domingo, 20 de outubro de 2024

Vermelhão: The Beste!!!

Pevdiém 0 - 2 Benfica


Regresso dos jogos oficiais, após longa ausência, com o jogo adiado da Choupana, e as Seleções pelo meio; com uma equipa muito 'rodada', sem os Internacionais mais sobrecarregados com minutos; com muitos jogadores com poucos minutos este ano no clube, e com poucos automatismos entre eles; contra um adversário valoroso, com alguns veteranos experientes... e contra mais um árbitro proveta, que promete manter a tradição anti-benfiquista no futuro próximo!!!


Estas partidas são perigosas, num jogo parecido com o Caldas onde fomos a penalty's, e tal como aconteceu ao Sporting e ao Braga nesta eliminatória, também temos nos últimos anos, várias vitórias nos 'descontos', contra adversários de qualidade idêntica... Existe sempre a variável da motivação, e da falta de ritmo de jogadores com poucos minutos...


Hoje, com o golo cedo, o jogo pareceu sempre controlado e o Samu acabou por ter pouco trabalho, mesmo com o Benfica a não conseguir 'massacrar' ofensivamente o adversário! Acabou por ser um treino um bocadinho mais puxado, com um Estádio praticamente cheio!

O Beste com os dois golos, foi o MVP claro, provando que pode ser útil como extremo... e não teve a culpa dos golos desperdiçados nas bolas paradas, após excelentes cruzamentos dele!!!


Quarta-feira será diferente. O Feyenoord está numa fase 'boa', melhor do que na pré-época, onde acabámos por os golear... com alguma sorte diga-se, já que nesse dia fomos bastante eficazes, e os holandeses também tiveram as suas oportunidades, mas não marcaram... A memória do Atlético de Madrid ainda está fresca na cabeça dos benfiquistas, mas o jogo será diferente, o Feyenoord não vai ser tão passivo... Espero que este espaço tão alargado sem jogos competitivos do Benfica, entre estes dois jogos, não tenha feito a equipa perder ligações...

Vitória em Albufeira...


Imortal 61 - 96 Benfica
12-26, 16-16, 20-31, 13-23

'Estreia' do campeonato, após dois adiantamentos, com o regresso de alguns lesionados - ainda faltam dois! -, numa partida fácil, decidida cedo... Mas a equipa está a precisar de minutos 'destes', para ganhar rotinas, depois de tantos problemas neste início da época...

No bom caminho...


Benfica 5 - 1 Santa Clara


Bom jogo, com grandes golos... É verdade que esta é provavelmente a equipa de sub-23, mais 'estável', mas o treinador parece estar a fazer a diferença!

Incrível como num jogo destes, o árbitro ainda conseguiu fazer porcaria: a expulsão do Wynder é um absurdo!

Para vencer


"O Benfica inicia hoje, às 20h15, frente ao Pevidém, o percurso na Taça de Portugal. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Ambição
O treinador do Benfica, Bruno Lage, assume que o objetivo é "vencer a Taça de Portugal", e revela: "Preparámos este jogo como preparámos os dois últimos, quer com o Nacional, quer com o Atlético de Madrid." O técnico afirma o que pretende: "Dar continuidade ao que temos vindo a fazer no último mês e que a equipa entre em campo a dar a imagem à Benfica que nós queremos."

2. Nomeado
Schjelderup está entre os finalistas do prémio Golden Boy 2024.

3. Distinção
A equipa técnica liderada por Filipa Patão foi considerada a melhor da Liga BPI em agosto/setembro.

4. Convocada
Cristina Prieto, que leva 12 golos em 12 jogos na presente época, faz parte da mais recente convocatória da seleção espanhola de futebol.

5. Por um futebol sem diferenças
Uma iniciativa da equipa feminina de futebol do Benfica e da Fundação Benfica.

6. Prémio
Diogo Prioste eleito o melhor jovem de agosto/setembro da Liga 2.

7. Surpresa aos campeões do mundo
Os hoquistas do Benfica Nil Roca, Pau Bargalló e Aimée Blackman foram surpreendidos no Museu Benfica – Cosme Damião.

