segunda-feira, 4 de março de 2024

Vermelhão: Mau...

Corruptos 5 - 0 Benfica


Após o sorteio das Meias-finais da Taça de Portugal, antevi um cenário 'parecido': com dois jogos fora, no Alvalixo e no Dragay em 72 horas, com o Benfica a jogar muito abaixo do nosso potencial, com todas as 'subtilezas' do Tugão, era possível um derrota pesada... Infelizmente, não me enganei...
E também avisei que o Benfica, devia ter feito tudo para adiar o jogo da Taça, e com os problemas de calendário dos 'outros' isso tinha sido possível.
E aviso já, que nos dois derbys consecutivos que vamos ter com o Sporting, em Abril, as coisas só não serão tão perigosas, porque o adversário será o mesmo, mas...!!!

Os problemas da equipa mantém-se e não se vão alterar até ao final da época, eu sei que este ano, o alvo é o treinador, mas tal como o António Melo, afirmou nos últimos dias, eu já vi esta narrativa no Benfica, com outros treinadores, e a 'solução' popular raramente resulta!

É óbvio que cada um de nós tem um melhor 11 na cabeça (no de hoje só metia o Tino...), mas os problemas vão muito além da escolha do 11! E até o Neves, tem-me parecido cansado, não devido ao falecimento da mãe, mas devido ao facto de ter feito quase todos os minutos, neste ciclo de dois jogos por semana, que estamos envolvidos!

O momento decisivo da partida, foi o 2-0, antes do intervalo! Com 1-0, ainda era possível, num jogo, onde o Benfica teve a primeira grande oportunidade... e mesmo sem jogar bem, porque simplesmente não tínhamos bola, os outros era também só pressão e correrias! Um lance (2-0) que nasceu numa falta absurda assinalada ao Kokçu!

Mas hoje, nem o Manchester City do Pep, ganharia, tal como o Arsenal demolidor do Arteta, perdeu! Hoje, com a equipa claramente cansada, e a jogar mal, houve uma 'regra' que desequilibrou totalmente o marcador: hoje, foi decretado pelo homem do apito, que só uma equipa podia ter a bola!!!

Uma equipa fez durante todo o jogo, faltas táticas, cínicas, onde nunca tentava jogar a bola, tudo com total impunidade disciplinar... além dos mergulhos constantes. Placagens, agarróes, empurrões, rasteiras, valeu tudo...!!! A outra equipa, sempre que metia um pouquinho mais de agressividade, era logo assinalado falta contra... Exemplos?!
O carrinho na fase inicial do Aursnes, que chega à bola primeiro, consegue inclusive 'passar' a bola, e é assinalado falta contra: um aviso para todos os jogadores do Benfica, não façam carrinhos senão será sempre falta!!!
A falta assinalada ao Kokçu, quando este fugiu ao marcador direto no final da 1.ª parte (na sequência deu o 2.º golo dos Corruptos); as duas situações com o Neves no início do 2.º tempo, primeiro sofre falta do Evanilson quando tenta cabecear a bola (falta inacreditavelmente marcada ao contrário...); e logo a seguir, quando tenta o passe longo para o Aursnes, é arrancado pela raiz pelo Pêpe, e nada é assinalado! Já para não falar a falta não marcada sobre o Neres na parte final, que acabou por dar no último golo dos Corruptos!!!

Foram 90 minutos, com dezenas de decisões por minuto, sempre para o mesmo lado!!! Mesmo quando o resultado estava feito, o ladrão continuou a apitar torto! O que me leva a pensar que o ladrão Pinheiro não gostou das palavras do Schmidt após o jogo com o Sporting! Os ladrões hoje, quiserem marcar uma posição: Nós é que mandamos!!!

Repito, podemos trazer o Guardiola, o Bernardo e os seus 'amigos' enquanto estes ladrões continuarem no poder, vamos ganhar um campeonato uma vez, em cada cinco anos, no melhor cenário!!! E podem argumentar, mas o Benfica este ano está a jogar mal... eu respondo, e o ano passado quando estávamos a jogar muito bem, goleámos os nossos adversários diretos?!!!! Continuamos a ter que ser 10 vezes melhor que os outros para ganhar em Portugal, enquanto os nossos concorrentes diretos, só têm que correr e dar porrada...

