terça-feira, 12 de março de 2024

Abel está perto de ser para o Brasil o que Arsène Wenger foi em Inglaterra


"Abel Ferreira deu depoimento importante após a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo, de Ribeirão Preto, pelo Campeonato Paulista. Lembrou a todos que só recebeu um cartão amarelo nesta temporada que se inicia no Brasil. Que suas penas anteriores foram cumpridas e que nunca arbitrou partida nenhuma.
Nem nos treinos é ele que leva o apito à boca.
As lembranças acontecem por causa do preconceito exibido pelo diretor do São Paulo, Carlos Belmonte. Depois do empate no Dérbi paulista no Morumbi, em 3 de março, o dirigente apontou à porta do vestiário do árbitro Matheus Candançan e gritou que quem apitou foi "o português de merda."
Duas semanas antes, um antigo presidente do Corinthians, Mario Gobbi, afirmou que Abel quer mudar o futebol do Brasil. Tudo porque diz que o calendário brasileiro tem jogos demais, o que é avalizado por toda a imprensa do país há mais de trinta anos.
Abel não é o primeiro português a dirigir um time brasileiro e já houve muitos vencedores por lá. Jorge de Lima, Joreca, foi campeão três vezes pelo São Paulo, na década de 1940.
Cândido de Oliveira dá nome à nossa Supertaça e dirigiu o Flamengo, em 1950.
Mesmo assim, Abel parece às vezes estar para o Brasil como Arsène Wenger está em Inglaterra.
Recorda-te do que disseram os ingleses à chegada do primeiro francês à Premier League? "Arsène, who?", ao perguntarem quem era. Muito piores os anos seguintes. Arsène foi acusado de tentar perverter o futebol em Inglaterra, por sugerir o fim das bebidas alcoólicas, mais tarde relatadas como um problema em livro de Alex Ferguson, britânico.
Wenger tornou-se o primeiro nascido fora da Grã-Bretanha e Irlanda a ganhar o campeonato. Também foi acusado por mudar a alimentação dos atletas, pedir a troca de carne vermelha por frango, de introduzir massa nas refeições pós-partidas. Tudo o que hoje é consensual no mundo, Wenger foi acusado de fazer.
Mas nunca apontado como precursor, embora seja o primeiro não britânico a vencer.
Muitos anos mais tarde, Gary Lineker teve de se defender por imitar o sotaque francês de Arsène Wenger. Jurou não haver xenofobia, como Belmonte disse não existir no episódio com Abel. No Brasil, há até os que se apoiam na sociologia, para dizer que não se pode ser xenofóbico com alguém do país colonizador.
Ora, o Rio de Janeiro foi capital de Portugal entre 1808 e 1822. Se não há xenofobia, há preconceito. Ou português de merda é um elogio, por acaso? 
Abel fala do calendário, porque tenta ajudar o Brasil, o país em que reside e trabalha. Paga impostos, também. Abel xinga árbitros, mas não é o único. Fernando Diniz ganhou a Libertadores pelo Fluminense e recebeu mais cartões vermelhos do que Abel Ferreira. Abel é acusado de chutar microfones de televisão à margem do campo. Jorge Sampaoli fez o mesmo.
Diz-se que Abel reclama muito com os árbitros e assistentes. Mano Menezes, Muricy Ramalho, Luiz Felipe Scolari, Renato Portaluppi... Todos fazem, porque os tribunais não punem.
Arsène Wenger fazia.
Em 2009, quando já vivia em Inglaterra havia 23 anos, Wenger reclamou de um gol anulado de Van Persie, contra o Manchester United. Chutou para o alto uma garrafa de água e foi excluído de campo. Subiu para as tribunas de Old Trafford.
Sem lugar para se sentar, pôs-se em pé em frente ao campo, abriu os braços e perguntou ao árbitro para onde deveria ir. Foi insultado por adeptos do Manchester United e condenado pelos analistas britânicos.
Para sempre será lembrado como o primeiro treinador a ganhar o campeonato inglês sem ter nascido em Grã-Bretanha ou Irlanda.
Abel Ferreira está a um troféu de ser o mais laureado treinador da história do Palmeiras, o clube mais vezes campeão do Brasil.
Está para os brasileiros, de certo modo, como Arsène Wenger está para os ingleses."

Vitória merecida


"Nesta edição da BNews, a vitória, por 3-1, frente ao Estoril é o tema em destaque.