8. Resultados
Em andebol, vitória, por 32-28, frente à AA Avanca. Nesta manhã, os Sub-23 ganharam, por 5-1, ao Santa Clara.

9. Jogos do dia
Em futebol, o Benfica visita o Pevidém às 20h15 na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal. Os Sub-19 recebem o Farense às 16h30. A equipa feminina de andebol é anfitriã do Madeira SAD (15h00). No basquetebol, deslocação ao reduto do Imortal (18h00). Em râguebi, jogo com o CDUL no Estádio Universitário (15h00).

10. O Toni do Benfica
Veja ou reveja a reportagem especial da BTV, "O Toni do Benfica", estreada no dia do 78.º aniversário desta glória do Benfica.

11. 1904 Benfica Hotel
Uma comitiva do Sport Lisboa e Benfica, liderada pelo Presidente Rui Costa, visitou as obras de transformação da antiga sede do Clube no pioneiro 1904 Benfica Hotel, na Rua Jardim do Regedor. Veja a reportagem da BTV.

12. Acervo enriquecido
A Área 1 – ontem e hoje, do Museu Benfica – Cosme Damião, recebeu 27 taças, de 7 modalidades nesta semana.

13. Revisão de estatutos
Leia o comunicado do presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica.

14. História agora
Veja a rubrica habitual das manhãs de 5.ª feira na BTV.

15. Fundação Benfica
É para a capital da República Centro-Africana que o Regimento de Comandos do Exército Português sairá em breve para uma nova missão de seis meses. Na bagagem, leva bens desportivos e escolares."

Benfica: o modo correto de se fazer as coisas


"Não haverá um benfiquista, mesmo os que sempre desconfiaram de Vieira, que não defenderá o clube se isso significar uma penalização sem precedentes no futebol português.

A semana na Luz focou-se mais nas conversas jurídicas do que no futebol. Há várias maneiras de se fazer as coisas. A legal, a ilegal e a correta, por exemplo.
Esta última nem sempre é a primeira, para que conste. Se assim fosse não se fariam revoluções, não haveria o 14 de julho em França ou o 25 de Abril em Portugal (bem sei que a maiúscula nos meses é agora erro ortográfico, mas há causa maior que me obriga a ir contra a “lei” da Língua Portuguesa e escrever Abril em capital, neste contexto, é correto fazer-se).
É na legalidade das coisas que se vai saber o resultado da acusação do Ministério Público ao caso dos emails do Benfica. Ninguém sabe como vai acabar o processo no qual a Benfica SAD é arguida, juntamente com o seu antigo presidente, Luís Filipe Vieira, e assessor jurídico, Paulo Gonçalves. Mas eu desconfio.
Não se leia que desconfio porque aos poderosos, e o Benfica é um deles, nunca nada acontece. Não, é porque há cada vez mais uma sensação transformada em certeza de que em demasiados casos na nossa sociedade parece que se interpreta e infere mais do que se prova.
Ainda assim, fosse ou não prática comum noutros “futebóis” (clubes e ligas, cá e lá fora) há sempre uma maneira correta de se executar e os adeptos do Benfica não terão andado agradados com a compra, empréstimo e venda de jogadores dos quais se desconfiava desde cedo que não iam ter um minuto de encarnado e branco. Há mais do que isto nas deduções do MP, mas legal ou não, haveria um modo mais correto de se fazer coisas.
É quando a equipa de futebol entra em campo que o Benfica se mostra. A cúpula diretiva, quem manda nela – os sócios e, de algum modo, os adeptos –, treinador e jogadores. É essa equipa que, depois do início de temporada com Roger Schmidt, pode trazer alguma paz ao clube depois de mais uma semana conturbada fora dos relvados.
É essencial para o Benfica que se dê seguimento à exibição frente ao Atlético de Madrid, o momento de maior esperança - em muito tempo no universo encarnado - de que o estado de situação pode mudar na Luz. Não haverá um benfiquista, mesmo os que sempre desconfiaram de Vieira, que não defenderá o clube se isso significar uma penalização sem precedentes no futebol português.
Em resumo, Vieira nunca percebeu que ao Benfica não lhe bastava parecer ser grande, era preciso sê-lo. Em resultados e no modo!
Nesse aspeto, Lage goleia o presidente que o despediu. Sabe que o Benfica não pode defender como equipa pequena na Champions, como sabe que vencer é prioritário…jogando bem. Esse é o modo correto de uma equipa do Benfica fazer as coisas."

