupo salta a vedação da tribuna de imprensa em direcção a nós de forma furiosa: eram jornalistas da rádio e da televisão que queriam... autógrafos e tirar fotografias com Eusébio. Nem entrevistas, nem questão, simplesmente estar com ele e dizer-lhe quanto o apreciavam. Quem com ela priva perde noção da dimensão que tem. Dois anos antes, numa mítica deslocação a Liverpool, fui com Eusébio no voo da equipa. Quando aterrámos, ele saiu à frente, com a direcção do SLB, seguido pelos jogadores e adeptos. Chegados ao controlo da fronteira, o polícia viu Eusébio e, incrédulo, abandonou o posto para tirar uma foto. Em segundos, vários polícias se juntaram, e os restantes passageiros acabaram por passar sem mostrar passaporte. 'Rei' é 'Rei' quando se está em terras de Sua Majestade. Di Stefano considera Eusébio o melhor de sempre, Eusébio retribui esse tributo ao madrileno - uma coisa é certa, não é possível fazer a constelação dos mais cintilantes sem lá pôr Eusébio da Silva Ferreira. Mais que um símbolo do nosso clube, ou mesmo do nosso País, Eusébio une sentimentos de quem gosta do futebol e do desporto em todo o mundo da maneira singular, de uma forma só ao alcance de quem está mais perto dos deuses do Olimpo do que dos humanos da Terra. Um enorme abraço, Eusébio, e obrigado por tudo."
Sílvio Cervan, in Mística

Não saiam de cá

" 'Não saias daí', disse-me o meu pai no dia 21 de Outubro de 1981, apontando para o meu lugar, quando, após uma viagem longa, vindos da aldeia, chegámos ao nosso lugar no Estádio da Luz, para vermos o Benfica - Bayern de Munique. Nesse tempo, os estádios era sítios inóspitos, onde se apanhava frio, chuva e vento e fumava muito. Quando chovia, era difícil ver o jogo pelo meio dos guarda-chuvas.
O desporto era futebol e o futebol era coisa de, e para, homens de barba rija. Trinta anos depois, vejo diariamente, nos campos e pavilhões do SLB, centenas de miúdos e graúdos a praticar vários desportos, crianças e adolescentes que vão para o estádio pela mão dos pais.
O Benfica foi o único clube em Portugal que percebeu o que tinha de ser feito: não construiu apenas um estádio, construiu uma realidade amiga das mulheres e das famílias. Desde o momento em que entramos no estádio, tudo é fácil e confortável: bons estacionamentos, superfície comercial, os únicos pavilhões climatizados que conheço no País, quentes no inverno, frescos no verão.
'Não saias daí', dizemos hoje nós aos nossos filhos, enquanto treinam futebol, basquetebol, hóquei ou fazem natação. Mas, 30 anos depois, não ficamos no carro a fazer croché, Podemos ir ao ginásio, fazer alguma compra de última hora, tomar um café ou pormos a conversa em dia com os outros pais.
E depois há o estádio - já não há chuva, frio, nem vento. Temos conforto: limpeza, bares e instalações sanitárias em profusão. Ir ao futebol, ou ao basquete, é uma festa, uma festa das famílias.
Não foi por decreto que se conseguiu que as mulheres gostassem de desporto e, já agora, que o pratiquem e que levem os filhos aos estádios e aos pavilhões. Num País de pouco desporto e muita obesidade e diabetes, o feito notável não foi obra de nenhum governante ou político. Nasceu unicamente na cabeça dos dirigentes dos clubes, que perceberam a importância de trazer as famílias inteiras para o estádio e para o desporto.
Extraordinariamente, este facto básico, típico das sociedades mais ricas e desenvolvidas, não tem sido percebido por governantes e elites portuguesas, que não compreendem o papel insubstituível dos clubes na prática desportiva em geral: não há nenhuma incompatibilidade entre prática desportiva e sucesso académico nos jovens, pelo contrário. Teremos uma sociedade melhor com pessoas mais capazes e mais bem formadas, com comportamentos menos tóxicos.
O Benfica não ficou agarrado à chave do sucesso do passado. Já não se trata só de 'ir à bola', mas de passar a semana no complexo desportivo, desfrutar, gastar dinheiro e chegar a casa, ver e rever o sucedido na Benfica TV.
O Benfica percebeu que o sucesso desportivo no século XXI significa agarrar as emoções dos sócios, dos adeptos, dos simpatizantes, tratando-nos muito bem, dizendo-nos, de mansinhos, 'não saiam de cá'. E nós, enquanto formos tão bem tratados, não saímos. Ou melhor, nós até podemos sair, mas a mística não sai de nós."
Sofia Rocha, in Mística