1. Triunfo justo
Roger Schmidt afirma que "foi uma vitória importante, como sempre. Merecida, e era necessária". E acrescenta: "Foi importante mostrar que o nosso plantel tem diferentes opções e que outros jogadores podem ganhar jogos e jogar bom futebol. Fizemos um bom jogo, estou contente por isso, mas foi importante dar descanso a alguns jogadores."

2. Objetivo cumprido
Considerado o homem do jogo, com um golo e uma assistência, Kökcü refere que "tínhamos de ganhar, foi isso que fizemos. Estamos felizes por isso, pelos três pontos".

3. Melhor do mês
Rafa foi eleito, pelo Sindicato dos Jogadores, o Melhor Jogador do mês de fevereiro da I Liga. Recorde-se que, nos quatro jogos disputados, marcou cinco golos e fez duas assistências, contribuindo decisivamente para as três vitórias e um empate obtidos.

4. Mais três pontos
As Inspiradoras receberam e venceram o Famalicão, por 2-0. Na opinião de Filipa Patão, "criámos situações para fazer mais golos, não fizemos, mas são três pontos importantes. Faltam-nos seis finais até ao termo do Campeonato, e são seis finais que queremos vencer".

5. Todos à Luz
Em entrevista ao jornal O Benfica, Anna Gasper, um dos esteios da equipa feminina de futebol do Benfica na presente temporada, aborda o percurso benfiquista e partilha as expectativas em relação aos quartos de final da Liga dos Campeões.

6. Outros resultados
No futsal, o Benfica venceu, por 1-5, na visita ao Belenenses; em voleibol, triunfo caseiro, por 3-1, frente ao VC Viana; em râguebi, triunfo, por 49-0, perante o RC Lousã.
Quanto às equipas femininas, vitória no reduto da União Sportiva em basquetebol (52-56); em hóquei em patins, empate a dois golos frente ao CP Esneca Fraga; no voleibol, derrota, por 3-0, na deslocação ao Vitória de Guimarães."

A finitude e a importância do legado


"Os desaparecimentos de Artur Jorge, Rui Rodrigues, Alexandre Baptista e Pietra devem despertar-nos para o que fica no fim dos dias

Há coisas transitoriamente importantes, outras que são estruturalmente importantes, e da síntese destas duas circunstâncias resulta o legado que cada um deixa. No que respeita a quem, num determinado período, mais longo ou mais curto, vive iluminado pelos holofotes da fama, tem o nome na comunicação social, e é reconhecido nas ruas, por vezes torna-se difícil gerir o day after, e fá-lo-á tanto melhor quanto tiver consciência da inconsistência dos tempos de maior visibilidade.
Porque a lei da vida ordena que um dia tudo acabe. Aos 66 anos, e com uma carreira profissional no futebol de 15 épocas, sou capaz de fazer uma equipa de antigos companheiros, que partilharam comigo balneário pelo menos durante uma temporada, que já partiram, a maioria precocemente (entre parêntesis, o clube onde nos cruzámos e a idade que tinham quando faleceram): Bento, (Benfica, 58); Pietra (Benfica, 70), Carlos Alhinho (Portimonense, 59), Frederico (Benfica, 61) e Tião (Portimonense, 64); Arnaldo (Montijo, 54), Eurico Caires (Belenenses, 37) e Rui Filipe (Espinho, 26); Manoel (Portimonense, 62), Artur Jorge (Belenenses, 78) e Chalana (Benfica, 63), a quem podia acrescentar Neno (Benfica), Fernando Martins (Portimonense), Nelsinho (Portimonense), Hertz (Belenenses), Evaristo (Montijo) e Gilberto (Montijo).
De cada um guardo memórias associadas ao futebol, mas não será isso que essencialmente os define. Porque - e se calhar isto pode servir de lição a quem hoje pensa que tem o mundo na mão sem cuidar do amanhã - há valores muito mais altos que se levantam. E é aqui que entra Minervino Pietra, que velaremos esta noite na igreja de Alcabideche, que será recordado do grande público pelo extraordinário futebolista que foi, e por quem com ele privou por qualidades que o acompanharam até ao último suspiro: personalidade forte, frontalidade, amigo do seu amigo, profunda humanidade por baixo de uma capa de miúdo reguila da Ajuda, e um sentido de lealdade absolutamente blindado a qualquer tentação. Escrevi, na primeira pessoa, na edição de sábado deste jornal, um artigo em que contei algumas histórias reveladoras da personalidade de Pietra. E vou aqui partilhar o título que tinha, e que apesar de traduzir com fidelidade quem ele foi, não pôde entrar, por uma questão de espaço. Dizia assim: «Morreu Pietra, um gajo do caraças.» E é assim que o recordarei para sempre. Um gajo do caraças!"

