sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tempos de incerteza

"Costuma a pré-época ser uma espécie de renovação da esperança, de renovação do optimismo. Esta é-o, mas é também um tempo de reserva, de prudência e de algum cepticismo.

Notamo-lo nas pequenas conversas, nos comentários, na agitação da espuma dos dias que correm. Há ainda uma espécie de cicatrização inacabada das feridas da época findada e a expectativa desconfiada para os tempos que estão para chegar. Entre futebolistas, muitos, que são anunciados e confirmados e ameaça de saída de alguns que têm sido referência e porto de abrigo da alma benfiquista, fica aquela sensação de que vamos, novamente, enfrentar o desconhecido, desconhecendo as reais valias do nosso Benfica futuro.

Este cepticismo é um sentimento legítimo, sabendo que muitos dos nossos receios derivam da suspeita e não da realidade. Tal como sabemos que só enfrentando a realidade podemos dissipar receios passados e confirmar certezas futuras. Nestes momentos, é muito fácil cair num pessimismo sistemático e infecundo ou num pragmatismo de tal forma frio que se transforma em algo de acrítico, algo que subverte a nossa essência.

Assim, o equilíbrio do adepto, nestes momentos, é um exercício difícil e, muitas vezes, incompreendido. Em momentos de indefinição, joga-se o tudo ou o nada futuro, o que exige prudência na análise do momento presente.

Escrevia Miguel Torga que “a gente deve lançar a âncora numa praia verdadeira”. Estou convencido de que a praia verdadeira não é o apocalipse que alguns profetas da desgraça anunciam tal como não é o paraíso que alguns vendedores de ilusões apregoam. Está algures aí pelo meio. Saibamo-nos situar, para encontrar esse indispensável equilíbrio."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

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