quinta-feira, 19 de maio de 2011

A pátria do futebol

"Uma verdadeira lição aconteceu na última jornada da Liga escocesa. Os dois clubes de Glasgow, candidatos ao título, jogaram, no domingo, a cartada decisiva. Ao Rangers bastava ganhar no estádio do Klimarnock. Ao Celtic, além de vencer o Motherwell, tinha de esperar pelo desaire do seu rival.

O que vi na televisão foi a prova de que o futebol pode e deve ser um jogo de fortes emoções, de vibrante espectáculo, mas sempre leal. Uma festa que está para além do sempre contingente resultado.

Terminados os jogos, com vitórias de ambos, o Rangers e seus adeptos festejaram, com garbo e nobreza, a vitória na Liga. À mesma hora, no estádio do Celtic, cheio com 60.000 espectadores, ninguém dele saiu, homenageando os atletas, com galhardia e reconhecimento. As duas faces do futebol competitivo - ganhar e perder - ali separadas fisicamente, mas irmanadas na natureza contagiante do entusiasmo e na beleza dos cânticos entoados.

Jogos que são também a festa de famílias inteiras de duas ou três gerações, que fazem daqueles momentos um tempo de comunhão e de gosto pela vida. Os jogos são à tarde, a horas de família, favorecendo a liturgia de um tempo de delicioso e saudável descanso de trabalho e escola.

No dia anterior, vi a final da Taça da Inglaterra, como novo Wembley cheio de pessoas, de júbilo, de festejo, de musicalidade, de cor, entre o Manchester City e o Stoke City. O que seria, por cá, com uma final entre equipas, que não os três grandes?

Não muito longe da pátria do futebol, em Dublin, joga-se, hoje, a euro final portuguesa Porto-Braga. Que este ambiente contagie todos: os que jogam e os que assistem. Vencedores ou perdedores."


Bagão Félix, in A Bola

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