domingo, 27 de outubro de 2024

Campeãs Nacionais de Judo


Mesmo sem a Rochele (grávida), vencemos a prova coletiva, com a eterna Telma a vencer o combate decisivo!

Boa forma...


Belenenses 26 - 35 Benfica
13-22


Curiosamente, a 'ovelha negra' das modalidades de pavilhão masculinas, neste momento parece ser a mais convincente! Internamente e na Europa!

Hoje, sem o Borges, nova vitória clara sem espinhas...

Vitória na Madeira...


Galomar 83 - 87 Benfica
27-14, 19-18, 13-35, 24-20


Partida referente à 1.ª jornada, entretanto adiada... As vitórias são sempre boas, mas jogámos mal! Foi praticamente o Stone 'contra o mundo'!!! E o Stone até esteve mal nos 3 pontos, senão até poderia ter chegado aos 50 pontos!!!!!

Demasiados Turnovers, sem Ressaltos, com vários jogadores com uma aversão fundamentalista contra o cesto... foi mesmo uma vitória caída do céu!!!

A única boa notícia, foi mesmo o regresso do Broussard... Ainda falta o Rorie.

Derrota, com mais uma expulsão!


Benfica 1 - 3 Tondela


Jogo decidido em 4 minutos: o Benfica a ganhar, e em 4 minutos, o Tondela empata, o Kiko é expulso e na sequência do Livre, sofremos o 1-2, e jogo acabou!

Jogámos bem 11 para 11, marcámos um bom golo, estávamos a ser competitivos, mas com 10 a perder, mantivemos a atitude, mas não deu...

Gostei da ambição, nota-se claramente que os jogadores querem o título da II Liga. Hoje podíamos ter chegado á liderança, mas ainda vamos a tempo...

Emoção e Proximidade: reflexões e dicas sobre a Comunicação do Benfica


"A Comunicação é absolutamente essencial para o sucesso de projetos, empresas e associações. E para que ela funcione é fundamental que haja condições para que isso aconteça. Primeiro, é importante ter uma estratégia: quais são os objetivos e públicos-alvo a alcançar? Que meios (humanos e técnicos) temos para desenvolver o trabalho? A planificação (com ajustes que se podem/devem ir fazendo ao longo do tempo) é exequível?
Trabalho na Comunicação há alguns anos e posso assegurar que se estas condições não estiverem reunidas, será muito mais difícil alcançar o que se pretende. Também é preciso ter em linha de conta que a Comunicação é um processo, que leva tempo, e que, por vezes, pode implicar a criação de hábitos junto do público que se quer alcançar. Por isso, repito: a palavra-chave é estratégia. É definir um rumo e perceber como se quer chegar lá.
Não trabalho no mundo do futebol, mas sei que é um universo muito específico e nem sempre fácil. E, obviamente, que um clube como o nosso tem inúmeros desafios e potencialidades nessa área. A Comunicação do clube (do nosso ou de qualquer outro) é o reflexo dele mesmo, da sua orientação. Nessa medida, lamento informar, mas o panorama do Benfica não é muito animador. Tem alguns momentos muito bons, outros nem por isso. É demasiado ativo em algumas circunstâncias, e omisso quando deveria ser mais interventivo. Há ótimos profissionais no clube, mas será que há um rumo? Eles têm meios? Sentem-se motivados? Têm espaço para poder inovar?
O que se pretende com este texto é estimular a discussão sobre o assunto, apresentando algumas dicas e ideias. Algumas serão mais exequíveis, outras nem por isso. Umas serão boas, outras nem por isso. E não há problema com isso. Acredito que é da discussão que surgem as melhores ideias. Vamos por partes:

