sábado, 3 de fevereiro de 2024
Fraude!
«Chegámos a acordo com o Boavista anteontem. A notícia chega à imprensa portuguesa e recebemos dois pedidos judiciais de credores.
— O Fura-Redes (@OFuraRedes) February 2, 2024
Quando comunicamos isso à equipa portuguesa, pedem-nos tempo para negociar com os credores.
Recebemos dois requerimentos de apreensão de dinheiro, de… pic.twitter.com/9e5LNrxTqM
Operação Pretoriana
"Depois de décadas de perseguições, intimidações e coações levadas a cabo pelos SD, a operação realizada pela PJ - e o nome escolhido - tem tudo menos um nome inocente.
São os tais "40 anos disto".
A impunidade com que Fernando Madureira e "sus muchachos" viveram, levaram a que o FCPorto conseguisse conquistar o que conquistou. Implementou um clima de medo no seio do futebol português, fruto dessa vida criminal.
Fernando Madureira construiu um império, vivendo no luxo, sem nunca se preocupar com a ostentação da riquesa que - confirma-se agora - as ofertas de bilhética, por parte do clube portista, lhe proporcionou. Aliás, foram vários membros da claque que enriqueceram às custas deste negócio de milhões.
Mas só os mais distraídos não conseguiam ver o que se passava. Fazendo fé nos relatórios e contas dos três grandes clubes, rapidamente se percebia que algo não batia certo. O Sporting, que nas últimas épocas tem uma taxa de ocupação (TO) do seu estádio a rondar os 50%/60%, conseguiu obter muito mais receitas que o FC Porto (80%/90% TO). Portanto, como é possível que os sócios do FC Porto tenham deixado passar isso? Para onde foi o dinheiro da bilhética?
Por fim, é ensurdecedor o silêncio da FPF. O chefe da claque da federação do Fernando das faturas, nada diz, nada reage, nada esclarece sobre o que se passa com Fernando Madureira. Também ela é conivente com os crimes praticados semanalmente contra árbitros, dirigentes e jogadores.
E pensar que o salário mínimo nacional dá para isto tudo..."
Brancas!!!
"Miguel Sousa Tavares disse, em direto, que os Super Dragões são a única claque que nunca matou ninguém. Para o comentador portista, o Igor, que foi morto à facada ao lado do estádio, durante os festejos de um título e o adepto do SC Braga, que morreu a fugir dos SD, não existem.
Nunca aconteceu...
Entretanto:
"Sandra Madureira não está em condições emocionais para prestar declarações" - advogado de defesa aos microfones da CMTV.
Querem vê-la a arrebitar!? É meterem lá uma miúda com uma camisola do Sporting... 😏"
Pseudo-intelectual...
“Esta é a única claque que nunca matou adversários”, diz Miguel Sousa Tavares a respeito dos Super Dragões.
— Polvo das Antas - Em Defesa do SL Benfica (@moluscodasantas) February 2, 2024
Adversários, não, mas da claque, mataram. Com dezenas de facadas e no meio da rua, para todos verem a chacina.
Quanto aos adversários, deixamos apenas aqui esta imagem. pic.twitter.com/Y6JJSYAyUL
Super Pretorianos
"A primeira vez que se assistiu in loco ao desfile da guarda pretoriana do atual presidente do Futebol Clube do Porto foi durante a célebre chegada ao Tribunal de Gondomar para que este fosse ouvido no âmbito do processo apito dourado. Curiosamente, fez esta semana 17 anos que Pinto da Costa foi ouvido sobre a sua fuga para Vigo antes das buscas à sua casa da altura.
Obviamente que esta sua escapadela não precisou de qualquer guarda pessoal aparatosa, caso contrário ter-se-ia gorado o total sigilo com que concretizou o ato que fica para as calendas. Hoje em dia há telemóveis que tudo gravam, em bom som e imagem, pelo que os atos se eternizam.
Todavia, no caso concreto de Madureira, não seria necessário ver e rever as imagens e som do macaco a descer e subir exaltado as escadas do Dragão Arena a insultar consócios no dia 13 de Novembro de 2023 para atestar (mais) uma ilegalidade deste e da sua entourage.
