domingo, 7 de abril de 2024

Vermelhão: Campeonato decidido...

Sporting 2 - 1 Benfica


Adeus ao título, em mais um jogo onde não fomos inferiores, onde voltámos a desperdiçar demasiado, e onde mais uma vez, Soares Dias foi decisivo ao afastar o Benfica do título!

Sofremos dois golos, em situações de falta de concentração: não se pode sofrer um golo no primeiro minuto; e depois no 2.º golo, com uma paragem longuíssima da partida, a equipa voltou a 'esquecer-se' das marcações na 2.º bola num Canto defensivo!

No resto do jogo, vimos um Sporting que tem como jogada mais perigosa os alívios dos Centrais, quando estão 'apertados' e encontram o Sueco! No 2.º tempo, com o Bragança, tivemos menos bola, mas só na parte final, quando o Benfica arriscou mais (e estávamos mais cansados) o adversário em contra-ataque criou perigo...

1.ª parte, a perder desde início, mas com domínio do Benfica, apesar de poucas oportunidades. Não conseguimos colocar a intensidade de Terça-feira, muito por culpa do corrupto apitadeiro que foi 'congelando' o jogo constantemente apitando faltas a todos os mergulhos dos Lagartos! Na Terça, apesar da roubalheira, nos contactos a meio-campo, o Pinheiro deixou jogar, hoje foi impossível... Como também é habitual, a 1.ª opção para travar os ataques do Benfica, foi fazer falta: varias jogadas, onde nem sequer existe tentativa de jogar a bola, só de derrubar os nossos jogadores... e tudo isto com impunidade disciplinar!

Sem surpresas no 11 inicial do Benfica, mas com o Neres e o Di Maria a trocarem de flanco mais do que é habitual! Como também era esperado, tivemos um Sporting, mais parecido com o do 2.º tempo da Taça! Mas, muito sinceramente o jogo não foi decidido pela tática...

Momento do jogo, a não expulsão do Hjmuland: por duas vezes, devia ter levado o 2.º Amarelo e ficou em campo. Quando mais tarde mostrou o 2.º Amarelo ao Aursnes, parecia o pistoleiro mais rápido do Oeste!!!

O lance do Di Maria, no máximo seria um Amarelo para cada um. Os avençados vão passar a narrativa que o Angel devia ter sido expulso, mas isso não passa de gente com espinha torta: o Di Maria, é provocado, e responde com o braço afastando o cabrão, e toca-lhe de raspão na cara, mas sem qualquer intenção de agressão... o outro, como cabrãozinho que é todos os dias, atirou-se para a chão!!!

Aos 81' penalty claro por assinalar sobre o Otamendi, que leva um pontapé do St. Juste, e o corrupto, marca falta contra o Benfica! Ainda houve outra falta sobre o Nico para penalty já depois do 2-1, que não foi marcada, mas por acaso, existia fora-de-jogo, que anularia o penalty, caso tivesse sido marcado!

Uma nota ainda para os 6 minutos de compensação, numa partida, onde nos últimos 20 minutos, não teve mais de 5 minutos de jogo jogado, tantas foram as paragens!


Não perdemos o campeonato hoje, os pontos perdidos, com o Casa Pia, o Farense, o Moreirense além do Boavista, foram decisivos, já para não contar com os pontos oferecidos aos Lagartos, mas no Tugão, o Benfica para ser Campeão, tem que ser perfeito, e este demos demasiadas abébias...!

Agora, apesar de matematicamente ainda haver hipóteses, o título é impossível, pois o Sporting tinha que facilitar em 3 dos 6 jogos que faltam! Mas, a época não acabou, temos a Liga Europa na próxima Quinta-feira; e muitíssimo importante: o 2.º lugar no Campeonato é fundamental para a saúde financeira do Clube, já que dará muito provavelmente acesso direto à Champions (basta o Liverpool, o Bayer ou o AC Milan vencerem a Liga Europa), e se 6 pontos parecem confortáveis, não são!
Primeiro porque só são 5 pontos, já que em caso de empate, os Corruptos têm vantagem, e depois porque temos vários jogos 'armadilhas' contra algumas equipas que até jogam relativamente bem, no Tugão: Arouca, Moreirense, Rio Ave em casa, Farense em casa... além do Braga e do Famalicão! Também acredito que os Corruptos também podem perder pontos, mas não podemos contar com isso... Aquilo que podemos contar, são as 'promessas' de Malas, mesmo falidos, os Corruptos têm várias formas de motivar os nossos adversários, que mesmo na maioria confortáveis na classificação, vão jogar contra o Benfica como fosse a  Final da Champions!

