sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Genial!

David Neres: o Benfica aprendeu alguma coisa?


"É difícil imaginar a equipa de Roger Schmidt em determinados encontros sem os desequilíbrios que só o extremo brasileiro pode oferecer. Mesmo com Di María no plantel e Aursnes na esquerda

Não há grandes dúvidas de que David Neres se prepara para deixar o Benfica. Os passos dados pelo clube foram nesse sentido, desde logo, de forma direta, com a continuidade de Di María e, ainda indireta, na permanência do próprio Roger Schmidt, que decidiu de forma legítima e acertada voltar às origens e reequilibrar-se no momento sem bola.
Se a presença do argentino – será que foi enquadrada por conversa, para mim obrigatória, liderada por Rui Costa, com quem tem relação para lá da de presidente e jogador, para ajustar as expetativas do último às necessidades da equipa e assim garantir maior conforto ao treinador nas decisões? – dá sinais ao brasileiro, pelo exemplo da época passada, de que seria outra vez empurrado para fora da sua posição preferida e até mais natural, o passo dado pelo alemão recupera Aursnes para interior esquerdo, precisamente o espaço que lhe serviria de desterro.
A venda de João Neves, condizente com a tendência do mercado, parece não ser suficiente para responder às despesas correntes e há a gestão das situações de Tengstedt e Arthur Cabral, que poderão não cumprir os objetivos para a janela e até obrigar alguma concessão, seja no valor ou no tipo de transferência, e ainda o vencimento alto de Neres a também impactar na eventual saída, além da própria vontade do extremo.
No entanto, se um Di María ajustável consoante momento e necessidades faz sentido – e só mesmo dessa forma –, é difícil imaginar um Benfica sem Neres na maior parte dos jogos, sobretudo naqueles que irão precisar dos desequilíbrios que só ele poderá oferecer. Isto mesmo com Fideo no plantel e com um João Mário que será sempre necessário a dada altura – até foi aposta inicial frente a Feyenoord e Fulham –, e também porque Rollheiser está a ser olhado mais como médio.
É um caso perdido? O extremo já fez mesmo as malas para o Nápoles e para a Serie A? Claro que o ordenado, uma liga bem mais competitiva e até Antonio Conte, que pode elevar a candidatura do emblema italiano a um lugar cimeiro, dão peso a esse lado da balança, mas ali, à sombra do Vesúvio, não passa o comboio da Europa, seja Liga dos Campeões, Liga Europa ou sequer Liga Conferência. Será que alguém lhe explicou nestas semanas que poderá continuar a ser muito útil? Depois dos vários erros na construção do último plantel e de uma pré-época que deu sinais de que tinha sido criada a rotura com esse passado recente, será que na Luz não se aprendeu nada?"

As chuteiras de Rui Costa


"Anda por aí muita gente de sapatos de bailarina ou de chinelos para todas as ocasiões a clamar que a saída de João Neves só por €120 milhões ou nada

Ainda não encontrei melhor descrição da saída de João Neves do Benfica para o PSG, nas minhas reflexões ou opiniões, jornais ou televisões, redes sociais ou cafés, do que a publicada, por estas páginas ou na edição online, há uns dias, pelo meu camarada Nélson Feiteirona, que num golpe tão simples quanto genial, que todos procuramos quando nos sentamos em frente a uma folha branca antes de começar a escrever, resumiu tudo na ideia de que é um pouco de Benfica que se vai.
Aquele adolescente que os benfiquistas depressa abraçaram e adotaram como filho, por motivos que nem vale a pena estar a recordar, deixa um vazio que cedo ou tarde será esquecido ou desvalorizado, mas que não será preenchido, mesmo que outros venham ocupar o lugar dele, mesmo que Renato Sanches relance a carreira. Será sempre um Benfica diferente, até poderá ser melhor, mas João Neves representa aquilo que os adeptos gostam que seja o Benfica, para lá de ser um talento como poucos na Europa com a idade dele, 19 aninhos.
Nisso, acredito, quase poderemos todos concordar. Já quanto à decisão de Rui Costa negociar a transferência por €60 milhões será bem diferente. Se considerarmos o ruído e lastro daqueles que não cessam de disparar sobre o presidente do Benfica, então parece claro quem é o vilão desta história.
Não são, nessa barricada, todos iguais. O que é claro é ninguém quer calçar as chuteiras de Rui Costa, por diversos motivos — ter agenda própria ou ser engraçadinho com e para os amigos, achar-se superior ignorando a realidade ou ser apenas do contra. E também há, talvez menos, quem seja contra essa decisão e apresente uma fundamentação sólida e respeitável, desde que e sempre explicando como se lida com as consequências, financeiras e desportivas, dessa opção.
Anda, pois, por aí muita gente, fina e delicada, com sapatos de bailarina e em pontas, em palcos de imaculada dignidade, a dizer que €120 milhões ou nada. E anda, também, por aí muita gente, com a sensibilidade de quem usa o chinelo para qualquer ocasião, a dizer que €120 milhões ou nada. Talvez não se tenham apercebido que são mais próximos do que imaginam e coincidem na iluminação e na indiferença a tudo e todos.
Para que tudo fique bem claro — a venda de João Neves por €60 milhões é o negócio possível e, dentro do negócio possível, é um bom negócio. Ignorar a circunstância de que João Neves não poderia recusar um contrato mais de dez vezes superior ao que tinha no Benfica e que um clube português não tem condições de recusar €60 milhões é tão populista quanto irresponsável.
Isso, porém, não nos impede de refletir sobre como se chegou até aqui, de como, ao fim de tantos anos, Benfica e os outros clubes portugueses ainda estão dependentes de um modelo de negócio que implica sempre a perda dos maiores talentos. Com a dificuldade de encontrar mais receitas — a centralização da venda dos direitos de transmissão televisiva, já se percebeu, dificilmente proporcionará mais proveitos financeiros aos grandes — a solução óbvia seria o corte a valer nas gorduras das despesas e na escolha mais criteriosa de jogadores. É fácil dizer e soa bem, não é? Mas quais as consequências desses cortes? E quem pode garantir que acerta sempre quando escolhe um jogador? Já é mais difícil responder.
Assim como quem não quer a coisa vou ali calçar umas chuteiras e já volto."

