sexta-feira, 30 de maio de 2025

Qualificados...

Ovarense 80 - 89 Benfica
8-22, 20-25, 35-14, 17-28

Terceira vitória e presença na Final assegurada, após um jogo onde entrámos a 'matar', mas depois tivemos uma 'Branca' inacreditável no 3.º período, e deixámos a Ovarense voltar à luta. Felizmente, com alguma cabeça, acabámos por controlar na parte final...

Agora, na Final, provavelmente com os Corruptos, temos que melhorar muito, em relação aos últimos confrontos diretos! Melhorar nas Tabelas, e ser mais inteligentes a atacar... o regresso do Rorie à boa forma, pode ajudar... Temos o factor casa, e temos que o aproveitar!

Balneário...

Família...

Comunicado


"O Sport Lisboa e Benfica informa que o atleta Ángel Di María vai disputar o Mundial de Clubes ao serviço do Benfica, transferindo-se posteriormente, e uma vez concluída a competição, para o Club Atlético Rosário Central, da Argentina, o seu clube de formação.
A participação no primeiro Mundial de Clubes da FIFA representa um momento especial e simbólico tanto para Di María como para o Sport Lisboa e Benfica, assinalando o epílogo de um trajeto extraordinário e marcante entre o jogador e o Clube."

O Benfica precisa de um amanhã, para ontem


"Mil Novecentos e Porco:
A festa no Jamor é dos momentos, se não o momento, mais icónico do futebol português. Numa sociedade, num desporto e numa indústria em que tudo muda e as tradições vão se perdendo, uma resistiu, tal como a aldeia do Ásterix e do Óbelix, contra o Império Romano. A final da Taça de Portugal no Jamor. Resiste à natural degradação de um estádio antigo, para não chamar velho, às dificuldades de acessos e segurança dada a envolvência do campo e acima de tudo resistiu ao provincianismo de Pinto da Costa que muito lutou para tirar a final de Lisboa (de forma simbólica, porque como bem sabemos, aquilo nem em Lisboa é).
Foi a primeira vez que vivi algo que cresci a ver e invejar pela televisão. Acordar, ir para lá às 8h e tal da manhã, estacionar o carro já bem longe, andar meia-hora a pé e chegar ao lugar combinado. Um lugar combinado onde em grupos de whatsapp se combinou que comeríamos um porco e beberíamos cerveja. Muita cerveja. Éramos mais de 100 pessoas inscritas, com pulseiras para entrar e o mais incrível foi reparar que conhecia a grande maioria das pessoas (num grupo de 100). O Benfica, mas até numa vertente mais lata, o futebol, permite ser o pretexto para algo que vai muito além das suas fronteiras. Movidos por uma paixão comum, ali estivemos 8 horas até o jogo começar e mais umas horas depois do jogo acabar. Parecem muitas horas? Pois passam a voar. Fala-se de tudo e não se fala de nada. Fala-se do Benfica e fala-se da vida. Fala-se de coisas divertidas e dores profundas. Fala-se com amigos de longa data e amigos de curta data. Fala-se com caras novas e caras que vemos todos os dias. E diz-se asneiras, faz-se parvoíces e guardam-se memórias que serão faladas durante muito tempo. Abençoado futebol.
Mil Novecentos e Noventa e Dez:
Estava tudo a correr tão bem. Ou relativamente bem. Sem fazer uma super exibição, o Benfica foi claramente a melhor equipa em campo no Jamor. Dominou o jogo, criou ocasiões e não permitiu qualquer ocasião ao Sporting. A equipa leonina e a sua bancada pareciam resignadas ou cansadas dos festejos. Chegamos à vantagem, chegamos a dar um check-mate com o 2º golo, mas o VAR veio fazer respiração boca-a-boca ao leão e salvou-os do knockout. Durante os segundos daquele festejo vi o Otamendi a levantar a taça, a festa vermelha no Jamor e tudo estava mais ou menos bem. Na superfície, que na profundeza o Benfica continuaria a ser um clube profundamente doente. Mas seria uma tarde divertida, uma conquista há muito esperada, a que se juntaria a Taça da Liga, ainda com o Mundial por chegar e ficava só a tristeza do falhanço no campeonato.