Bom...

Benfica 94 - 70 Sporting
21-20, 25-16, 25-20, 23-14


Vitória com 24 pontos de vantagem, que sem os apitos, podia e devia ter sido muito maior!!!
Excelente defensiva, e os Triplos a caírem no ataque, o 'paraíso' do basket do Benfica!

Drechsel a subir de forma nesta fase da época, e Makram com um excelente jogo, sem fazer 1 ponto!!!

Só mais uma...

Ac. Espinho 0 - 3 Benfica
27-29, 15-25, 18-25


2-0 nas Meias-finais do Play-off, faltando assim mais 1 vitória para carimbar a passagem esperada à Final do campeonato...

Juniores - 7.ª jornada - Fase Final

Sporting 1 - 2 Benfica


Jogo feio, num relvado impróprio, contra uma equipa de caceteiros, que aos 12' minutos já tinha lesionado o nosso principal desequilibrador nesta Fase Final, com total impunidade arbitral... Os 10 pontos de vantagem sobre este Sporting, ao fim de 7 jogos, demonstra bem a diferença entre as duas equipas, que hoje não se conseguiu evidenciar devido às circunstâncias...
Sofremos numa carambola, numa bola parada, empatámos de penalty e confirmámos a reviravolta, num bomba do Tiago Pinto!

Vitória importantíssima, confirmando que este campeonato, será uma disputa a dois, com o Braga a fazer sombra ao Benfica, ao final de 7 jogos. Faltam outros 7, com o Benfica a receber no Seixal os principais 'nomes', Braga, Corruptos, Sporting e Vitória, e a jogar fora com o Farense, o Académico e o Famalicão.

Eliminação na Taça...

Benfica 37 - 39 Corruptos
14-17, 32-32, 34-35


Com um plantel reduzido, hoje ainda ficámos sem o Baptista que nem se equipou e durante a partida, o Izquierdo também se lesionou... mesmo assim, a equipa conseguiu recuperar a desvantagem e levar o jogo para prolongamento, mas no tempo extra faltaram pernas!

Fim inglório da única possibilidade de conquistar um troféu esta época, numa secção onde tudo correu mal desde da pré-época! 

Ganhar!


"Benfica e Sporting têm encontro marcado, hoje às 20h30, no Estádio José Alvalade. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Focados na vitória
Roger Schmidt realça a boa exibição no jogo anterior e afirma que a equipa tem mentalidade de vitória: "Na terça-feira, fizemos uma grande exibição e estamos em boa forma a nível físico, mental e tático. Fizemos coisas muito boas, mas sábado é outro jogo. As equipas partem do zero, estamos prontos. Sabemos que temos de fazer uma grande exibição para conquistar os três pontos, que é sempre o nosso objetivo. Quando entramos em campo queremos sempre vencer. Queremos ganhar sempre, não importa onde jogamos."

2. Dérbi no basquetebol
O Benfica recebe o Sporting, às 15h00 na Luz, em jogo a contar para a Liga Betclic.

3. Clássico no andebol
Às 17h00, Benfica e FC Porto encontram-se na Luz para discutirem a passagem às meias-finais da Taça de Portugal.

4. Vitória no futsal
Na receção ao Leões Porto Salvo, o Benfica ganhou por 5-1.

5. Agenda do dia
Nesta manhã, a equipa feminina de basquetebol do Benfica selou a passagem às meias-finais dos play-offs do Campeonato Nacional, ao vencer o Basquete Barcelos, na Luz, por 69-53.
Além das partidas referidas acima, estão ainda previstas as seguintes: às 15h00, o Benfica recebe o CDUP, no Estádio Universitário, em râguebi; os Sub-19 visitam o Sporting às 16h00; no voleibol, visita à AA Espinho, às 18h00, referente ao 2.º jogo (à melhor de 5) das meias-finais do Campeonato; à mesma hora, começa a participação benfiquista, com deslocação ao reduto do Atlético, nos quartos de final dos play-offs de futsal no feminino; e, também às 18h00, a equipa feminina de hóquei em patins atua no pavilhão da Vila Boa do Bispo.

