Comunicado


"A Mesa da Assembleia Geral, face à realização da Assembleia Geral estatutária que se iniciou no passado sábado, dia 21/09, comunica o seguinte:

1. Foi aprovada a proposta global apresentada pela Direção – que materializou uma solução consensual, resultante da síntese das propostas globais oportunamente apresentadas.
2. Iniciou-se o processo de votação na especialidade das propostas que visam alterar artigos específicos dos Estatutos, tendo-se suspendido a reunião na votação do artigo 23.
3. ⁠Neste âmbito, foram aprovadas alterações aos artigos 4 e 9 da proposta global, referentes a atividades do Clube e a Equipamentos, o que levará, no final e em conjunto com eventuais alterações que se seguirão, à consolidação e harmonização do texto definitivo, que será objeto de votação final, de acordo com a metodologia aprovada a 15 de junho de 2024.
4. ⁠Assim que se verificarem os pressupostos necessários a retomar os trabalhos, nomeadamente a disponibilidade para ocupação dos pavilhões durante um sábado, será marcada a continuação da Assembleia – o que será comunicado brevemente."

Benfica: não é só Rui Costa a correr riscos na AG


"Com estes estatutos, as consequências da AG serão ‘apenas’ políticas. A oposição será pouco prudente se não medir todas as vertentes, nomeadamente as motivações dos 40 mil que votam nas eleições.

Será sob a presidência do sócio 13.520 do Benfica, José Pereira da Costa, investido na condição de principal figura da Mesa da Assembleia Geral do clube da Luz desde que Fernando Seara se demitiu, em plena reunião magna para aprovação dos novos estatutos, no último sábado, que decorrerá hoje nova Assembleia Geral (AG) dos encarnados, desta feita para a votar as contas do clube referentes a 2023/24.
Diga-se, desde já, que não decorrerão outras consequências, que não políticas, do que vier a ser votado, porque os atuais estatutos não preveem qualquer sanção para a Direção em funções, em caso de chumbo. O mesmo não aconteceria, porém, se os novos estatutos, que foram aprovados, no sábado, na generalidade, mas que ficaram, a menos de meio, no que à especialidade diz respeito, estivessem já em vigor, uma vez que determinam que se as contas do clube referentes a um determinado ano, receberem, em duas AG’s consecutivas, a reprovação dos sócios, isso implicará a queda da Direção. Mas para já, ainda vamos na primeira.
Assim, estamos sobretudo perante uma situação em que um chumbo representará uma humilhação para Rui Costa, que só terá consequências, nomeadamente eleições antecipadas, se o presidente em funções quiser. Por isso, trata-se de uma arma que os grupos que têm estado abertamente contra a política do antigo maestro da Luz, podem usar sem incorrerem na responsabilidade de ‘atirarem’ o clube para eleições, por um lado, mas mantendo o presidente fragilizado, por outro. A grande questão estará em saber se, destas guerras palacianas, vistas durante décadas do outro lado da Segunda Circular, o Benfica terá alguma coisa a ganhar.

TIRO AO RUI
Duas entrevistas recentes, a primeira de Luís Filipe Vieira, que durante mais de uma década afirmou estar em Rui Costa a pessoa ideal para suceder-lhe na Luz; e outra, de ontem, de Luís Mendes, ex-vice-presidente recém-demissionário, que chegou à Luz precisamente pela mão de Rui Costa, e na qualidade de pessoa de confiança do líder encarnado, funcionaram como uma espécie de abertura de caça ao antigo 10. Curiosamente, nesta fase, Rui Costa é acusado por Luís Filipe Vieira de ter desvirtuado o projeto que este vinha erguendo desde 2003; e Luís Mendes acusa-o de ter dado a mão ao chamado vieirismo, colocando Rui Costa numa posição de ser preso por ter cão e por não ter.
Deste estado de coisas, em que da parte de Vieira foram consideradas indesejadas pessoas que trabalham no Benfica, o mesmo acontecendo com Luís Mendes (coincidentes em relação a algumas, curiosamente), parece estar a ser poupado algum trabalho de desgaste e alguma retórica à oposição ‘tradicional’, que se apresenta com ideias mais extremas através de Francisco Benitez (que tem vindo, em abono da verdade, a temperar o discurso, e a procurar, até, posições de consenso, como no caso dos estatutos), e sob as vestes da tecnocracia, no que diz respeito a Noronha Lopes.