DIVERSIFICAÇÃO
Os canais de comunicação são tantos e tão vastos que não costuma ser boa política apostar as fichas todas em poucas plataformas. É preciso escolher aquelas que mais nos interessam e definir uma estratégia e forma de trabalhar em cada uma delas. Estar no Twitch não é o mesmo que estar no TikTok; fazer conteúdos na BTV não pode ser o mesmo escrever para o jornal do clube, por exemplo. Devemos apostar em diversificar o máximo possível, numa lógica de complementaridade entre plataformas e conteúdos: uma entrevista na BTV pode ter uma versão mais curta aí e depois ser disponibilizada integralmente num podcast do clube, por exemplo.
Dependendo dos públicos, e se pensamos em internacionalizar a marca Benfica, a criação de conteúdos/contas em redes sociais noutros idiomas tem de ser trabalhada. O que é que o Benfica faz no sentido de cativar os filhos dos emigrantes portugueses que quase não falam português, mas que falam alemão ou francês? Fará sentido apostar no mandarim, árabe ou noutros idiomas associados a mercados emergentes?
A aposta em podcasts, um formato mais pessoal e acessível, devia ser uma realidade. Não é preciso inventar a roda: entrevistem atletas, metam os adeptos a falar com glórias do clube, divulgar as secções mais "escondidas"... Há muito potencial a explorar.
E se falamos em podcasts, também devíamos falar na rádio. Aos anos que ouvimos falar numa rádio do clube. Defendo que devemos avançar: é bem mais barato do que fazer televisão e é talvez o meio tradicional que melhor se adaptou ao digital, nomeadamente às redes sociais. A rádio também seria a melhor forma de chegar a todo o país, país esse que não é todo igual: Lisboa não é o mesmo que Bragança, Guarda ou os Açores. E em muitos destes territórios, cada vez mais despidos de gente, a rádio ainda é um fator de proximidade. Isto para não falar dos países de expressão portuguesa, nomeadamente dos africanos, onde a rádio ainda desempenha um papel de grande relevância social.
Relativamente ao jornal do Clube, confesso que é onde tenho mais dúvidas. A tiragem do jornal é de 8000 exemplares, num clube com quase 400 mil sócios: há aqui qualquer coisa quando não está certa. O jornal faz parte da história e do ADN do clube, tendo sido essencial para o crescimento da sua massa adepta, mas temos de perceber como podemos fazê-lo crescer. Passar a fazer uma edição mensal? Continuar a ser semanal mas com conteúdos mais intemporais/históricos? Fazer o jornal online, acessível a todos, e ir publicando revistas periódicas (trimestralmente?) com conteúdo de grande qualidade? Não podemos deixar cair o jornal, mas temos de o repensar.

APROVEITAR OPORTUNIDADES
A BTV demonstra que, quando o clube quer, consegue ser inovador. Quando apareceu foi uma pedrada no charco. Contudo, creio que é uma pena que um clube de cariz popular como o nosso seja o único que obriga ao pagamento de uma mensalidade para o podermos ver. Porto e Sporting têm canais abertos. Não haveria possibilidade de ser aberto e depois pagar só para ver os jogos? Ou de ter um preço especial para sócios e adeptos?
Além disso, há outro problema relativamente ao fenómeno televisivo em geral: as pessoas, nomeadamente os mais jovens, veem cada vez menos televisão. Aqui poderia entrar, uma vez mais, a complementaridade com plataformas como o YouTube. Quando há jogos das modalidades ao mesmo tempo dos jogos das equipas de futebol, não se poderiam transmitir no YouTube? Também seria possível utilizar a tv para partilhar mais conteúdos como os descritos anteriormente: entrevistas com jogadores, conversas com glórias do clube, etc.
Aproveitar as oportunidades também implica trabalhar com o que temos em casa, nomeadamente com os atletas. Exemplo disso foi a chegada de Arturkoglu e Kokçu, que trouxeram com eles uma legião de adeptos turcos (que são muitos e muito ativos) para as nossas redes sociais. Os nossos números melhoraram de forma significativa e em pouco tempo: o caminho tem de ser este. O episódio do Arturkoglu e Kokçu, em que o segundo mostra o Seixal ao primeiro, tem 360 mil visualizações! Dos maiores sucessos no nosso canal de YouTube. Mas há outras possibilidades: temos dois campeões do mundo no plantel - não seria possível criar conteúdo para cativar o mundo que fala espanhol? Temos um titular da seleção do Luxemburgo na equipa - não podíamos fazer algo com ele, tendo em conta a enorme comunidade portuguesa que aí vive? Temos um jogador de basquetebol, Trey Drechsel, que tem um canal de YouTube muito interessante - não seria possível criar uma sinergia mais efetiva com ele (ou outros/as) e dar mais visibilidade à secção? No polo aquático, no rugby ou no triatlo não haverá histórias interessantes que merecem ser partilhadas com os benfiquistas?
E o que dizer sobre o streaming? O Benfica criou a BPlay, uma espécie de Netflix benfiquista que era... a pagar. Depois passou a ser grátis, mas os números de aderentes (presumo) não devem ser extraordinários. Creio que não faz muito sentido continuar a apostar no BPlay, com tanta oferta que há no mercado. Não faria mais sentido estabelecer uma parceria com os gigantes? Como o Netflix ou a Amazon Prime? A propósito desta última, um conteúdo como a "Fábrica dos Sonhos" representa um caminho que devemos seguir, que valoriza o clube e o seu capital humano.