Mas tinha que acontecer o karma do Benfica. Às vezes parece que há um argumentista portista ou sportinguista que insiste em punir os benfiquistas. Mesmo tão perto do fim, a ingenuidade e a burrice de sempre dos jogadores do Benfica. Tal como tinha sido com o Arouca. Ou com o Barcelona. Ou com o Kelvin. Que outro clube no mundo a vencer uma final aos 90 e muitos minutos sofre um golo de contra-ataque, quando vários jogadores tiveram a oportunidade de fazer falta e parar uma das últimas jogadas do adversário, antes do árbitro terminar o encontro? Seria de arrancar os cabelos, caso o cronista ainda os tivesse. Depois, no prolongamento foi a queda habitual de uma equipa, clube e estrutura que já provou "time and time again" que não tem estofo mental nem competitivo para encher um balão quando ele esvazia. Infelizmente, o Benfica dos últimos 30 anos não tem a capacidade nem de fazer muitas boas épocas, nem a capacidade de vencer troféus importantes em épocas menos boas. Há 30 anos que o Benfica é grande apenas no papel. Pode continuar a ser o maior, mas quase nunca é o melhor.
Mil Novecentos e Comunicado:
Foi chocante a arbitragem. O golo anulado, as decisões sempre a penderem para o mesmo lado, os 10 minutos de desconto e claro aquelas agressões bárbaras ao Belotti. É chocante como o árbitro não viu, mas passar também ao lado do VAR é inaceitável. É o escândalo do ano e tem que ter consequências muito, muito graves. Para o jogador e para o árbitro VAR. É um lance demasiado claro e demasiado decisivo para poder passar impune.
Agora...a reação do Benfica? Aquele comunicado? Perdoem o português mais rasca, mas não me lixem! Depois de meses a dizer aos sócios (em todas as Assembleias, por exemplo, quem lá esteve, sabe que é verdade) que não se pode ir contra a maré, que não se pode ir contra a maioria na auto-estrada, que o caminho é o dos consensos e das alianças, contra a revolta dos sócios e adeptos que diziam que esse é o caminho errado, que quem não sente, não é filho de boa gente, agora uma arbitragem, um lance faz aqueles senhores dirigentes dos bafientos gabinetes do Estádio da Luz em poucas horas virarem o bico ao prego e agora já dizem que são contra a centralização dos direitos televisivos, que a seleção nacional já não joga na Luz e que estão muito revoltados e chocados com a arbitragem, com a Liga e com a Federação? E dizem e fazem tudo isto só depois da época terminar? Agora? Para quê, Rui Costa? Há umas eleições a chegar e ficámos em pânico, não é, caro Maestro e quem te acompanha? O que leva ao próximo ponto.
Mil Novecentos e Quatro:
O mandato de Rui Costa é uma desgraça completa. Conseguiu ainda ser pior Presidente que Luís Filipe Vieira. O Benfica está pior financeiramente, está pior nas modalidades, está pior no seu peso nos círculos de influência, está pior no futebol. Vence apenas 3 troféus em 16 em disputa, apenas 1 campeonato em 4 anos de mandato. Zero Taças de Portugal. Como pode sequer pensar em se recandidatar? Com que argumentos, que não seja o de querer se propagar no poder? Ele e quem o acompanha, muitos há décadas e décadas agarrados aos mesmos lugares de sempre. Aliás, não devia até já ter convocado eleições antecipadas? Se não se recandidata, como vai preparar nova época? Porque lá está...ele vai-se recandidatar. Ou está a ser-lhe muito difícil admitir que não o devia fazer. Ou que pode perder as eleições e sair pela porta pequena. Ainda mais pequena que a que já irá sair.
Basta. Estamos fartos. Somos uma grande massa associativa e queremos apoiar o clube sempre. De forma talvez ingénua, queremos acreditar que iremos ser felizes, que é nossa obrigação não atirar a toalha ao chão antes dos objetivos falhados, mas agora chegou a altura de dizer (mais uma vez) e isto é para ti benfiquista que estás a ler, que não é aceitável andarmos com maus presidentes há 30 anos, andarmos sem conseguir ser de forma consistente os melhores em Portugal, de sermos geridos por merceeiros que todos os anos desfazem a equipa de futebol e infelizmente nalgumas situações, inclusive por pessoas que lesaram financeiramente o clube. Em outubro o Benfica tem que ter o seu 25 de Abril. Uma revolução. Uma página nova. Varrer aqueles bafientos gabinetes todos e entrar finalmente por ali sangue novo. Sangue benfiquista sem vícios e mais competência. Que quem vem com boas intenções se candidate e os sócios optem pela mudança. Esperemos para ver a equipa e o programa de João Diogo Manteigas, Noronha Lopes e mais candidatos que apareçam e votemos em consciência. Mas votemos pela mudança.
Derrotas como a de domingo têm que ser um abre-olhos, permitir ver além da espuma dos dias e tomar novamente consciência que o Benfica continua profundamente doente e precisa de um novo amanhã. Para ontem. Ou quantas mais estaladas são precisas?"