PRESENTES E AUSENTES
Qualquer destes benfiquistas e seus apoiantes não deixarão de estar, por certo, na AG (deixando alguma curiosidade quanto à presença de Luís Mendes, sócio do Benfica há 48 anos), não sendo clara a estratégia que irão adotar.
Com o campeonato ainda no primeiro terço, a equipa a dar sinais de recuperação pontual e exibicional, ultrapassada que foi a fase Schmidt e em grande parte feitas as pazes com o Terceiro Anel, não será risco demasiado para a oposição atirar o clube para uma crise social (deixando, imagine-se, Rui Costa numa situação entre a espada e a parede em que se vê obrigado a fazer uma fuga para a frente) que pode atingi-los em efeito ‘boomerang’? Todos os sócios e respetivos staffs atrás nomeados não são benfiquistas de aviário, seguem o clube há muitos anos, e sabem perfeitamente que uma coisa é ‘ganhar’ uma AG, onde se reúnem dois ou três mil sócios, outra completamente diferente é ganhar eleições com 40 mil votantes, sendo que, neste particular, a ‘morte eleitoral’ de Rui Costa anunciada por Luís Mendes - «perde para qualquer candidato, até para Vieira», disse -, arrisca-se a ser manifestamente exagerada.
Os clubes, que fazem do futebol a sua principal atividade, e apresentam contas que tanto podem merecer prata ou lata consoante as vendas são feitas uma semana antes ou uma semana depois do seu fecho, não são empresas iguais às outras, embora devam ser servidas por profissionais altamente qualificados. Porém, o estado de alma dos sócios depende sempre do andamento do futebol e será esse o dilema que se deparará de momento à oposição: se a equipa está a ganhar; se o treinador mal-amado foi substituído com êxito; se as contratações de fim de mercado fortaleceram o conjunto… não será demasiado arriscado, a um ano de eleições, precipitar qualquer crise?
Desta vez, na verdade, numa AG que não terá poderes para derrubar a Direção, a avaliação é apenas política.

OUTROS PROTAGONISTAS
Faltará falar de outros participantes na AG, que podem ser considerados não alinhados: os tradicionais sócios do Benfica que não fazem parte de qualquer fação, e que são, por natureza conservadores, gostando pouco de mudanças forçadas e de quem vai com demasiada sede ao pote, funcionando como uma espécie de maioria silenciosa que se faz ouvir especialmente nos atos eleitorais; e ainda os elementos da claque que, em muitas ocasiões, através de alguns dos seus membros, estabelecem o tom das reuniões. Não considerar a importância destas duas vertentes, é não ter ideia plena do universo representado.
Finalmente, valerá a pena, para dar uma sintonia mais fina a este momento, estar atento à reação do presidente do Conselho Fiscal do Benfica, Fonseca Santos, benfiquista de longuíssima data, que nunca foi de levar desaforo para casa, e que se viu confrontado com algumas afirmações de Luís Mendes. Depois da forma surpreendente como Fernando Seara se demitiu, Fonseca Santos, que tem um passado que fala por ele, não admitirá, por certo, qualquer melindre à sua pessoa.
Ainda relativamente às movimentações na Luz: Noronha Lopes, pela primeira vez, poderá marcar presença numa AG da SAD, a ter lugar na próxima segunda-feira."

As perguntas que faltaram às respostas de Rui Costa


"Presidente do Benfica foi ao canal do clube cumprir uma rotina e não dar uma entrevista, algo que nunca esteve em cima da mesa. Será que deixou realmente adeptos e sócios esclarecidos?

