terça-feira, 15 de outubro de 2024

O exemplo de Renato


"Filho de Nélson Veiga não conseguiu chegar à equipa principal do Sporting e nunca jogou no principal escalão do futebol português, mas aos 21 anos joga na Seleção e no Chelsea

Lançado de início no Estádio Narodowy, em Varsóvia, Renato Veiga deixou boas indicações na vitória da seleção portuguesa na Polónia, retribuindo assim a confiança imediata do selecionador, que lhe deu a titularidade. Uma aposta algo surpreendente de Roberto Martínez, não propriamente pela qualidade do polivalente jogador, mas sobretudo pelo contexto do esquerdino do Chelsea, chamado apenas pela segunda vez à equipa das quinas, e sem minutos somados na convocatória anterior.
Renato Veiga já tinha deixado boas indicações antes do jogo, em conferência de imprensa, desde logo pela forma como destacou a importância da família no seu trajeto – não só do pai, o ex-jogador Nélson Veiga – mas sobretudo pela forma descomplexada como abordou a saída do Sporting, revelando gratidão por um trajeto de vários anos no emblema leonino. Sem aparente rancor, recordou que não foi aposta de Rúben Amorim na equipa principal, mas preferiu destacar o trajeto feito «por fora».
Esse é o maior mérito da estreia de Renato Veiga na Seleção: o exemplo que deixa para todos aqueles que têm de fazer uma curva mais larga para chegar aos sonhos. E no caso do esquerdino esse caminho foi percorrido a uma velocidade alucinante. Estamos a falar de um jogador que em janeiro de 2023 estava a capitanear a equipa B do Sporting na Liga 3 - e a ser expulso frente ao Real Sport Club, em Massamá, naquele que foi o último jogo de leão ao peito -, e que, menos de dois anos depois, está a jogar no Chelsea e na Seleção Nacional.
O elogio é, naturalmente, extensível a Samu Costa, que também se tornou internacional em Varsóvia, e fez apenas um jogo pela equipa principal do SC Braga. Mas Renato Veiga nem isso teve, já que desconhece, ainda hoje, o que é jogar no principal escalão do futebol português. Caso único entre os internacionais utilizados por Roberto Martínez na Polónia, por exemplo.
O filho de Nélson Veiga deve servir de exemplo para os jovens que não conseguem singrar nos principais emblemas do país, mas também para todos aqueles que alimentam a ambição nos palcos menos mediáticos da Liga Revelação ou da Liga 3. Foi essa a estrada que Renato teve de percorrer, antes mesmo de chegar a Augsburgo ou Basileia.
Com apenas 21 anos alcançou a Seleção Nacional e a melhor Liga do mundo, para mostrar que fazer o trajeto por fora nem sempre é despiste, pode ser atalho."

A mão pesada da Federação Inglesa de Futebol


"Em decisão divulgada recentemente, a Federação Inglesa de Futebol (FA) decidiu multar em 750.000 libras (quase €900 mil) o Nottingham Forest, devido a tweet publicado pelo clube a propósito de uma arbitragem da temporada passada.
Nessa nota os trees sugeriam que o internacional Stuart Atwell, então nas funções de vídeo árbitro, tinha sido parcial na sua atuação por ser adepto do Luton, clube com quem lutavam pela manutenção.
Apesar da conhecida tolerância zero da FA nestas situações, a sanção aplicada foi particularmente pesada, não deixando de reforçar mensagem importante para o clube e demais competidores: a de que todos os envolvidos na indústria têm obrigação de respeitar a autoridade dos árbitros e proteger a imagem e integridade da prova. Nenhum clube, técnico, jogador ou dirigente deve ultrapassar a linha que separa direito à crítica de ataque à honra de qualquer agente desportivo. Em última instância, o que a medida quis realmente demonstrar foi que os principais interessados em defender o seu produto não podem ser os primeiros a (tentar) destruí-lo.
As coimas pecuniárias, tal como as suspensões desportivas, perda de pontos ou repreensões escritas, acontecem à posteriori, ou seja, após o ilícito ser cometido. Sabemos que o futebol, sobretudo o de alta competição, desperta paixões e movimenta milhões. Isso torna-o mais propício a atitudes irrefletidas, desabafos inadequados e momentos infelizes. Mas é fundamental que todos os que tiveram mérito em conquistar o seu lugar nessa montra, estejam cientes do peso e influência que cada opinião pode ter junto dos milhares de fãs da modalidade. Há palavras que podem ser mais letais do que balas, se disparadas em momentos mais inflamados ou contextos de risco, que façam perigar a segurança física dos alvos. Muitas vezes, basta um tweet mais agressivo ou uma flash exaltada para que se inicie o caos, que é como quem diz, para que os árbitros sejam alvo de mensagens insultuosas/ameaçadoras, perseguições e atos de vandalismo, muitas vezes extensivo às próprias familias. Nesses casos a sanção mais justa é aquela que pune quem, intencionalmente ou por negligência, acende o rastilho.
É preciso que se perceba, de uma vez por todas, que todos os profissionais que participam no jogo, erram e acertam. Todos tomam boas e más opções, têm momentos de maior qualidade e outros de grande infelicidade. Naturalmente que isso não os desresponsabiliza e, havendo consequências relevantes a retirar, elas são obrigatórias. Mas isso não pressupõe insinuações graves que belisquem a parcialidade e honestidade de terceiros. Não pode valer tudo, ainda que a sensação de injustiça seja grande e o coração se sinta traído. Todos os clubes podem e devem manifestar a sua indignação, mas em local próprio, dentro dos limites do bom senso e recorrendo a ferramentas regulamentares que o permitem. É garantido que nenhuma delas passa por potenciar ofensas ao homem que arbitra ou à reputação da pessoa que decide. A liberdade de expressão tem limites e geralmente termina quando afeta a dos outros.
Naturalmente que na Premier League, dada a dimensão financeira dos clubes e valores que envolve, estas sanções são quase normais. Na realidade nacional, com números e alcance incomparavelmente diferentes, este valor seria absurdo. Essa é outra das questões que uma sanção disciplinar adequada deve pressupor: proporcionalidade e justiça. É também por isso que todos devem continuar a trabalhar no sentido de construir regulamentação cada vez mais transparente e objetiva, que não deixe dúvidas sobre o que está em análise, a cada momento.
Nada disto invalida a importância do antes. As ações de sensibilização e a implementação de medidas educativas continuam a ser determinantes para evitar que pessoas boas e instituições de bem incorram recorrentemente neste tipo de armadilhas."