Não vai correr tudo bem


"Frederico Varandas acusou Tiago Martins, em fevereiro, de ter errado por estar condicionado pelo FC Porto. Como estaria, para o presidente do Sporting, Tiago Martins na final da Taça?
O violento comunicado do Benfica depois da final da Taça de Portugal atinge os fundamentos da integridade do jogo e do futebol português. Não pode haver acusação mais grave de que a desvirtuação desportiva e, no entanto, tudo andará mais entretido e interessado em julgamentos de intenção de conveniência — justificação de época com apenas um título, eleições à porta para a presidência, desculpas de mau pagador, enfim, há por aí muitas sentenças — que em melhorar o produto que consumimos. Isto serve praticamente para todos os adeptos ou observadores do fenómeno, independentemente de simpatias clubísticas.
O Benfica, reconheça-se, esforçou-se por não entrar no caminho tradicional de desestabilizar para ganhar. Não significa isso que calar é consentir. Mas podemos questionar se foi a melhor estratégia para alcançar os objetivos, considerando as circunstâncias do futebol português. E também questionar — neste caso nunca saberemos — se teria produzido as mesmas acusações e feito as mesmas exigências se não tem havido penálti nos últimos segundos de compensação dos 90 minutos da final da Taça de Portugal.
O futebol português deu passos importantes na modernização, mas ainda tem raízes profundas na obscuridade e de lá demorará a sair. São comportamentos, dependências, cumplicidades e lealdades que o continuarão a minar. Estaremos todos à espera de respostas do Conselho de Arbitragem e da Federação Portuguesa de Futebol, cujo presidente, Pedro Proença, já perdeu uma oportunidade para contribuir para o alívio da tensão, depois de ter evitado, terça-feira, falar com os jornalistas. E concluiremos todos, cedo ou tarde, que até pode mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma. E que não vai correr tudo bem.

Tiago Martins nas palavras de Varandas
Tiago Martins foi o videoárbitro que não viu o pisão de Matheus Reis na cabeça de Andrea Belotti. Nestes dias ninguém se sentiu pior que ele. Cometeu um erro grave, demasiado óbvio, irá pagá-lo, provavelmente será sacrificado para que tudo fique na mesma.
Foi Tiago Martins que Frederico Varandas, numa entrevista em fevereiro, depois de dois empates seguidos do Sporting no campeonato, acusou de ter sido «condicionado», esta época, por comunicação old school do FC Porto. Disse o presidente dos leões que não tinha as menores dúvidas de que Tiago Martins, por esse motivo, tinha favorecido os dragões ao não expulsar um jogador do FC Porto, num jogo com o Nacional.
Só Tiago Martins poderá dizer se se sentiu condicionado por Frederico Varandas na final da Taça de Portugal com o Benfica. Já poucas dúvidas haverá sobre o que poderá pensar o presidente dos leões, que considerou o critério de arbitragem diferente para os rivais, mas não se revê na intoxicação dos rivais em assuntos de arbitragem depois dos desaires.

A justificação de Matheus Reis
Matheus Reis justificou a agressão violenta sobre Andrea Belotti com um desequilíbrio de corpo e justificou a vangloriação do ato com alguns companheiros, transmitida em direto pelo Sporting, com o contexto de festa. É isto."