Benfica: a prioridade crítica


"Agora que Bruno Lage, dá indicações positivas de ter começado a restabelecer a qualidade do futebol do Benfica, a confiança do plantel e o entusiasmo nas bancadas, ficam? pendentes de avaliar, no final da época, os efeitos da vantagem conferida aos rivais.
Graças a este arranque positivo, a prioridade do Benfica, ao menos para já, (no futebol tudo pode mudar rapidamente), deixou de ser o treinador, ou a composição do plantel.
A meu ver, a prioridade critica do Benfica é , na eleição de 2025, fazer emergir um Presidente (e uma equipa diretiva) de grande qualidade. No ano 2000 e seguintes, acompanhei de perto a chegada de Florentino Pérez à Presidência do Real Madrid. Tanto no mandato 2000-2006, como nos posteriores, a partir de 2009, é amplamente reconhecido que os colossais êxitos do clube, são tributários da sua visão e capacidade empresarial.
Na economia atual, onde a indústria do futebol se inscreve plenamente, o valor acrescentado assenta no talento. Um estudo sobre a nova geografia dos empregos nos Estados-Unidos, revela que quando uma grande empresa tecnológica se instala numa cidade, "puxa" os hipermercados, os serviços de proximidade e os serviços financeiros.
O contrário, obviamente, não acontece. Como aponta o estudo: uma Microsoft " puxa" um Walmart, mas um Walmart não puxa uma Microsoft. Ou seja, é o talento que puxa o resto, não é o resto que puxa o talento.
No Real Madrid, no primeiro mandato, Florentino "puxou" Zidane, Ronaldo Nazário e Beckam,?não foram estas megaestrelas que "puxaram" Florentino (Figo, esse sim , "puxou" decisivamente por ele, dado ter sido a sua genial arma eleitoral). É evidente que todos os futebolistas do Madrid foram fundamentais para o sucesso desportivo do clube, mas na origem de todas as vitórias esteve a visão e o dedo operacional do Presidente. Convém notar que Florentino impulsionou o Real Madrid acima de rivais alemães, britânicos, franceses e italianos. A inserção do clube num país e numa economia abaixo da dos rivais, não impediu a liderança desportiva e económica do Real Madrid, projetando-o para além dos limites naturais do seu enquadramento.
Num Benfica que atualmente enfrenta desafios complexos nas vertentes desportiva e económico-financeira, o clube necessita de "encontrar" o seu Florentino Pérez.
Na primeira Liga espanhola, dos 20 Presidentes de clube, 80% são empresários ou gestores de topo, 10% são advogados e 10% ex-jogadores, como Ronaldo Nazário. Profissionalmente, Florentino Pérez é Presidente do grupo ACS, uma das maiores empresas espanholas (a 15a maior capitalização em Bolsa). Mas em Portugal, ao que parece, ter estado inserido numa área operacional do futebol, denota ser um CV suficiente para se chegar à Presidência nos três grandes.
Como o exemplo de Florentino atesta, o perfil de competências e a experiência empresarial, ao mais alto nível, são fatores decisivos para se obter sucesso numa indústria muito competitiva e complexa, como é o futebol. Como o é também, a aptidão para não se associar ou permitir "casos e casinhos", que retiram o foco do essencial e debilitam o clube. A prioridade crítica para o Benfica, é "descobrir" no seu seio, uma liderança capaz de empreender o que Florentino começou a realizar no Real Madrid há um quarto de século.
Para o Benfica, a questão é que o futuro Presidente (mais a sua equipa diretiva) não terão apenas de dirigir em função de como são hoje o futebol e o Benfica; terão de? dirigir em função de como será o futebol? e como deverá ser o Benfica no futuro.
Para o Benfica, o problema é que o futuro Presidente, não terá apenas de assegurar o que já se tem, terá de garantir o que ainda não se tem (a liderança incontestável no país, a relevância europeia e a sustentabilidade do modelo de gestão).
Para o Benfica, a disjuntiva eleitoral presidencial é esta: basta-nos alguém que faz o que é (ou foi) no futebol, ou queremos alguém com as competências empresariais e a experiência relevante que o capacitam para fazer o que é preciso ser feito no clube e no futebol?
É certo que o futuro Presidente do Benfica, não será melhor que os anteriores, apenas por ser diferente. Mas terá de ser diferente dos anteriores, para ser um Presidente melhor, aquele que o Benfica hoje precisa."

