sexta-feira, 16 de agosto de 2024
Bailinho Mexicano!
Sporting a repetir o que fez com o FC Porto no carrossel Rodrigo Fernandes e Marco Cruz por 11M, que serviu para manipular as contas. O Toluca dá 10M ao Sporting pelo Paulinho que entram já no exercício e o Sporting devolve 10M e paga na realidade 4M pelo Maxi, avaliado em 7.5M. pic.twitter.com/iQHTi390SR
— Polvo das Antas - Em Defesa do SL Benfica (@moluscodasantas) August 15, 2024
Se fosse...
Se fosse no Benfica já havia aviões a passar por cima do Seixal, organizados em gofoundme's... pic.twitter.com/nTBIZyNuGZ
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) August 15, 2024
Agora debatem-se as conversas do Neres com o barbeiro?
"Ao que isto chegou...
1. Não é de agora que as mulheres partilham confidências com as cabeleireiras e os homens com os barbeiros ou cabeleireiros, que, no que respeita aos jogadores de futebol, não poucas vezes se tornam seus amigos próximos. Fui a certa altura convidado para a festa de anos de um conhecido alfaiate de Lisboa e lá estavam, como seus amigos, vários jogadores de futebol que eram, obviamente, seus clientes também. Nada demais.
2. Não entendi o objetivo do Diamantino tornar públicos supostos desabafos transmitidos pelo Neres ao seu barbeiro ou cabeleireiro. Ganhou o Neres alguma coisa com isso? Ganhou o Benfica alguma coisa com isso? Ganhou o Diamantino alguma coisa com isso? A CMTV ganhou, de certeza, mais um ridículo tema para alimentar as suas discussões - ali tudo vale para tentar desestabilizar o Benfica. Foi bom para quem mais?
3. Quando as equipas perdem, quando passam por maus momentos, todos os defeitos lhes são encontrados e descobertos, todos os não utilizados deveriam ter jogado. E os próprios não utilizados ficam descontentes, especialmente descontentes, porque entendem que teriam sido úteis, se não mesmo os salvadores da pátria, naquele e noutros jogos. Onde está a novidade?
4. Enquanto Neres for jogador do Benfica não entendo porque não deve ser convocado e posto a jogar se faz falta à equipa - e para mim faz falta, muita, como se viu em Famalicão. Está com a cabeça fora daqui, está com a cabeça em Nápoles? Cabe à estrutura e à equipa técnica motivarem-no, elevarem o nível de exigência dentro do clube, fazer com que todos puxem para o mesmo lado.
5. E se o negócio, no fim, não se concretizar? Com que justificação ficou de fora em Famalicão um abre-latas com a equipa a precisar precisamente de um abre-latas como de pão para a boca?
6. Depois de vender o João Neves, precisa o Benfica de vender também o David Neres? É uma questão financeira ou Neres não faz parte dos planos de Schmidt?
7. O Nápoles oferece a David Neres um contrato muito superior ao do Benfica? Não podemos cortar as pernas ao jogador? Então o jogador não tem contrato com o Benfica? Fica cá contrariado? Se bem tratada, a birra não dura mais do que duas ou três semanas, depois, meus amigos, ele quer é jogar. Quantas vezes já vimos isso no passado?"
Consenso alcançado
"O tema em destaque nesta edição da BNews é o consenso em torno da proposta única de revisão dos Estatutos a submeter à Assembleia-Geral para apreciação e votação dos sócios do Sport Lisboa e Benfica.
1. Proposta única de revisão dos Estatutos
O vice-presidente do Sport Lisboa e Benfica com o pelouro da revisão dos Estatutos, Jaime Antunes, explica, em entrevista à BTV, às bases do consenso da proposta única e quais são os principais temas objeto de revisão a apresentar e submeter à apreciação e votação dos sócios benfiquistas.
2. Parceria renovada
SL Benfica e Emirates prolongam a ligação que começou em 2014. Com duração até 2029, este é o contrato "mais longo e mais significativo assinado até à data na história do Benfica no que toca a patrocínio da frente da camisola".
O Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa, salienta que "esta renovação é um testemunho do sucesso da nossa colaboração ao longo dos últimos anos e da nossa visão partilhada para o futuro".
3. Missão vitória
O plantel às ordens de Roger Schmidt trabalha afincadamente para vencer na próxima jornada. O jogo é na Luz, frente ao Casa Pia, sábado, 17 de agosto, às 20h30.
