"O Código de Ética Olímpica é claro ao definir os seus princípios fundamentais e é evidente, e mesmo essencial, respeitar sempre integralmente esses valores. Ele afirma o princípio da universalidade e a neutralidade política do Movimento Olímpico, rejeitando qualquer tipo de descriminação, por qualquer razão ou motivo, seja raça, língua, política, opinião, nacionalidade, ordem social…Assim sendo, torna-se evidente que não pode ser por erros políticos ou outros que se possam excluir de participar nos Jogos Olímpicos os atletas de um qualquer país. Estão em causa competidores e não adversários ou inimigos.
No olimpismo o importante não é vencer mas sim ter dado sempre o seu melhor. O olimpismo tem por lema palavras bem significativas, como Excelência, Respeito e Amizade. Mas certamente não se esgota aí, pois obviamente não prescinde do Rigor, da Verdade e da Justiça. Se discriminar é tratar de modo diferente quem é igual, será igualmente discriminar tratar de modo igual quem é diferente. E por isso o desporto é útil à Sociedade como um conceito e ideal de vida e não como um meio de vida (o que aliás, legitimamente, os profissionais procuram).
Passaram os Jogos Olímpicos de Paris e aproximam-se agora os Jogos Paralímpicos. Em Paris foi infeliz a apresentação da Mesa de Baco (bem diferente das imagens deste na Rede) e bem sugestiva de comparar com a Ceia de Cristo com os Apóstolos. E a explicação da Organização foi certamente fraca e insuficiente.
Será que os Jogos Olímpicos irão terminar como na antiga Grécia perante a corrupção e a traição aos Valores e Princípios da Ética Olímpica, pela pressão constante de querer obter benefícios e vantagens financeiras? Se é legítimo compensar os atletas pelos encargos assumidos directamente com a sua preparação, consideramos muito grave e totalmente inaceitável, a proposta da Federação Internacional de Atletismo de providenciar prémios pecuniários aos medalhados Olímpicos. Com a concordância do COI?
Considerando que o Profissionalismo no Desporto é incompatível com o texto da Carta Olímpica, será certamente oportuno que o Comité Olímpico Internacional esclareça, sem ambiguidades, as fronteiras entre desporto amador e profissional, reservando os Jogos Olímpicos para os primeiros, e sendo excluídos aqueles que, embora legitimamente, transformam os seus êxitos atléticos no seu novo modo de vida. Isto faz-nos recordar o finlandês Paavo Nurmi, que após ter vencido os 5000 metros em 1924, por ter recebido alguma escassa remuneração no desporto, foi impedido de voltar a participar nos Jogos Olímpicos seguintes…! De facto o Olimpismo está a mudar… mas não para melhor!
Todos nos lembramos que a Trégua Olímpica e as suas regras de Paz Universal, com livre circulação e ausência de quaisquer conflitos, se iniciava uma semana antes e terminava uma semana depois do final das competições. Assim como não aceitar que as regras e limitações definidas e impostas pela denominada Trégua Olímpica devem ter lugar desde a saída do País de origem e que se irá representar, e não apenas ao sair a porta da denominada Aldeia Olímpica, como parece ter sido a inesperada e surpreendente decisão do Comité Olímpico Internacional.
E finalmente o erro mais grave, indigno e totalmente inaceitável , quando, no Boxe, o COI aceitou bastar a apresentação de uma declaração de sexo, havendo assim um Campeão (XY) falsamente se apresentando como mulher. Será que a Comissão Científica do COI desconhece a evolução e acção dos valores hormonais, nomeadamente da testosterona, nos sexos feminino e masculino? Podemos admitir que neste caso um Ser Humano do sexo masculino (XY), com malformação genital grave, tenha sido erradamente diagnosticado à nascença e educado com o sexo errado. Mas, além da carta cromossômica, o estudo hormonal, fácil e claramente mostraria isso (e ainda hoje o pode comprovar…). Isto já para não falar já num exame médico da área genital…)
É indesmentível que a Comunicação Social cada vez mais se impõe em relação às modalidades desportivas aceites para construir os Jogos Olímpicos, com nítida preferência para as modalidades mais espectaculares. Também não se pode esquecer que, até aos Jogos Olímpicos de Barcelona era difícil, por razões económicas, arranjar candidatos à organização dos Jogos, situação hoje já largamente ultrapassada devido à Comunicação Social. E é uma realidade incontornável a maravilha mediática que representam hoje em dia, sobretudo as sessões inaugurais dos Jogos Olímpicos…
No entanto também é pena que tenha sido pela última vez, em 1932 (Los Angeles), que a Arte, a Música, a Poesia, a Literatura, etc, tenham deixado de ter lugar de honra nos Jogos Olímpicos…"