O Messias


"Nos últimos dias tem-se falado (ainda mais) das próximas eleições no Sport Lisboa e Benfica e, naturalmente, dos candidatos às mesmas. Este tópico parece ter atingido o seu pico após a capa do jornal A Bola que nomeia os potenciais (para já) 7 candidatos. As redes sociais incendiaram-se na defesa do candidato preferido de cada Benfiquista e no ataque ao(s) candidato(s) de menor agrado.
Estas atitudes preocupam-me enquanto sócio e Benfiquista, pois quer uma quer outra parecem-me convergir no reflexo daquilo que é uma mentalidade pertinente de abordar: a busca desesperada de um Messias para o Benfica. Alguém que só ele poderá salvar uma instituição centenária como o Sport Lisboa e Benfica. Tenho assistido ao endeusamento de (supostos) candidatos desconhecendo os atuais planos, visão e equipa executiva dos mesmos, apenas porque alguém que o acha o mais indicado para o cargo sente a necessidade de o colocar num patamar de omnipotente.
Esta mentalidade, não sei se Portuguesa se Benfiquista, tem que ser eliminada do clube. Há candidatos que serão mais ou menos capazes, com um currículo mais ou menos adaptado às exigências do futebol moderno (ou rodeado de quem o tenha), mas o que tenho sentido é um verdadeiro culto ao líder. Um seguimento messiânico cego que tantas vezes foi e é criticado aquando doutros líderes idos.
Não quero com isto dizer que estou contra os tão falados "timings" das apresentações das candidaturas (qualquer timing para mim é bem-vindo), tão pouco que se discutam candidatos e ideias. É vital para a instituição Benfica que haja este interesse quer dos candidatos pelo cargo quer dos sócios pelo assunto, e é mais importante ainda que se examinem as propostas de cada candidatura ao detalhe. O que me desagrada é o tom de evangelho com que o tema é discutido.
O Sport Lisboa e Benfica dará, espero, um bom exemplo de democracia em outubro (ou ainda antes), com um tremendo número de votantes e até de candidatos, só peço aos meus consócios que aprendamos com os “nossos” erros. Os últimos 30 anos mancham os pergaminhos do Incomparável, mas somos nós quem tem a capacidade e a obrigação de fechar este ciclo e inverter a tendência. Está nas nossas mãos, e não nas de alguma divindade. Saibamos escrutinar desinteressada e racionalmente os programas eleitorais e os consócios pretendentes ao cargo que qualquer um de nós sonhava ter o privilégio de exercer.
Quantos mais candidatos, projetos, ideias os sócios tiverem por onde escolher, mais hipóteses teremos do Benfica voltar aos patamares nos quais devia estar sempre. Mais candidaturas são motivo de orgulho e de maior responsabilidade na escolha, nunca motivo de medo, até porque pluralidade é Benfica, e o Benfica nunca pode ter medo de ser Benfica."

Quando os santos da casa não fazem milagres


"Enquanto tivermos o nosso clube entregue aos Filipes, súbditos de Vieira nada pode ser diferente do que constatamos.
No Benfica cultiva-se o endeusamento do indivíduo, em particular de quem o lidera. O problema é cultural e existe não só na base como na respectiva estrutura que decide o destino do mesmo.
Neste momento, o Benfica é omisso de um líder forte que defenda o clube quando este se encontra em apuros ou está a ser vilmente atacado pelos seus adversários que o tratam desportivamente como se fosse para abater assim como na guerra que assistimos na Ucrânia Vs Rússia, qual “hipérbole”.
Qualquer ser humano e instituição não se podem comportar de forma benevolente e com parcimónia, quase afetuosa, hesitante e muda perante as agressões diárias de que é objecto por parte de quem a quer destruir.
Os adversários do Benfica sempre se comportaram como inimigos, portanto quando os máximos dirigentes do Benfica fazem declarações como que nós não estamos dispostos em ir em sentido contrário mesmo que isso prejudique o clube diz tudo em relação aos mesmos.
O que me leva ao seguinte as instituições que nos tratam como inimigos há muito tempo que se aperceberam que matar a galinha dos ovos de Ouro o Sport Lisboa e o Benfica os iria diminuir a curto prazo e provavelmente colocar a nu não só a sua insignificância e razão de existirem que é o ódio ao Benfica e não o Amor às suas respectivas instituições, portanto será sempre do seu interesse um SLB moribundo mas aparentemente vivo e de boa saúde.
Assim sendo é fulcral e importante que o Benfica fique cativo dos seus direito televisivos, a centralização tem apenas o objectivo de manter o Benfica manietado e instrumentalizado pelos seus opressores.
Vivemos numa era onde o medo da mudança foi incutido não só nas nossas vidas como em tudo em seu redor.
O que nos é transmitido pela comunicação social e os respetivos influenciadores da opinião pública é que o Benfica é uma instituição que tem que aguentar tudo e permanecer calada mesmo que isso signifique que lhe sejam retirados direitos de jogar com as mesmas regras que os seus ditos adversários, temos sido objecto de todas as patranhas e maldades possíveis dentro e fora dos recintos desportivos, por todos os quadrantes da nossa sociedade, desde as entidades para a regulação do desporto em Portugal, respectivas federações, as entidades para regulação da comunicação Social, CMVM, Anacom e poder Politico.
Tudo e todos maltratam o nosso clube porque quem o lidera não se dignifica a impor respeito à maior instituição desportiva do nosso país e da diáspora."

