quinta-feira, 7 de março de 2024

Nota de pesar


"Faleceu o nosso sócio António-Pedro Vasconcelos, um homem da cultura e de benfiquismo devotado e sem limites.

O Sport Lisboa e Benfica endereça as suas mais sentidas condolências à família do nosso sócio António-Pedro Vasconcelos, um homem da cultura e de benfiquismo devotado e sem limites.
A morte de um dos cineastas portugueses de maior reconhecimento deixa a cultura portuguesa mais pobre.
Com 84 anos, António-Pedro Vasconcelos era sócio do Sport Lisboa e Benfica, tendo exercido uma atividade pública notória na defesa do prestígio, da reputação e da imensa grandeza do nosso Clube, com um posicionamento independente, crítico e apaixonado.
À família e amigos, o Sport Lisboa e Benfica manifesta solidariedade e presta homenagem neste momento difícil."

Amar o Benfica é sofrer. Mas não devia


"Nos últimos anos o Benfica teve a possibilidade de ser campeão invicto. Perdeu com o golo do Kelvin no último minuto. Teve a possibilidade de vencer a Liga Europa duas vezes. Perdeu com outro golo no último minuto e nos penáltis. Teve a possibilidade de fazer a festa de campeão duas vezes no Dragão e uma vez em Alvalade. Falhou nas três vezes.
Nos últimos anos, o Benfica levou uma manita do FC Porto duas vezes (três, se contarmos com a de 1996). Deixou o FC Porto ser campeão na Luz duas vezes. Falhou o Pentacampeonato com um golo de Herrera no último minuto. Falhou o acesso a uma terceira final da Liga Europa, sendo eliminado pelo Braga nas 1/2 finais. Venceu apenas três Taças de Portugal nos últimos 25 anos. Continua a perder mais campeonatos do que aqueles que vence.
Quando o Benfica foi campeão em 2005, depois daquela longa travessia no deserto chamado "Vietname", houve um desabafo de um adepto no Marquês que me ficou na memória: «O Benfica é algo que se sente cá dentro. E é sofrer, sofrer, sofrer, até mais não...pelo Benfica. É sempre assim.»
O Glorioso sempre foi um clube muito português na questão do fatalismo, do saudosismo, daquela ânsia pelo pico e nunca lá chegar. Ou chegar e não mais lá voltar. Existe um certo fado associado a Portugal e existe um certo fado associado ao Benfica. É o D. Sebastião que nunca mais volta. Mas que continuamos a acreditar que num dia de nevoeiro voltará.
Já nos tempos do Eusébio o Benfica, depois de tocar no céu, tornou-se no clube amaldiçoado que ia às finais da Taça dos Campeões e as perdia. Que tentava igualar o tetracampeonato do Sporting dos Cinco Violinos, mas que falhava sempre em anos de Mundiais e nunca passava do Tricampeonato. Que em 1960 chegou à última jornada a poder ser campeão invicto e perdeu com o Belenenses em casa. Que em mais do que um campeonato nos anos 40 e 50 perdeu-os por diferença de golos para o FC Porto. O Benfica é um gigante com pés de barro.
Estas coisas vão marcando a identidade de um clube. Não necessariamente o que referi dos anos 40 e 50. Vamos ser francos, já ninguém se lembra disso. É uma curiosidade num livro de História. Mas as manitas do Porto? O Kelvin? Aquele Maio de 2013? Todos estes falhanços no cume da montanha? Isso marca profundamente.
E sim, há um lado romântico nisto: o apoio que os Benfiquistas no Dragão deram na segunda parte chegou a ser comovente. Obrigou Sérgio Conceição a puxar pelas suas bancadas. E certamente na quinta-feira a Luz estará novamente muito bem composta, mesmo que com uns milhares a menos do que o (recente) habitual. Lembro-me sempre daquela história (será lenda?) que no jogo seguinte ao descalabro de Vigo em 1999 houve um adolescente que levou uma camisola para a Luz que dizia «Nem que fossem 14».
Mas...o Benfica não devia ser isto. O Benfica não pode ser isto. Tem de parar de ser sofrimento. Tem de parar de ser fado. O Benfica não é a aldeia do Astérix. O Benfica é o Império Romano. Quem se devia sentar num canto a carpir mágoas deviam ser os adversários do colossal clube Português.
Até porque há uma distinção. O que o Benfica viveu dos anos 90 para trás foi fatalismo (no meio de muita glória). Mas dos anos 90 para a frente já não é fatalismo (no meio de alguma glória). É incompetência. É falta de identidade. É falta de paixão.
Quando Benfica e Porto se encontram, eu sinto que do lado azul está o povo e do lado vermelho estão os burgueses. E odeio isso. Porque lá está, a matriz do Benfica não era essa. Eles estão dias a preparar-se para este encontro e nós vamos para lá de autocarro no dia do jogo. Eles estão dispostos a comer a relva e a gritar «até os comemos» e os nossos vão de sorrisos e de flores nas mãos.
Nos anos 80 ficaram famosas no Real Madrid as reviravoltas que o clube Madrileno fazia no Bernabéu. Valdano dizia que os rivais sentiam medo cénico de jogar no estádio blanco. E Juanito dizia que uma das regras para essas reviravoltas era que o Real Madrid tinha de rematar à baliza do inimigo logo no primeiro minuto. E que depois disso os restantes 90 minutos seriam molto longo para o adversário.
O FC Porto faz sempre isso ao Benfica no Dragão. Não foi no primeiro minuto, mas ao segundo já o clube azul tinha criado a primeira grande oportunidade. Foi notória a diferença de intensidade entre os dois conjuntos. Para além do banho tático que Conceição deu a Schmidt. O FC Porto quer sempre mais do que o Benfica. E eu odeio isso.
Mas claro, não é só isso. Conjeturas históricas à parte, complexos psicológicos à parte, o Rei já ia nu há algum tempo. Está à vista de todos que o Benfica deste ano joga mal, não tem valor coletivo e vai valendo pelas suas individualidades. A goleada que levou no Dragão já a podia ter levado com a Real Sociedad, com o Inter ou com o Sporting.
Roger Schmidt perdeu o fio à meada e o Benfica continua a ser o clube burguês que gasta muito mais dinheiro do que os outros e não consegue sair desta cepa torta. Que faz um ano bom e três anos maus.
Enfim. Suspiro.
Quinta-feira lá estaremos para enfrentar a horda de escoceses. Quem sabe esteja um dia de nevoeiro e apareça o D. Sebastião."