Não vai ser fácil digerir as próximas horas, mas o Benfica não perdeu o campeonato esta noite. Até ao jogo com o Sporting temos que ganhar todos os jogos, e arrisco a afirmar que chegaremos a Alvalade na liderança, porque a Lagartada ainda vai perder pontos... e os dopados desta noite, também...! E já agora, para o pessoal que se diz Benfiquista, que anda a pedir a cabeça do treinador esta noite, ganhem juízo!

Na Quinta, com o Rangers, temos que decidir a eliminatória na Luz. Jogar como fosse a Final da Champions! Hoje, vários jogadores 'descansaram', apesar das previsões de muita chuva para Quinta, e dum potencial relvado pesado, não podemos levar a eliminatória equilibrada para a Escócia!
Depois o resto da época, logo se vê...

Triunfo...

Benfica 2 - 1 Oliveirense

Vitória contra o líder, que muito provavelmente será o nosso adversário nas meias-finais do Play-off!

Acabámos por sofrer um golo no último minuto, mas passámos a maior parte do tempo com dois golos de vantagem, e o jogo parecia controlado! È verdade que o Pedrão foi obrigado a algum trabalho, mas nós também desperdiçamos muitas oportunidades...

Obra de arte !!!

Albergaria 0 - 6 Benfica
Chandra(2), Carole(2), Kika, Lúcia


Partida marcada pela obra de arte da Kika, no jogo do seu regresso após lesão... e do também regresso da Norton! Importante, numa altura que a Alidou está na Seleção... e estamos a aproximar-nos dos jogos dos Quartos-de-final da Champions, com o Lyon...



Juniores - 4.ª jornada - Fase Final

Benfica 3 - 0 Farense
Olivio, Rui Santos(a..g.), Jelani


Regresso às vitórias, contra um dos adversários mais acessíveis desta Fase Final...

Juvenis - 3.ª jornada - Fase Final

Benfica 3 - 2 Sporting
F. Silva, Juvenal, Anísio


Vitória, que podia ter sido mais tranquila, com 2-0 podíamos e devíamos ter feito o 3-0, e acabámos por sofrer desnecessariamente... E a diferença até poderá ser decisiva no final desta Fase Final, já que o Sporting deverá ser o nosso principal adversário!

Liderança isolada, ao fim de 3 jornadas...

Iniciados - 6.ª jornada - Fase Final

Ac. Santarém 0 - 1 Benfica
T. Rodrigues


Vitória no recinto dum adversário que tem sido uma agradável surpresa, com um golo no último minuto!!!
Grande passo para o grande objetivo... neste momento temos 5 pontos de vantagem sobre os perseguidores: 6 jogos, 6 vitórias!

Clássico para ganhar


"Nesta edição da BNews são destacadas a visita do Benfica ao FC Porto (20h30) e a restante atividade desportiva benfiquista.

1. Focados em vencer
Roger Schmidt não esconde a ambição na deslocação ao Estádio do Dragão: "Tentaremos o nosso melhor para vencer o jogo, sabemos que é sempre muito duro jogar contra eles. Estamos prontos para lutar os 90 minutos pelo melhor resultado possível."

2. Golo do Mês
O golo de João Neves frente ao Gil Vicente foi eleito, pelos Benfiquistas, o Golo do Mês de fevereiro de 2024.

3. Inspiradoras goleiam
A equipa feminina de futebol do Benfica triunfou, nesta manhã, na deslocação ao Albergaria (0-6). Kika Nazareth assinou uma obra de arte, o terceiro golo benfiquista.

4. Resultados da formação
A equipa B ganhou, por 1-2, na visita ao Feirense. E os Sub-17, nesta manhã, derrotaram o Sporting por 3-2 e ascenderam à liderança isolada da fase de apuramento do campeão ao fim de três jornadas.