Relembro que estamos a falar de uma personagem que escreveu (e convenceu uma editora a publicar) um livro em 2005 intitulado Fernando Madureira - O Líder. Este livro consiste numa confissão de atos de violência e coação relacionados com deslocações do seu clube do coração dentro e fora de Portugal.
Só neste país é que se permite deixar andar alguém que confessa publicamente os seus crimes e ainda lucra com isso. Se tivermos por base a data da publicação do livro, os factos ali descritos ainda não haviam prescrito.
Com o resultado destas novas buscas, convém olhar para a possível aplicabilidade da Lei 39/2009 de 30 de julho (alterada pela sua mais recente Lei 40/2023 de 10 de Agosto) que viu reforçada os mecanismos de combate à violência no desporto. Dá pena de prisão até 3 anos (ou pena de multa) quem vender ou distribuir para venda títulos de ingresso para jogos (incluindo os bilhetes de época) em violação da Lei e regulamentos.
E se a AG de Novembro passado for classificada como acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, as ofensas à integridade física podem levar ao agravamento da pena de prisão em um quarto nos seus limites mínimo e máximo previstos no Código Penal. Tudo gente séria. Só falta vontade para decidir e punir."
Muitos jogos para ganhar
"Esta edição da BNews destaca a intensa atividade desportiva benfiquista no fim de semana.
1. Futebol
O Benfica procura a 7.ª vitória consecutiva no Campeonato Nacional na receção ao Gil Vicente, no Estádio da Luz, domingo, às 18h00.
Também no domingo, as Inspiradoras visitam o Marítimo, às 11h00, assim como a equipa B, mas às 14h00.
Os Sub-17 fecham a Série Sul do Campeonato com a partida frente ao Sacavenense, sábado às 15h00, no Benfica Campus, enquanto os Sub-15 deslocam-se ao Boavista, domingo às 11h00.
2. Modalidades – equipas masculinas
Hoje, às 20h30, há embate com o Técnico, nas Olaias, referente aos oitavos de final da Taça de Portugal de râguebi. No sábado, o Benfica tem encontro de basquetebol marcado em Esgueira, às 15h00. À mesma hora, visita ao FC Porto em hóquei em patins. Às 16h00, desafio no reduto do Leixões em voleibol. Às 19h00, regresso às competições no andebol (visita ao Estrela da Amadora para a Taça de Portugal).
3. Modalidades – equipas femininas
Nesta noite há dérbi de futsal com o Sporting, no Pavilhão João Rocha, às 21h30, a contar para a Taça de Portugal. No basquetebol, visita ao CPN Basket às 11h00 de sábado. Às 16h00 do mesmo dia, o Benfica joga em andebol no pavilhão do SIR 1.º de Maio. E, às 17h00, em hóquei patins, jogo na Luz com o Escola Livre. Domingo, na Luz, há voleibol frente ao Vitória SC (15h00). E, às 17h00, no râguebi, as campeãs nacionais enfrentam, no Parque Desportivo S. João de Brito, o CR São Miguel na Taça de Portugal.
4. Resultado adverso
Frente ao FC Porto na Luz, a equipa feminina de voleibol do Benfica perdeu por 1-3.
5. Reforço da estrutura
Pedro Jerónimo, antigo jogador do Benfica, é o novo team manager do andebol benfiquista.
6. Calendário definido
Já é conhecido o calendário da fase de apuramento do campeão Sub-19. Na 1.ª jornada, o Benfica recebe o Famalicão.
7. Convocatória Sub-17
São 6 os jogadores do Benfica convocados.
8. Casa Benfica Almodôvar
A BTV dá a conhecer esta embaixada do benfiquismo.
9. Em destaque
Alguns dos conteúdos em destaque, nesta semana, nas várias plataformas de comunicação do Sport Lisboa e Benfica."