Roger Schmidt perdeu o norte?


"Porque já era esperada a segunda derrota do Benfica na Liga e porque é contestado o técnico alemão

O Benfica foi goleado (e bem) no Dragão, é certo, mas continua a poder ser campeão.
Perdeu com o Sporting, na Taça de Portugal, mas ainda pode dar a volta a essa meia-final no segundo jogo, em casa.
Está nos oitavos de final da Liga Europa, onde pode aspirar a chegar longe – é, desde logo, favorito nesta eliminatória com o Rangers.
Então, quais as razões da contestação a Roger Schmidt?
Pelos números, que ficam para a história, da derrota no Dragão, obviamente.
Por ser a segunda derrota em quatro dias contra os dois históricos rivais, claro.
Mas, sobretudo, porque havia sinais de que este momento podia chegar – e esses sinais ou foram ignorados por Roger Schmidt, ou o técnico alemão não foi capaz de encontrar soluções.
É natural que um treinador ‘chute para canto’ as críticas às exibições da sua equipa, até para tentar evitar focos de instabilidade. Não deve é ignorar os fundamentos dessas críticas; se há problemas, deve tentar resolvê-los.
Valha a verdade, Roger Schmidt procurou uma solução, numa fase anterior de maus resultados, quando mudou para um sistema de três defesas centrais, após a derrota com a Real Sociedad e o empate com o Casa Pia – dois jogos na Luz.
Após nova derrota com os bascos, voltou ao sistema habitual no jogo com o Sporting e venceu.
Esse terá sido o problema: o Benfica foi ganhando jogos, mesmo sem jogar bem. Ou seja, os desequilíbrios foram sendo contornados e disfarçados.
Foram 22 jogos sem perder, com seis empates pelo meio.
O primeiro grande momento de contestação surgiu em dezembro, ao terceiro empate seguido. Rui Costa fez o que lhe competia: apoiou o seu treinador e tentou melhorar as condições da equipa.
A agilidade mostrada no mercado de janeiro melhorou um plantel que já era forte, pensando também no futuro, mas parece não ter colmatado as maiores carências do presente e, seguramente, não respondeu (pelo menos, para já) às maiores angústias do adepto: quem é o lateral esquerdo, quem é alternativa a Bah na direita, porque não joga Aursnes no meio-campo e quem é o ponta-de-lança?
Ao contrário da época passada, Roger Schmidt não tem uma equipa-tipo definida – ou não consegue fazer funcionar a sua ideia de jogo.
A pressão alta já não é o que era, a transição defensiva é sofrível, a organização falha.
E agora vieram estas duas derrotas. E o adepto, que já não andava satisfeito, ficou zangado.
Os números do Dragão pesam. Mas já houve outros jogos (Alvalade, sem ir mais longe) onde o Benfica podia ter sido mais castigado.
A diferença é que no Porto toda a equipa caiu e nenhuma individualidade conseguiu brilhar e (tentar) salvar o dia. E o FC Porto fez um grande jogo, convém lembrar.
Ainda por cima, há opções arriscadas: abdicar dos estágios e viajar no próprio dia do jogo não é habitual em Portugal. Não quer dizer que esteja errado; mas pode ser um fator de crítica se algo correr mal. E correu.
Chega para justificar despedir um treinador a quem Rui Costa atribuiu a responsabilidade pela conquista do título na época passada? Não, seria exagerado.
Em defesa de Roger Schmidt, o Benfica ainda pode conquistar troféus esta temporada.
Mas precisa de reencontrar rapidamente o ‘norte’ – por curiosidade, as duas derrotas na Liga foram no Porto e dois dos empates em Guimarães.
Até abril, quando reencontra o Sporting (dois jogos seguidos) tem um ciclo de jogos sem margem para errar, mas que parecem menos complicados.
Schmidt precisa que a sua equipa melhore. Que seja convincente.
Se continuar a acumular dúvidas e críticas, mesmo ganhando jogos, a contestação será inversamente proporcional à confiança.
E esse duplo desafio com os leões pode ser fatal."