Cabeçada de Matheus Reis em tribunal


"Em Inglaterra, quando Hazard agrediu um apanha-bolas em 2013, cumpriu três jogos.

No dia 20 de agosto de 2022, no jogo entre o FC Porto e o Sporting, Matheus Reis terá dado uma cabeçada num apanha-bolas menor de idade. Se foi agressão ou não, e a presunção de inocência aplica-se aqui, é questão para os tribunais decidirem. Isto porque o Ministério Público decidiu acusar o jogador do Sporting de Ofensa à Integridade Física Simples.
Como sabemos esta questão já foi objeto de julgamento pelo Conselho de Disciplina da FPF, tendo este decidido de modo diferente, considerando que «(...) todos os elementos da equipa de arbitragem, incluindo VAR e AVAR, (...) viram as condutas em apreço em toda a sua extensão, tendo realizado o respetivo ajuizamento (...)», que foi cartão amarelo.
Assim, como o jogador já foi punido nos termos da doutrina do campo de jogo, que segundo o Conselho de Disciplina tem aplicação no caso vertente, o Conselho de Disciplina autocoloca-se, cito, «fora de jogo». Tudo porque defendem que os elementos da equipa de arbitragem vieram aos autos afirmar que percecionaram os lances em toda a sua extensão.
Esta doutrina do campo de jogo, de origem jurisprudencial, diz que aquilo que já foi julgado pela equipa de arbitragem não o pode ser outra vez. Ora, o Regulamento Disciplinar da FPF prevê, no seu art.º 148, n.º 1, que o «jogador que agrida fisicamente agente desportivo - e o apanha-bolas é um agente desportivo - (...) é sancionado (...)». A doutrina aplica-se aos que fazem parte do jogo, jogadores, árbitros e treinadores, mas não deve ser aplicada ao apanha-bolas, que é menor e não participa, mesmo que seja, e é, agente desportivo, art.º 4, alínea, b) do regulamento. Em Inglaterra, quando Eden Hazard agrediu um apanha-bolas em 2013 cumpriu três jogos de suspensão!
O Ministério Público, porém, tem opinião diferente. Considerou que a cabeçada foi ofensa corporal punida pelo n.º 1 do art.º 143 do Código Penal: «Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.» E, claro, acusou Matheus Reis. Mas só o fez porque o apanha-bolas, ou melhor, os pais por ele, fizeram queixa no âmbito do n.º 2 do já referido código, que diz que o «procedimento criminal depende de queixa (...)».
O rapaz não terá sofrido qualquer lesão, pelo que fica nas mãos do tribunal decidir. É provável que a sentença fique pela pena de multa ou outra sanção que não envolva prisão. Realço que uma vez mais vemos um caso em que a jurisdição é dupla: o Conselho de Disciplina decidiu sobre um assunto em que os tribunais também vão decidir (art.º 6 n.º 1 do regulamento disciplinar).
Hoje o Direito ao Golo é inspirado no Dia da Mulher, comemorado na passada sexta-feira, pelo tanto que as mulheres têm feito pelo desporto nacional ao longo das últimas décadas - como esquecer aquela Maratona da Rosa Mota em Seul - e pela sua capacidade intrínseca de superação, génio e força para conquistar tudo o que desejam."

Arbitragem: assim não


"Se os árbitros vão apenas dizer o que apitaram, então mais vale mesmo estarem calados