A bicicleta e o trator
"A jornada do campeonato nacional demonstrou que a luta está acesa, e que provavelmente será até ao fim. Nenhum dos três primeiros cedeu e todos golearam com maior ou menor dificuldade. É, de resto, curioso verificar que numa liga que primava pelos resultados equilibrados, tangenciais, de um momento para o outro abriu-se o frasco do ketchup (usando uma expressão conhecida) e os golos saíram em catadupa.
Mais evidente no caso do Sporting ao conseguir o resultado mais dilatado (8-0 ao Casa Pia). Só não ouvimos foram as vozes que tanto se indignaram quando o Benfica goleou o Nacional por 10-0: devíamos ter parado, não tínhamos respeitado o adversário. Agora, nada. Silêncio absoluto.
Se o Sporting beneficia muito por ter em Gyokeres um verdadeiro trator, que vai lavrando as defesas e criando oportunidades, os encarnados parecem ter estabilizado as suas opções ofensivas.
Na Reboleira, face ao Estrela, num jogo que estava difícil e em que o Benfica não estava a encontrar soluções, foi Arthur Cabral, com um fantástico golo de pontapé de bicicleta, quem começou a resolver o assunto. Seguido por uma grande finalização de Rafa a solicitação do mesmo Arthur. O 4-1 final, com mais um golo de Marcos Leonardo (para manter a média de golos/minutos) justifica-se, essencialmente, pelo que as águias fizeram no segundo tempo. Os regressos de Bah e de Neres, bem como a estreia de Rollheiser são bons sinais, num momento em que todos parecem estar melhor, incluindo o Porto, com a mudança tática e com Alan Varela e Evanilsson em destaque. Ninguém cede um milímetro."
A equipa que ninguém quer
"O Barcelona só tinha vitórias e podia meter medo - mas este texto não é sobre elas
É a melhor equipa feminina do mundo, com a melhor jogadora do mundo, no país campeão do mundo. É número 1 do ranking da UEFA e defende o título de campeão europeu. Até quarta-feira, só tinha vitórias esta época (22 em 22 jogos). Décadas de evolução, aposta e formação no futebol feminino estão a produzir resultados imbatíveis para os lados da Catalunha.
Estatutos, títulos e números que podem assustar adversárias, impõem respeito, sobretudo admiração. Olhar para o Barcelona, para este domínio, e desfrutar de Aitana e companhia, é ver um rumo, é ter a certeza que isto funciona, sendo o isto apostar e dar condições às raparigas e mulheres para jogarem futebol.
E o Barcelona é onde essas raparigas e mulheres querem estar. A ganhar, a ser o ídolo de tanta gente, a liderar um movimento. Como também é o Barcelona que queremos ver - que o digam os adeptos que encheram o Seixal.
É verdade que o jogo já não contava para muita coisa. Tanto o Barça como o Benfica já estavam nos quartos de final da Liga dos Campeões (no caso das portuguesas pela primeira vez, conforme fizemos questão de enaltecer devidamente numa capa deste jornal). Mas o empate entre estas duas equipas vai muito além disso.
O Benfica, uma equipa muito mais recente, num país ainda a «anos-luz» do futebol feminino espanhol (citando a treinadora Filipa Patão), não conseguiu empatar só com as melhores do mundo. O que a equipa feminina do Benfica fez foi marcar 4 golos à equipa que ainda só tinha sofrido 4 golos (na época!) e mostrar que está a caminhar à velocidade da luz para um dia lá chegar.
E até podia ter ganho, não fosse aquele golo nos últimos segundos, que deixou as jogadoras e a equipa técnica das encarnadas visivelmente frustradas. Sim, frustradas por parar o Barcelona até aí imbatível - mas foi pouco, para o que queriam. Querer ganhar às melhores do mundo é querer, mais tarde, serem as melhores do mundo.
Portanto, o que o Benfica conseguiu não foi só um empate ou os 17 mil euros que ele vale. O Benfica mostrou que no futebol não há invencíveis e que poderemos sempre emocionar-nos quando o mais pequeno ganha ao grande. A frustração das benfiquistas é um sinal de crescimento impressionante. Não às vitórias morais, sim às vitórias-vitórias.