Schmidt: ‘E Depois do Adeus’


"Não basta mudar nomes para o técnico alemão conseguir dar outra identidade ao Benfica

Embora desvalorizados durante muito tempo, os sintomas já eram mais do que evidentes. Com dois testes de exigência máxima veio o diagnóstico irrefutável: o Benfica atravessa uma crise de identidade.
Seria extemporâneo olhar para a saída de Roger Schmidt como remédio para o problema, pelo menos agora, mas o técnico alemão não tem conseguido baixar o volume à contestação. E Depois do Adeus, projetam já os críticos mais impacientes. Quis saber quem sou, o que faço aqui, parecem trautear os jogadores do Benfica enquanto procuram referências em campo.
Schmidt pode não estar familiarizado com a canção que Paulo de Carvalho eternizou, mas precisa, com urgência, de renascer estrategicamente para travar o risco de ficar abandonado. O desafio é o mais comum na vida de treinador, sobretudo em clubes vendedores, mas isso não quer dizer que seja simples de ultrapassar. Perder dinâmicas leva menos tempo do que adquiri-las, e por vezes basta trocar um destro por um canhoto para que tudo seja diferente. Schmidt ficou sem o goleador que era defesa e sem o lateral-esquerdo que era 10, e isso já explica muito. O ónus das contratações nunca poderá ser imputado exclusivamente ao técnico alemão, mas se Jurásek é um exemplo claro de mau casting, reforços como Kokçu e Arthur Cabral chegaram já com algum estatuto. Discutir o preço de ambos é válido, mas o que está ainda por esclarecer é se a diferença no perfil — relativamente a quem saiu — foi intencional ou não.
Seja como for, Schmidt já teve tempo mais do que suficiente para perceber que não é possível revalidar o título sem renovar a identidade. Na verdade já o assumiu, mas procurou respostas individuais, e a qualidade de alguns dos jogadores mais talentosos só foi camuflando aquilo que a mera troca de nomes não resolvia. Pior do que isso, travou o duelo entre Arthur Cabral e Marcos Leonardo e reduziu a influência de Rafa, por exemplo.
A mudança pede-se estrutural, mas o Benfica continua agarrado ao sucesso de uma fórmula que já não consegue replicar, como ficou exposto pelos rivais no espaço de quatro dias. Um modelo de jogo que perdeu a sua maior virtude — a capacidade de pressionar em zonas adiantadas —, apesar da insistência (em vão) para recuperar essa marca, com tudo o que isso destapa para trás. Uma equipa que defende à frente sem incomodar, e que depois não responde em transição defensiva. A vontade de sair sob pressão que se esfuma quando a bola chega ao lado esquerdo e é devolvida pela chuteira de Morato, quando antes era acarinhada na canhota de Grimaldo.
As mudanças eram inevitáveis, mas a confusão fica bem patente quando João Mário aparece a fazer aquilo que Kokçu fazia há umas semanas, e vice-versa.
Não basta mudar nomes para conseguir outra identidade. Para ser campeão, Schmidt tem de largar a sua melhor ideia, e o Benfica tem de conseguir dizer adeus a 2022/2023."