A arbitragem portuguesa está sempre debaixo de fogo. Muitas vezes injustamente, diga-se. Outras com razão de quem lhe aponta o dedo. É o caso desta jornada e sobretudo do que se passou na Luz, no Benfica-Estoril.
Comunicar para o estádio e para quem vê em casa é um ótimo passo para desmistificar teorias e devia ser aproveitado para esclarecer situações.
No fundo, para educar um público sempre ávido de criticar e pouco conhecedor das regras. Sim, pouco conhecedor.
Faça este teste. Quando começar um debate sobre futebol e, sobretudo, sobre a arbitragem, faça a simples pergunta ao seu interlocutor: quantas Leis tem o jogo de futebol?
A partir daí podemos começar a falar. Ou não, porque muitas vezes não vale a pena dialogar com quem não pretende aprender, apenas criticar.
Não posso, porém, deixar de apontar o dedo desta vez. Em duas situações, nesta jornada, tivemos dois árbitros a falar para o público: no estádio, na rádio, na TV e em todas as plataformas digitais. Não se trata de discutir as decisões, para isso temos nas páginas de A BOLA o Duarte Gomes em todos os jogos que envolvem os candidatos ao título e o Pedro Henriques nos clássicos e dérbis na opinião-vídeo. Trata-se, sim, de criticar para se evoluir.
A comunicação de Fábio Veríssimo no Rio Ave-SC Braga foi melhor do que a Manuel Oliveira no Benfica-Estoril.
Nos Arcos, ainda se esclareceu que havia um fora de jogo posicional.

«Após revisão, jogador atacante n.º23 em posição de fora de jogo interfere com um defensor no início da jogada. Decisão final fora de jogo, cancelar o golo.»

O que está a negrito explicita para quem não tem apoio das imagens o que sucedeu e o que esteve na base da decisão.

BENFICA-ESTORIL
Já o que aconteceu na Luz foi muito diferente. Manuel Oliveira usou o intercomunicador para simplesmente dizer que não havia falta de Mangala sobre Marcos Leonardo. Após a comunicação para o estádio, ficámos a saber exatamente o mesmo. Que o árbitro considerou que não há falta.
O que se devia ter feito era justificar porque é que o lance entre Mangala e Marcos Leonardo não é passível de infração. Para dizer que não há falta, não é preciso fazer-nos perder tempo, basta mandar seguir o jogo.
A ideia de ligar um intercomunicador e falar às pessoas seguramente que não é esta que se passou neste fim de semana. Os árbitros têm de saber explicar as decisões e não apenas anunciá-las. Porque se vão apenas dizer o que apitaram, então mais vale mesmo estarem calados. Estamos mesmo, mesmo no início. Mas convém atacar a questão logo de princípio, para não se criarem maus vícios ou novas teorias."

Penálti sobre Marcos Leonardo!


"ALGUMAS QUESTÕES SOBRE UMA DECISÃO INADMISSÍVEL

Para que se não diga que estas questões servem de desculpa para um mau resultado, vale a pena colocá-las em cima de uma vitória inequívoca.
1. Já é grave que Manuel Oliveira não tenha visto a falta sobre Marcos Leonardo em jogo corrido. Mas como foi possível que depois de chamado pelo VAR a visualizar as imagens não tenha assinalado um penálti tão evidente? Só há duas hipóteses: é Manuel Oliveira desonesto ou é Manuel Oliveira incompetente? Ou, terceira hipótese, é as duas coisas?
2. Vai o Conselho de Arbitragem castigar exemplarmente Manuel Oliveira? Ou vai ele para uma "jarra" da treta, aproveitando para faturar em grande lá fora? É para continuar a descredibilização da arbitragem?

3. De que servem as (novas) intervenções públicas dos árbitros para justificarem as suas decisões se, em vez de as explicarem, apenas as anunciam? Estão a querer enganar quem? Ou estava Manuel Oliveira a querer enganar quem?
4. Pode um árbitro da AF Porto, que já foi visto e fotografado nos camarotes do estádio do Dragão, apitar jogos do Porto e de outros candidatos ao título?
5. Nesta jornada tivemos outro lance de penálti mal decidido: falta de Matheus Reis, aos 70 minutos de jogo, em Arouca, quando o Sporting vencia apenas por um golo de diferença. Sabendo-se que à medida que a Liga caminha para o fim as más decisões arbitrais tendem a ter cada vez mais influência na classificação, que medidas tem o Conselho de Arbitragem pensadas para garantir a verdade desportiva da competição?"

Lata!


"Sobre a arbitragem de ontem, só nos apraz recordar que Manuel Oliveira é o árbitro que ficou conhecido por frequentar os camarotes do Estádio do Dragão, além de ter omitido num relatório os graves incidentes provocados por elementos do FC Porto frente ao Casa Pia, no ano passado."

Escândalo...