A revolução do futebol norueguês: o talento que emerge e a comparação com Portugal


"Nos últimos anos, o futebol nórdico tem dado que falar, e com razão. Os jogadores provenientes da Noruega, da Suécia e da Dinamarca têm brilhado em campeonatos internacionais e despertado o interesse dos grandes clubes europeus.
Mas o que estará a acontecer por estes lados que está a gerar tanto talento?
E, mais importante, o que podemos aprender com isso quando olhamos para o panorama do futebol em Portugal, onde o jogador nacional parece cada vez mais relegado para segundo e terceiro plano?
Falo com conhecimento de causa. Em 2004, tornei-me, tanto quanto sei, o primeiro jogador português a atuar na Primeira Liga da Noruega. Depois de uma formação nas escolas do União de Tomar e do Benfica, cheguei à Noruega com a ideia de ficar dois ou três anos, talvez usar o país como trampolim para outro destino. Mas algo extraordinário aconteceu: encontrei condições que nunca tinha visto em Portugal. Estabilidade financeira, boas condições de trabalho, um ambiente de respeito e seriedade. Nunca, em todos os anos que joguei na Noruega, tive um salário em atraso — e, por vezes, o dinheiro já estava na conta dias antes do esperado. Em contraste, o que via em Portugal eram promessas por cumprir e incerteza constante, especialmente para aqueles que não jogavam nos grandes clubes.
A Noruega, como outros países escandinavos, começou a transformar-se. Hoje, os relvados sintéticos e os campos aquecidos permitem treinar e jogar durante todo o ano, algo impensável em climas mais duros. Mas mais do que isso, o investimento nos jovens jogadores tem sido notável. Muitos dos atletas que agora despontam vêm de famílias com tradições desportivas, e os clubes, quer na Primeira quer na Segunda Liga, têm apostado fortemente nas suas academias e programas de formação. Este é o verdadeiro segredo do sucesso: formar, apostar e dar espaço ao talento nacional para crescer.
E é aqui, neste último ponto, que surge a comparação inevitável com Portugal. De acordo com os dados do Transfermarkt, apenas 38% dos jogadores da Primeira Liga em Portugal são portugueses. Na Noruega, esse número é de 71%. Se olharmos para a Segunda Liga, a diferença é ainda mais clara: 47% dos jogadores são portugueses, enquanto, na Noruega, 76% dos atletas vêm de casa. O caso do FC Porto é ilustrativo. Com apenas 42% de jogadores nacionais no plantel, perdem por larga margem para o Bodo/Glimt, cujo plantel é composto por 73% de jogadores noruegueses. E como sabemos, o tal desconhecido Bodo/Glimt venceu o poderoso FC Porto, por 3-2, na Liga Europa há algumas semanas.
Se olharmos para a posição de guarda-redes, a situação é ainda mais alarmante: na Primeira Liga portuguesa, apenas três dos 18 clubes têm um guarda-redes titular português. Na Noruega, oito dos 16 clubes têm um guarda-redes nacional. Estes números são reveladores e preocupantes para o futuro do futebol português.
Então, o que se passa em Portugal?
Porque é que o jogador nacional tem tantas dificuldades em afirmar-se, mesmo nas equipas do seu país?
Algumas das respostas, infelizmente, estão nas decisões dos clubes e no controlo que empresários e dirigentes exercem sobre o futebol. As portas para os jovens talentos portugueses estão cada vez mais fechadas. Enquanto, na Noruega, um jovem jogador tem hipóteses reais de chegar à Primeira Liga e de lá saltar para um campeonato mais competitivo, em Portugal a história é diferente. O futuro do jogador português em Portugal há muito que está ameaçado. Incrivelmente, ainda vão surgindo talentos, mas para muitos a realidade passa pela Liga 3, pela emigração ou, pior ainda, por abandonar o futebol.
Sim, poderia mencionar as equipas B (tive a honra de fazer parte da primeira equipa B do Benfica) e do campeonato revelação sub-23, que têm sido usados como uma camuflagem para uma aparente aposta nos jovens portugueses. Mas, na prática, vejo esse campeonato como um espaço que apenas adia o inevitável: muitos acabam na Liga 3, a emigrar, ou, tristemente, a abandonar o futebol. Apesar de tudo, ainda vemos surgir talentos incríveis, mas, para a grande maioria, o caminho é mesmo esse — futuro incerto, longe dos holofotes, ou longe de casa.
Esta é uma realidade que deveria alarmar todos os que realmente se preocupam com o futebol português. Enquanto os países nórdicos investem nos seus, criando condições para que o talento floresça, em Portugal continuamos a assobiar para o lado. A aposta no jogador português está a perder força, e isso não só compromete o futuro das nossas seleções, como também empobrece o espetáculo e a identidade dos clubes portugueses.
Está na altura de se refletir sobre o caminho que se está a seguir em Portugal. O futebol português precisa de uma revolução semelhante à nórdica. Não se pode continuar a ser refém de interesses financeiros que colocam o talento nacional em segundo e terceiro plano. Só assim se conseguirá assegurar que o futuro do futebol português esteja nas mãos de quem tem paixão e competência para o levar mais longe antes que seja tarde de mais."

