quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A revolução dos direitos televisivos

"A TVI e a SportTV se entretêm por cá na disputa dos direitos tv da Liga dos Campeões e da Liga Europa, e não só, lá fora está em curso uma revolução que promete virar de pernas para o ar o negócio das televisões no futebol. Um negócio que, considerando apenas as cinco Ligas mais importantes do continente, movimenta por ano para cima de 4 mil milhões de euros!!! Um bolo suculento que pode diminuir muito. Uma espécie de Lei Bosman. Tudo começou em 2005 num pub de Portsmouth, cuja proprietária utilizava um descodificador grego (que custa 10 vezes menos do que o da Sky) para mostrar aos clientes os jogos da Premier League. A contenda arrastou-se pelos tribunais até que em 2008 a Alta Corte inglesa decidiu remeter a questão para o tribunal da União Europeia no Luxemburgo.

A sentença foi conhecida há dias e deu razão à dona do bar. No essencial, diz o seguinte: 1-Proibir descodificadores estrangeiros é contrário à liberdade de circulação no território da União Europeia; 2-Qualquer pessoa pode ter em sua casa, para uso doméstico, descodificadores estrangeiros. No caso dos locais públicos a história é diferente porque estão ou podem estar em causa direitos de autor. As consequências que daqui advirão para as várias Ligas serão devastadoras. Fazer conjecturas é, para já, um salto no escuro. Uma hipótese é o surgimento de grandes concentrações tv que assegurariam os direitos para todos os países e eliminariam as pequenas emissoras, como as nossas. Quem já se mexe é a UEFA, que deixará de vender os direitos dos jogos europeus a cada um dos países para o fazer colectivamente a uma grande televisão ou agência. Desaparecerá, assim, o market pool que destina metade dos prémios às tvs locais em função das respectivas representações e mercados. E como será com os clubes?"


Manuel Martins de Sá, in A Bola

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