CONCLUSÃO
Haveria muito mais a dizer e mais exemplos a apresentar, mas o texto vai longo e não quero massacrar o leitor. Resta-me apenas convidar à reflexão e pedir que não se menospreze a Comunicação. O Benfica tem de ser muito mais do que a bola que entra na baliza ou não. O Benfica deve ser emoção e proximidade; deve ser sentimento de pertença e comunidade. É esse o espírito que se deve cultivar, e que mantém sócios e adeptos mais engajados com o ideal benfiquista.""

A Alma do Benfica: A Paixão dos Nortenhos pelo Glorioso


"Numa altura onde o norte tem um impacto cada vez mais importante na grandiosa história do clube, cabe-me a mim enquanto adepto e sócio do Sport Lisboa e Benfica expressar o sentimento de um benfiquista nortenho, que por vezes é desconhecido e até desvalorizado.
Ser benfiquista no Norte é um acto de paixão e resiliência. É uma escolha que vai muito além da localização geográfica. Quando um benfiquista do Norte se prepara para uma viagem rumo ao Estádio da Luz, sabe que não se trata apenas duma deslocação, é uma peregrinação. Milhares de Benfiquistas entram nos autocarros com destino à catedral, com o propósito de apoiarem o clube que mais amam.
Há algo de especial ao passarmos pelos campos, as serras, e até as estações de serviço a caminho de Lisboa. Carregamos connosco uma paixão que transcende qualquer distância. Aquela sensação de estar na estrada ao lado de outros benfiquistas, partilhando histórias e cânticos, faz com que o destino seja ainda mais especial. A cada quilómetro que passa, aumenta a ansiedade e a emoção de ver o Benfica em campo.
Para os benfiquistas do Norte, jogar fora é como se “jogássemos em casa”, porque os estádios da região são locais que conhecemos bem. Estão mais próximos e são familiares para a maioria dos adeptos. Cada estádio do Norte, de certa forma, acaba por ser uma "extensão" do Estádio da Luz.
Esta devoção não passa despercebida aos jogadores e equipa técnica. O apoio incessante dos adeptos, fora do estádio da Luz, é uma força motivadora que inspira a equipa a dar o seu melhor, pois sabem que, independentemente do local, o Benfica nunca caminhará sozinho.
Mas ser benfiquista no Norte não se resume a ir aos estádios. É estar em comunhão com outros adeptos nas casas do Benfica espalhadas pela região. São estas os pilares do Benfica. É nesses locais que milhares de benfiquistas, independentemente da idade ou do tempo que dedicam ao clube, encontram um espaço onde podem viver essa paixão, onde a camisola vermelha é mais do que uma cor, é um símbolo de união. A cada golo, há abraços, há sorrisos, há celebrações intensas. E mesmo nas derrotas, existe o consolo de saber que, juntos, a paixão pelo Benfica é mais forte do que qualquer resultado.
“Os tontos chamam-lhe torpe”. É carregar uma paixão que muitos podem não entender ou até julgar, mas que, para quem a vive, é genuína. Tal como o orgulho na pronúncia, nas tradições do norte, ser benfiquista na região é uma forma de afirmação, um amor que persiste e resiste, mesmo quando outros não compreendem ou tentam desvalorizar.
É um vínculo que poucos podem explicar, mas que faz parte de quem somos. Porque seja onde for, tu és o meu amor.
Viva o glorioso, viva o Sport Lisboa e Benfica."

Lagartices!

O candidato 'inteiro'