Dez, o número do Olimpo


"Nunca consegui compreender porque um português, por sê-lo, 'não pode' gostar de Lionel Messi, do mesmo modo que será pecado um argentino admirar Cristiano Ronaldo

A história começou muito cedo, nas ruas de Rosário, a cidade mais futebolística da Argentina. A rivalidade imensa entre Newell’s Old Boys e Rosário Central estimula ao jogo, à paixão, à devoção pelos ídolos.
O predestinado começou a jogar no Grandoli, mas foi no Newell’s que cresceu e se fez futebolista. Um pé esquerdo despistado ainda criança levou-o aos testes e à garantia de que algo muito especial estaria a nascer para alguém, também, muito especial.
Nos últimos vinte anos foi escrita uma página única e dourada na história do futebol. É importante, quando dela falamos, que sempre tenhamos memória, e que, nunca encadeados por números, recordes ou estatísticas, percebamos que o futebol nasceu há século e meio e perdurará para além da nossa visita ao planeta Terra.
Então, o que fica? Certamente a magia dos eleitos, os momentos únicos de uma jogada, de uma celebração, de uma osmose perfeita entre todos os que pertencem à tribo do futebol.
Lionel Andrés Messi é um deles, dos eleitos. Porventura um dos três Deuses do Olimpo, que sobressaem a um amplo conjunto de grandes jogadores, cada qual com as suas caraterísticas, o seu tempo, o seu modo e a sua performance.
Messi completa 20 anos ao serviço de equipas principais, depois da aventura ter justamente começado no Grandoli (durante três anos), continuado no seu La Lepra (o estranho nickname do Newell’s Old Boys), e prosseguido, já na Europa, nas segunda e terceira equipas do Barcelona.
Talvez fosse necessário, para atingir o patamar dos deuses inquestionáveis, ganhar um Campeonato do Mundo. Muitos dos seus seguidores tinham esse desígnio como determinante, e o próprio Leo, em surdina, sabia que só levantando a Copa numa final de Mundial poderia, finalmente, garantir o passaporte para o pequeno grupo de lendas do jogo, até aí integrado apenas por Edson Arantes do Nascimento e por Diego Armando Maradona.
Não que a coroação como campeão do Mundo seja o elemento estruturante da carreira de um futebolista. Jamais o será. Mas é, na escala de um conjunto de jogadores verdadeiramente fenomenais, o que pode distinguir ainda mais, o que pode imortalizar o génio, o talento, a magnanimidade de um profissional.
As letras com que Messi foi escrevendo a sua história remontam à primeira grande conquista, o Mundial de sub-20, na Holanda, em 2005. A sua prevalência na jovem seleção celeste era reforçada pela súbita ascensão no Barcelona, de pedra e cal titular e cada vez mais decisivo no princípio do tiki-taka catalão, talvez mesmo elemento basilar desse estilo de jogo de filigrana, de passes curtos e médios, de progressão em posse, deixando para o talento individual a precisão de um último passe ou a decisão de uma jogada.