Jamor, um espelho da época


"A época viu-se ao espelho na final da Taça. Desde logo porque acabou melhor quem melhor começou. A diferença de ter começado com Amorim ou com Schmidt contou, seja nas ideias de jogo semeadas ou na coerência do plantel, pelo que responsabilizar particularmente Bruno Lage é tão injusto como glorificar especialmente Rui Borges. No fundo, Lage acrescentou ao que vinha de trás, mas não o suficiente para ganhar, enquanto Borges pouco somou ao existente, mas restou o quanto baste para não perder. Um golo consentido ao Arouca ou outro marcado ao Gil Vicente, ambos para lá do minuto 90, ilustram a ideia principal: as duas «melhores» equipas da época equivaleram-se num nível modesto e foi ténue a linha que separou a glória do fracasso.
Mérito de quem ganha? Há sempre, e o Sporting teve-o sobretudo pela forma como superou uma ventania de lesões, somada a individualidades maiores que a nossa Liga, Gyokeres e Hjulmand à cabeça. Demérito de quem perde? Idem, e o Benfica sofreu no Jamor mais um golo em minuto proibido, devido, em boa parte, à repetida incapacidade de controlar qualquer jogo com bola.
Claro que Rui Borges foi astuto quando lançou Conrad Harder e investiu definitivamente num jogo mais direto. Bruno Lage até ganhou o embate estratégico inicial - é justo dizê-lo – mas fez uma gestão do jogo trágica após o segundo golo obtido (o que não valeu). As substituições são difíceis de entender, principalmente o lançar Renato quando tinha Aursnes (que foi a jogo logo a seguir), mas também retirar Pavlidis quando já não havia Kokçu (os jogadores da águia que mais «pensam» o jogo) e colocar Barreiro como atacante (para defender, claro!) quando ainda dispunha de Di María.
Pode dizer-se, por ser também verdade, que um só lance mudou uma história que parecia escrita, quando nenhum defensor do Benfica soube travar os leões (a não ser Renato, numa falta tonta). Outro fosse o desenlace desse momento regulamentar derradeiro e o Benfica teria uma vitória que seria, no mínimo, tão justa quanto a que o Sporting veio a construir no prolongamento. Por isso a final da Taça foi um espelho da época: qualquer equipa podia ter ganho mas nenhuma merece grande elogio pela qualidade apresentada. E no fim será sempre assim, como aqui escrevi há duas semanas: quem ganha celebra e quem perde justifica-se.
Por falar em justificações, sobre arbitragem só me parece útil insistir na minha tese de alguns anos, que admite o VAR como uma ferramenta que acrescenta verdade, o que é bom, mas que, por omnipresença (e sobretudo em Portugal), reforçou a centralidade do árbitro no jogo, o que é mau. E como o VAR se mete em lances a mais, mesmo nos que de claros nada têm, os adeptos passaram a reivindicar que se meta em quase todos.
E naturalmente a coisa piora quando não intervém no obrigatório, como no lance de Matheus Reis com Belotti. A importância dada aos árbitros em Portugal é tanta que não apenas se multiplicam os comentadores da «especialidade» como há cada vez mais ex-árbitros em altos cargos de instituições (e agora também de clubes). Não vejo nisso um problema em si, naturalmente, mas é um sintoma.
É que cresci eu a ouvir dizer que o melhor no jogo era não se dar pelos árbitros. E agora quase não damos nós por outra coisa."

'Caso' Matheus Reis: à justiça o que é da justiça


"Equipa de arbitragem (sobretudo o VAR), Matheus Reis, Sporting e Benfica não saem bem destes dias de burburinho e confusão. Valeu a lucidez do Governo de gestão

Vai grande a confusão e o burburinho em torno de um erro clamoroso cometido pela equipa de arbitragem na final da Taça de Portugal.
Separemos desde já as águas desportivas das outras: o Sporting conquistou o campeonato e a Taça com mérito, tendo demonstrado ser a melhor equipa da época em Portugal. Nada garante que se a expulsão de Matheus Reis tivesse ocorrido o desfecho do jogo não fosse exatamente o mesmo. Poderia não ter sido, mas também poderia ter sido. É, por isso, demagógico (como sempre, que novidade em Portugal...) tentar colar umas coisas às outras.
Dito isto, Matheus Reis incorreu numa ação absolutamente reprovável, e de pouco lhe adianta dizer timidamente que não fez de propósito. As imagens são claras. Tão claras que se torna incompreensível a agressão não ter sido detetada pelo VAR.
Tiago Martins é um árbitro com uma carreira interessante, que por sinal está a finalizar, e perguntar-se-á deste então o que raio lhe foi acontecer naquele domingo. Mas aconteceu, e não tem justificação possível. Já foi penalizado ao não apitar um dos jogos dos play-off de subidas de divisão, veremos o que sucede a seguir.
Mas não foi só Tiago Martins a sair mal deste filme. Comecemos pelo Sporting: justo vencedor das duas mais importantes provas nacionais, cabe-lhe na sociedade portuguesa um papel bem mais abrangente que cavalgar a clubite ou o fervor das conquistas. E por isso devia, atempadamente, ter anunciado a instauração de um processo de inquérito a um jogador que fez o que fez com a camisola verde e branca vestida, a mesma que milhares de crianças pelo País fora vão vestindo com cada vez maior (e mais justificado) orgulho. Defender os nossos é obrigação, mas puni-los, quando prevaricam a sério, também. Cabia aos leões, pelo menos, investigar o tema.
O Benfica exagerou a toda a linha, começando pela pouca ponderação de Rui Costa nas palavras públicas e nas privadas que depois se tornaram públicas. O comunicado encarnado extravasa o bom senso. Uma coisa é exigir (e bem) responsabilidades a Matheus Reis (deixemos Maxi fora disto, por favor) e queixar-se às entidades competentes. Outra é aproveitar a onda para fazer ameaças de vária ordem e, sobretudo, saltar fora do processo de centralização dos direitos televisivos, que muito incomoda os encarnados.
Foi bem o Governo, esta quarta-feira, ao meter gelo no processo: afinal, ainda há coisas mais importantes que o futebol para discutir em Portugal."