5. Resultados das modalidades
Em andebol, o Benfica ganhou, por 28-38, no reduto do ABC e a equipa feminina venceu, por 22-34, no Gil Eanes. No basquetebol, vitória, por 84-95, na visita ao Imortal. A equipa feminina triunfou, na Luz, ante o Galitos, por 67-59. A equipa feminina de futsal goleou o Tebosa por 1-7. Em voleibol, deslocação bem-sucedida ao Castêlo da Maia (0-3).

6. Jogos do dia
Além do FC Porto-Benfica, às 20h30, há ainda as seguintes partidas nesta tarde: os Sub-19 recebem o Farense às 16h30; os Sub-15 visitam a Académica de Santarém às 15h00; também, às 15h00, mas na Luz, receção à Oliveirense em hóquei em patins, seguido pelo encontro, às 18h30, com o Turquel no feminino; a equipa feminina de voleibol é anfitriã do Fiães às 17h00.

7. Protagonista
Vitória Oliveira, campeã nacional de marcha nos 3, 10 e 15 quilómetros, é a protagonista da semana. Uma entrevista para ver, na íntegra, na BTV, ou ler no jornal O Benfica.

8. Em destaque
Alguns dos conteúdos em destaque, nesta semana, nas várias plataformas de comunicação do Sport Lisboa e Benfica."

O que está em jogo no Dragão?


"Clássico pode ter influência na corrida pelo primeiro, segundo, terceiro e quarto. As equipas têm muito a perder e muito a ganhar.

Hoje joga-se um dos mais apaixonantes clássicos do futebol português. Por norma, além dos três pontos, estes jogos têm uma importância anímica e sentimental que extravasa o contexto desportivo. Nos últimos anos estas duas equipas têm sido aquelas que têm lutado mais vezes, entre si, por títulos. Este ano o cenário mudou. Por culpa própria, o FC Porto está arredado da luta pelo título, com o segundo lugar a uma distância pontual considerável e com o quarto classificado (SC Braga) a apenas três pontos de distância. Já o Benfica está na luta direta com o Sporting pelo campeonato. Desportivamente, o jogo de hoje pode ter influência na corrida pelo primeiro, segundo, terceiro e quarto classificados. As duas equipas têm muito a perder e muito a ganhar.

A abordagem estratégica
Estes são os jogos que todos querem ganhar. A preparação, análise e definição da estratégia são pensadas ao detalhe. É nos pormenores que, muitas vezes, estes jogos se resolvem. Neste campo temos dois treinadores distintos. Sérgio Conceição sente-se como peixe na água nestes duelos. Os melhores jogos do FC Porto nesta época foram frente a equipas de maior qualidade e que não obrigavam os azuis e bancos a terem constantemente a iniciativa de jogo. O treinador portista tem a capacidade de analisar muito bem os adversários e de surpreender, estrategicamente, com alguns posicionamentos que tentam limitar os pontos fortes dos adversários. Em simultâneo, tenta criar condições para potenciar as suas mais-valias. Do lado do Benfica, Roger Schmidt tem um perfil diferente. Não prepara o jogo para tentar limitar os pontos fortes dos adversários e pensa apenas na forma como quer que a sua equipa jogue. A sua atuação prende-se mais com mudanças no onze do que propriamente com surpresas relativas a movimentações ou posicionamentos táticos.