Cresceram os dois com o tempo e o espaço. Messi e o Barcelona, Barcelona e Messi, como se de uma aliança de sangue se tratasse, tão preciosa como sinapses que tudo ligavam e que a tudo davam sentido.
Alicerçado num dos combinados mais competitivos da América do Sul (e nem todos os predestinados têm a sorte de nascer em países que sempre lutam por títulos, que sempre renovam gerações ganhadoras), Messi venceu tudo o que podia, coletivamente, com a sua seleção, porque ao título de sub-20 sucedeu-se a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, a Copa América por duas vezes (no Brasil, em 2021, e nos Estados Unidos, este ano, com três finais entretanto perdidas), e o Mundial de 2022, no Qatar (depois da final de 2014, no Brasil, em que a Argentina foi derrotada pela Alemanha).
A história dourada de um dos melhores de sempre tem ainda mais valor pelo enquadramento no espaço e no tempo de outro gigante dos relvados, Cristiano Ronaldo.
Honestamente, nunca consegui compreender porque um português, por sê-lo, não pode gostar de Messi, do mesmo modo que será pecado um argentino admirar Ronaldo.
Qualquer um dos dois vê o seu percurso valorizado pelo rival, sendo que, muito diferentes nas suas caraterísticas, no seu jogo, no seu posicionamento social, contribuem decisivamente para que o engajamento do adepto do Planeta Futebol seja cada vez maior, considerando o mediatismo de cada qual e o imediatismo da comunicação e da interação em rede(s), que, evidentemente, potenciam a transversalidade das mensagens das figuras universais do jogo.
Este é um texto para celebrar o futebol. E, neste caso, fazendo-o através dos vinte anos de Lionel Messi ao mais alto nível competitivo, também o escrevo retendo o exemplo que a sua carreira representa para quem gosta do jogo.
A qualidade técnica única, a capacidade de encantar num metro quadrado de relva, a imprevisibilidade do génio no momento da decisão, a rapidez de raciocínio que integra o talento individual na perceção coletiva, sempre considerando que a soma das capacidades de cada um nunca será tão determinante como o valor global do conjunto.
Afinal, teoremas básicos do futebol, ideias simples de um jogo também simples, que a magia ajuda a tornar encantador, combinando com pés de veludo a paixão e a razão, a sensibilidade e o suor, o perfume e o esplendor.
Dez, o número do Olimpo.

Cartão vermelho
O jogador não é convocado para a sua seleção por estar lesionado e, portanto, a cumprir um plano específico de recuperação determinado pelo departamento clínico do seu clube. Nas datas do jogo da seleção mete-se num avião privado, viaja uma hora e meia, janta num hotel de luxo, avança disfarçado para uma discoteca, é fotografado por um paparazzo.
Na ressaca da noite, impende sobre ele uma acusação de violação, sendo que as primeiras explicações da sua advogada são, por tão inconsistentes, pouco esclarecedoras.
Mbappé, será que ainda vais a tempo de ter juízo?…