"O candidato ideal tem sempre de ser um candidato inteiro. Partamos deste princípio, e tudo será mais fácil.
Um candidato inteiro é o que não (se) divide, o que define um objetivo claro, sem subterfúgios de linguagem ou subtilezas de ações, com a certeza do que quer, como quer, quando quer, onde quer e com quem quer.
É um pouco a regra básica do lead e do corpo da notícia, que qualquer aluno de primeiro ano de licenciatura na área deverá conhecer e aplicar até à exaustão.
Um candidato inteiro tem bagagem. E não apenas a bagagem intelectual e académica, mau grado estas sejam essenciais aos desafios que se lhe podem colocar a qualquer hora ou local. Mas, sobretudo, a bagagem que a experiência lhe confere. A experiência na gestão, mas, sobretudo, na evolução de projetos, nos contactos e redes que vai estabelecendo ao longo da vida pessoal e profissional, da capacidade que os outros lhe reconhecem de ser equilibrado, razoável e agregador.
Ora aí está uma tríade com a qual um candidato inteiro se deve preocupar, desde o primeiro minuto de qualquer sonho ou projeto. O equilíbrio é o que dele fará consensual ou, pelo menos, um buscador permanente de consensos, de interações, de soluções que, podendo não agradar, no mesmo espaço e tempo, a todos os cidadãos e a todas as instituições, serão sempre o resultado da procura, da discussão civilizada e abalizada e da tentativa de melhorar a cada dia, a cada decisão.
O candidato inteiro também terá de ser razoável. E sê-lo é o contrário de populismos fáceis de última hora, de palmadinhas nas costas e promessas incontidas (especialidade bem portuguesa e que nos vai surgindo quase a cada esquina…). Ser razoável é tudo menos isso. É perceber que o caminho para o progresso e para o sucesso se faz a diversos ritmos, com ambição pelas instituições que se defende e não pela variedade e colorido das gravatas que se apertam ao pescoço. Razoável não é ser popular. É trabalhar para tornar os protagonistas das nossas instituições populares, felizes e determinados.
O que nos leva ao terceiro vértice do triângulo. O candidato inteiro terá, fatalmente, de ser agregador. E isso é o quê? É, tão simplesmente, conhecer os cantos à casa, saber as necessidades de cada estrutura a cada momento do seu desenvolvimento, para que este seja respaldado e harmonioso. É determinar objetivos específicos para momentos específicos, trabalhando com todos numa premissa essencial de justiça. Porque justiça não é tratar tudo por igual, a direito, com sorriso de circunstância e garantias apriorísticas que raramente se confirmarão. Justiça é tratar igual o que é igual, e diferente o que é diferente.
E é nesta ampla paleta e conjugação de conceitos, práticas e atitudes que podemos, finalmente, reconhecer o candidato inteiro.
Porque, de facto, tudo deverá fazer sentido. Ele deve conhecer melhor que ninguém os terrenos que pisa e pisará. Decerto será forçado a uma análise de pontos fracos, pontos fortes, problemas e oportunidades. O candidato inteiro não poderá, nunca, ser o dono da bola, o dono do jogo e o dono das regras. Terá de respeitar o passado, adaptar o presente e preparar o futuro, sabendo que, ainda que muito difíceis em todos os momentos, os consensos são sempre a melhor forma de seguir em frente e de granjear prestígio e credibilidade para as instituições.
O candidato inteiro terá, em rigor, de ser uma equipa. De delegar, aproveitando as competências dos seus pares e as experiências e expetativas acumuladas. De partilhar o processo de decisão, reunindo-se do maior número de opiniões e, acima disso, da mais completa consciência dos projetos, das suas valências, das oportunidades que geram e do bem-estar que provocam.
Sim, porque o candidato inteiro terá de ser um jogador de equipa, um capitão que pisca o olho e não franze o sobrolho, que reconhece e se junta ao talento para gerir de forma aberta, horizontal, partilhada e transversal. E que mostra a todos e a todo o tempo os resultados, partilhando sucessos e ultrapassando dificuldades na comunhão de toda a tribo e nunca na solidão de um estribo.
Sejamos suficientemente sonhadores para perceber que ainda poderá haver candidato inteiro em muitas áreas da nossa vida e dos nossos interesses. Afinal, trata-se apenas de servir e de não se servir. Trata-se de reconhecer que o coletivo é sempre mais forte que a soma dos valores individuais, que os processos de decisão são tão mais fáceis quanto mais abrangentes, comungados e participados, que o que de bom foi feito deve ser acarinhado, mantido e estimulado, que as ideias estratégicas devem ser acompanhadas de discussões sérias e abalizadas, que o essencial das instituições são as pessoas que lhes dão forma, seja na medida da sua possibilidade não profissional, seja na agregação de conhecimento e prática do seu núcleo profissional.
Quanto mais sobe o helicóptero, mas nítida e global se torna a visão, mais fantástica é a paisagem, na diversidade que identifica, na pluralidade que é matriz, na integração que é desafio.
Para tudo isso é essencial um candidato inteiro. E inteiro.

