quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ser ou não ser 'penalty'

"Ou é impressão minha ou há uns bons anos não existia a costumeira querela dos penalties por bola na mão. Uma possível explicação (que não justificação) para esta avalanche de casos duvidosos residirá na exuberância tecnológica dos mil ângulos das câmaras.

Daí advém a diversão semanal se foi mão na bola ou bola na mão (e já agora braço e antebraço, usualmente esquecidos nesta frase feita...), se foi à queima-roupa ou se queimou a equipa, se embateu ou simplesmente raspou, se houve ou não intenção, se o braço estava dentro ou fora da área, se o jogador se mexeu, estava inerte ou de costas voltadas... Curioso é que se tudo isto for no meio-campo, já não há discussão sobre a anatomia do crime.

Discute-se até a subtil dança de palavras nas leis do jogo, tal como deliberadamente ou intencionalmente.

Esta nebulosa faz as delícias de comentadores que dissecam as imagens até um grau superlativamente antinatural. E é um domínio perfeito para o subjectivismo oportunista de certos árbitros e assistentes. Situações idênticas, umas vezes, assinalam-se por excesso, outras não se marcam por defeito. De memória ainda fresca, uma mão visível não dá penalty contra o Basileia na Luz, um braço colado ao corpo dá penalty no Braga-Benfica.

Tudo ficaria mais claro e objectivo se o penalty só fosse assinalado se a mão e o braço tivessem aumentado o espaço de intercepção da bola e esta tivesse alterado a rota. Evitava-se o penalty dos braços colados ao corpo que só um maneta evitaria. Eliminavam-se as apreciações sempre dúbias da intenção, bem como da distância de um remate muito perto afastado do faltoso. Ou seja, diminuía acentuadamente o caldo ideal para aldrabices e batota."


Bagão Félix, in A Bola

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