Rui Costa cumpriu na TV a rotina de explicar o mercado de transferências do Benfica. Teve ainda menos de entrevista, ou seja, contraditório (sim, era possível) do que as visitas anteriores ao estúdio do canal do clube. Não houve perguntas e sim alíneas, como se preenchesse um relatório. A culpa não é do jornalista, acreditem. São as regras do jogo e resultaram num bizarro espetáculo televisivo.
Depois de já ter eu próprio conduzido algumas entrevistas, garanto-vos que estas são eficazes quando se cria uma dinâmica entre entrevistador e entrevistado e sobretudo quando é o último que guia, com deixas até por vezes inconscientes, para onde a conversa deve prosseguir, exista ou não um guião. Rui Costa sabia o que tinha de dizer, porque os temas eram óbvios e o entrevistador deixaria sempre a resposta anterior morrer, aceitando-a como definitiva. Muitas vezes nem sequer havia questão, era apenas um… «Marcos Leonardo…»
Não sei se os sócios ou adeptos ficaram ou não esclarecidos, mas a imagem que fica para mim é a do líder dos encarnados a querer mostrar que sabe nadar, mas à beira da costa, sem ondas e com boias à volta dos braços e da cintura.
Várias perguntas ficaram por fazer. «Por que razão o clube precisa de continuar a vender e um jogador já não chega, mesmo com presença na Liga dos Campeões?» Seria uma delas. Outra: «o que diferencia um Morato suplente ficar, mesmo depois de uma boa proposta, de um Marcos Leonardo não titular, preparado para as duas posições requeridas, vendido à primeira boa oferta?» Não teria potencial de valorização superior por estar há meses na Europa e a saída obrigar a aposta num emprestado, dois anos mais velho, e que no melhor cenário obrigará a um investimento de 22 milhões, somada a taxa de cedência, e no pior levará a novo raide no mercado? Era ou não aposta de futuro, nome que poderia valer bem mais ao clube mais à frente, se fosse criado espaço em que vingasse? E João Neves? Sem dúvida bom negócio perante o contexto, mas porquê a impaciência? Um clube sustentado, como Rui Costa quer fazer parecer, não se pode permitir segurar o seu Gyokeres, ou Gyorkerzinho, para vendê-lo depois em alta? Ou até se «a estrutura percebeu que as decisões que foi tomando com Otamendi e Di María levaram às saídas de Morato e de Neres, que o dirigente vendeu como alguém agarrado a apenas uma posição em campo e com rendimento que não lhe garantia a titularidade?» Exemplos. Apenas exemplos.
O líder das águias veio a público dizer que, afinal, está tudo bem. Que é possível confiar numa estrutura que tem perdido massa crítica e acumulado decisões duvidosas. Já que falamos em perguntas por fazer deixo esta: a alegada entrevista dissipou as vossas dúvidas?"

Perceções delirantes no Benfica e não só


"A Assembleia Geral do Benfica, amanhã, é um dos locais para se pedir contas a quem lidera. Pode ser é que muitos sejam vítimas de perceções delirantes

Numa das várias viagens de muitas horas da aldeia para Lisboa, a companhia de Inês de Meneses e Júlio Machado Vaz, através do programa de rádio O Amor É da Antena 1, naquela edição com a participação do psiquiatra José Gameiro, não só contribuiu para aliviar o espírito triste de quem deixou para trás o que gosta muito como também me despertou para um conceito no qual vivemos muito mais do que gostaríamos e, provavelmente, sem disso nos darmos conta.
A infidelidade nas relações era o assunto em discussão — valerá a pena ouvir aquele episódio — mas tomo a liberdade, com a devida vénia e humilde apelo à compreensão dos psiquiatras, de apropriá-lo e canibalizá-lo, por certo erradamente, para o futebol. Foi para aí, aliás, que seguiu o meu pensamento, o que, refletindo, me faz concluir que deveria ocupar mais a cabeça com outros assuntos.
José Gameiro falava — com o conhecimento da literatura e da prática — de uma forma simples, para que pudesse compreender quem estivesse a ouvir, do conceito de perceção delirante e explicava, se bem me recordo, das conclusões ou das interpretações de que fazemos de comportamentos dos outros. Deu o exemplo de um casal num processo de restabelecimento da confiança e de um deles pensar que o outro fez coisas por uma ou outra razão, tentando encontrar motivações no parceiro que podem não ter adesão à realidade.
E adesão à realidade é coisa que vai faltando no futebol, mais até em quem o vê e analisa do que em quem o pratica ou dele faz parte. Sempre pensei — e, neste caso, já para cá não entra o programa dos ilustres psiquiatras — que estaremos sempre mais confortáveis connosco e com o nosso lugar na sociedade quando a nossa perceção da realidade estiver mais próxima da realidade. E, no entanto, parece-me claro que no Benfica e ainda mais fora dele se vive mais em delírios provocados pela perceção da realidade.
Rui Costa explicou o mercado de transferências do Benfica, tentou sossegar os sócios sobre a situação financeira da SAD, comentou a última Assembleia Geral Extraordinária, no contexto assético do canal do clube e sem contraditório, e, apesar disso, poderá ter ficado a sensação, em sócios, adeptos ou observadores, de que ficou muito mais por dizer e de que o que disse pode não ter servido para grandes convencimentos. Porque, provavelmente, estaremos todos presos nas nossas perceções delirantes, imaginando que empurrou João Neves para Paris, David Neres para Nápoles e Marcos Leonardo para a Arábia Saudita preocupado em ser recordista de vendas, que nem ele nem alguém no clube percebe de futebol, que o título conquistado em 2023 foi obra miraculosa ou do acaso, que não se consegue encontrar uma coisa boa no Benfica.
A realidade do Benfica é, devemos coincidir todos, tão complexa que não pode ser explicada num artigo de opinião, numa frase polémica ou numa piadola para chamar a atenção. É impossível ignorar que muita coisa não está bem — da SAD aos órgãos sociais do clube, das finanças à política desportiva (como prova o despedimento de Schmidt) — e devem, por isso, ser pedidas as contas a quem lidera. A Assembleia Geral de amanhã é um dos locais apropriados. Pode ser, porém, que muitos, como eu, sejam vítimas de perceções delirantes e tenham pouca adesão à realidade."

