domingo, 16 de outubro de 2011

Adeus, Liga!

"Criada nos tempos áureos do cavaquismo (não tenho culpa, é da história!), a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, também por aí designada como Liga de clubes ou, mais recentemente, por ordem de um qualquer marqueteiro da praça, como Liga Portugal, está a dar as últimas.

A passagem da arbitragem e da disciplina para a alçada da Federação, tão ardentemente reclamada por uns quantos, e porventura até justificada face à incompetência da geração liguista, chamemos-lhe assim, deixa em absoluto vazio um organismo que se pretendia capaz de revolucionar o futebol português e de colocá-lo ao melhor nível da Europa e do planeta.

Em Portugal, de facto, muitas coisas nascem, consomem e consomem-nos, e morrem no desterro, por falta de clientela. É sempre assim quando os interesses movimentados se unem ou... desunem.

Limitada à aceitação (literal) de documentos para as inscrições de jogadores - que nunca escaparam à tutela da FPF, note-se, como final decidora! -, e à organização das competições ditas profissionais, pelas quais é, ou era, suposto pagar uma renda anual à FPF, a Liga tem tudo para desaparecer... e, confessemo-lo, sem deixar saudade, a não ser àqueles burocratas e mesistas que dela se foram e vão ainda servindo.

Ficará então um belo imóvel, feito à pressa, é verdade, ali à zona da Constituição, mas que ultrapassa, em qualidade, quase tudo o que os sucessivos quadros dirigentes e respectivos assessores fizeram pela causa, à qual não creditaram até hoje uma ideia, um caminho, um plano, política ou sentença digno de defender o melhor de todos os nossos produtos: o jogador português!

O pior, apesar de tudo, nem será a morte da Liga e o silêncio prometido ao edifício onde se terão repetido alguns dos maiores atropelos ao desenvolvimento do nosso futebol, tantas vezes anunciados ao povo como a panaceia. O pior é que parece que todos os gabinetes se vão passar para a Federação!..."


Paulo Montes, in A Bola

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