domingo, 2 de outubro de 2011

Sentinelas

"Quanto vale a igualdade no Dragão? Desde logo, vale um rude golpe na sobranceria portista, vale também o aumento da instabilidade emocional dos actuais campeões nacionais. Vale isso e vale muito mais. Vale um Benfica mais persuasivo, mais solidário, mais crente nos seus propósitos. Vale tudo o que vale e ainda vale mais porque a formação de Jorge Jesus, na segunda e decisiva metade do jogo, foi superior à sua antagonista. Valeu mais, bem mais, como colectivo.
No último quarto de século, os desaires vermelhos no Porto têm sido muitos. Ainda que nem sempre pautados pela verdade desportiva, é inquestionável que condicionaram, em larga medida, os objectivos de cada uma das temporadas. O Benfica não ganhou no Dragão, também desta feita? Só que o empate teve (e vai ter) consequências vitoriosas.
Na época passada, para além das ferozes arbitragens do começo da competição, só o FC Porto conseguiu perturbar seriamente o Benfica. Percebeu-se, há dias, no Dragão, que a nova temporada já comporta uma outra realidade. Há mais Benfica, há menos FC Porto. Há mais e melhores condições para que o Benfica supere o seu principal opositor.
A atmosfera no Universo "Encarnado" é positiva. Desenvolve-se em crescendo. Ainda assim, importa perceber que no Futebol indígena existem ainda muitos factores extra-competitivos (resquícios de um passado recente trágico) que podem inquinar a competição. Redobrar a vigilância é o que se exige. Somente isso? Mais ainda, o reforço do apoio incondicional à equipa. Aos dirigentes, aos técnicos, aos jogadores. Um Benfica unido, sobretudo este Benfica, dotado de um planteI de inegável categoria, só pode ser batido por duas razões: incompetência ou distracção. Excluída a primeira, reforcem-se as sentinelas e o triunfo, esse, como que vai aparecer ao dobrar da esquina."


João Malheiro, in O Benfica

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