4. Época prestes a começar
A equipa feminina de futebol do Benfica abre a temporada oficial no embate com o Damaiense a contar para as meias-finais da Supertaça (Benfica Campus, sábado, 17 de agosto, às 15h30). E há novidades respeitantes aos números nas camisolas, escolhas explicadas pelas protagonistas à BTV.
5. Formação: resultados e agenda
No fim de semana há os seguintes jogos: a equipa B recebe o Torreense (domingo, 18 de agosto, às 18h00); os Sub-17 são anfitriões da Académica (domingo, 18 de agosto, às 15h00); os Sub-15 têm dérbi com o Sporting no Benfica Campus (sábado, 17 de agosto, às 17h00).
6. Pentacampeões na quadra
A equipa masculina de voleibol do Benfica já prepara a nova temporada. Ivo Casas ambiciona novas conquistas: "Estamos cheios de força para fazermos mais uma grande temporada."
Já há datas e locais para as Supertaças e Taças Ibéricas das vertentes masculina e feminina.
7. Tricampeões regressam ao trabalho
A equipa masculina de basquetebol do Benfica volta à atividade com vontade renovada de fazer outra grande época. E já conta com o reforço mais recentemente anunciado, Tyler Stone.
Diogo Gameiro garante que o plantel tem a atitude e ambição de ganhar todos os títulos e troféus nacionais e de chegar à fase de grupos da Basketball Champions League.
8. Ponto de situação
Gustavo Capdeville dá conta do andamento dos trabalhos de pré-época da equipa masculina de andebol do Benfica.
9. Renovações e contratações
A basquetebolista Marta Martins continua no Benfica. A guarda-redes Maria Inês regressa ao Clube e é colega da internacional brasileira Natália Detoni, reforço da equipa feminina de futsal."
Consenso para uma proposta única de revisão dos Estatutos
"(...)
CONSENSO COM GRANDE ESPÍRITO BENFIQUISTA
"A Direção, no quadro de uma promessa eleitoral, lançou o processo de revisão dos Estatutos há mais de um ano, quando nomeou uma Comissão para fazer a revisão. Esta produziu um documento, até com bastante rapidez, e esse foi analisado pela Direção, que introduziu algumas alterações. Depois, submeteu-se à publicação desse projeto para conhecimento de todos os sócios. E houve muitos a participar com sugestões de alternativas. Neste quadro de participação dos sócios, apareceram três propostas globais. A Direção, após recolher algumas dessas sugestões, aprovou uma proposta final. Entretanto, surgiu o Movimento Servir o Benfica, liderado pelo sócio Francisco Benítez, que apresentou uma proposta global de alteração dos Estatutos, e a antiga Comissão, que, na maior parte dos seus membros e no quadro do seu direito de sócios, decidiu apresentar o documento inicial como uma proposta alternativa global. A Mesa da Assembleia Geral aceitou estas três propostas globais diferentes, e, perante esta situação, a Direção discutiu esse assunto. Aceitámos e empenhámo-nos fortemente num processo de negociação com os restantes proponentes no sentido de se encontrar uma proposta comum de alteração dos Estatutos para apresentar à AG. Criaram-se, assim, condições para uma mudança de Estatutos. É importante que estes acompanhem a evolução no Clube e no Grupo Benfica, na totalidade. Os Estatutos têm de ser adequados à realidade de hoje e não podem ser Estatutos que já têm umas décadas e que foram fantásticos, porque duraram bastante tempo com algumas alterações pontuais realizadas em 2010. A Direção empenhou-se e chegou-se a um consenso. A Direção também está a dizer aos sócios que estamos aqui para unir o Benfica e encontrar consensos em questões estruturantes da vida do Benfica. Nessa matéria estamos todos de parabéns: a Direção, que aceitou e participou neste processo, e também todos os outros proponentes, que, com grande espírito benfiquista, aceitaram chegar a uma proposta final. Agora, há uma proposta única global de revisão de Estatutos."