Os nossos heróis de Paris 2024


"Se o medalheiro português está quase vazio, a menor responsabilidade é dos atletas

«Agora tenho pensar como vai ser o meu futuro. É incrível estar nos Jogos Olímpicos, mas também temos de preparar um futuro e, acima de tudo, perceber até que ponto é viável continuar»
Irina Rodrigues, após o 9.º lugar no lançamento do disco em Paris 2024

Há várias formas de analisar as prestações dos países nos Jogos Olímpicos — através de medalhas de ouro, de medalhas totais ou de diplomas, por exemplo.
É também comum compararem-se os sucessos de países de dimensão equivalente. Em Portugal, olha-se sobretudo para as medalhas e para o que fazem Suécia, Chéquia, Grécia ou Hungria, também com população entre os 10 e os 11 milhões.
Às 18 horas de quarta-feira, Suécia e Hungria tinham 8 cada (3 de ouro), a Grécia 7 (1 de ouro) e a Chéquia 2 (1 de ouro). Portugal tem o bronze de Patrícia Sampaio.
Mas nestas contas de medalhas, os atletas lusos que estão em Paris são os menos responsáveis. A falta de cultura desportiva em Portugal, os problemas em desenvolver uma rede que fomente a prática dos jovens, a falta de apoios aos atletas de alta competição que, em muitos casos, não podem viver do desporto, ou quando o fazem estão a criar problemas para o desenvolvimento das carreiras profissionais de que vão precisar quando acabarem de competir — Irina Rodrigues, médica de 33 anos, deixou no ar a possibilidade de se retirar após um 9.º lugar no lançamento do disco —, essas sim as razões para o medalheiro português estar constantemente vazio.
Há atletas que esperavam mais, valiam mais e ficaram aquém das expectativas em Paris. Acontece. O inverso também. Não deixam ser heróis. Criticá-los de mãos nos bolsos e a assobiar para o lado é a maior hipocrisia que pode haver."