O momento Rui Costa


"O líder das águias parece ter em mãos a primeira grande crise; de como sairá dela vai ajudar a definir o seu perfil de presidente

Ouvi a história há muitos anos, da boca de um professor da faculdade. Estava ele num jantar com amigos de várias nacionalidades e um deles era alemão quando alguém lhe perguntou ‘Podes passar-me o sal?’, ao que respondeu ‘Posso’, mas sem esboçar qualquer gesto de seguida. O momento caricatural serviu para tentar levar ao extremo as diferenças culturais entre povos, nomeadamente o próprio modo de comunicar. Enquanto os latinos gostam de dar segundo sentido às coisas num jogo de subtilezas que demora a assimilar para quem não domina os códigos, os germânicos são muito mais práticos porque quanto mais tempo têm, mais poderão produzir e aumentar assim a cadeia de valor. O teutónico entendeu que lhe estavam a perguntar se ele tinha realmente hipóteses de pegar num objeto e dá-lo a outrem, ao que ele disse que sim. ‘Mas não me pediste o sal’, acrescentou.
É um pouco como perguntarem a Roger Schmidt se ele devia pedir desculpa aos adeptos pela goleada de 0-5 sofrida no Dragão. «Não, porque não fizemos de propósito». Dito assim, parece quase gozo e é normal que este alegado desprendimento tenha enfurecido aqueles que já têm a cara do treinador do Benfica há muito tempo colada no alvo dos dardos. Mas provavelmente tudo não passará da tradicional aspereza alemã que elimina redundâncias na procura da eficiência mas que custa a ser compreendida quando os resultados não são atingidos.
Parece ser, atualmente, esse o grande problema no Benfica: uma falta de comunicação entre treinador e jogadores, cujo choque cultural está à vista. Schmidt tem o saleiro com ele, mas não sabe muito bem a quem passá-lo porque a mesa parece estar demasiado confusa. Para quem aparenta gostar de ter à sua volta as pessoas certas nos lugares marcados, o pequeno caos que se instalou tem, na verdade, um único responsável: aquele que pediu muitos comensais.
Já não é uma questão de perceber se o Benfica é melhor ou pior na pressão e na reação à perda da bola (não é, está muito longe dessa voragem da época passada que tão bons resultados trouxe às águias); é constatar que as águias criaram um problema com a construção de um plantel melhor na soma do talento individual, mas pior no conceito de equipa.
O sucesso de Schmidt no ano passado foi muito maior quanto menor foi a necessidade de gerir egos e esta é uma lição a retirar para o futuro, quer para o técnico quer para Rui Costa, porque nalgumas escolhas a visão não parece ter sido a mesma: a vinda de Di María teve muita influência do presidente (já havia falado com o argentino no ano anterior) e Arthur Cabral também, o tal que na opinião do treinador não possui o «pacote completo».
Mas problemas destes existem em muitos clubes e a história está cheia de avarias resolvidas com o comboio em andamento. Tomar agora decisões de rotura seria um suicídio porque por muitos erros que o treinador tenha cometido e esteja a cometer, as águias estão hoje melhor com ele. Não foi Schmidt quem obrigou Rui Costa a renovar-lhe o contrato ainda com a época passada por acabar e foi este treinador quem pôs o Benfica a jogar o melhor futebol em muitos largos anos.
Ora, como ninguém desaprende de um dia para o outro, é por demais evidente que há um problema de falta de identificação e é nestes momentos que os líderes são obrigados a agir, para ajudar a juntar as peças soltas. Desde que é presidente, Rui Costa tem aqui a sua primeira grande crise. De como sairá dela vai ajudar a definir a sua presidência daqui para o futuro."

O TAD pode substituir-se às federações?