VALORIZAÇÃO DOS SÓCIOS
"O SL Benfica é um clube dos sócios. E é para os sócios que a Direção tem de trabalhar. Os sócios são os donos do SL Benfica. Estes estatutos vêm ao encontro disso, valorizando o papel dos sócios dentro do SL Benfica. Os sócios correspondentes, que têm uma quota um pouco inferior aos efetivos, mas não podem ser eleitos para os órgãos sociais – no fundo, é isso que os distingue –, se quiserem passar a efetivos, têm contagem do seu tempo de antiguidade em 50%. É um incentivo para que os correspondentes passem a efetivos, criando aqui uma via de valorização, se assim o entenderem. Também há uma valorização dos sócios mais jovens. Até cinco anos tinham um voto e, nesta proposta, passam a ter três. E os de cinco passam a ter 10. O objetivo passa por trazer a juventude cada vez mais para a vida do Benfica, e incentivar a que os sócios entrem no Benfica, fiquem cá e participem. Em relação aos mais antigos – os 20 e 50 votos –, ficam rigorosamente iguais. Também os direitos dos sócios vitalícios vêm consagrados nesta proposta. Era algo que andava assim sem muita definição relativamente a um grupo que, em tempos em que o Benfica precisou, ajudou o Benfica de uma forma muito evidente."
O PAPEL DA ASSEMBLEIA GERAL
"Nos atuais Estatutos, a AG aprova, apenas, o Relatório e Contas do Benfica. Com os novos Estatutos, a AG passa a aprovar as contas consolidadas do Grupo [Benfica]. Ou seja, passa a avaliar as contas que são representativas do universo do Benfica, e não apenas as individuais do Clube. Isto é uma mudança extraordinária, do ponto de vista do poder e da intervenção dos sócios na vida do Clube. Criou-se, também, a obrigatoriedade de a AG aprovar um regulamento de ética, boas maneiras e de boas práticas no Benfica."
CLUBE GARANTIDO NA GESTÃO DA SAD
"Outro aspeto muito importante é a valorização do SL Benfica na gestão do Grupo Benfica, nomeadamente na gestão das empresas participadas. Por exemplo, o futebol profissional, que é uma realidade muito importante, decisiva no universo do Benfica. É o motor do Benfica. No artigo 4.º dos Estatutos, está previsto que o Benfica é um clube eclético, mas que tem como primordial finalidade a prática do futebol nas suas diferentes categorias e escalões. O Benfica desempenha esse papel no futebol profissional através da SAD. Uma empresa organizada, coberta e cotada em bolsa. Com esta proposta de Estatutos, cria-se e reforça-se uma situação de maior peso e responsabilidade na intervenção do SL Benfica nas empresas participadas e, particularmente, nas sociedades desportivas. Nomeadamente, a garantia de que o Benfica não pode perder a maioria; o Benfica tem não só de manter a maioria do capital, como também manter o controlo da gestão. E compete ao Benfica indicar sempre o presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, se ela existir. Criam-se instrumentos de responsabilização das Direções futuras do SL Benfica, no sentido de assumirem a liderança clara da SAD."
INVESTIDOR EXTERNO MAIORITÁRIO SÓ COM ALTERAÇÃO DE ESTATUTOS
"Isso é impossível, com estes Estatutos. Para viabilizar uma situação destas, teria de haver uma AG que viesse a alterar estes Estatutos. Uma qualquer Direção futura não poderá, de maneira nenhuma, criar uma situação dessas, na qual o Benfica ficasse minoritário na SAD. Nestes Estatutos isso fica muito claro e estabelecido."
LIMITAÇÕES DE MANDATOS
"A solução encontrada nestes Estatutos de consenso foi a de haver uma limitação de três mandatos para o presidente da Direção, o presidente da Mesa da Assembleia Geral, o presidente do Conselho Fiscal e para o presidente da Comissão de Remunerações. Estes, se desempenharem esse cargo durante três anos consecutivos, não poderão candidatar-se a esse cargo novamente. Isto é uma novidade no Benfica, que vem ao encontro do que é o sentimento geral, de que não haja eternização das mesmas pessoas nos mesmos cargos durante um tempo que possa ser exagerado. A ideia foi sempre limitar mandatos dos presidentes e não de outros membros dos Órgãos Sociais. Um secretário da Mesa da Assembleia Geral, por que razão não se poderá candidatar a presidente da Direção numa outra eleição? Não tinha muito sentido impedir um alargado conjunto de sócios, que participou nos diferentes Órgãos Sociais, em diferentes áreas, em diferentes níveis, de poder vir a candidatar-se aos cargos mais altos do Benfica."
VOTO ELETRÓNICO
"O voto eletrónico foi muito discutido. A Direção tem consciência de que o voto eletrónico é um fator que divide os Benfiquistas e, nesse sentido, a Direção também manifestou abertura para que os próximos atos eleitorais decorram sob um regulamento eleitoral, que terá de ser aprovado, no futuro, em AG. Esse regulamento deve prever o voto físico em urna, exceto se, por unanimidade, as listas concorrentes aceitarem o voto eletrónico."