O estranho caso de David Neres


"David Neres chegou há dois anos ao Benfica e teve impacto imediato. Ele e Enzo Fernández foram as caras novas que fizeram disparar o rendimento coletivo, somados à qualidade de Grimaldo, Florentino ou Rafa e ao crescimento de Gonçalo Ramos, António Silva (mais tarde também de João Neves). Nessa época de utilização (quase) plena na Luz, Neres fez 12 golos e 15 assistências em 48 jogos, com muitos lances determinantes em partidas e momentos decisivos, tanto na Liga doméstica como na marcante carreira europeia das águias.
Graças ao momento difícil do Shakhtar, e só por isso, o Benfica tinha conseguido comprar um talentoso internacional brasileiro de 25 anos por uma pechincha a rondar os 15 milhões. Neres era a unidade diferente, o criativo de facto, o jogador que rareia na vocação de tirar adversários da frente antes de assistir ou finalizar, juntando como poucos estética e estatística.
Mesmo assim, o final dessa primeira época deixou os primeiros sinais de que, para Schmidt, o Benfica não continuaria a ser Neres e mais dez, parecendo que o técnico, como diversos analistas, via a razão do sucesso mais ligada a comportamentos defensivos, por exemplo de Ramos ou Aursnes (que foi ganhando o espaço como o médio ofensivo que nunca fora), do que à criatividade decisiva nos momentos de ataque, de Grimaldo e Neres antes de quaisquer outros. Não é causa única, seguramente, mas desde que o lateral espanhol emigrou e o extremo brasileiro deixou de ser indiscutível, nunca mais o Benfica de Schmidt foi sequer parecido com o visto até então.
A uma época de conquistas, seguiu-se uma temporada falhada para os benfiquistas. Neres já não era titular, a menos que surgisse deslocado para esquerda, onde nunca renderá metade do que pode, porque a direita tinha um novo dono, e dono é palavra apropriada. Di María regressava para jogar no lugar que prefere e, mais, para jogar o tempo todo. Depois do desagrado do argentino pela substituição no primeiro (!) jogo do campeonato, Roger Schmidt não voltou a ousar tirar Di María do campo antes dos minutos finais, tal como nunca mais permitiu que Neres jogasse a partir da direita com um mínimo de continuidade. O fim, agora iminente, da prometedora mas curta carreira de Neres que Luz, começou aí.
Lá virão de novo as justificações de uma boa proposta – mesmo se 25/30 milhões para quem já engordou a tesouraria com Neves não seja nada de extraordinário -, de um campeonato mais apelativo para o atleta ou da falta de espaço na equipa. Se as duas primeiras são placebo, servem para tudo e não valem de muito, a última resulta de uma opção, concreta e ineludível: Schmidt prefere Di María e João Mário a David Neres.
E mesmo que admitamos que João Mário está apenas a “reservar” o lugar para Di María – o que também não é bom indício - Neres acaba de perceber que o filme que lhe está reservado é o mesmo da temporada anterior. Como a política desportiva do clube segue a vontade errática do treinador alemão (interrogo-me se já não gosta de Kokçu, que escolheu antes de todos há um ano?), lá mantém no grupo dois homens com mais passado que futuro (e salários dos mais elevados), admitindo alienar um criativo raro, na melhor idade e com significativo valor de mercado por mais uns anos.
Mas David Neres também quer sair e isso conta? É bem provável, depois do que passou nos últimos longos meses. Mas a pergunta certa é outra: por que razão o Nápoles não quer contratar João Mário? Ou Aursnes? Ou Di Maria, para uma última dança na Série A e que até esteve algum tempo sem contrato? A resposta parece óbvia: porque acredita que David Neres é hoje um jogador que acrescenta mais. E é."

Sonso!

De vândalo a vítima!!!

Passagem de testemunho...!!!

Onde está o Ionnidis?


"O Record do Bernardo Ribeiro continua na senda de esconder um dos maiores fracassos dos mercados de transferências nacionais de sempre.
Ontem, era notícia em vários órgãos de (des)informação que o Panathinaikos se preparava para recusar mais uma proposta do Sporting por Ionnidis (20M€+ 5M€), num processo que se arrasta há uns bons 4 meses, que é o mesmo que dizer há 2880 horas.
Para esconder uma novela que pode prejudicar - ou deitar por terra - a imagem da melhor estrutura do planeta, com a melhor equipa de gestão desportiva da galáxia, que não falha planeamentos desportivos nem erra ou se engana nas contratações que faz, usam João Félix como álibi, mesmo não havendo mais ninguém a fazê-lo.
Lembrar que estamos a dois dias do início do campeonato e ainda não existe substituto para o "ultra sónico" e melhor Paulinho de todos os tempos; o tal que foi para aquele clube estratosférico do México. Nem tão pouco existe um jogador para servir e apoiar o "Pelé Suéco", no plantel atual.
Entretanto, nem uma palavra sobre as equipas B e sub-23 do Sporting e dos seus planteis, recheados de super estrelas e das melhores contratações feitas pela melhor super equipa de planeamento desportivo de que há memórias. É só dar uma vista de olhos ao plantel se alguém estiver interessado em comprovar.
Onde andas Ionnidis!?"

Informações totalmente falsas do "Correio da Manhã"


"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que são totalmente falsas as informações apresentadas pelo jornal Correio da Manhã quanto aos valores relativos à renovação de Di María.
Informações falsas, sem fundamento, com recurso a pretensas fontes não identificáveis e sem nenhuma verificação com os canais oficiais do Clube.
Os valores em causa não são apenas substancialmente mais baixos como cumprem os patamares de remuneração estabelecidos pelo Sport Lisboa e Benfica."

O mesmo lado...