Rui Costa só tem de seguir o exemplo de Varandas


"Depois de ter agido de cabeça quente, momento exige cabeça fria. Presidente do Benfica, mesmo pressionado pela oposição, tem de manter as convicções.

A época terminou com o Benfica a disparar em todas as direções. Rui Costa explodiu logo em pleno Jamor, depois de o Benfica ter perdido a Taça de Portugal para o Sporting, mas o presidente dos encarnados não ficou por aí e no dia seguinte continuou ao ataque e ainda mais incisivo. Árbitro, VAR, Matheus Reis, Maxi Araújo, FPF, Liga, FIFA, UEFA, IFAB, Governo… Ninguém ficou de fora do contundente comunicado emitido pelo clube.
Percebo a revolta de Rui Costa. O Benfica foi prejudicado pela arbitragem na final da prova rainha, uma vez que a agressão de Matheus Reis não poderia ter passado impune e percebo a frustração de Rui Costa, já que terminar a época apenas com uma Taça da Liga para um clube com a dimensão do Benfica é muito pouco, mais até por ter visto o rival Sporting celebrar em dose dupla e, curiosamente, após dois dérbis.
O futebol é um jogo e como em qualquer outro, por vezes, a sorte e o azar têm um peso decisivo. Foi o sucedeu nos dois últimos jogos entre águias e leões. A bola bateu no poste, Rui Costa. O que fez toda a diferença.
No encontro decisivo do campeonato, o poste esquerdo da baliza de Rui Silva devolveu o remate de Pavlidis, que daria a vitória aos encarnados e, provavelmente, o título. Já no Estádio Nacional, foi o guarda-redes do Sporting a desviar, também para o poste esquerdo, o disparo igualmente do ponta de lança grego. O que seria o primeiro golo do jogo e o corolário do ascendente do Benfica, que só terminou ao minuto 90+11, quando Gyokeres marcou o golo do empate — o Sporting, depois, foi superior no prolongamento.
Uns meros centímetros foram decisivos. A diferença entre a vitória e a derrota. A glória ou a frustração. Se aquelas duas bolas tivessem entrado, hoje estaríamos todos a tecer elogios. Não só a Pavlidis, mas também a Bruno Lage e a Rui Costa, claro.
Contudo, o presidente do Benfica, e melhor do que ninguém, ou não tivesse sido um jogador de eleição, um verdadeiro craque, sabe que no futebol tudo muda muito rápido e, no meu entendimento, a prioridade, neste momento, tem de ser a autocrítica.
Perceber o que falhou esta época e não cometer os mesmos erros, alguns fáceis de identificar, como a continuidade de um treinador, Roger Schmidt, em quem os sócios já não acreditavam e, acredito, também grande parte dos jogadores ou a não contratação de um lateral-direito, no verão ou no inverno, que fosse alternativa a Bah.
Dada a capacidade financeira do clube e o investimento no mercado de janeiro, chega a ser incompreensível como os encarnados não se preveniram para uma possível ausência prolongada do dinamarquês, o que, infelizmente, veio a acontecer — isto para já não falar das limitações físicas do central Tomás Araújo, o eleito para ser adaptado à posição —, tendo optado por inflacionar as opções para um ataque já bem recheado de opções.
Para mal dos pecados de Rui Costa, o clube vai para eleições, em outubro, e a oposição não perdeu tempo em posicionar-se. Dia após dia surge um candidato, um candidato a candidato ou um pseudo-candidato.
Depois de ter agido de cabeça quente, entendo que o momento exige cabeça fria. Rui Costa tem de manter as convicções e até considero que deve olhar para o rival: é só seguir o exemplo de Frederico Varandas.
O presidente do Sporting, como sabemos, não teve um início fácil, muito pelo contrário…, foi muito criticado e até apupado e ofendido em pleno José Alvalade, mas a tudo resistiu. Acreditou numa estrutura e hoje ninguém o questiona. As eleições serão uma formalidade, depois de se ter sagrado bicampeão e isto após uma época com três treinadores!
Já na Luz as próximas eleições nunca serão um formalidade, mas não acredito que seja uma bola no poste a decidi-las…"