REMUNERAÇÃO DOS ÓRGÃOS SOCIAIS
"Pela primeira vez, esta proposta de Estatutos do Benfica prevê a remuneração dos Órgãos Sociais. Como se sabe, nos Estatutos atuais, que estão em vigor, os elementos dos Órgãos Sociais não podem ser remunerados, nem direta, nem indiretamente, no SL Benfica. Trabalhamos por amor ao Benfica, porque gostamos do Benfica, mas não é possível ser remunerado. Hoje em dia, esta prática limita muito a possibilidade de sócios do Clube se candidatarem aos diferentes cargos. As pessoas têm as suas vidas profissionais, e quem não se sente remunerado dificilmente poderá desempenhar esse papel."
TETO SALARIAL DE 0,5% DA FATURAÇÃO DO GRUPO BENFICA
"Cria-se aqui uma Comissão de Remunerações, composta por cinco sócios do Benfica, com qualificações e experiência para desempenhar essa função de definição das remunerações da Direção e dos restantes Órgãos Sociais a nível de senhas de presença. Essa Comissão será eleita pelos sócios juntamente com os Órgãos Sociais. A partir desse momento, não poderá ser demitida por nenhum elemento dos Órgãos Sociais e terá de desempenhar a sua função durante o seu mandato. A Direção não poderá ter intervenção nessa matéria, na definição das remunerações e dos salários. Mas também aqui há uma questão em que o nosso Presidente fez muita questão, que foi fazer um teto para a despesa das remunerações dos Órgãos Sociais. Criar um teto de 0,5% do valor da faturação global do Grupo Benfica. A remuneração não poderá ultrapassar esse valor. Cria-se aqui um teto para evitar situações de alguma irracionalidade. O nosso Presidente foi muito claro sobre isso, em não querer que no futuro apareça alguma irracionalidade nessa matéria. Cria-se uma harmonização das políticas remuneratórias dos principais dirigentes. Quem é remunerado numa sociedade não pode ser remunerado na Direção, e vice-versa. Para não haver acumulações de remunerações. Os Estatutos são muito claros."
INTERESSES DO BENFICA DEFENDIDOS
"Foi uma discussão muito participada pelos sócios, quando o Benfica divulgou no Site Oficial a primeira versão aprovada pela Direção. E muito participada, agora, nesta negociação. Eu, como responsável da Direção por este tema, queria agradecer o benfiquismo e a forma construtiva como todos os proponentes se envolveram e estiveram presentes na mesa das negociações. Todos nós, cedendo num ponto ou em outro, tivemos os interesses do Benfica presentes e pusemo-los à frente dos interesses pessoais, momentâneos e conjunturais de cada uma das propostas, para podermos chegar a este consenso. É muito bom, como Benfiquista, dizer aos Benfiquistas que estamos aqui, que o Benfica está unido e que há uma única proposta global de alteração de Estatutos para apresentar em AG. Esta proposta de consenso foi, agora, entregue à Mesa da Assembleia Geral, que substituiu as três propostas anteriores admitidas. O presidente [da MAG] também alargou o prazo da convocação da AG para dar tempo a esta revisão de consenso. A partir do final deste mês, ele terá todos os dados para poder convocar a AG [Extraordinária] onde se vão poder discutir os Estatutos e aprová-los.""
Importa não perder o comboio europeu
"A reformulação da Liga dos Campeões leva a que os melhores clubes passem a jogar mais vezes entre si e mais cedo
As competições europeias de futebol começam esta época a ser reformuladas, com novos modelos competitivos, mudanças que chegam também ao futebol feminino a partir de 2025/26. Com efeitos (assim esperamos) benéficos para a Liga portuguesa.
Se esta temporada serão já dois os emblemas — Benfica e Sporting — a representar o nosso País na Liga dos Campeões feminina, a partir da próxima época o leque abre-se a três representantes nas provas da UEFA, resultado da reformulação já apresentada e que tem como grande novidade o aparecimento de uma segunda prova europeia. O que constitui uma boa medida e sinal de que quem manda no futebol europeu está (muito) atento ao fenómeno futebol feminino.
