domingo, 12 de setembro de 2010

Pobre José Torres... que não merecia isto


"Há dez anos, no inicio deste novo século, realizei uma série de entrevistas com grandes figuras do futebol português. José Torres foi uma delas. A doença já o incomodava e Torres fazia questão de não sair muito de casa. Durante algumas horas ficámos à conversa e ele contou vários dos episódios mais marcantes da sua carreira. É a altura certa para recuperar essa conversa.

Chamaram-lhe "tosco" quando veio de Torres Novas para Lisboa; foi o "padrinho" de Eusébio no lar do Benfica; jogou até aos 42 anos(!!!); marcou a Yashin o golo que nos deu o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de 1966; foi o seleccionador da equipa portuguesa que se apurou para o Mundial do México e viveu o pesadelo de Saltillo. José Maria Pedroto, seu treinador no Vitória de Setúbal, chamou-lhe "Lagardére":«eu era o homem que saltava do banco para dar a "estocada final"». A estocada final do "Lagardére!" Antonio Tabucchi, esse Italiano que por causa de Fernando Pessoa e do «Livro do Desassossego» se transformou em português, dizia que ele era "a diferença que fazia realçar o génio, o homem da objectividade no meio dos artistas".

A Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes entenderam que o seu funeral não merecia presença. No mesmo dia, a Liga, juntamente com várias figuras sinistras ligadas de há muito ao FC Porto, preferiu homenagear... um árbitro, Olegário Benquerença.

Percebe-se: ao contrário de que acontecia no tempo de José Torres, agora são os árbitros quem marca golos.

E a canalha perdeu de vez a vergonha!"


in O Benfica, por Afonso de Melo

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