Portugal está agora no 5.º lugar do ranking da UEFA e poderá levar três equipas à Champions feminina no próximo ano. A evolução do Benfica é a evolução do futebol feminino português e quem está a ficar para trás neste caminho vai arrepender-se (se é que ainda não o fez).
Voltando a citar Filipa Patão, as exibições, o atrevimento e os já alguns resultados do Benfica feminino estão a tornar esta «a equipa que ninguém quer» defrontar. Não sei se será o caso, mas suspeito que esta já será, pelo menos, a equipa em que muitas raparigas e mulheres quereriam estar."
A Coluna do Gibelé
"Do bairro do Kassequel do Buraco ao estrelato no CAN, a aventura do palanca Gilberto, o novo amuleto da seleção angolana e a forma como África nos obriga a reorganizar a lista de prioridades.
«O Kassequel é um bom bairro para se viver… A vizinhança é que não é grande coisa. Muita gente faz coisas erradas». É desta forma, num tom quase pueril, que um jovem angolano se refere ao bairro de Luanda onde naceu e cresceu. No fundo, numa extrapolação mais filosófica do que o autor equacionou, há lugares que podem ser felizes apesar das pessoas. Mas este jovem não seria feliz sem um lugar e o seu lugar é o Kassequel. Não o disse, mas talvez o jovem acredite que nenhum lugar é sentença, nenhum bairro é grilheta. A pobreza não é desculpa para más decisões.
Deve ter sido nisso que também acreditou Gilberto quando fez da Rua 54 do Kassequel do Buraco o primeiro estádio, da terra batida o primeiro relvado. Olhando o Aeroporto 4 de Fevereiro, ali ao lado, como um sinal que a qualquer altura poderia também ele levantar voo. E levantou. Fez-se à pista no Atlético Sport Aviação (ASA), ganhou velocidade no Libolo e levantou voo no Petro de Luanda e seleção de Angola. O filho de Gilda e Bebeto, de cuja fusão de nomes surgiu Gilberto, tem agora 22 anos. Melhor jogador do Girabola de 2022/23, o extremo é o jogador do momento no Campeonato Africano das Nações que está a decorrer na Costa do Marfim… Mas não só pelo que joga.
Ao ritmo de «Ay Trabalha»
Não sei como ficará o Angola-Nigéria desta sexta-feira, dos quartos de final do CAN, ao fim de 90 minutos de jogo. Mas sei o que vai acontecer 90 minutos antes do pontapé de saída por ser já um ritual que corre mundo. O autocarro que transporta os Palancas Negras vai estacionar no parque do Estádio Félix Houphouët-Boigny, em Abidjan, e Gilberto vai comandar o grupo até ao balneário, de coluna de som ao ombro, a debitar elevados decibéis de kuduro. Marca o ritmo da dança e todos o acompanham. E todos param para ver Angola passar. Talvez escolha para hoje o tema Ay Trabalha, dos Ingomblock, banda sensação em Angola.
«Txé ingo ingo ingo ingo ingo
Txé black black back back black
(Jess jess, jess)
Sempre que ouvir Promaica levanta»
«Mãe, o teu filho vai comprar casa digna para a senhora»
Os Palancas estão a fazer o melhor Campeonato Africano das Nações de sempre e para os angolanos restam poucas dúvidas sobre o que está a dar sorte: a coluna de Gilberto. Melhor dizendo, a «coluna do Gibelé», como é carinhosamente tratado. E a loucura é tal, que o preço da marca de colunas usadas por Gilberto dispararam…. Num dos mercados de Luanda era possível comprar modelos mais pequenos por 17 mil Kwanzas (19 euros); agora os vendedores já cobram… 85 mil (93 euros). Os artistas começam a escrever canções sobre a Coluna do Gibelé, aquela que, acreditam, marcará o ritmo de Angola até à conquista do troféu. E os tatuadores não têm mãos a medir para tatuarem a Coluna do Gibelé em muita gente.