6. Contribuição importante
A Seleção Nacional feminina de futebol venceu, por 3-0, a Bósnia e Herzegovina e contou com quatro jogadoras do Benfica no onze inicial, além de outras duas utilizadas desde o banco de suplentes. Carole Costa abriu o ativo, com assistência de Lúcia Alves.

7. Protagonista
Letícia Soares, do basquetebol benfiquista, em entrevista à BTV e ao jornal O Benfica.

8. Road to Benfica Campus
Foi realizada a 2.ª edição, desta vez com atletas do clube norte-americano FC Sudamerica.

9. Acervo enriquecido
Pedro Buaró doou, ao Museu Benfica – Cosme Damião, a camisola por si envergada no Campeonato Nacional de Clubes em pista coberta, no qual estabeleceu o recorde nacional de salto à vara e alcançou os mínimos para os Jogos Olímpicos de 2024.

10. Casas do Benfica
A BTV acompanhou o jantar das Casas do Benfica que antecedeu a Gala de entrega dos Galardões Cosme Damião."

Benfica: futuro de Schmidt em jogo


"Resultado em Alvalade importantíssimo para a continuidade do treinador; tem contrato até 2026 e ganha €4 milhões; Rui Costa já defendeu ferozmente o alemão mas na SAD há quem esteja insatisfeito com os resultados esta época

O resultado do dérbi deste sábado determinará, decisiva e inevitavelmente, as hipóteses de o Benfica reconquistar o título de campeão e, com isso, o futuro de Roger Schmidt. O triunfo recolocará as águias na liderança, embora os leões ainda com menos um jogo, o empate mantém-as na corrida pelo primeiro lugar, uma derrota compromete o sucesso final. O desfecho fortalecerá ou enfraquecerá a posição do treinador no clube, apesar de ter contrato até 2026.
Rui Costa já defendeu, ferozmente, Schmidt, especialmente depois do empate a um golo com o Farense, na 13.ª jornada, num jogo em que os protestos dos adeptos ao treinador atingiram o auge. Considerou-o, então, o «treinador do projeto».
O técnico assumiu, depois da igualdade com os algarvios, que sairia se fosse considerado o problema. Mas a questão não é assim tão simples, desde logo porque ganha quatro milhões limpos por temporada, ou seja, o despedimento, sem qualquer acordo, implicaria um custo de cerca de €16 milhões, incluindo pagamento de impostos. É certo, porém, que poder-se-ia chegar sempre a um entendimento à imagem do que aconteceu antes — pagamento do salário até o treinador encontrar outro clube, situação que chegou a ser considerada por alguns elementos da SAD, insatisfeitos com os resultados, mas também com a forma como o Schmidt não tem explorado o potencial do plantel.
Schmidt e a equipa resistiram aos mais difíceis momentos da temporada e chegam à jornada 28 na luta pelo principal objetivo, não obstante alguns erros nas contratações — David Jurásek custou €14 milhões e é o caso mais óbvio — e a falta de aproveitamento de reforços que exigiram um elevado investimento, nomeadamente Orkun Kokçu (€25 milhões) ou Arthur Cabral (€20 milhões).
A eliminação da Taça de Portugal, no início da semana, contra o Sporting foi mais um golpe duro, mas a equipa produziu o melhor futebol da época e parte para o dérbi de Alvalade do campeonato com confiança, desejo e otimismo reforçados de vencer os leões.

Schmidt 'vs' Sporting
Roger Schmidt visitará Alvalade pela quarta vez — soma uma vitória, um empate e uma derrota. Ganhou no covil dos leões pelo Leverkusen, nos 16 avos de final da Liga Europa, empatou lá pelo Benfica na penúltima jornada do campeonato depois de estar a perder por 2-0 (golo da igualdade por João Neves aos 90+4’), resultado que praticamente garantiu a conquista do título, confirmado depois com triunfo sobre o Santa Clara na última ronda, e foi derrotado esta época, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, por 1-2.
No total dos duelos, em casa e fora, apenas pelo Benfica, contra o Sporting, o treinador soma uma vitória, três empates e uma derrota.

