segunda-feira, 4 de julho de 2011

O que vale uma águia

"Suponho que ainda se encontra em cartaz um filme intitulado 'A Águia da Nona Legião'. A acção decorre no século III depois de Cristo, quando Adriano era imperador. Um oficial de alta patente o exército de Roma, de apelido Aquila, decide partir para as inóspitas terras da Bretanha para recuperar a águia que servia de símbolo à Nona Legião e que caíra nas mãos do inimigo quando a legião comandada por seu pai foi derrotada duas décadas antes.

Trata-se, pois, de um filme de acção que, em vez de se passar nas ruas de Nova York ou de los Angeles, tem como cenário o ambiente agreste de um território que os romanos nunca conseguiram dominar totalmente, devido à combatividade e forte sentido de resistência dos povos autóctones.

Acompanhado por um escravo, Aquila, herói do filme, tudo faz para recuperar a águia e limpar a honra do seu pai, derrotado com mais cinco mil homens durante uma campanha de rara violência.

Adiante-se, sem pormenores que podem retirar ao leitor o interesse em ver o filme, que o desígnio do bravo oficial romano é atingido e a águia de ouro regressa às mãos de Roma, ficando assim restaurada a honra de uma família digna e sempre devotada ao serviço do império.

Perguntará o leitor: o que tem o enredo desta longa-metragem a ver com os temas realmente escolhidos para estas crónicas. Na realidade, tem tudo e não tem nada. Tem, acima de tudo, o inquestionável valor simbólico. Um homem faz tudo para recuperar uma águia de ouro, símbolo de uma legião, e essa águia é, no fundo, o prémio, o título e o consolo para quem se bate por valores e por princípios, começando pela própria honra pessoal e familiar.

É com esse espírito que é preciso começar a nova época, seja a águia a da Nona Legião ou da temporada 2011/12. Quem não persegue objectivos dignos e exaltantes, limita-se a viver para cumprir calendário. O exemplo de Aquila deve estar bem presente na Luz nos tempos que se aproximam. Porque é assim que se deve estar na vida."


José Jorge Letria, in O Benfica

1 comentário:

  1. É verdade, nessa altura, não estava ainda em exposição a agremiação camorraíana.

    O pulpus vermelhius,  :-$ tentaculava no deserto do saara.

    ResponderEliminar

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!