A parte anímica
Tendo em conta o calendário apertado que as duas equipas têm, a vertente anímica ganha uma dimensão especial devido a dois fatores determinantes. O primeiro tem a ver com a força e confiança que uma vitória pode produzir na equipa que consiga vencer o jogo de hoje. O contexto (impacto) do jogo, em si, acaba por ultrapassar o contexto desportivo que ambas atravessam. No caso do FC Porto, uma vitória permite recuperar a confiança e a energia que se sentiu depois da vitória frente ao Arsenal e que caiu por terra no jogo com o Gil Vicente. No contexto atual é fundamental que os adeptos sintam que, apesar de estarem longe da luta pelo título, a equipa tem capacidade para continuar a lutar pela passagem aos quartos da Liga dos Campeões, Taça de Portugal e segundo lugar. Para o Benfica, uma vitória significará a reafirmação da equipa no campo do maior rival dos últimos anos. A confiança que trará a toda a estrutura e adeptos poderá ser fundamental para a caminhada até ao fim da época. Por outro lado, uma derrota, de qualquer um dos lados, irá agudizar a falta de confiança, crítica e instabilidade que se fazem sentir de diferentes formas: no FC Porto por todo o contexto de convulsão interna; no Benfica pela insatisfação dos adeptos face às exibições muito pouco conseguidas.

Importância desportiva
Conforme mencionei anteriormente, desportivamente este jogo tem uma enorme importância. Para o FC Porto vencer é o único caminho. Uma vitória permitirá ficar a seis pontos do Benfica e continuar a olhar para a possibilidade de alcançar o segundo lugar e, consequentemente, uma vaga nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões. Uma derrota ditará o adeus ao segundo lugar e, em caso de vitória do SC Braga, colocará em risco a terceira posição. No caso do Benfica, depois de (mais) uma exibição pouco conseguida frente ao Sporting, uma vitória passará uma imagem de força rumo ao objetivo da renovação da conquista do título. Se o fizer, irá conseguir manter a liderança da Liga e, à 24.ª jornada, garantirá que os dois primeiros lugares irão ser ocupados por Benfica e Sporting. Já uma derrota fará com que o Sporting ganhe avanço e com que o FC Porto se motive na perseguição ao segundo.

Importância financeira
Por termos perdido um lugar no ranking da UEFA, este ano, teremos apenas uma equipa com entrada direta na Liga dos Campeões e o segundo classificado irá jogar as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões. Este fator tem uma importância fundamental, porque a prova milionária é responsável por cerca de 30% dos proveitos operacionais (excluindo vendas de jogadores), tanto do FC Porto como do Benfica. Ora, tendo em atenção a situação financeira dos dois clubes, percebemos que estamos perante diferentes dimensões. No caso do FC Porto, a não entrada na Liga dos Campeões irá ter um impacto muito significativo, tendo em conta a alavancagem e o facto de grande parte das receitas do futuro já estarem antecipadas no presente. A ausência dos milhões associados à liga milionária irá obrigar os azuis e brancos a um enorme ajustamento e racionalidade nos custos operacionais e a limitar, de uma forma considerável, o investimento na principal atividade - a equipa de futebol profissional. Do lado dos encarnados, a situação é mais estável. Contudo, o último Relatório e Contas semestral vem confirmar o que tenho vindo a referir: um descontrolo dos custos face aos rendimentos obtidos. Conforme foi referido no comunicado enviado à CMVM, este foi o segundo melhor semestre de sempre no que respeita a proveitos operacionais (excluindo vendas de atletas). O que o comunicado omitiu é que os custos operacionais (€110 M) foram superiores aos proveitos operacionais (€106 M), ou seja, o Benfica gasta mais do que recebe… Apesar de ter vendido Gonçalo Ramos por €65 M, o resultado líquido semestral é de apenas €18 M. Se fizermos uma previsão para os resultados do segundo semestre, tendo em conta os números apresentados, rapidamente percebemos que, se tudo se mantiver como até aqui, o resultado anual será negativo entre €40 M e €50 M. Nestas contas já estou a incluir as vendas de Lucas Veríssimo, João Victor, Musa e Chiquinho. Assim, para que as contas no ano fiscal estejam positivas, o Benfica terá de vender mais uma das suas joias. O aumento descontrolado de custos faz com que sejam necessárias duas vendas anuais e não apenas uma, como era norma no passado. Estes números são fundamentais para percebermos a dimensão que a presença na Liga dos Campeões tem para o Benfica. Se o clube da Luz falhar a entrada na fase de grupos da próxima época, a diferença entre proveitos operacionais e custos operacionais ficará ainda mais descontrolada e poderá obrigar a um desinvestimento no futebol profissional ou a uma maior pressão para que se vendam os melhores ativos, para reequilibrar as contas. É fundamental que o Benfica comece a inverter a tendência dos últimos dois anos, caraterizada por aumento constante e elevado dos custos operacionais e do endividamento que passou de €98 M em 2020 para €193 M em 2023!