Gilberto, cujo ídolo é Rafael Leão, está grato. Não esquece de onde veio. E escreveu-o num post do Facebook: «Deus tem ouvido as nossas orações. Mãe, o teu filho vai comprar uma casa digna para a senhora com o dinheiro do meu suor».
Não sabemos se Angola vai vencer o CAN. Para já, há que vencer a Nigéria de José Peseiro, uma das crónicas candidatas ao título. Por razões afetivas, gostava que Angola defrontasse Cabo Verde na meia final, tendo os Tubarões Azuis de vencer, amanhã, a nem sempre favorita, mas sempre competente África do Sul. Estaria garantida uma final a falar português, no mais lusófono CAN de sempre. Pela primeira vez quatro PALOP no CAN (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique) e três selecionadores portugueses (Pedro Gonçalves, Angola; Rui Vitória, Egito; José Peseiro, Nigéria.)
Que José Peseiro não se zangue comigo, mas hoje vou unir a voz aos que, de Cabinda ao Cunene, vão entoar «Um só Povo, uma Só Nação». Mas antes, quero ouvir a Coluna do Gibelé:
«Sabalar cuia bué, sabalar
I sabalar, ay balar txé
Trabalhar cuia bué trabalhar
I trabalhar, ay trabalha txé»
«Malembe, malembe»
A cobertura, para A BOLA, dos CAN de 2010, em Angola, e 2013, na África do Sul, marcou não só a minha carreira de jornalista como a minha vida. O futebol é festa, o drible é festejado como golo, a dança marca o ritmo. Ou me dava por inteiro, como papel em branco pronto para tudo assimilar e experimentar, ou passaria ao lado de tudo em permanente desajuste.
Mas tenho de confessar. O meu primeiro contacto com África, em 2005, não foi pacífico. Porque África não é só um local. É um estado de espírito. São desafios que podem ser exigentes para a compreensão de um europeu. Todos os sentidos são postos à prova. Felizmente, entendi que merecia uma segunda oportunidade para me apaixonar por África. E ao dar-me essa oportunidade, passei do estranhar para o entranhar à velocidade de um fósforo.
Nas ruas de Luanda ou de Maputo, aprendi que os europeus têm o relógio, mas África é que é dona do tempo. Malembe, malembe, disseram-me algumas vezes em Luanda. Ou seja, clama, calma, sem pressa. Mais do que uma repreensão, um conselho que me davam. Há coisas que se fazem devagar. Há coisas que precisam de ser saboreadas. Porquê querer ser rei neste jogo de xadrez da vida se, no final do jogo, rei e peão são arrumados na mesma caixa?
Nas ruas de Luanda ou Maputo, percebi que a distância não se mede em quilómetros. O longe é sempre perto.
Nas ruas de Luanda ou Maputo, testemunhei que há duas verdades sagradas em África: o respeito pelo mais velho e o valor da família. E aprendi com as zungueiras qual o verdadeiro sabor da fruta. Num pequeno musseque da Ilha de Luanda comi um Calulu que ainda hoje me leva às lágrimas pela saudade. E no bairro 1.º de Maio de Maputo uma matapa que explodiu em sabores e se entranhou.
Em Luanda e em Maputo percebo que sentia falta de sentir falta. África é um constante desafio à reorganização da lista de prioridades. Em Angola bebi da água do Bengo e cumpriu-se a profecia de ficar para sempre ligado ao país.
Do bairro Rocha Pinto, em Luanda, guardo a imagem de uma criança a tocar-me no braço. Pensei primeiro que queria que lhe desse alguns cuanzas. Depois percebi que apenas queria, pela primeira vez, tocar na pele de um branco. Porque a maioria dos brancos não se atrevia a entrar no Rocha Pinto. Sorri. Acreditou em mim quando lhe disse que a pele dele era melhor que a minha. Espero que também tenha acreditado que a raça mais importante é a raça humana.
I trabalhou, ay trabalhou (txé)
(Tsikitsi tsikitsi tsikitsi tsikitsi tsikiwa)"