"Em 2017, as direções de comunicação de Sporting e FC Porto, através dos seus representantes máximos (Nuno Saraiva e Francisco J.Marques), reúnem-se numa unidade hoteleira e formam a mais negra aliança conhecida, com o intuito de destruir o SL Benfica e dividir os seus adeptos.
Depois de se "apoderaram" de uma grande quantidade de gigabytes de informação privilegiada (os famosos emails), alinharam estratégias para a sua divulgação, ficando a cargo do Sporting a criação de plataformas digitais para descarga dos conteúdos, através de empresas e sites criados para o efeito, e a divulgação em meios audiovisuais a cargo do FC Porto, pois como todos sabemos "lá em cima seria mais seguro".
Ainda hoje os efeitos desse ataque coordenado se fazem sentir. Certamente nem eles imaginariam que esse estratagema seria tão bem sucedido.
Além da perda do pentacampeonato, toda uma nova geração de benfiquistas nasceu, cresceu e devolveu-se. São os chamados "dragartos", puros e exigentes.
A desunião foi dessiminada e será muito difícil o Benfica voltar aos tempos em que TODOS remavam para o mesmo lado. Hoje o que vemos são constantes ataques, e como dizia um grande amigo meu, estamos numa guerra de guerrilha (onde me incluo) que em nada favorece o clube. Onde se atacam e ofendem benfiquistas, onde se esgrimam argumentos, muitas vezes sem conhecimento de causa ou confirmação de verdade. Uma autêntica "javardice" sem sentido.
Enquanto não entendermos que o Benfica precisa de todos os seus sócios, adeptos e simpatizantes, novamente a remar para o mesmo lado, a vitória da estratégia do grupo do Altis continuará a dar os seus frutos.
Apenas o FC Porto foi condenado na Justiça, mas dos estragos que foram feitos na massa adepta do SL Benfica, desses ninguém os vai julgar. Só a história..."

Adeus!

A verdadeira luta de Imane Khelif


"Colocação em causa da identidade pode trazer consequências graves para a saúde mental da atleta

Retomo na reflexão de hoje o tema da consciência social, ou da falta dela, e a valentia das redes sociais! Entre tudo o que se tem passado em Paris, escolhi Imane Khelif.
Muito tem sido possível ler sobre a atleta a quem chamam «homem», «fraude», «transexual», «feia», «aberração», etc., não só por anónimos pelo mundo fora como por figuras de relevo de diversas áreas e nacionalidades, que apelam à exclusão de Imane Khelif. No seu combate de apuramento para as meias-finais a atleta gritou «sou uma mulher». No mesmo palco, nas mesmas redes sociais onde se aplaude Simone Biles no seu regresso após ter defendido uma cultura desportiva positiva e a elevação do autocuidado e da saúde mental, alguém parou para pensar o que toda esta polémica pode ter como consequências psicológicas para Imane Khelif?
Uma jovem de 25 anos, que nasceu mulher, cresceu mulher e competiu sempre como mulher, mesmo em 2021, nos Jogos Olímpicos, em que foi eliminada pela Irlandesa Kellie Harlington, vê agora a sua identidade colocada em causa, por um teste realizado (sendo que não sabemos que teste, pois o IBA não o identifica). Algum dos leitores conhece verdadeiramente o seu código genético? E se agora alguém lhe dissesse que não é o que é, como se sentiria? Aceitando que os resultados do teste do IBA existem e são verdadeiros, existem diversas explicações médicas e científicas que explicam como Imane Khelif pode ter no seu código genético XY e ainda assim tenha nascido com características femininas e como tal crescido como mulher na sua identidade e na sua totalidade.
A humilhação pública, o bullying que tem sofrido, mas acima de tudo colocarem em causa a sua identidade, «quem é Imane Khelif?» pode trazer consequências graves para a saúde mental da atleta, não só enquanto competidora, mas também enquanto pessoa. Podemos encontrar na ciência inúmeras teorias que explicam este impacto, desde as teorias mais humanistas (ex. Carl Rogers) às psicanalíticas (ex. Sigmund Freud) ou às cognitivas (ex. Leon Festinger). Independentemente da corrente que se siga, o fenómeno a que Imane Khelif tem sido exposta constitui um elevado risco para a saúde mental da atleta, pode afetar a sua autoconfiança e autoestima, podendo desenvolver ansiedade, isolamento social e até depressão.
Imane Khelif já enfrentou limitações na sua cultura para se tornar a pugilista que é hoje, agora enfrenta uma polémica mundial que discute quem é ela e se merece ou não competir! Quem somos nós, cada um de nós, para fazer esse tipo de julgamento quando o Comité Olímpico diz que sim?"