A valorizar
Coates.
Há imagens que valem por mil palavras. Os verdadeiros líderes são discretos e fazem o que têm de ser feito. No final do jogo, Coates dirigiu-se a João Neves e deu-lhe força num momento delicado da vida do jovem jogador português. Coates foi líder, demonstrou respeito e solidariedade por um companheiro de profissão. Rivais dentro do relvado, unidos fora das quatro linhas.

A desvalorizar
Chaves.
A derrota pesada em casa frente ao Arouca foi mais uma oportunidade perdida de ganhar algum fôlego na tabela classificativa."

Voltemos a gostar de futebol


"Deixámos de gostar do jogo tal como é, o primeiro sinal de uma relação que se deteriora

Gostar de bola é não sentir o peso do barro nas meias, a cal a queimar canelas acima, o frio a dar-nos chapadas nas ventas. É não aceitar rendições quando as nuvens abrem as comportas e o dilúvio se abate sem Arca de Noé à vista.
Esmurremos o escudo do equipamento de má qualidade, fazendo cara de neozelandês no haka, enquanto o bairro ferve junto a barreiras que mais parecem cancelas sem guarda e o GNR tateia o cassetete, preparando-se para sacar. 3, 2…
A gritaria que nos incendeie. Mordamos a língua como João Neves em hora de ponta ou Michael Jordan a voar sem radar, decidamo-nos a ser super-heróis uma vez na vida, Maradonas de pele e osso a descobrir barriletes cósmicos pelas distritais.
Gostar do jogo é parar, voltar atrás, deixar em repeat o drible com que Bergkamp desmonta Dabizas e tentar pôr por ordem todas as peças desse puzzle interminável. É fintar raízes expostas, saltar fossos com vida-dupla como linhas laterais e aterrar sempre de pé, enquanto não chegam o dia das captações e as perguntas com resposta única em teste de escolha americana: médio ofensivo, mister! Como poderia haver dúvidas, mano?
É ficar a admirar postes e traves roubadas à construção civil, enquanto ladrão que rouba ladrão não os leva e garante os prometidos cem anos de perdão. É gravar jogadas de Domingo Desportivo em VHS por cima da novela das 9, que os velhotes adormecem sempre antes que termine, acordando a ranger do pescoço aos joanetes por culpa do maldito sofá. Mais ainda se é Inverno. É treinar na terra batida dos sonhos, festejar junto ao espelho mil e uma celebrações e ser o ventríloquo da loucura das bancadas. Depois, repetir tudo uma e outra vez até sair bem.
Estarmos apaixonados é fingirmo-nos de mortos e não nos levantarmos de manhã à noite do sofá nem os olhos da televisão, ao mesmo tempo que os nossos amigos ganham ao sol o seu bronze mais sedutor. É combinar aquela futebolada tantas vezes adiada e não voltar atrás mesmo que a nossa namorada tenha sido deixada sozinha em casa pelos pais pela primeira vez.
Lembro-me de não precisar de árbitro, quando mais de VAR, a não ser que a disputa fosse contra o dono da bola, que amuava e ia para casa. arqSão esses talvez os treinadores e dirigentes de hoje, tal a forma como reagem quando contrariados. Mas nesse tempo, havia sempre consenso.
Não deixemos que se complique ainda mais o que é simples, que se plastifique a festa, estrangulando-a, para a libertar frouxa e descolorida, nada natural. O erro existe e nunca irá desaparecer, por mais tecnologia que se invente. O que nunca se conseguirá substituir é a sua aceitação. Deveríamos questionar-nos: tudo isto é para o bem do futebol ou pela nossa consciência? Como está mesmo a nossa relação com o jogo? Ainda sentimos mesmo algo um pelo outro?
Gostar de futebol é aceitá-lo tal e qual como é. Imperfeito. Com defeitos. Subidas e descidas, pobres e ricos, vencedores e vencidos. É ser de um Sunderland qualquer até morrer e viver o que a vida nos dá. Apaixonados e felizes para sempre."