"Supremo Tribunal Administrativo considerou TAD «tribunal sui generis»

O artigo 4.º, n.ºs 4 e 5, da Lei do TAD estabelece o seguinte: «4 – […], compete ainda ao TAD conhecer dos litígios referidos no n.º 1 sempre que a decisão do órgão de disciplina ou de justiça das federações desportivas ou a decisão final de liga profissional ou de outra entidade desportiva não seja proferida no prazo de 45 dias ou, com fundamento na complexidade da causa, no prazo de 75 dias, contados a partir da autuação do respetivo processo. 5 – […] o prazo para a apresentação pela parte interessada do requerimento de avocação de competência junto do TAD é de 10 dias […].»
Muito se podia escrever sobre esta figura da avocação, designadamente quanto às consequências que podem ser extraídas ao nível do princípio da separação de poderes entre funções jurisdicionais (exercidas pelo TAD) e funções administrativas (estas, exercidas pelas federações desportivas e, em particular, pelos órgãos disciplinares das mesmas aquando da prolação de decisões sancionatórias). O Supremo Tribunal Administrativo já entendeu, em 2018, que a mera existência desta norma na Lei do TAD torna este num «tribunal sui generis».
Contudo, a jurisprudência do TAD não é unânime, existindo decisões que indiciam um entendimento coincidente com uma ideia de avocação de competências mas outras que sufragam precisamente que a interposição de pedido de avocação do procedimento disciplinar não determina, de “per si”, que seja excluída a competência do órgão disciplinar federativo com competência para o decidir; e que os prazos fixados para conclusão do processo disciplinar são de natureza ordenadora."

O negócio NBA All-Star


"O All-Star Weekend tornou-se, provavelmente, na maior feira de basquetebol do mundo

Quando, na passada semana, aqui escrevi sobre o problema que a NBA tem tido quanto a conseguir que os 24 jogadores que vão ao All-Star Game disputem o encontro mais a sério, com defesa, como antes acontecia, mas não estando obrigados a excessos de intensidade, para criarem as emoções do basquete para lá da sua natural qualidade de atletas, e assim evitarem que o público comece a ir embora no início do 4.º período e em casa mudem de canal, pode ter ficado a ideia que o fim de semana All-Star também vai mal. Seja a nível organizativo ou financeiro. Nada podia estar mais errado.
O All-Star Weekend tornou-se um sucesso, super lucrativo, e provavelmente será a maior feira de basquetebol do mundo. Estima-se que o impacto económico direto em Indianápolis, que recebeu a 73.ª edição, terá sido de 300 milhões de dólares, mais de 276 milhões de euros, e naqueles três dias all-star a cidade recebeu 200 mil visitantes, dos quais 190 mil foram aos diversos eventos oficiais. E
No Crossover, uma espécie de FIL de divertimento que envolve os patrocinadores da Liga e não só, estiveram 85 mil adeptos, e depois há as ações de rua, nas escolas, torneios de equipas jovens do estado ou campos de treino (e observação) para promessas que podem vir a integrar a NBA e no qual, na edição de Salt Lake City-2023, esteve o português Ruben Prey (Juventut Badalona).
Também se fazem reuniões de negócios com a Liga ou os seus clubes para parcerias, as marcas de equipamentos que patrocinaram os jogadores abrem megastores durante 4/5 dias onde tudo acontece ou lojas mais pequenas de marcas que querem ganhar outra dimensão e para isso é preciso lá estar.
Realiza-se um summit técnológio ao qual só podem assistir convidados do gabinete do commissioner Adam Silver para mostrar o que há de mais avançado em para o jogo, simples entretenimento ou comunicação e onde a NBA revela aos parceiros os caminhos que pretende trilhar para se manter na crista da onda e continue a vender o campeonato para 214 países e territórios.
Muitos há que, no domingo de manhã, quando termina a parte do negócio, vão-se embora. Não têm bilhete para o Jogo das Estrelas ao final do dia, os pavilhões só vão até aos 20 mil lugares, mas não foi para isso que visitaram a cidade.
Longe vão os tempos, nos finais da década 90 início de 2000, em que a Liga sentia problemas para a convencer clubes e cidades a receber um all-star e o então commissioner David Stern tinha o sonho/plano B de o levar a Paris. Hoje isso é impossível. A máquina é gigantesca e sair da América do Norte complica.
É tão grande que há cidades como Oklahoma City, Milwaukee ou Portland que não receberam um all-star recentemente porque não têm hotéis, recintos desportivos e outras infraestruturas para responder às atuais exigências. Por isso o Fim de Semana das Estrelas está bem e recomenda-se. O problema mesmo é o que está na sua génese e o seu ponto alto, o Jogo All-Star. Esperemos por São Francisco-2025."

Claramente o braço (II)

Claramente com o braço (I)