domingo, 2 de outubro de 2011

Eles, os arbitros, estão-se sofisticando

"A desonestidade de certos árbitros, que actuam nos diversos campeonatos estaduais no Brasil, é um facto que começa a preocupar os dirigentes dos principais clubes do «Patropi», Comentando este acontecimento, a revista «ISTO É» (8/10/80) afirmou: «É verdade que nunca se roubou tanto neste país como actualmente, a desonestidade, contudo, cresceu na razão directa da sofisticação dos métodos usados em campo. E convém lembrar que há 2400 juízes profissionais agindo no Brasil».

Antigamente quem roubava marcava «penalty» absurdo, e pronto: agora, a sofisticação é grande e estão enganando até «vídeo-tape».

O antigo árbitro Mário Viana, 78 anos e actualmente comentarista da Rádio Globo, criou fama pela sua honestidade. Errava às vezes. Mas nunca a torcida ousou duvidar da sua honestidade. Mário garante que em toda a sua vida só conheceu dois árbitros ladrões: «Um foi João Etzel Filho. Ele mesmo diz que ganhou muito dinheiro e, hoje, quando quer ganhar mais algum, ameaça escrever um livro contando as falcatruas que fez com um monte de dirigentes: aí a grana deve entrar fácil, porque este livro nunca publicado».

O outro árbitro ladrão que Mário Viana conheceu foi o argentino Sanches Diaz que apitou no Rio de Janeiro na década de 40. «Ele era roupeiro e chegou com um time argentino. Não sei como conseguiu, mas em pouco tempo transformou-se em árbitro de futebol. Foi um terrível vendilhão, fazia trapaças de todo jeito. Só faltava vender a própria mãe».

Em Minas Gerais, houve um juiz que também ficou na história. Chamava-se Alcibíades Magalhães Dias, o «Cidinho Bola Nossa», a quem a equipa do Atlético Mineiro deve alguns campeonatos. Cidinho não era um «garfador», mas apenas um fanático torcedor atleticano. E a alcunha «Bola Nossa» foi adquirida aquando um lance no jogo Atlético, discutia com o adversário a cobrança de um lateral, quando Cidinho botou ordem em campo: «O Monte, bate logo isso que a bola é nossa».

Cidinho - ainda por cima - era também jornalista, comentava os próprios jogos que apitava, escrevendo na «Folha de Minas»:

-O árbitro foi o sr. Alcibíades Magalhães Dias, com óptima actuação.

A rivalidade regional também pode produzir manifestações «patrioteiras» dos árbitros, como nessa folclórica estória contada pelo jornalista Sandro Moreira (PLACAR/543): «O São Paulo foi jogar no Recife contra o Sport, com Leónidas da Silva no auge da sua carreira, E disso sabendo, o juiz, que era «patriota», não deixava Leónidas avançar. Era só ele pegar na bola e lá vinha um apito - falta, toque, impedimento, qualquer coisa.

Lá pelo segundo tempo, ainda 0 a 0, o juiz perde o apito, que some no relvado. Ele tacteou, não viu, mas viu Leónidas receber e partir driblando para a área. Então, abandonando a procura, saiu como um doido, gritando: «Perdi meu apito! Agarrem esse crioulo que ele vai fazer o golo!»

Mas isso era no tempo do antigamente. Antigamente um juiz ladrão marcava os penaltis mais escandalosos; expulsava os «craques» com um cinismo revoltante. Hoje a coisa é mais tecnológica e um árbitro devidamente «comprado» para dar a vitória a um clube, é incapaz de marcar um penalti cabeludo. Hoje há fórmulas imperceptíveis a olho nu. É comum agora, o dirigente mandar o juiz em pequeno mapa mostrando a localização exacta das jogadas ensaiadas pela equipa durante a semana; no dia do jogo, o árbitro apita uma falta qualquer, ajeita a bola no relvado, e da jogada ensaiada geralmente nasce golo. Se não sair na primeira, sairá na segunda ou na terceira, e o público de nada desconfiará.

Outro expediente utilizado por estes árbitros (?) é irritar o melhor jogador do time «inimigo», xingnado a mãe, a mulher, até que o «craque» perde a calma e toma primeiro um «amarelo» e logo em seguida o fatal «encarnado» - e a culpa ainda é do jogador que toma multa, suspensão e outros castigos.

«Até o «vídeo-tape» é enganado pelo novo juiz ladrão», afirma a revista «ISTO É», quando ele entra em campo, dá uma geral, vê a localização das TV's e traça uma linha imaginária que lhe permite correr sempre de costas para as câmaras. No «vídeo-tape» isso dá sempre a impressão de que o juiz, no instante da falta, tinha a visão prejudicada: entre ele e o lance haverá, invariavelmente, um bolo de jogadores».

É o caso de se dizer: Não se rouba mais como antigamente!

SILOGISMO

O centro avante Dário, um dos jogadores mais ciganos do futebol brasileiro (actualmente é o artilheiro do Clube Náutico Capibaribe, do Recife - Pernambuco), tem uma sorte danada para marcar golos. Anda sempre ali próximo da «zona do agrião» e, se a defesa marcar bobeira, o Dadá confere.

Quando foi vendido ao Grémio de Porto Alegre, declarou aos jornalistas que o foram receber:

-A problemática do futebol é o golo. Eu marco golos. Logo eu sou a solucionática!


METEOROLOGIA

Hélio Miranda, treinador do São Domingos, de Maceió - Alagoas, solicitou que os jogos da sua equipa fossem antecipadas para os sábados, em vez dos domingos. Não que o Domingos, do Santo, tivesse alguma diferença com domingos, os dias.

As razões do técnico Miranda eram que: «O sol de domingo é mais forte que o de sábado»."

Duda Guennes, in A Bola, em Meu Brasil Brasileiro, (1 de Novembro de 1980)

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!