Benfica em Alvalade
Nas últimas 10 visitas a Alvalade para o campeonato, o Benfica venceu quatro vezes, empatou cinco e perdeu uma. A última vitória aconteceu na 30.ª jornada da época 2020/2021, sob o comando de Nélson Veríssimo. Participaram nela, do atual plantel, apenas Nicolas Otamendi (90’) e João Mário (entrou aos 86’ para o lugar de Gonçalo Ramos). Morato não saiu do banco de suplentes e Rafa não foi convocado por lesão. Darwin Núñez (14’) e Gil Dias (90+2’) marcaram os golos.
Mas se forem consideradas as últimas dez visitas do Benfica a Alvalade para todas as provas (com dois jogos da Taça de Portugal), então o saldo já não é tão favorável aos encarnados — quatro vitórias, três empates e três derrotas."

Benfica: fracasso?


"Rui Costa sabe melhor do que ninguém como trabalha Schmidt e o que pensam os jogadores do treinador. Isso basta para tomar uma decisão

Está quase a completar-se um ano de mais uma madrugada sem a necessária reparação do cansaço. Com um olho meio aberto e outro fechado a espreitar os play-offs da NBA aquilo que poderia ser uma simples reação a uma derrota que provocou um final de época que a generalidade considerou uma surpresa e um fracasso para a equipa que teria a obrigação de ganhar tornou-se num dos mais sensíveis e profundos momentos de reflexão sobre a sociedade, como olhamos para expectativas e resultados, como reagíamos a sucesso e adversidade.
Foi fácil perceber, então, que as palavras do gigante Giannis Antetokounmpo não me tinham atingido e feito pensar apenas a mim. Toda a América, por alguns dias, debateu o assunto que nasceu de uma pergunta preguiçosa de um jornalista e da resposta sensacional do poste grego com origens nigerianas.
Giannis é uma história de sucesso, uma história que nos faz sentir bem, alguém que venceu desafiantes provações e os maiores obstáculos que se podem encontrar na vida. Filho de pais nigerianos, imigrantes ilegais na Grécia, já nasceu na Europa, em criança teve de vender, nas ruas de Atenas, óculos, malas ou relógios para contribuir para sua sobrevivência. Perseguiu o sonho de menino de querer jogar na NBA — é emocionante, ainda hoje, como o partilhou com inocência num vídeo que se pode encontrar no YouTube, sabendo que, agora, é um dos melhores do mundo. Com ética de trabalho irrepreensível, transformou-se como atleta, mas manteve sempre a dignidade de quem nunca esqueceu de onde partiu.
Há pouco menos de um ano, então, depois de os Milwaukee Bucks terem sido eliminados na segunda ronda dos play-offs, sentou-se para falar da derrota com os Miami Heat e do fim temporada. Ao contrário de Portugal, a Liga e os clubes sabem que os atletas têm de falar para aqueles que ajudam a manter a indústria próspera. E Giannis foi questionado sobre se a época dos Bucks, campeões em 2021, tinha sido um fracasso.
«Oh meu Deus», desabafou, levando as mãos à cara, para logo a seguir assinalar que o mesmo jornalista lhe tinha feito a mesma pergunta um ano antes e que não respondera por não estar, então, com o estado de espírito adequado para fazê-lo. Giannis pegou na palavra para, nas palavras Kenny The Jet Smith, antigo campeão da NBA, dar uma palestra digna das TED Talks.
Em resumo, perguntou se o jornalista tinha sido promovido no emprego todos os anos. Como a resposta foi negativa, perguntou se isso era um fracasso. Acrescentou que trabalhar por um objetivo, proporcionar uma casa à família ou cuidar dos pais não é fracasso são passos para o sucesso. «Michael Jordan jogou 15 anos e ganhou seis campeonatos. Os outro nove anos foram um fracasso? É isso que me estás a dizer? Então porque me estás a fazer essa pergunta? É uma pergunta errada. Não há fracasso no Desporto, há bons e maus dias, umas vezes temos sucesso outras não, umas vezes é a tua vez outras não. É disso que se trata o Desporto. Uma vezes vencemos e noutras alguém vencerá. Simples quanto isso», argumentou.
O que, no fundo, Giannis nos quis dizer foi que o fracasso não é o contrário de vencer e que andamos todos cegos com a ideia de que só interessa ganhar e nalguns casos a todo o custo. Talvez seja uma ideia demasiado romântica para os dias que correm e, hoje, pouco ou nada valorizada ou respeitada.
Neste como em qualquer outro caso teremos de respeitar sempre o contraditório. Que, ainda me lembro bem, surgiu pela voz rouca do gigante Shaquille O’Neal, um dos melhores de sempre a jogar basquetebol, muitas vezes com a sensibilidade de um elefante numa loja de porcelana. Não neste caso. Contestou Shaq que a definição de sucesso é a incapacidade de corresponder às expectativas. E que quando se é o melhor do mundo, como Giannis era considerado naquele ano, todos esperam que tenha capacidade de conduzir a equipa a um título de campeão. «A missão é um fracasso quando não é cumprida», rematou, cruelmente, Shaq.
Vem isto a propósito da época do Benfica, que ainda pode ser campeão. Se for irá formar-se um coro a cantar afinadinho o sucesso. Essas eram as expectativas no início da época, depois de uma temporada de reconquista do título e de forte investimento financeiro na equipa. Mas, não estando a equipa a corresponder às expectativas, o mais provável, para quem é realista, é o Sporting ser campeão e o Benfica acabar em segundo lugar.
A época será, nessas circunstâncias, um fracasso? Será Rui Costa que terá de responder a essa pergunta e agir em conformidade. Sem meias palavras: terá de decidir o futuro do treinador. Aqueles que não hesitarão na condenação implacável de Roger Schmidt e até do presidente exigirão mudanças. Desde logo o despedimento do treinador. Rui Costa terá, pois, de refletir sobre sucesso e fracasso. E, seguramente, mesmo desconhecendo-se como vai baixar o pano da época, já sabe tudo o que precisa para decidir. Conhecedor profundo do balneário, da capacidade e método dos treinadores, sabe melhor que ninguém como trabalha Schmidt e o que dele pensam os jogadores. Isso chega. Consideremos nós, no final, a época do Benfica um fracasso ou não, sejamos ou não promovidos todos os anos ou cuidemos, como fazemos, da nossa família."