Esta segunda competição europeia é fundamental para o desenvolvimento da modalidade nas mais diversas vertentes. Desde logo porque obrigará as ligas nacionais a um efetivo e rigoroso planeamento para melhores medidas de apoio às atletas; porque obrigará os clubes a investimentos mais criteriosos; proporcionará maior competitividade interna; clubes que ficavam pelo caminho na Liga dos Campeões numa fase prematura terão agora novas oportunidades e mais jogos, maior exposição europeia; a reformulação da Liga dos Campeões leva a que os melhores clubes passem a jogar mais vezes entre si e mais cedo… ao invés de ficarem pelo caminho, à porta da fase de grupos, como anteriormente acontecia.
Do porto de vista de uma Liga como a portuguesa, que tem ainda muito caminho a andar para concorrer com as melhores da Europa, estas medidas, nomeadamente o aparecimento da segunda competição europeia de clubes femininos, podem beneficiar e muito o nosso futebol.
As mudanças apresentadas pela UEFA, e que resultam após ampla consulta e colaboração com a Associação Europeia de Clubes (ECA), associações nacionais, ligas e clubes e foram baseadas na análise e recomendações do Comité de Futebol Feminino da UEFA em consequência do crescimento incrível que o futebol feminino apresentou nos últimos anos. Portugal não pode perder o comboio e esta é mais uma oportunidade para aumentar a competitividade e maximizar recursos. É preciso o empenho de todos."
Uma reflexão sobre os Jogos Olímpicos
"1. Thomas Arnold
Com os meus 91 anos de idade, relembro, com frequência, os versos de Maiakovski: «Comigo a anatomia enlouqueceu: / sou todo coração». É que também eu, hoje, velho e trôpego, sou todo coração. Mas, mesmo assim, se a tanto chegar, vou tentar filosofar um pouco, discípulo venerador e obrigado de Kant que afirma, sem problemas, que «não há filosofia que se possa aprender, porque só se pode aprender a filosofar». Isto, se bem penso, dizia-nos ele para salientar que a filosofia é sobretudo uma atitude, um conhecimento instituinte em perene questionamento do saber instituído. E assim começo: os Jogos Olímpicos (refiro-me aos da modernidade) são de cunho ostensivamente ocidental: um europeu (Pierre de Coubertin, que nasceu em Paris, em 1 de Janeiro de 1863) os concebeu e planeou, designadamente após viagem de estudo à Inglaterra, onde conheceu a inovadora pedagogia do cónego inglês Thomas Arnold. Com efeito, este religioso britânico, professor universitário de intocável prestígio, fez do desporto o fator primeiro de uma sã pedagogia – uma tese de que Pierre de Coubertin se confessou rendido às certeiras observações desta nova experiência pedagógica, já com ótimos resultados, por todos reconhecidos, principalmente no rosto jovial dos seus alunos. Sob a inspiração do que aprendera em Londres, tentou também, e com crescente autoridade, levar ao seu país e afinal ao mundo todo a trave mestra de uma nova pedagogia: a prática desportiva! E uma prática desportiva que fosse, sobretudo, uma ética em movimento. Segundo Gustavo Pires, são cinco os mentores intelectuais de Pierre de Coubertin: o pedagogo Thomas Arnold (1795-1842), o sociólogo Frédéric Le Play (1808-1882), o filósofo Hippolyte Adolphe Taine (1828-1893) e o frade Henri Didon (1840-1900). Continuo com Gustavo Pires, um estudioso incansável desta problemática: Coubertin considerava Thomas Arnold um génio da educação que, diretor da Escola de Rugby, de 1828 a 1842, atribuiu ao desporto lugar primacial no ato educativo. «A admiração de Coubertin por Thomas Arnold era de tal ordem que, no princípio de 1889, dedicou um livro, prefaciado por Jules Simon e intitulado L’Éducation Anglaise en France, à figura de Arnold» (Gustavo Pires, Olimpicamente – A Rutura de Pierre de Coubertin com a Educação Física, prefácio de Carlos Colaço, FMH, 2014, p. 19).
