terça-feira, 18 de outubro de 2011

Futebol em tempo de crise...

"No próximo fim-de-semana regressa a Liga. E, para quem já não se lembra, FC Porto e Benfica lideram com 17 pontos e são perseguidos por SC Braga, Sporting e Marítimo, com 14. Na jornada que se segue, no que respeita ao topo, o Benfica vai a Aveiro, o FC Porto recebe o Nacional, o Gil Vicente viaja a Alvalade, o Feirense desloca-se a Braga e o Marítimo é anfitrião do V. Setúbal. Pois é. Com tanta diferença entre a sétima e a oitava jornada (um tempo exagerado, que corta o entusiasmo aos adeptos e o ritmo às equipas...), o melhor é mesmo fazer um ponto da situação e aguardar para perceber em que condição é que os clubes vão regressar.

Antes, há ainda uma ronda europeia, onde as hipóteses do quarteto luso continuam em aberto.

Mas - e esta é uma questão a rever - as próximas calendarizações (só temos 30 jornadas e não 38 como espanhóis ou ingleses!) deverão evitar estes cortes que retiram emoção à prova mais importante do nosso futebol.

E, sabendo-se que o IVA dos bilhetes para os jogos de futebol vai passar de 6 para 23 por cento, é fundamental tudo fazer para que os adeptos não desmobilizem.

Há uma filosofia que devia ser seguida e, na maior parte das vezes, não o é: mais vale ter 10 mil espectadores a pagar 10 euros do que 5 mil a pagar 20 euros. A receita directa é a mesma, mas a indirecta é muito maior se houver o dobro dos adeptos nos estádios.


FUTEBOL EM TEMPO DE CRISE

O futebol não vai resolver a crise em que o País se encontra mergulhado, não evitará os cortes nos subsídios de férias e Natal e não deve ser usado, sequer, para desviar atenções. Aliás, Portugal só sairá do buraco se os portugueses se unirem e em vez de pensarem o que Portugal pode fazer por eles, pensarem antes no que podem fazer por Portugal (JFK...).

Mas ao futebol, quer nos clubes, quer na Selecção Nacional, cabe um papel importante nesta conjuntura preocupante. O futebol pode e deve ser fonte de prazer, um espectáculo que motive e nos ajude, especialmente quando estamos nos palcos internacionais, a aumentar a auto-estima colectiva.

Esta é a contribuição possível e não é de somenos, pode ser uma suave panaceia que nos permita viver, de forma menos agreste, o dia-a-dia.

Bombardeados com notícias deprimentes do ponto de vista económico, fartos de ver a opinião pública a ser influenciada por teses catastrofistas, sem paciência para ver a escutar politólogos e quejandos que só sabem ver o copo meio vazio, o desporto - e neste caso específico o futebol - pode ajudar-nos a dar um pontapé no baixo astral, de maneira a encararmos a dura realidade com mais e melhor ânimo. O futebol não pode servir para nele escondermos a cabeça, qual avestruz, abstraindo-nos da realidade. Mas pode e deve ajudar-nos, fornecendo-nos ânimo para darmos a volta por cima.




'O FC Porto tem uma posição bem clara, não vai tomar parte em lutas eleitorais (na FPF) e vetará e votará contra qualquer político que venha a ser candidato seja ele qual for!'


PC é para levar sempre muito a sério, não é?

Está dito, está dito. O que é verdade hoje não vai ser mentira amanhã. O presidente do FC Porto assumiu um compromisso que irá resistir, seguramente, às cambalhotas da vida. Aliás, as eleições para a FPF, já têm slogan: «Assim se vê a coerência do PC». E até à entrega das listas não vão faltar surpresas, algumas inimagináveis, até para guionistas de Hollywood...


(...)"


José Manuel Delgado, in A Bola

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