Sporting-Benfica: o dérbi com impacto no futuro de Amorim e Schmidt


"Nunca me esqueço do episódio da lã de vidro na Luz e como as coisas poderiam ter sido diferentes nessa edição, caso Leonardo Jardim tivesse mesmo surpreendido Jorge Jesus

Dizem os treinadores que o jogo não é decisivo (e concordo sobre este); que se pensa jogo a jogo; que o próximo jogo é o mais importante; dizem os treinadores que não se sabe qual é o jogo decisivo num campeonato; tudo aquilo são verdades, como também é verdade que há sempre um dia que é mais importante do que os outros. Pois bem, esse dia está aqui, chegou na ressaca de um dérbi para anunciar-se como o dia em que se joga outro.O Sporting-Benfica não decide quem é campeão, mas decide em que termos se joga a caminhada até lá.
O dérbi traz com ele toda as possíveis análises sobre um jogo de futebol. A técnico-tática, claro, que apesar de todos os especialistas nos dizerem que é a mais importante da equação torna-se demasiado redutora e analítica para estes jogos.
A emocional, que realça temperamentos em campo, explica estados de alma apesar das, estratégias e ordens de treinadores e que tantas, mas tantas vezes faz a diferença, seja por um comportamento coletivo generalizado, seja por inspiração ou insurreição individual – sim, que os cartões vermelhos surgem muitas vezes daqui…
É nesta dicotomia que tantas vezes se aborda o olhar sobre o jogo. Os «táticos» raramente contemplam, ou desvalorizam, que uma emoção seja decisiva num jogo de futebol; os emocionais argumentam tantas e demasiadas vezes que não há atitude, quando o problema é, na realidade, tático. Há os que rejeitam que o público «joga», há os que acham que faz toda a diferença.
A verdade é que há tanta coisa a suceder num estádio de futebol antes e durante um jogo que qualquer coisa pode influenciar o encontro, o seu desenrolar e, logo, o seu resultado – nunca me esqueço do episódio da lã de vidro na Luz e como as coisas poderiam ter sido diferentes nessa edição, caso Leonardo Jardim tivesse mesmo surpreendido Jorge Jesus com um Sporting diferente do habitual (ficou sem o efeito surpresa com o adiamento do dérbi).
Assim, diria que o grande desafio do Sporting tem duas vertentes: deixar fantasmas para trás e não pensar no facto de que o Benfica até tem mais vitórias como visitante no dérbi do campeonato do que o próprio leão como visitado; perceber como inverter a supremacia futebolística que a águia demonstrou nos últimos 90 minutos jogados entre as duas equipas.
Assim, diria que o grande desafio do Benfica tem duas vertentes: refugiar-se naquela mesma estatística para acreditar que é possível voltar a vencer o leão no seu reduto; conseguir fazer o que ainda ninguém fez e travar um ataque que marcou golos em todos os jogos de Liga e que fez pelo menos dois nos últimos 15 encontros.
O grande desafio está aí, pelas 20h30, em Alvalade. E o que ali acontecer terá repercussões tão grandes que nem se sabe o que vai suceder a Amorim e Schmidt: porque as decisões umas vezes são táticas, outras vezes emocionais e podem ser influenciadas por tanto que se passa à volta."