2. Pierre de Coubertin
Não me demoro nas raízes helénicas dos Jogos Olímpicos: a Hércules, homenzarrão de incomparável destreza física, se credita, no entender de Píndaro, a sua fundação. Outros eram os Jogos que reuniam também o povo grego e todos eles presididos por uma divindade do panteão helénico. De facto, o patrocinador de cada um dos Jogos era sempre um deus. Mas… «não vou por aí» (como diria o Régio), até porque me falta uma sageza rigorosa e segura da Grécia Clássica. Quero relembrar que Pierre de Coubertin, até à sua morte, que o surpreendeu, em Genève, em 1937, foi um escritor incansável, dando particular relevo à história e à pedagogia. Não vou chamar a mim o encargo de apregoar a invulgaridade dos méritos do legado escrito de Pierre de Coubertin, mas não posso deixar de salientar Michel Clare, na sua Introduction au Sport (Les éditions ouvrières. Paris, 1965): «Descobre-se, em Coubertin, uma extraordinária generosidade, que leva este aristocrata, adversário frontal do espírito classista e burguês, a avançar na fundação das primeiras universidades operárias» (p. 23). Esta é uma ideia que interessa reter: Pierre de Coubertin, nobre embora, era um democrata. Também ele, arrostando a ácida oposição de muitos dos seus amigos, levantou, em público, esta questão: se a política significa o que se refere ao poder, na democracia onde reside o poder? Não é de estranhar por isso que, ao fundar o Comité Olímpico Internacional (COI), em 1894, com a sede em Lausanne, tenha confiado a presidência ao grego D. Vikelas. O que caracteriza uma governação não democrática é o facto de o poder ser investido numa pessoa que pretende exercê-lo, durante toda a vida, como se dele fosse proprietário. O ditador é isto mesmo. Pelo ditador (e são tantos ainda, por esse mundo além) se volta ao direito romano que concedia ao proprietário de um escravo a faculdade de usar e abusar dele: jus utendi et abutendi. Mas, à testa das preocupações de Coubertin, esta sobreleva as demais: internacionalizar o movimento desportivo, para fazer do desporto um meio (um meio indispensável) de fraternizar a vida das pessoas e a convivência entre as nações. Por isso, o que mais me deslumbrou nos Jogos Olímpicos, encafuado que estou no meu quarto de doente, não foi só o desempenho dos atletas, a sua inteligência tática, as suas invulgares qualidades físicas, psíquicas e psicológicas, o que mais me emocionou foi o respeito que todos têm uns pelos outros, foi a lúcida serenidade que os levou, findas as provas de altíssima competição, a abraçarem-se como amigos: os perdedores, sem amargura e ressentimento; os vencedores, sem arrogância ou presunção. Todos deram, exemplarmente, tudo o que tinham – todos ganharam, nenhum perdeu!
3. «Vemos, ouvimos e lemos»
«Vemos, ouvimos e lemos / não podemos ignorar» são os primeiros dois versos de um inolvidável poema de Sophia de Melo Breyner Andresen e que Francisco Fanhais musicou, para uma cerimónia religiosa na capela do Rato, corria o ano de 1970 e… corria também uma penosa (e estúpida) guerra colonial!... E o que vemos e ouvimos e lemos nós, nos dias de hoje? Moderada a euforia pelas nossas quatro medalhas olímpicas e 14 diplomas, continua, com meticulosa regularidade, o genocídio do povo mártir palestiniano; continua a luta criminosa de Maduro e dos seus áulicos, contra o povo venezuelano; continua a invasão da Ucrânia, que o Sr. Putin (olhitos sagazes e maliciosos) vasculhando, hipocritamente, a história do seu país, quer considerar uma das páginas maiores da vida da Santa Rússia; continuam os episódios de extrema violência de bandos de arruaceiros xenófobos, em algumas cidades do Reino Unido; continuam as demissões nos organismos que Ana Paula Martins tutela; continua a retórica agressiva do líder do Chega ao sistema político que o sustenta; Kamala Harris e Tim Walz preparam-se para os debates com o republicano Donald Trump, que põe no que faz, publicamente, uma paixão desenfreada. E mais poderia adiantar. Mas por aqui me fico. Assisti, pela televisão, ao encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris. Cumpro, como uma inevitável rotina, ler e escrever durante o dia e ver televisão até por volta da meia-noite. Se não estou em erro, passando ao largo do formidável espectáculo que a tecnologia proporcionava, o presidente do COI afirmou que estes foram os Jogos Olímpicos da Paz. Corroborei imediatamente as palavras do alemão Thomas Bach. De facto, se o desporto é o fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo; e se o desporto é também uma conduta que dá primazia a uma convivência fraterna – há necessidade de mais desporto, no mundo atual. E porquê? Porque a paz corre perigo; porque há homens (no poder) que são lobos do homem; porque uma atmosfera opressiva de hostilidade persegue, nalguns países, os que, sendo a expressão viva da consciência política de um país, não se deixam moderar ou domesticar. Enfim, investir no desporto é investir na paz! Isto mesmo disse, com outras palavras, o Dr. José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), que eu ainda conheci como aluno do INEF e que, há pouco, faleceu. Não precisou de ser arquiespecializado em Direito para marcar, numa fecunda política de realizações, a sua fulgurante passagem pela presidência do COP. Não esqueço a mensagem que me enviou, quando a Universidade Católica teve a bondade de criar a Cátedra Manuel Sérgio. Paz à sua alma!"