De 1984 a 2024


"Fernando Mamede, Diogo Ribeiro e os ursos — inclusive os do clima; a ‘kryptonita’ de Ronaldo

1. Agora que Portugal mergulhou numa onda de entusiasmo ao lado de Diogo Ribeiro, o maior fenómeno da história da natação nacional, aparentemente imune ao vírus da pressão que tantos talentos inibe na hora das grandes decisões, já se começa a antecipar que às duas medalhas de ouro trazidas dos Mundiais de Doha (Catar) o nadador natural de Coimbra juntará outra(s) conquistada(s) nos Jogos Olímpicos que se avizinham.
Por esta altura, há 40 anos, quando nunca se ouvira a Portuguesa no lugar mais alto do pódio da competição que povoa o sonho de todos os atletas, Fernando Mamede era uma das fortes apostas para o ouro em Los Angeles-1984. Uma das maiores máquinas humanas de sempre do atletismo mundial — assim o definia Moniz Pereira — falhou nos 10 mil metros naquela madrugada de 6 de agosto e hoje continua a penar — meu caro Mamede, você foi genial, acredite! — com essa desistência.
Nem o sublime recorde do mundo dos 10 mil metros fixado a 2 de julho em Estocolmo (27:13.81, marca que só seria batida a 18/8/1989 pelo mexicano Arturo Barrios, 27:08.23), nem a vitória imperial nos 5 mil metros do Meeting de Zurique a 22 de agosto, contra alguns dos que brilharam em LA na prova em que voltou a eclipsar mentalmente, lhe atenuaram o sofrimento. Mente nada sã em corpo são, eis Fernando Mamede, um dos meus ídolos de infância à margem do futebol que secava tudo.
Com Paris-2024 à distância de quatro meses e meio, em tempos que a saúde mental deixou de ser tema tabu e o treino da mente é tão importante como a preparação física e técnica, Diogo Ribeiro dispõe de armas que Fernando Mamede não dispunha. Armas também para lidar com aquela espécie muito particular de portugueses que, de quatro em quatro anos, a lembrar os ursos, acordam de longo sono de hibernação em que ignoraram tudo o que não era futebol para exigirem sem noção medalhas nos Jogos Olímpicos. Se for esse o caso que passem pelas brasas de 26 de julho a 11 de agosto e não façam figura de urso...

2… por falar em ursos. Um vândalo do clima — por favor, parem de apelidá-los de ativistas, a esses devemos estar gratos — atingiu com tinta verde Luís Montenegro, candidato da AD a primeiro-ministro. No passado foram outros as vítimas — inclusive obras de arte em museus e noutros locais — dos energúmenos que confundem o direito sagrado de manifestação com práticas criminosas sob o manto da preocupação com as alterações climáticas. Não precisamos de hooligans fundamentalistas para defender o planeta.

3. Um gesto considerado provocador pela federação da Arábia Saudita, dirigido aos adeptos do Al Shabab, após duelo em que contribuiu com um golo para a vitória do Al Nassr, valeu a Cristiano Ronaldo um jogo de suspensão e 7500 euros de multa. (Pausa para lamentarmos o rombo no orçamento familiar do goleador liquidado o montante e sugerirmos um crowdfunding para ajudar.) Desde aquele pirete aos benfiquistas, na Luz, em 2005, quando ainda estava no Man. United, ficámos a saber que também era capaz de dar nas vistas com as mãos. Agora, voltou a usá-las sem ser tão ostensivo para saudita ver. CR7, mesmo aos 39 anos, senhor de currículo único, não consegue resistir à habitual provocação que lhe dispensam ao gritarem por Lionel Messi. O argentino continua a ser a kryptonita do super-homem português."