Muito mais que um vencedor

"Borges Coutinho
O presidente que fica para a história como sendo um verdadeiro gentleman, mas também um vencedor que liderou o clube durante uma das melhores fases da vida benfiquista.
Duarte António Borges Coutinho. Um nome eternamente ligado à história do Sport Lisboa e Benfica. Sócio do clube desde 1959 e posteriormente 'vitalício', era um homem extremamente educado, tendo mesmo sido considerado por alguns como um verdadeiro gentleman. Um exemplo do que deve ser fair-play, mas, acima de tudo, um representante dos mais nobres valores do Sport Lisboa e Benfica, clube que sempre amou, respeitou e com o qual se identificou quer ao nível das atitudes quer ao nível da forma como o entendeu.
Uma boa pessoa... um grande presidente
De excelente trato social, representou de forma muito digna o clube junto das mais altas instâncias sociais, políticas e desportivas em Portugal, mas também um pouco por todo o mundo. Proposto pelo sócio Francisco Mata, desempenhou em 1964 um cargo na Direcção dos Assuntos Administrativos e Instalações Sociais. Foi também administrador do jornal e vice-presidente da Comissão Central. Dados que reforçam uma forma de estar e de ser que não se esgotava numa única acção, mas prolongava-se, sim, em diversos conceitos de interacção e de ajuda ao próximo, além de uma proactividade que ainda hoje é relembrada com carinho pelos sócios mais antigos do Sport Lisboa e Benfica.
A 12 de Abril de 1969 os sócios elegeram-no presidente da direcção, o que voltou a acontecer em 3 de Julho de 1971, 31 de Março de 1973 e 24 de Junho de 1975. Em 1973-1974 pertenceu à Comissão da Sede, tal como em 1975-1976. Momento marcante, a nível pessoal, a atribuição da Águia de Ouro, através de proposta aprovada na assembleia geral de 14 de Março de 1973, pelos relevantes serviços prestados ao clube.
Um vencedor nato
Borges Coutinho foi também o homem que ganhou títulos e mais títulos ao serviço do Benfica. Numa altura em que Eusébio deslumbrava nos relvados, Borges Coutinho desenvolvia o trabalho invisível que permitia a uma super-equipa dar nas vistas e conquistar troféus atrás de troféus. Foi um momento de glória da vida do clube, com a equipa de futebol a assumir-se claramente como uma das melhores da Europa, além de deter o poderio interno que deixava a concorrência por terra.
Reconhecimento máximo pelo trabalho desenvolvido, foi o nome que baptizou um dos mais míticos pavilhões da história benfiquista. Quem não se lembra do velhinho Pavilhão Borges Coutinho? Um pavilhão que durante anos e anos ganhou asas na memória daquele que foi um dos grandes presidentes do Sport Lisboa e Benfica."
Ricardo Soares, in Mística