Futebol com Todos: Lisboa é diferente em dia de dérbi


"O que tem Ary dos Santos a ver com o grande clássico do futebol português?

Não estou certo de que José Carlos Ary dos Santos fosse grande aficionado do futebol. É uma confissão de ignorância biográfica sobre um dos poetas que melhor soube fazer cantar Lisboa. Sei, de ciência certa, que se tivesse o talento dele escreveria um poema sobre os dias de dérbi na capital.
Um Sporting-Benfica como o de hoje extravasa largamente as fronteiras da cidade e do País. Mas há em Lisboa, logo pela manhã destes dias, uma atmosfera diferente. Ao fim de semana sente-se mais: nos mercados muitas bancas enfeitam-se com as cores do clube mais querido; os clientes assíduos não escapam a uma provocaçãozinha ou a uma palavra de alento — consoante as cores, lá está. Nos cafés nem se fala. Com o correr das horas as ruas pintalgam-se de vermelho e verde. Até quem abomina o futebol sabe que é um bom dia para escolher um programa diferente e deixar Lisboa viver o dérbi com os que o sentem.
Ary dos Santos escreveria sobre esta magia e Carlos do Carmo, mesmo tendo sido o belenense que conhecemos, cantá-la-ia como ninguém.

De chorar por mais
OK, é na Arábia. Mas andam lá muitas estrelas ou ex-estrelas e Cristiano Ronaldo continua como sempre: melhor que todos os outros.

No ponto
Registo de interesses: trabalhei com Pedro Dias vários anos. Interesse como cidadão: grande escolha para a secretaria de Estado do Desporto.

Insosso
A pressa às vezes é travada com estrondo. Aconteceu ao início das obras da Academia do FC Porto na Maia, que foram suspensas.

Incomestível
Por causa de poucos, muitos benfiquistas podem ser impedidos de apoiar a equipa em Marselha. A magia de que falo acima não é esta."

