domingo, 14 de agosto de 2011

Sem portugueses

"Acabou por ser fácil (mais fácil que o esperado) a nossa passagem ao 'play off' da Lia dos Campeões, depois de um empate na Turquia que acabou por saber a pouco, tantas as oportunidades falhadas. Mas foi uma exibição consistente, fechando todos (ou quase todos) os caminhos aos turcos.

Um jogo que ficou marcado pelo facto de, pela primeira vez nas competições europeias, termos jogado sem qualquer jogador português. Em 1979, já lá vão 42 anos, votei em Assembleia Geral contra a admissão de jogadores estrangeiros, pois pensava que o Benfica, como qualquer outro clube português, não teria meios para trazer melhores jogadores que os nossos. 'Perdi' a votação e ainda bem, pois, alguns (poucos) anos passados, o Benfica conseguiu mesmo grandes reforços, como Filipovic, Stromberg, mais tarde Magnusson, Valdo, Mozer, Ricardo, Schwarz, Thern, etc. A descolonização, em 1974/75, tornara inviável a tradição que durante mais de 70 anos foi um orgulho nosso: apenas jogadores portugueses.

Passados mais de 30 anos sobre a vinda dos primeiros estrangeiros, estamos no pólo oposto. Refiro-me com mágoa. É certo que prefiro ganhar só com estrangeiros a perder só com portugueses. Entre um bom (e acessível) estrangeiro e um português 'assim-assim', claro que prefiro ter o jogador estrangeiro.

E, sejam eles nacionais o não, os jogadores do Benfica terão sempre o meu apoio. Mas gostaria que fossem mais os portugueses na nossa equipa, embora compreenda que tal depende mais dos regulamentos do que da nossa vontade. A situação é a que é, e até o Sporting já compreendeu que, apenas com os jogadores da formação, não vai lá. O mal não é do Benfica, é do futebol português, é, afinal - vistos os exemplos de grandes clubes estrangeiros -, do futebol europeu. As regras comunitárias não ajudam nada (e continuo a pensar que não se deveriam aplicar ao desporto, uma actividade com características muito próprias) e seria bom que os clubes portugueses tentassem influenciar a Federação e a Liga e ainda a UEFA e a FIFA no sentido de 'travar' essa internacionalização das equipas. Pois, de outra forma, para quê estar a formar jogadores? Para reforçar outras equipas? O trabalho que fazemos no Seixal (e o Sporting faz em Alcochete) é muito bonito mas, se as coisas continuarem assim, não se traduz em resultados práticos. É pura perca de tempo e dinheiro. Infelizmente..."


Arons de Carvalho, in O Benfica

1 comentário:

  1. Não me digam que o parte queixos não é potuguês.

    Então onde está a garra vermelhius?.

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