Os tempos mudaram

"Na última jornada dos campeonatos da Liga, houve muito registo disciplinar a assinalar. Mas nada de especial se passará. Diz-se no meio que a palavra de ordem é “pacificar”. Nada de muitas ondas para ninguém se zangar muito… Tal como no país – e, vezes de mais, nos tribunais –, assim seja na bola. E na justiça desportiva de 2011, claro está.
Ninguém agora exige celeridade. Agora ninguém conta os dias e os meses desde que se instauram os processos até à sua decisão final. Nem vale a pena, porque é desnecessário. De 1 a 2 meses de duração média em regra dos processos (até os mais complexos) – o legado da Liga anterior –, já estamos novamente nos 3, 4, os meses que calharem – a herança de 2006, portanto. Agora é mais fino aludir à necessidade de cumprimento dos prazos nos processos, mesmo quando não há prazos para cumprir e apenas conta a diligência e a disponibilidade de quem os dirige – é o caso dos inquéritos. Quando há prazos (mesmo que indicativos), também não há que fazer nenhum esforço para saber da sua razoável execução. Para quê?
Agora também ninguém fala de sumaríssimos, de simulações, de golos com a mão. Desapareceu isso tudo? Podia ter sido o caso, mas não foi. A última jornada foi fértil. No jogo V. Guimarães-Académica, um jogador pontapeou sem bola um adversário e os árbitros não viram – o agressor deve ter percebido que este ano pode bater à vontade e, se escapar ao árbitro, escapa à lei. No jogo Oliveirense-Leixões, um jogador marcou um golo com o braço e a sua equipa ganhou 1-0. Na mesma partida, um jogador simulou manifestamente um penálti inexistente, mas assinalado. Não houve tumulto nem rebuliço. Os jogadores já apanharam o essencial: o que é preciso é fazer com jeito e, depois, ninguém falar muito. Porém, o Regulamento Disciplinar continua em vigor, sem que se tivessem rasgado os quinhões pertinentes. Continuam lá os arts. 173.º, 5, e 124.º, 2 e 3. Continua lá a actuação por iniciativa própria da Comissão Disciplinar nos sumaríssimos por condutas que constituam risco grave para a integridade física dos agentes ou grave atentado à ética desportiva. Continuam lá os castigos por simulações de penálti que não existem e por obtenção de golos por parte do corpo não admitida pelas leis do jogo. Não parece, mas continuam. De todo o modo, há também quem diga que nada se faz ou, quando algo se faz, tudo é muito demorado. Porque há medo de decidir. E, como o tempo é o melhor conselheiro para suavizar os males, está bem assim. Talvez por isso alguns continuem a infringir, sem temor de reincidir. E outros se juntem à confusão. Como se viu no fim do Benfica-Marítimo. Na expectativa de que ninguém dê grande importância e, se assim for, não tenha ficado nada de relevante nos relatórios. E escapar. Ou esperar que a Liga “castigue” com base num regulamento “desconhecido” – como, no jogo da Luz, multar ambos os clubes pela violação do dever de correcção que incumbe pessoalmente aos seus agentes e não aos clubes…!!
Os tempos mudaram. E, no ensinamento de Maquiavel, antes que esta mudança dê origem a outra, há que aproveitar. Em nome da paz. Assim seja!"

Ricardo Costa, in Record

O farolim

"Domingos Paciência foi o primeiro a lamentar que o Sporting de Braga não atuasse sempre com a motivação que o Benfica lhe desperta. Os jogadores enaltecerem o feito de terem interrompido a longa série de triunfos do adversário, com o decisivo Mossoró a confessar ter explodido de raiva. Jorge Jesus já tinha, aliás, previsto que os minhotos iam entrar para o “jogo da época” e não se enganou. O Benfica está para a Liga portuguesa como o farol de Finisterra para a frota do bacalhau. Aponta o caminho e dá ânimo ao mais desorientado dos timoneiros, servindo de referência para o bem e para o mal a todo o tipo de navios – almirantes, mercantes ou simplesmente recreativos – com um enorme altruísmo, traduzido no velho aforismo publicitário: “e eu a vê-los passar”.
Uma das curiosidades que sobra desta jornada para a seguinte consiste em avaliar o rendimento do próximo jogo dos bracarenses. Braga e Guimarães foram até agora as únicas equipas que conseguiram vencer na jornada a seguir a defrontarem o Benfica – sendo que a maioria realizou exibições confrangedoras (com derrotas), acusando sobremaneira a “concentração” na partida mais importante da época. Neste mesmo fim-de-semana, depois de uma resistência titânica no Estádio da Luz, o Marítimo perdeu em casa e, segundo o seu treinador, esteve “apático e amorfo”.
Numa breve consulta aos últimos sete anos, em que o Benfica ganhou dois campeonatos e o FC Porto quatro, verifica-se que os adversários dos portistas perdem muito menos vezes (mais de 25% de diferença) na jornada seguinte. Por um lado, não sofrerão tanto desgaste físico, por outro, os resultados frente aos dragões, esmagadoramente traduzidos em derrotas, não lhes afetarão tanto a psique. Talvez, defrontar o Porto não seja tão motivador, não justifique tanto empenho, não garanta tanto retorno.
..."