Cartão branco
Se nos desportos coletivos a capacidade de união em torno de um objetivo comum é aspeto essencial, quando se fala de modalidades de competição individual é a resiliência, a perseverança, a consistência competitiva para, depois de se chegar aos patamares mais altos, por lá se manter durante anos a fio, que define os verdadeiros campeões.
De há alguns anos a esta parte, o judo terá sido dos desportos que mais evoluíram em Portugal, fruto de um trabalho concertado de organização e método, mas, sobretudo, de talento individual aproveitado ao limite.
Telma Monteiro é o rosto do judo português, sê-lo-á sempre na exata medida dos seus sacrifícios, da sua vontade, do seu talento e do seu sucesso. Uma super-campeã e um exemplo que merece uma vénia.

Cartão amarelo
José Mourinho é único. O caráter pessoal e intransmissível do treinador português de maior sucesso internacional é diretamente proporcional ao seu estigma com os árbitros, mesmo com os de maior prestígio no planeta futebol.
Expulso em Istambul por pretender que fosse assinalada uma grande penalidade a favor do seu Fenerbahçe (no jogo com o Manchester United), Mourinho acabou por cortar nas palavras após o jogo, mas sempre com a ironia característica destes momentos.
Clément Turpin é uma espécie de Mourinho da arbitragem internacional. O juiz francês, apesar de tudo, tem direito ao erro (como o tem o treinador luso). E jogo de competições da UEFA sem polémica não é jogo para o special one…"

A vila mais famosa do mundo


"A propósito da despedida de Léo, em 2016, numa partida entre Santos e Benfica, os clubes da vida do antigo lateral-esquerdo, A BOLA visitou a Vila Belmiro, «a vila mais famosa do mundo», como é chamada no Brasil.
E o fascinante da experiência de fazer uma visita guiada à casa do Santos é a sensação de estar a conhecer o Santiago Bernabéu, a casa do Real Madrid, e o campo pelado de um humilde clube de bairro, ao mesmo tempo.
Como o Bernabéu, a Vila testemunhou um conjunto ímpar de craques — Pelé, acima dos demais, mas também Feitiço, Pepe, Coutinho, Pagão, Dorval, Edu, Toninho Guerreiro, Serginho Chulapa, Giovanni, Robinho, Diego, Neymar ou Ganso — e um vasto catálogo de taças — duas Intercontinentais, três Libertadores, oito edições do Brasileirão, uma Copa do Brasil, cinco torneios Rio-São Paulo e 22 paulistas, fora outros títulos.
Mas, como os campos dos mais humildes clubes de bairro, o Estádio Urbano Caldeira, nome oficial da Vila, não passa, no fundo, de um apertado santuário na Rua Princesa Isabel, por entre prédios residenciais, mercadinhos, botequins, barbeiros e drogarias, de um lado e de outro.
Lá dentro, ao transpor, pé ante pé, o mesmo velho portão ferrugento que Pelé transpôs, a sensação é a de estar a entrar num mundo misterioso, mágico, encantado: numa salinha esquecida, por trás da pilha de equipamentos usados dos juvenis, uma fotografia do Rei, provavelmente original e de valor incalculável; numa despensa perdida, pás, vassouras, esfregões e, pelo meio, uma taça empoeirada conquistada numa noite longínqua qualquer num torneio em Cali, na Colômbia.
Entrar na Vila Belmiro, aliás, é como entrar naquele museu dos filmes À Noite, no Museu em que as obras de arte ganham vida, como Clodoaldo, aquele mesmo que inicia com um par de dribles a jogada magistral do 4-1 do Brasil à Itália na final de 70, e serve de cicerone da imprensa nas visitas guiadas ao estádio. A meio do percurso, salta, em carne e osso, Juary, o herói portista de Viena mas conhecido em Santos como membro da famosa equipa dos Meninos da Vila, a prever, entre risos, uma copiosa derrota encarnada frente ao Peixe em nome do amor ao dragão.
E, no final, o auge da experiência: no botequim em frente, joga às cartas, com mais três amigos, Coutinho, o maior parceiro de Pelé, que viria a falecer três anos depois do jogo de despedida de Léo.
Mas por que razão lembrar agora esta visita à vila mais famosa do mundo? Porque segunda-feira, depois de um inédito ano no degredo da Série B, se os deuses do futebol quiserem, o Santos ganha ao Ituano e a Vila Belmiro regressa à Série A."