Benfica grita, Sporting cala-se e o desporto perde


"O comportamento violento de Matheus Reis sobre Andrea Belotti tem sido alvo das mais variadas análises e contestações. Hesitei em abordar o tema, normalmente tendo a escolher o menos óbvio, mas este artigo contraria exatamente essa tendência e, sim, vou falar do tema quente do momento.
Este artigo procura então compreender o comportamento de Matheus Reis (e reforço como tantas vezes tenho feito, compreender não é sinónimo de aceitar), bem como tudo o que tem acontecido desde então. O comportamento violento de Matheus Reis insere-se claramente no domínio da agressão hostil – aquela que é movida por uma intenção de causar dano físico imediato, desencadeada por uma resposta emocional intensa, neste caso, frustração.
No contexto de um jogo de elevada carga emocional como uma final, onde os atletas vivem num estado de constante ativação e onde a derrota representa mais do que apenas um resultado, mas também uma ferida no ego, os limites do autocontrolo ficam mais ténues. A equipa perdia, o tempo escasseava, e a perceção de injustiça provocada pelo antijogo levado a cabo pelos jogadores do Benfica aumentava a tensão emocional.
Segundo a teoria da frustração-agressão, quando um objetivo desejado (neste caso, a vitória) é continuamente bloqueado, o indivíduo acumula tensão, que pode transbordar em atos deliberados de violência e foi exatamente a isso que assistimos.
Apesar deste comportamento ser menos racional e mais impulsivo, e, como tal, dificilmente de ser prevenido apenas com punições ou medidas disciplinares tradicionais, isto não implica que deve passar em branco, muito pelo contrário. Quando comportamentos violentos são tolerados, minimizados ou até glorificados (como frequentemente acontece no desporto e já assistimos a outros momentos iguais no passado), os atletas percecionam uma margem de impunidade. Se um jogador observa que colegas ou adversários são violentos e pouco ou nada lhes acontece, pode incorporar esse comportamento como legítimo, sobretudo num momento de frustração.
Se o comportamento de Matheus Reis não for punido de forma exemplar e publicamente clara, o risco é que outros o imitem, legitimando um ciclo de violência por modelagem, o que não é uma novidade. Neste sentido a punição disciplinar deve ser exemplar não só para o atleta em si, mas como uma medida pedagógica mais ampla. Contudo, esta atuação rigorosa desejada não poderá cingir-se apenas a este caso por ter repercussões mediáticas, sobretudo por se tratar de uma final, não para servir de modelo, mas sim de alerta para futuros comportamentos igualmente violentos.
Adicionalmente, a frustração não é desculpa, mas é explicação. E, para prevenir estas situações, é necessário intervir a montante: educar para a regulação emocional e promover estratégias de coping eficazes em situações de alta pressão competitiva.
Na minha opinião, o Sporting já deveria ter vindo a público manifestar-se sobre a conduta de Matheus Reis, não apenas como forma de distanciamento institucional do ato violento em causa, mas sobretudo para reafirmar os valores que o clube diz defender. O silêncio neste tipo de situações é altamente prejudicial, pois pode ser interpretado como tolerância ou, pior ainda, como cumplicidade passiva.
Ao não se pronunciar, o clube perde uma oportunidade clara de educar os seus atletas, adeptos e a sociedade em geral, transmitindo a mensagem de que comportamentos antidesportivos e agressões não representam – nem nunca poderão representar – os princípios que devem nortear uma instituição com a sua história e responsabilidade social.
Por outro lado, o Benfica tem expressado de forma veemente a sua indignação e repúdio por este comportamento violento, atitude que, na minha perspetiva, tem sido comunicada de forma exagerada. Este tipo de reação pode ser interpretado de duas formas distintas. Por um lado, poderá tratar-se de uma manifestação reativa à frustração acumulada, onde os comunicados oficiais, queixas e sucessivas retaliações funcionam como válvula de escape emocional. Uma agressividade simbólica que reflete a tensão interna de uma época desportiva claramente abaixo das expectativas.
Por outro lado, esta postura poderá ser também lida como uma estratégia de comunicação muito bem delineada. Ao dramatizar e prolongar mediaticamente o incidente, transformando este episódio num catalisador de união emocional, o Benfica consegue mobilizar os seus adeptos e sócios em torno de um inimigo comum, criando um efeito de coesão interna que desvia atenções de temas potencialmente mais sensíveis. Entre eles, questões como a avaliação do desempenho da equipa ao longo da época, os insucessos nas competições, as futuras eleições ou ainda a continuidade do treinador Bruno Lage.
Este tipo de narrativa de confronto externo é frequentemente utilizado em contextos de crise para reorientar o discurso público e proteger a liderança, criando um campo discursivo onde a identidade e a emoção prevalecem sobre a análise racional do insucesso. Assim, aquilo que à superfície parece apenas indignação legítima, pode também traduzir uma operação calculada de gestão de danos e reposicionamento institucional.
Uma coisa é certa, se queremos que o desporto continue a ser um instrumento de formação ética e social, então, atos como este não podem passar impunes e não podemos manifestar a nossa indignação apenas quando a sua impunidade não nos beneficia a nós. Infelizmente este não é um ato isolado, é um sintoma de uma cultura desportiva que, em muitos momentos, continua a tolerar e até a valorizar a violência."

