segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mentiras

"Todos sabemos que a estratégia comunicacional do FC Porto assenta num chorrilho de mistificações e de mentiras. Já nos tempos de José Maria Pedroto, uma alegada luta do Norte contra um alegado poder centralista do Sul, servia como forma de exacerbar paixões e carneirizar militâncias. Daí para cá a coisa sofisticou-se, mas no essencial ainda bebe muito desses tempos - nos quais, recorde-se, Pinto da Costa chegara ao Departamento de Futebol, levando consigo o ódio e os complexos provincianos de que nunca se iria libertar, com os quais infectou os seus seguidores, de então e de sempre.
Hoje, se um qualquer jornal noticia algo que lhes interessaria esconder, eis a Imprensa 'de Lisboa' a perseguir o FC Porto. Se um juiz decide levar a cabo uma investigação, são as forças ocultas 'do Sul' a tentar atingir o FC Porto. E já nem falo das televisões, todas elas 'do Sul', 'de Lisboa', e, como tal, inimigas do FC Porto. Por trás de tudo é colocado obviamente, o Benfica, enganadoramente confundido, primeiro com a cidade de Lisboa (o que está muito longe de corresponder à verdade, pois o nosso Clube é do país inteiro, estendendo-se inclusivamente a todo o universo lusófono), e depois, com tudo o que se atravesse no caminho sem lei trilhado pelo FC Porto, por este FC Porto, sejam juízes, tribunais, forças policiais, comunicação social ou até os governos. Não falo dos poderes do Futebol, pois esses, de tão alinhados, raramente sofrem contestação (aconteceu apenas com Hermínio Loureiro e Ricardo Costa, na excepção que complementa a regra).
O 'contra tudo e contra todos' é já um clássico. Esse tudo e esses todos, confluem para uma só palavra: Benfica. Foi o Benfica que armou uma cilada para Hulk e Sapanaru (as vítimas) andarem aos pontapés no túnel da Luz; foi o Benfica que encomendou as Escutas que despiram a corrupção no Futebol português, condenaram o FC Porto (e o seu presidente) na justiça desportiva, e que só manobras processuais impediram de condenar também na justiça comum; é o Benfica que, por métodos escondidos, inspira a contestação interna aos técnicos portistas, logo que não ganham dois jogos consecutivos.
Mas este raciocínio vai ainda mais longe. Ao confundir o Benfica com a Capital do País, e ao amarrar esta a uma pretensa exploração económica do Norte em favor do Sul, a política do FC Porto incute nos seus mais débeis seguidores a ideia de que o Benfica é o responsável por todos os males das suas vidas. Se estão desempregados, a culpa é do centralismo de Lisboa, logo, do Benfica. Se vivem com dificuldades, a culpa também é do centralismo de Lisboa, logo, do Benfica. E assim temos um exército de pobres de espírito, fanatizados, e de faca nos dentes para combater o 'mal', personificado estupidamente num clube de futebol. Assim temos idosas às janelas a cuspir sobre os nossos adeptos quando o Benfica se desloca ao Estádio do Dragão. Assim temos emboscadas nos viadutos da A1. Assim temos bolas de golfe atiradas para os relvados. Assim temos toda a confusão entre política, regionalismo e desporto, que, iludindo os destinatários, serve na perfeição os desígnios daqueles que a fomentam.
Temos de saber desmontar tudo isto. É preciso dizer bem alto que o Benfica não é apenas de Lisboa, e nem sequer representa Lisboa (onde, de resto, até existe outro grande Clube), tendo milhares de adeptos no Norte do País, e mesmo na cidade invicta. É preciso dizer bem alto que as eventuais razões de queixa que o Norte, e em particular a cidade do porto, possam ter de um suposto centralismo, não são maiores do que as de outras regiões - nalguns casos bem mais deprimidas e empobrecidas, mas sempre carregadas de benfiquistas -, e nada têm a ver com Futebol. É preciso dizer bem alto que se a imprensa desportiva dá maior destaque ao Benfica, tal deve-se exclusivamente ao seu maior número de adeptos, traduzíveis nas respectivas vendas de papel. É preciso ainda lembrar que o FC Porto, através da sua instrumentalizada Associação de Futebol, dominou a arbitragem durante anos, construindo o sistema que vimos desmascarado nas já referidas escutas. É preciso lembrar que a própria sede da Liga de Clubes está, incompreensivelmente, situada na cidade do Porto. É preciso lembrar que, ao contrário da imprensa 'de Lisboa' 8normalmente muito longe de qualquer laivo bairrista), a do Porto não hesita em alinhar-se fervorosamente com o clube da cidade, coisas que o JN (cujo director se confessa fanático pelo FC Porto) é vivo exemplo.
Ao longo dos anos, a mistificação tem sido a arma com que o FC Porto aglutinou e estimulou as suas hostes. Cabe-nos a nós desmontar toda essa teia de fantasias, não deixando que, com ela, a verdade saia conspurcada. Cabe-nos a nós evitar que o nosso tradicional cosmopolitismo acabe asfixiado pela tacanhez de que nos quer abater."

Luís Fialho, in O Benfica

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