"Isto é um ESCÂNDALO!! Querem um futebol com verdade desportiva!?
Só se for com a verdade que interessa a quem tem equipas de juízes e magistrados muito amigos.
Não marcar penalti neste lance é uma fraude.
O futebol português tornou-se fraudulento. E o mais engraçado é que nem vai ser tema em nenhuma imprensa. O que anda a fazer o VAR?
O Matheus Reis nem toca na bola!!
Ninguém quer saber. Está entregue o campeonato!
É praticamente impossível lutar contra isto..."

Regras!

Com novas coligações, Benfica vence Estoril mas sem maioria absoluta


"Encarnados regressam aos triunfos (3-1) na liga com um onze renovado e Marcos Leonardo a pedir mais minutos. Mas a qualidade de jogo propalada por Roger Schmidt ainda está longe de outros tempos mais áureos na Luz

Já com as urnas fechadas, o Benfica apresentou-se frente ao Estoril com novas coligações no onze. Por gestão ou vontade de abanar, Roger Schmidt deixou João Neves, Di María e Rafa no banco, chamando Marcos Leonardo e Tiago Gouveia para a frente. João Mário, Florentino e Kokçu formaram a linha média, com Tomás Araújo a substituir o castigado Otamendi.
Sangue novo para voltar às vitórias, objetivo número um conseguido, mas sem a maioria absoluta que o Benfica necessitaria para afastar fantasmas depois da rábula protagonizada no Dragão e do empate com o Rangers, que parece ter agradado ao treinador encarnado, mas não aos adeptos. O 3-1 fez-se de bons golos marcados nos momentos certos e de um Estoril que soube reagiu, nem sempre a tempo.
A equipa de Vasco Seabra, que esta época afastou o Benfica da final da Taça da Liga, chegou à Luz com vontade de baixar o ritmo num arranque que já se esperaria forte dos encarnados. Nos primeiros minutos, os encarnados raramente conseguiram construir caminhos para o último terço e o golo monumental de Kokçu, aos 19’, terá evitado uma queda abrupta na ansiedade. Um golo que começa numa recuperação alta de Tomás Araújo (excelente jogo), com David Neres a ver bem a entrada do internacional turco, que de primeira disparou ao ângulo, num dos mais belos golos deste campeonato.
Pontapeadas algumas preocupações iniciais, do Benfica esperar-se-ia um carregar no acelerador. João Mário esteve próximo de aumentar a vantagem num remate de primeira após incursão de Aursnes pela esquerda e a Luz animada. Do outro lado, o Estoril ia farejando ataques rápidos.
Que resultaram mesmo no empate, não sem demérito da defesa do Benfica e de Trubin. António Silva deixou fugir Heriberto pela direita e o guarda-redes ucraniano respondeu mal ao cruzamento, deixando a bola à mercê do potente remate de Rodrigo Gomes. O minuto era o 22 e o Estoril avançava sem freio, em correrias longitudinais, rápidas, intensas, em busca de algo mais.
E no período em que sentia mais dificuldades, o Benfica marcou. Já se contavam minutos para lá dos 45’ quando Marcos Leonardo, talvez insatisfeito com a falta de consistência anunciada pelo seu treinador, o brasileiro respondeu com golo à assistência de cabeça de Tiago Gouveia - são cinco golos no campeonato para Marcos Eduardo e lá de falta de consistência não o podem acusar.
O 2-1 no marcador não era definitivo e o Estoril tinha mostrado na 1.ª parte que podia criar desconfortos no Benfica. Tiago Gouveia, logo aos 49’, com um belo lance individual e um eficaz remate cruzado, trouxe mais tranquilidade, dando sequência à pressão que os encarnados haviam trazido do balneário.
Os dois golos de vantagem permitiram ao Benfica controlar, mas foi notória, a espaços, a falta de soluções para chegar mais vezes à área do Estoril, que a partir da entrada de Alejandro Marqués, a meio da 2.ª parte, voltou a estar ligado à corrente. O avançado nascido na Venezuela teve boa oportunidade aos 69’, num remate cruzado que Trubin defendeu atento, e Guitane ganhou nova força - grande jogada individual aos 85’, com novamente o ucraniano a salvar.
Mesmo que João Neves ainda tenha enviado uma bola aos ferros já nos últimos instantes, seria o Estoril a terminar o jogo por cima, na busca incessante de um golo que colocasse a equipa de novo na partida. Ainda assim, a 2.ª parte encarnada é melhor que a 1.ª, mais clarividente, com jogadores claramente a aproveitarem as mudanças de Schmidt - Marcos Leonardo e Tiago Gouveia com as exibições mais vistosas, mas Tiago Araújo foi um dos melhores do Benfica, que com mais três pontos não deixa fugir o Sporting."