Não se passou nada...

Pois...

Quem vende?!

Sou só eu que não percebo os árbitros em Portugal?...


"Temos 24 árbitros de 1.ª categoria, a que se juntam mais 16 especialistas no VAR. Ou seja, 40 juízes, que têm de saber os critérios do Conselho de Arbitragem.

Mais uma jornada, mais polémica em torno da arbitragem. Há muito que me esforço para tentar entender os critérios adotados em Portugal pelo Conselho de Arbitragem da FPF, mas, convenhamos, é difícil. Muito difícil. Pelo menos para mim. Para simplificar a questão e contornar a clubite, que é talvez a maior inimiga dos árbitros, vou recordar dois lances a favor do Sporting, um no qual os leões poderão considerar-se beneficiados e no outro prejudicados. Isto apesar de terem ganho ambos os jogos e de forma confortável.
Diante do Farense, no Estádio Algarve, Tiago Martins assinalou penálti por mão na bola de Lucas Áfrico. O VAR da partida da 3.ª jornada, Fábio Veríssimo, considerou que a bola sofreu um desvio em Pedro Gonçalves «imediatamente antes» e que o defesa tinha «o braço em posição natural» e, como manda o protocolo, deu essa indicação ao árbitro, que reviu as imagens e manteve a decisão. É soberano e foi mesmo assinalado penálti. Critérios.
No Sporting-Aves SAD, na 6.ª jornada, Ricardo Baixinho não assinalou penálti após Fernando Fonseca ter cortado com o braço um cabeceamento de Conrad Harder. Alertado pelo VAR, Rui Costa, foi ver as imagens e manteve a decisão. É soberano e não considerou falta, porque, como explicou em Alvalade, o defesa tinha o braço em «posição natural».
No primeiro caso, o vice-presidente do Conselho de Arbitragem, João Ferreira, explicou, duas semanas depois e publicamente, na Sport TV, no programa Juízo Final, criado para o efeito, que Tiago Martins errou e que o lance não era motivo para penálti. «O defesa está parado, a evitar que o atacante se vire, ele não faz nenhum gesto... A bola sofre um desvio de trajetória em cima do defesa e esta acaba por bater no braço. Na prática, diria que este lance não tem nada de penálti», disse.
Veremos agora o que dirá João Ferreira. Como o leitor, há muito que vejo futebol e todos temos um entendimento sobre o que se considera «posição natural» ou mesmo «volumetria», como os especialistas de arbitragem gostam de dizer. Estou curioso para ouvir a explicação do Conselho de Arbitragem, mas arrisco a dizer que João Ferreira vai considerar que devia ter sido assinalado penálti. Arrisco, pois, sinceramente, não percebo quais os critérios adotados.
Sei, perfeitamente, que no futebol não há dois lances iguais, mas, que me desculpem os árbitros, há lances idênticos e para os quais têm de ser adotados o mesmo critério. Temos 24 árbitros de 1.ª categoria, a que se juntam mais 16 especialistas no VAR. Ou seja, 40 juízes, que têm de saber os critérios do Conselho de Arbitragem.
Eu, confesso, não percebo os critérios. E não sou o único, pois não?..."