Cartão amarelo
A suspeita que paira sobre o Benfica, a sua estrutura e alguns dos seus atuais e anteriores dirigentes é absolutamente proporcional à dimensão do clube. Independentemente do prosseguimento de todos os trâmites jurídicos, e do facto de ter de imperar, em qualquer circunstância, o primado in dubio pro reo, o desgaste da imagem interna e externa do clube da Luz é inegável e pode, se não acautelado atempadamente, produzir consequências inimagináveis do ponto de vista financeiro e social (para não falar, claro, das potenciais implicações desportivas).
O Benfica tem alguns acordos muito rentáveis para o clube (Emirates e Adidas à cabeça), prevê, no seu plano a médio prazo, a negociação do naming do estádio da Luz e é uma das referências de estabilidade desportiva no âmbito do cumprimento do Fair Play financeiro da UEFA.
Motivos e elementos suficientes para um cuidado especial na gestão da imagem e na blindagem da equipa de futebol profissional em relação à forte ondulação atual e, sobretudo, futura."

A 'seleção brasileirona'


"O que faltava ao argentino Lionel Messi, como ao brasileiro Vinícius Júnior agora, era entrosamento e uma equipa construída, com paciência e sabedoria, em torno dele

«Há tempos que venho defendendo que deveria convocar-se uma seleção brasileira só com jogadores que disputam o Brasileirão, por esses dias eu estive com o presidente da CBF lá em Brasília e eu falei isso mesmo para ele», disse um adepto do Brasil nos últimos dias.
O adepto, mesmo que no caso se chame Luís Inácio Lula da Silva e seja o presidente da República, não passa, porém, disso mesmo: é um adepto que, como todos os adeptos de clubes e seleções, pode dizer o que quiser mesmo que esteja errado.
Ou erradíssimo, como é o caso.
Em primeiro lugar porque parte do princípio, meio infantil, que só quem mora no país tem capacidade para «sentir a seleção» e ter «amor à camisola» — como emigrado há 14 anos, não podia estar mais em desacordo: acho até que é mais ao contrário.
Aliás, as análises no futebol devem ser cada vez mais feitas com base em dados concretos, tangíveis e corpóreos como golos, assistências, remates, desarmes, defesas; e cada vez menos com recurso a sensações imateriais, especulativas e abstratas como o tal do «amor à camisola» ou da «garra» ou da «vontade». Ponham um perna de pau cheio de garra a marcar o Messi e verão quem ganha o duelo.
Por falar em Messi, ele, como Vinícius Júnior e os demais expatriados brasileiros agora, passou pelos mesmos ataques ao seu nível de compromisso na época das vacas magras da Argentina. E, por falar em Argentina, lembremos que no grupo campeão mundial em 2022 havia um em 26 jogadores a atuar no país, o suplente inutilizado Armani.
O que faltava a Messi, como a Vinícius Júnior agora, era entrosamento e uma equipa construída, com paciência e sabedoria, em torno dele.
O desabafo de Lula, como de tantos outros torcedores, surgiu numa altura em que o Brasil bateu o Chile com dois golos botafoguenses, de Igor Jesus (assistência do inglês Savinho) e Luiz Henrique (após passe do inglês Martinelli).
Mas Luiz Henrique, regressado ao Brasil em fevereiro, tornou-se em nove meses um patriota? No caso de Igor Jesus o parto foi ainda mais rápido: chegou a 20 de julho e já «sente a seleção»? E há muita gente, como Estêvão por exemplo, que, portanto, tem «amor à camisola» só até à próxima janela de mercado.
Aquilo a que Lula se referiu já foi abordado neste espaço quando se contou que um torcedor num boteco perguntou quem é esse «Gabriel Guimarães», confundindo Gabriel Magalhães e Bruno Guimarães, dois jogadores de seleção com passagem efémera pelo futebol brasileiro. Mas de Igor Jesus, que só representara o Coritiba no Brasil, também pouca gente ouvira falar até há semanas.
Um dado concreto, tangível e corpóreo: nas eliminatórias para o Mundial-2026, dos 15 golos brasileiros, 12 foram marcados por exilados. E uma sensação imaterial, especulativa e abstrata: a seleção brasileira golearia a seleção brasileirona."

Dinheiro?!