sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Futuro

"A participação da equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica nas comemorações oficiais do 35.º aniversário da República de Angola - defrontando e vencendo a selecção angolana - demonstra que no novo mundo global, e num quadro de relações entre estados soberanos e independentes, há um espaço comum, que em certos aspectos coincide com a Lusofonia e, noutros, a transcende, e que é marcado por outro tipo de sentimentos, emoções e motivações. Esse espaço é o Mundo Benfica, que ultrapassa largamente fronteiras geográficas, países e continentes. Como igualmente se viu, em Maio passado, na visita histórica do Benfica a Timor-Leste.
De todas as transformações inerentes à restauração da democracia em Portugal - dos três dês da Revolução dos Cravos - a mais profunda e irreversível foi a chamada descolonização, o parto com dor do qual nasceram os novos países da língua portuguesa, ao cabo de cinco séculos de história comum. Um parto que começara, aliás, no século XIX com o 'Grito do Ipiranga', no Brasil.
Li as notícias da Imprensa angolana sobre o jogo do Benfica em Luanda e não vislumbrei o mínimo ressentimento perante a derrota da Selecção de Angola. O sentimento geral era de alegria pela presença de alguma coisa que uma larga maioria dos dois povos partilha saudavelmente. Em certos jornais e da parte de alguns clubes portugueses é que há manifestações de tribalismo para arengar sobre o campeonato de um país de 89 mil quilómetros quadrados.
Há quem queira conotar o Benfica com a passado, para escamotear as conotações de terceiros com um mundo opaco de interesses esconsos. Mas a presença do Benfica no Mundo mostra que este é um clube de sempre e, por isso mesmo, também do futuro."

João Paulo Guerra, in O Benfica

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