O Desporto é uma árvore de fruto, não nos esqueçamos de a regar
"Custou-lhe, tão atónito e incrédulo, articular acalmia de espírito para deitar palavras cá para fora, pudera, os olhos de Rui Oliveira tinham a opacidade de vidro molhado, ele demorou a compor-se para falar. Quando o fez, apanhou Iúri Leitão na curva da surpresa, o companheiro de prova a esticar um sorriso largo ainda a frase ia a um terço da reminiscência que trouxe para a reação ao ouro que tinham acabado de conquistar: “Parece que estava a ter um déjà-vu porque, há duas semanas, fizemos uma simulação no velódromo de Anadia, fizemos 200 voltas atrás da mota e as últimas 25 foram sozinhos, pensei que estava a fazer esse treino na pista, eu sabia ‘são duas voltas à morte’, depois era descansar um bocado, e depois mais duas.”
O esbugalhar no olhar de Rui em Paris, nos primeiros momentos em que tirou os óculos antes do capacete, estava azamboado, mas com uma boa zamboa, face à proeza sobre a qual ele e Iúri, ébrios em alegria, se alongaram em explicações e vénias, com revelações de coração escancarado e um hino nacional gritado mais do que entoado. Inocente ou levado pela euforia que lhe levantou a fervura, o medalhado dos gémeos Oliveira pôs no discurso da vitória um lugar que reflete uma intenção que sabe-se lá como congeminou o dinheiro que por sua vez reforça uma evidência cuja prova maior está nas medalhas de ouro conseguidas pelos portugueses no omnium e no madison.
No que foi dito pelos gloriosos ciclistas e descrito por escribas que narraram a sua epopeia, como o Pedro Barata que em Paris os presenciou a serem enormes, surgiu, aqui e ali, a referência a Sangalhos, uma terra que é vila longe do mar e da bicefalia urbana portuguesa. Há 15 anos, foi lá que carolas e apaixonados pelo ciclismo congeminaram forma de ser inaugurado um velódromo coberto, vindo de obras que requalificaram uma pista a céu aberto para a transformarem no Centro de Alto Rendimento com 16 quartos triplos, ginásio, gabinetes médicos, salas de reuniões e de conferências e um refeitório. E o Desporto, árvore de fruto que demora a poder ser colhida e deve ser regada com paciência, além de cuidada com visão de futuro, retribuiu, espantosamente para quem não deteta a ironia.
Só na primeira década contada desde que pediram a Alves Barbosa, mítico vencedor de três Voltas a Portugal, para com os seus então 77 anos fazer a gentileza de inaugurar, à pedalada, a pista de Sangalhos - e tratemos o velódromo pelo nome da terra -, houve 37 medalhas conquistadas em provas internacionais de ciclismo de pista. Várias outras se ganharam antes da prata de Iúri Leitão no omnium e o ouro dele e de Rui Oliveira no madison, modalidades de intrincadas regras, guiadas por uma ordem confusa para o olho destreinado. Por um lado, ainda bem, assim se ajuda a provar um ponto: até em veias desportivas com pouquíssimos praticantes é possível beneficiar daquilo que se semeia.
Não sei quantos haveria no ciclismo de pista em 2009, mas, para Iúri Leitão e Rui Oliveira terem podido treinar até à exaustão, visualizando numa pista de condições semelhantes o que fariam em Paris, um investimento de 12,2 milhões de euros foi feito para criar condições que, pelo menos nas infraestruturas, dessem chances aos portugueses de competirem com os melhores. Fala-se hoje em Sangalhos, repetir-se-á muito Sangalhos, porque houve um esforço infindável de quem anda no ciclismo e rara predisposição governativa para lhes fazer uma vontade: a Câmara Municipal da Anadia entrou com €2,8 milhões e 70% do dinheiro usado veio do Quadro de Referência Estratégico Nacional, o defunto QREN que geriu a implementação de fundos europeus até 2013.