Jogo morno, vitória tranquila e... Manuel Oliveira!


"Benfica 3 - 1 Estoril

Antes do jogo:
> Porque não marcou o Benfica este jogo para as 18h00 como o Sporting? Às 20h30 estão as emissões das televisões ao rubro com as eleições. Vamos ver se chegamos hoje aos 45 mil na Catedral.

Durante o jogo:
> Nova revolução na equipa. Vários jovens menos utilizados na equipa. Alguns intocáveis de fora. Carrega, Benfica!
> 1 min por Pietra. Respeito!
> 15 min sem nada para anotar e sai um golão do Kökcü!!!
> 21 min e agora do nada sai um golo deles: 1-1.
> 36 min Tochas no relvado. A maior e mais merecida vaia da noite. Para quando um ponto final nesta vergonha?
> 45+2 min Sem dinâmicas, sem criatividade, já ecoavam assobios na Luz quando, por fim, uma jogada coletiva com perigo para o Tiago Gouveia assistir e o Marcos Leonardo mandar lá para dentro. Este miúdo não perdoa.
> Polícia de choque aqui na zona de um dos bares do meu sector. De prevenção para eventuais contestações ao Schmidt, só pode. Ao que isto chegou... Melhor seria impedirem a malta das tochas de asneirar.
> 48 min e o Tiago Gouveia a mostrar como é: um para um, aceleração e remate cruzado. 3-1!
> 53 min Tomás Araújo além de bons pés tem uma velocidade impressionante. Precisa e merece mais minutos.
> 67 min Penalti, só pode ser penalti. VAR chamou. O Manuel Oliveira diz que não. Estamos no patamar do gamanço.
> 76 min Manuel Oliveira continua o seu show.
> 90 min Este já está. Venha Glasgow."

Temos as melhores praias, Jurgen


"Liverpool vai perder Klopp no final da época, mas não será o único a lamentá-lo

O confronto de domingo em Anfield, entre o Liverpool e o Manchester City valia liderança da liga inglesa - quem riu por último foi o Arsenal depois de 1-1 no marcador -, mas também muito mais do que isso. Depois de oito juntos, o último encontro – última dança, como agora se diz –,entre Jurgen Klopp e Pep Guardiola na Premier League, talvez aconteça ainda na Taça. No confronto direto, o alemão tinha 12 vitórias, o espanhol tinha 11, no fim deu empate e um longo abraço.
No final de janeiro Klopp chocou todos com o anúncio de que ia deixar o clube no final da época. A partir daí tudo seria o ‘último qualquer coisa’. Estava sem energia e, aos 56 anos, queria mais; «não sei como é a vida normal, por isso não sei do que tenho saudades», disse no dia em que se soube da saída. Em oito anos desgastou-se, mudou muito, trocou o cabelo meio comprido pelo boné e tirou os óculos que lhe enquadravam o sorriso quase sempre aberto. Guardiola disse estar aliviado, mas resumiu tudo assim: «Parece de que nos vai deixar a nós também.»
Na antevisão ao jogo, Pep disse ter a sensação de que ele ainda vai voltar; Klopp foi mais uma vez cavalheiro: «O Pep fez de mim um grande treinador. Sei que sou muito bom no que faço, não sou mau, mas ele é o melhor do mundo.» Que saudades vamos ter desta e de outras frases, de conferências de imprensa divertidas, zangadas, de explosões e gritos a contagiar as bancadas de Anfield no banco.
Apesar da mensagem clara que deixou – parar mesmo - continuou nos dias seguintes a ser apontado a bancos que vão ficar vagos no verão: Barcelona, ou entretanto Bayern Munique. Estaríamos todos em negação.
Mas ele não quer. Vai fazer coisas normais. Ir ao supermercado, ver museus ou saltar de paraquedas, não sei. Mas imagino-me a vê-lo no verão de cadeira ao ombro, geleira numa mão, saco de toalhas na outra, a entrar numa praia cheia de gente no Algarve, onde também nunca estará alone."