Como ponta-de-lança na Seleção...

Caro Renato Sanches, o tempo passa para todos


"A carreira pode ter estado 'em suspenso', mas o médio já vai nos 27 anos. A vinda para a Luz não será a última oportunidade, mas não se veem cenários muito melhores...

Há jogadores assim, que parecem sempre jovens aos olhos dos adeptos, ou pelo menos mais novos do que são. Renato Sanches é um deles. Talvez por ter ido cedo para o estrangeiro e por ter vindo poucas vezes à Seleção, culpa da inconsistência e das lesões que têm comprometido a sua carreira, é um daqueles jogadores para quem o tempo parece ter ficado em suspenso — avançava para outros, enquanto para ele ficaria parado.
Mas não ficou. Renato Sanches tem já 27 anos, os anos passaram por ele como passaram por todos, mesmo que no caso do médio campeão europeu em 2016 haja menos acontecimentos, instantes, factos para contabilizar.
O regresso ao Benfica, no início da época, foi o sinal último duma carreira que esteve longe de corresponder às expectativas criadas no final de 2015, quando se estreou na equipa principal das águias. Poucos (algum?) jogadores com o currículo de Renato Sanches, com o elã que à volta dele se criou, tendo movimentado já 80 milhões de euros em vários transferências, aceitariam voltar a Portugal, a uma liga periférica na Europa (em geografia e impacto), se tudo estivesse a correr bem.
Não vou dizer que é a última oportunidade de Renato. Não acho que seja. Mesmo que precise de baixar ainda mais um pouco a fasquia, caso as coisas não corram bem na Luz, acredito que não terá problema em encontrar clube. Há um ano, quando Mourinho fez questão de levá-lo para Roma, também houve quem dissesse que seria o sim ou sopas de Renato. Deu sopa, mas hoje está no Benfica, e continua ligado ao PSG...
De qualquer forma, começa a ser difícil acreditar que a carreira de Renato Sanches ainda possa recuperar se, no Benfica, num cenário quase ideal, num ambiente favorável, numa cidade e num clube que tão bem conhece, falhar como falhou em Roma, em Paris ou em Munique.
As coisas não começaram bem. Apesar das cautelas do clube, e de Roger Schmidt (que bem precisado estava dele mas foi adiando a estreia para que o médio fizesse um trabalho físico consistente para que não se lesionasse duas semanas depois), lesionou-se de novo. Duas semanas depois da estreia.
Volta agora. Com novo treinador, novo sistema e, para mim, sem grandes certezas de como poderá encaixar neste novo Benfica de Lage — possivelmente no lugar de Aursnes, mas consegue alguém dizer, neste momento, que Renato Sanches é melhor que Aursnes?..."

Tudo normal...