Quis-se apostar, a árvore plantou-se, os frutos caíram dos ramos. Por momentos mais sereno no entusiasmo, acalmando as emoções que deveriam viver naquele momento como o ponteiro de um sismógrafo, Rui Oliveira apelou ao que os atletas portugueses estão quase condenados a suplicar: “Por favor, não olhem só para o ciclismo de pista daqui a quatro anos. Sigam-nos, apoiem-nos. A pista foi construída há pouco mais de 15 anos e vejam onde estamos agora. Se mostrámos o que conseguimos fazer com 14 anos de ciclismo de pista, imaginem o que podemos fazer com todos a apoiarem. Espero que nos ajudem mais e tenhamos mais apoio, às vezes isso falta. Que não se lembrem só daqui a quatro anos que existimos e só pensem em medalhas.”
Não deveria ser assim, sobretudo quando há provas, poucas, mas há, de que compensam, de facto, as raras apostas a sério no Desporto via investimento com vontade numa modalidade.
Antes do ciclismo de pista em Sangalhos, houve, por exemplo, o Centro de Alto Rendimento que fixou a base da canoagem nacional na pacatez de Montemor-o-Velho, outro lugar distante dos vortéx de Lisboa e Porto. Foi inaugurado em 2002, custou cerca de 27 milhões de euros e da autarquia local vieram quase dois terços do dinheiro usado para criar uma estrutura que todos os anos motiva a romaria de atletas e seleções estrangeiras para lá irem treinar. Desde o seu parto, Portugal colecionou centenas de medalhas internacionais, entre elas as 145 de Fernando Pimenta, o incrível expoente dos proveitos dessa aposta.
Mas isto acontece no país fértil em conversas de café e trocas de sabedoria de bolso que acham uma vergonha Portugal apenas vencer quatro medalhas nos Jogos Olímpicos, postas iluminadas de um vício em só olhar para o resultado sem querer atentar ao processo, ou pior, sem sequer o conhecerem, por isso empoleirados na falta de noção. Este é o mesmo país que alberga uma das poucas (a única?) capitais europeias que não dispõe de uma pista completa e coberta de atletismo, que investe 40€ no Desporto por habitante quando a média da UE está nos 113€ ou que dedicou apenas €10 milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ao setor - ou seja, quase o mesmo que o Governo reservou, em 2009, à construção do velódromo de Sangalhos. O retrato do tradicional trato que por cá damos ao Desporto não se pinta com cores vivas.
Neste país onde há 14 Centros de Alto Rendimento também existem o velocista Pedro Pichardo, o canoísta Fernando Pimenta, os ciclistas Iúri e Rui, a judoca Patrícia Sampaio, medalhados em Paris ou noutros Jogos que clamaram, no apogeu das carreiras, com o mais simbólico dos penduricalhos ao pescoço, por mais apoios e atenção. A melhor ginasta portuguesa de sempre, Filipa Martins, ainda há três anos se queixava de que mal conseguia arrendar uma casa e comprar um carro só a viver da modalidade. Eles vivem em Portugal, que demorou “vinte e tal anos” a fazer um Primeiro-ministro revisitar a comitiva nuns Jogos Olímpicos, como lembrou Jorge Manuel Araújo, diretor-geral do Comité Olímpico de Portugal que na mesma Paris apareceu para fazer um balanço da participação portuguesa.
Lá esteve Luís Montenegro a confortar a mágoa de Pimenta, a fazer figas pelo ouro de Pichardo e a abraçar-se aos dourados ciclistas de pista, um líder governativo a querer aparecer nos momentos áureos de atletas, houvesse medalha ou não, dizendo muitas coisas nos intervalos em que falava aos jornalistas, uma das primeiras ditas na primeira intervenção escapou-se-lhe - “O desporto é uma política pública que este Governo privilegia” - de tal forma da realidade que não repetiu uma assunção sequer parecida a esta. Ao ser a cara e o decisor-maior de um executivo minoritário, poderá estar preso a um Orçamento de Estado feito pela anterior legislatura cheio de míngua para o Desporto, mais uma vez: foram apenas €50,3 milhões destinados ao setor.
Em matéria de dinheiros, esperam-se mundos e fundos de um Estado que deveria engordar a sua atenção palpável não só aos atletas de alto rendimento, como ao fomento da prática desportiva no geral, começando nas bases. Mas há vias que deveriam ser abertas, portanto estimuladas por quem governa, para empresas e privados também contribuírem, o chamado mecenato. Porque se tão pouco parece haver grandes vontades vindas daí, haverá que cortejá-las com incentivos ficais, por exemplo. Quanto maior for a estima pela plantação de árvores, mais e melhores frutos virão com a devida paciência."