Graeme Souness, um figurão do futebol


"Antigo treinador do Benfica é de leitura obrigatória

«Reparei esta semana que o Anthony Martial foi para o AEK de Atenas, da Grécia. Talvez seja esse o seu nível»
Graeme Souness, antigo jogador e treinador e atual comentador

A frase que transcrevo acima é a primeira do artigo de Graeme Souness, seguramente no top 5 de melhores jogadores de sempre da Escócia e treinador polémico que passou pelo Benfica no final do milénio passado, antes de se dedicar ao comentário sobre futebol, desta semana no Daily Mail. Com ela, consegue uma proeza assinalável: destrói Martial (um flop de nove épocas no Manchester United), o AEK e a qualidade geral do futebol grego sem que seja preciso parar para respirar.
As opiniões de Souness são de leitura obrigatória. Não é Valdano, um filósofo do futebol. É diferente, talvez mais interessante — não tem medo das palavras (de tal forma que vários comentários na televisão já lhe causaram problemas) nem de assuntos. Fala da atualidade ao mesmo tempo que recorda episódios da sua carreira, no relvado e no banco. Atira a matar e não faz prisioneiros, sobretudo quando aborda tudo o que seja Manchester United, como bom ícone do Liverpool que é.
Há 25 anos, em Lisboa, ouvi-o dizer de Vale e Azevedo: «Este homem não é de palavra, não se pode confiar nele, este homem mente enquanto te olha nos olhos. É um homem perigoso.» O então presidente do Benfica ainda estava mais ou menos em estado de graça e poucos ouviram o aviso, mas Souness tinha razão.
Não foi enquanto treinador o que conseguiu ser enquanto jogador, mas é um figurão do futebol e deve ser apreciado."

Verão de recordes no futebol feminino


"As janelas de transferências do futebol sénior feminino apenas agora encerraram na generalidade dos mercados dos países europeus, mas a FIFA avançou já com balanço que permite concluir que 2024 é o melhor ano de sempre neste setor em vendas e compras. Segundo o relatório datado de 3 de setembro último — numa altura em que o mercado feminino continuava aberto —, os gastos em transferências internacionais neste verão de 2024 alcançaram os 6,8 milhões de dólares (cerca de €6 milhões), mais do dobro do obtido em idêntico período da época passada, que foi 3 milhões de dólares (sensivelmente €2,6 M).
Neste verão, até à data em que o documento foi fechado, registaram-se 1.125 transferências, isto é, 272 atletas a mais do que comparando com a época passada. O que representa um aumento de quase 32 %. E se no verão se bateram recordes, o mesmo aconteceu com as transferências em janeiro, em que o investimento totalizou cerca de €2 M, um aumento de mais de 150% relativamente a janeiro de 2023, quando foram gastos pouco mais de €700 mil.
São, assim, números que — embora ainda insignificantes face às somas que as transferências do futebol masculino representam — começam a ganhar peso no âmbito do mercado global. O investimento efetuado durante este ano é 16 vezes superior ao registado em 2018. E a tendência é para continuar a crescer, já que clubes e patrocinadores cada vez mais manifestam interesse em investir na modalidade… sobretudo nos países em que as ligas já se profissionalizaram. O que ainda não é o caso português.
Portugal tem razões, ainda assim, para estar… moderadamente otimista. O nosso País surge em terceiro entre os mercados europeus que mais venderam: € 811 mil, valor onde sobressaem as transferências de Kika Nazareth, do Benfica para o Barcelona, de Olivia Smith, do Sporting para o Liverpool, e ainda de Telma Encarnação, do Marítimo para o Sporting. Apenas a França (€1,1 M) e Inglaterra (€1M) superaram o mercado português de vendas.
Entre os que mais compram, o nosso País está apenas em nono, somente com €140 mil. A diferença é abissal e o fosso tende a alargar-se. Porque o nosso mercado não tem capacidade para lutar com a realidade dos mercados mais fortes. Por exemplo, a zambiana Racheal Kundananji, foi vendida pelo Madrid CFF, de Espanha, ao Bay FC, dos EUA, por cerca de €720 mil.
Outras realidades…"