"O tema das férias que Roger Schmidt concedia aos jogadores do SL Benfica nas datas FIFA, foi sempre abordado, não só pela comunicação social mas também pelos comentadores afetos aos encarnados, como algo nefasto e desaconselhável para uma equipa que quer ser campeã nacional.
Ou era porque se juntavam em churrascadas, ou porque assistiam ao torneio de ténis Estoril Open ou até porque iam aos seus respectivos países de origem. Tudo serviu para argumentar que o SL Benfica não era campeão porque, durante a época tinham muitas distrações.

Ora, chegados ao dia de hoje, numa semana, já tivemos Gyökeres a FUMAR SHISHA numa discoteca (juntamente com outros jogadores) após um jogo. Já tivemos o SUPER MEGA DIRETOR DESPORTIVO, Hugo Viana, a ser OFICIALIZADO no Manchester City. Agora temos o jogador que estava de BAIXA PSICOLÓGICA, Jeremiah St Just (juntamente com Mark Eduards) a participar na Lisboa Fashion Week, onde aparecem vestidos a rigor ao lado de um conhecido estilista. Que mais se seguirá!?

Na verdade - e sendo sério -, apenas o CASO de Gyökeres mereceu especial atenção por parte da imprensa nacional (justamente, até pelo mau exemplo que possa estar a passar para os fãs mais novos). Já Hugo Viana que, legitimamente, tem o direito de procurar o melhor para a sua vida, não é visto como um traidor do projeto, e mesmo com acordo para trabalhar em part-time com a sua nova equipa, é visto como um foco de desestabilização interno. E que dizer então, de St. Just e Edwards! O FOCO não está naquilo que se espera deles, no clube leonino concerteza...
Começam a ser demasiados sinais exteriores sobre CONFIANÇA EM EXCESSO, naquilo que se espera de uma equipa campeã nacional com aspiração a quebrar uma malapata com 70 anos - o bicampeonato! Se fosse para os lados da Luz, o que não se diria a toda a hora!? Imaginem lá o Diogos Luís, os Camelos, os Vitores Pintos, os Farinhas, etc."

Comissões?!!!

Bifana + Música + Wifi + Arte + Jogo + Tecnologia + Bifana


"Um jogo de futebol, voleibol, basquetebol, hóquei em patins, andebol ou futsal dura, com intervalos, cerca de duas horas. Clubes, associações e federações desde sempre concentraram os seus esforços, recursos e atenções nestas duas horas em que recebem os adeptos nos seus estádios, pavilhões ou piscinas.
O adepto, quando compra um bilhete para um espetáculo desportivo deste género, ganha o direito de assistir a um jogo em segurança e de forma cómoda. O foco está, desde sempre, no bom funcionamento do jogo de acordo com as regras de cada modalidade. Nas organizações um pouco mais sofisticadas, disponibilizam-se bares com alguma oferta e algumas opções de entretenimento nos intervalos ou descontos de tempo.
Tudo isto parte do pressuposto, totalmente errado, que quem compra um bilhete para um jogo de futebol apenas quer assistir a um jogo de futebol. Ou quem compra um bilhete para um jogo de andebol apenas quer assistir a um jogo de andebol. Isto será verdade para alguns espetadores, mas não se aplica a grande parte da população portuguesa.
Talvez seja esta a razão pela qual a grande maioria de pessoas que estejam nas bancadas portuguesas sejam "apenas" adeptos apaixonados pelas respetivas modalidades. Esta realidade, aparentemente lógica, deixa de fora todos aqueles que querem apenas divertir-se durante uma manhã, tarde ou noite.
O desporto é apenas uma das diferentes soluções do mercado do lazer. Quer isto dizer que, no nosso tempo livre, escolhemos como queremos passar o nosso tempo livre e como gastamos o nosso dinheiro para nos divertirmos.
A minha recomendação é assim que, clubes, federações e associações, passem a preocupar-se com as duas horas antes dos jogos e a hora a seguir aos jogos assumindo assim o controlo da jornada de 5 horas que queremos que o adepto passe connosco.
Se conseguimos controlar esta jornada de 5 horas, poderemos conseguir proporcionar uma melhor experiência de entretenimento de adeptos, podemos alargar os públicos que conseguimos atrair e, finalmente, aumentar exponencialmente as receitas destas organizações desportivas.
Antes e depois da competição desportiva podemos, em função do contexto de cada clube e modalidade, proporcionar um conjunto de experiências de diversão, animação, cultura, tecnologia, artes ou gastronomia, que enriqueçam a ida a um estádio ou um pavilhão.
Uma estratégia deste género demora tempo a montar e é complexa de executar, mas todos os clubes deviam canalizar a sua energia para as atividades fora da competição. Essa parte já está controlada há muitos anos. Dou por mim a pensar, para além da bifana e da mini no futebol, no tremendo potencial que cada clube tem em explorar o seu contexto e a deixar os adeptos fascinados."