domingo, 2 de outubro de 2011

De papel passado

"Dar quase 30 euros para ver três canais sempre me pareceu absurdo. Era preferível ir a um café ou a casa de um amigo mais esbanjador ver os jogos. Mas o facto de escrever aqui tornava a logística, quando havia jogos quinta à noite, demasiado complicada. E pronto, contra todos os meus princípios – continuo a achar um assalto – lá assinei, tantos anos depois, a Sport TV.

Antes de mais, a Sport TV é bem feita. Tecnicamente irrepreensível, com bons jornalistas e comentadores, excelentes reportagens e sempre em cima de tudo o que, fora daqui, seja relevante. Mesmo que não seja futebol. Com o que cobram, não espanta que não lhes faltem meios. Sobretudo tendo em conta o que pagam aos clubes. E isso é o que revolta. Quando assino a Sport TV estou a ajudar Joaquim Oliveira, mas dificilmente ajudo os clubes que me garantem o espetáculo. E o facto de a Sport TV estar sozinha no mercado ajuda a explicar o seu poder negocial.

Esta é a parte boa de surgir um concorrente que, ao que sabe, virá daqui a dois anos. Mas há as partes más. Na ótica do utilizador, claro. Primeira: se um concorrente ficar com alguns jogos, eu, como assinante de um canal, só terei direito a uma parte do campeonato. Se quiser o bolo todo, tenho de me dedicar à poligamia televisiva. E pagar por isso. Segunda: o pouco que ainda é transmitido em canal aberto deixará de o ser. Ou seja, o futebol passará a ser mesmo só para apaixonados. A larga maioria dos portugueses, que tem um clube, gosta amenamente de bola e esporadicamente faz um intervalo na abstinência para ver como param as modas, deixará de ter contacto com o futebol. Tenho pena. É bom gostar de coisas sem ter logo de assinar contrato. Com períodos de fidelização, ainda por cima. É como ter de casar para não morrer virgem."


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