Antero e o Poder

João Diogo Manteigas, in A Bola

Obrigado, João


"A evidência caiu-me em cima com a força de uma entorse no tornozelo direito

Quando era mais jovem tinha alguma competência para jogar à bola. Não era apenas vaidade, eram os outros que também o reconheciam nos torneios e jogos em que participava com amigos em Chelas — atenção Sam The Kid, estamos juntos: Chelas, não Marvila.
Tínhamos lá no bairro uma equipa bem talentosa, diga-se como nota de rodapé, mas o tempo encarregou-se de nos fazer a todos descer à realidade e não foi um processo fácil. Para mim certamente que não foi — começar a perceber que imaginava tudo na minha cabeça, a jogada perfeita, mas que as pernas depois não obedeciam nesse sentido e o que antes eram instantes passavam a ser eternidades entre o momento em que os pensava e os executava.
A gota de água foi querer correr para a frente e haver uma força misteriosa que me abraçava e puxava para trás.
Mesmo assim fiz vista grossa à evidência, mas ela caiu-me em cima com a força de uma entorse no tornozelo direito que se ouviu de uma ponta à outra do campo no Restelo. Disse adeus sem glória.
Penso muitas vezes em voltar a jogar, mas tenho medo de me aleijar novamente e também medo de ficar muito desapontado com o rendimento, inevitável.
Ao meu nível e com boa dose de presunção, percebo os atletas de alta competição quando caminham para o final da carreira. É que na essência somos todos iguais, muda apenas o contexto e o que está à nossa volta. É difícil para todos admitir que acabou, que é o the end, que c’est fini. E muito mais difícil por isso é acertar no timing certo para sair por cima, quando ainda estamos a ganhar, ou pelo menos não a perder sempre.
Há dias, por exemplo, saiu de cena o melhor tenista português de todos os tempos, que na parte final da carreira talvez não tenha dado a devida importância aos sinais, mas que mereceria, certamente, um reconhecimento bem diferente de Portugal e dos portugueses neste ponto final: João Sousa. Despediu-se com derrotas em singulares e pares no Estoril Open deste ano, depois de entre outros marcos importantes ter conquistado quatro títulos ATP 250 (Kuala Lumpur em 2013, Valência em 2015, Estoril Open 2018 e Pune em 2022) e atingido — coisa nunca vista ou repetida — um 28.º lugar do ranking mundial. Fez o seu último jogo da carreira no passado dia três de abril, mas o momento foi, lamentavelmente, uma nota de rodapé no desporto português.
Não sou nem nunca fui entusiasta da modalidade, mas se cresci também a olhar para ela foi muito por causa de João Sousa.
Não será o melhor timing do mundo, mas aqui vai: obrigado, João."

O outro mercado de transferências


"A janela de contratações não existe em mais lado nenhum do mundo diz o autor deste texto – e não está louco

O mercado de transferências acabou ontem e, como sempre, por esta altura, não se fala noutra coisa no Brasil.
Quem contratou quem? Quem dispensou quem? Onde o craque mais apetecido vai estar de agora em diante? Quem se reforçou melhor? E pior?
Qual dos candidatos está mais bem preparado para os embates que se avizinham? E qual está menos? Sim, uma das principais formações reforçou-se pesadamente – mas a que custo? Outra, pelo contrário, optou por mexer o mínimo possível na equipa – mas não será um risco?
Nos próximos dias vão surgir os ansiados rankings nos jornais sobre o número e a qualidade das contratações. E, em contrapartida, o impacto das baixas.
Sim, como acabou ontem, como sempre, por esta altura, não se fala noutra coisa no Brasil além do mercado de transferências – até porque o mercado de transferências não existe em mais nenhum país.
Perdão? O autor destas linhas endoideceu?
Em primeiro lugar, o mercado de transferências no Brasil terminou a 7 de março e não ontem. O Flamengo, por exemplo, contratou o uruguaio De La Cruz, o melhor negócio de 2024 segundo a maioria dos observadores, o Inter reforçou-se com Borré, outro golpe de mercado muito aplaudido, Luiz Henrique optou pelo Botafogo, que investiu 16 milhões de euros. E Scarpa rumou ao Galo, Everton Ribeiro ao Bahia, Renato Augusto ao Flu...
E que história é essa de o mercado de transferências só existir no Brasil? Há em todo o lado, com janelas de verão e de inverno, fora uma ou outra exceção localizada, muito bem definidas pelos organismos que tutelam o futebol.
Pois é: o mercado de transferências que acabou ontem e é uma especificidade brasileira não tem a ver com futebol e sim com política.
Todos os anos de eleições, durante um mês, do início de março ao início de abril, os deputados, federais ou estaduais, se a eleição for geral, ou vereadores, se a eleição for municipal, como sucede este ano, podem trocar de partido, como um jogador troca de clube. E os partidos podem aliciar os deputados mais competitivos, como os clubes buscam os melhores jogadores.
Soará estranho aos ouvidos portugueses e de eleitores de países onde a identidade dos partidos é forte mas não tanto no Brasil onde, no pântano de cerca de 30 formações com assento parlamentar federal, estadual ou municipal, a maioria, assumidamente, não é de direita, nem de esquerda, nem sequer de centro.
São, no fundo, meras barrigas de aluguer para políticos, numa realidade onde se vota muito mais em pessoas do que em formações partidárias.
Por isso sim, como acabou ontem, por uns dias, não se falou de outra coisa a não ser em quem assinou pelo partido de Lula ou pelo partido de Bolsonaro com vista às eleições municipais porque o Brasil é um país único – e não apenas no futebol."