Cristiano Ronaldo e Neymar no Flamengo para o Mundial: mais marketing ou mais futebol?


"A hipótese de ver Cristiano Ronaldo e Neymar a vestir a camisola do Flamengo para a disputa do Mundial de Clubes é, no mínimo, sedutora. Dois dos maiores nomes do futebol mundial juntos no clube mais popular do Brasil. Mas há um detalhe crucial que o entusiasmo não pode ignorar: o que se ganha e o que se perde com uma aposta destas?

O brilho individual versus a mecânica colectiva
Não há dúvidas: tanto CR7 quanto Neymar são jogadores de talento raro. O primeiro mantém uma impressionante regularidade física e mental aos 39 anos. O segundo, embora mais marcado por lesões, continua a ter uma visão de jogo e uma qualidade técnica acima da média. Mas o futebol de clubes, sobretudo em torneios curtos, é tanto sobre o talento individual como sobre entrosamento colectivo.
O Flamengo de hoje é uma equipa entrosada, com dinâmicas tácticas bem assimiladas e um plantel que se conhece em campo. Introduzir duas figuras de protagonismo absoluto, com ritmos, rotinas e egos diferentes, pode ser mais uma ruptura do que um reforço, se mal gerido.

CR7: confiança no desempenho, mas fora do sistema?
Cristiano Ronaldo, ao contrário de Neymar, é hoje um jogador que não exige protagonismo criativo. Ele finaliza, movimenta-se bem sem bola e mantém uma ética de treino exemplar. Em termos de fiabilidade, é mais fácil projectar um desempenho positivo de CR7, mesmo fora do contexto habitual. Mas o Flamengo joga com um sistema ofensivo baseado em *mobilidade associativa*, e não necessariamente em um homem de área fixo. A questão é: o sistema adapta-se ao jogador, ou o jogador ao sistema?

Neymar: génio imprevisível e o risco de colisão
Já Neymar carrega outro tipo de incógnitas. A sua genialidade nunca esteve em causa. Mas o tempo de recuperação física, o histórico de lesões e o perfil emocional podem gerar um choque com a estrutura do grupo. O brasileiro tem um estilo de jogo mais centralizador, o que pode atrapalhar a fluidez de uma equipa já coesa e com papéis definidos. E no Mundial de Clubes, não há margem para adaptação prolongada.

Marketing ou título? É preciso escolher a prioridade
É evidente que, em termos de marketing, a presença dos dois elevaria o Flamengo a um patamar de visibilidade global. Camisolas vendidas, audiências astronómicas, patrocínios redobrados. Mas se o objectivo for conquistar o título, então o clube terá de considerar a lógica do futebol: o talento sem contexto pode custar caro.

O tempo necessário para criar química em campo não se compra com popularidade. E no futebol de alto rendimento, experiência e entrosamento são capacidades distintas, mas ambas determinantes.
Em suma: se for pela emoção, é uma jogada de mestre. Se for pela razão, é um risco calculado que precisa de muito mais do que nomes no papel. Afinal, um título mundial não se ganha apenas com estrelas, mas com equipa."