sábado, 30 de dezembro de 2023

Vermelhão: Difícil, mas justo...

Benfica 3 - 0 Famalicão


Vitória importantíssima, num jogo complicado, contra um adversário que já tinha provado na partida da Taça, ter uma boa equipa, ainda por cima, um Benfica com muitas ausências, entre lesionados, castigados, férias prolongadas e até jogadores com bilhete de saída! Praticamente 'meia-equipa' de fora: Bah, Nico, Angel, Neres, Tengstedt... além do Bernat, do André Gomes... e com o João Vítor a assinar pelo Vasco da Gama!

A equipa está muito mais confiante. E mesmo com muitas alterações, a dinâmica manteve-se! Mesmo assim, a ausência do Tengstedt pode vir a fazer mossa, já que os outros dois avançados, têm características diferentes, e o Dinamarquês estava finalmente a 'ganhar' os automatismos necessários...

Primeira parte sem muitas oportunidades, mas com o Benfica sempre mais perto do golo... que acabou por surgir, numa transição rápida, colocando alguma justiça no marcador! Contra um adversário muito físico, com várias 'cavalões' em campo foi necessário suar para ter bola!!!

No 2.º tempo, o Famalicão parece que queria pressionar ainda mais alto, mas as primeiras oportunidades até foram do Benfica... mas após um passe precipitado do Kokçu, levámos com uma sucessão de ataques perigosos do Fama, com o Trubin a ser fundamental...


Com um banco, com menos profundidade (3 jogadores da B....), o Roger atrasou as substituições, mas com a equipa a recuar foi obrigado a uma tripla alteração! No minuto seguinte, a bola ainda foi ao poste do Trubin, mas a partir daí, a equipa ficou mais equilibrada, e acabou por ser em mais duas transições rápidas, que matámos a partida... com um 3-0, que escondeu as dificuldades que passámos!!!!


Rafa com 1 golo e duas assistências, a ser o MVP numa partida onde ainda teve tempo de falhar golos feitos, e decidir mal...!!! Grande jogo também do Neves...
João Mário num bom momento; Kokçu marcado pelo tal passe errado... Cabral, parece outro jogador, mais móvel, mais ágil, muito mais integrado na equipa!
O Gouveia entrou com muita força, mas notou-se a falta de rodagem... O Tomás Araújo, é isto, muito bom nas saídas de bola, bom no posicionamento, mas parece que falta sempre um pouquinho de 'caparro'!!! Jurásek entrou com muita vontade...


Num momento com tantos ausentes a saída do Tomás Araújo a coxear e a saída prematura do Aursnes, deixa-me preocupado! Não precisamos de mais lesões!

O mês de Janeiro, sem Champions, tem alguns jogos potencialmente complicados, e ainda teremos as Taças, é necessário recuperar alguns dos lesionados, pois será fundamental haver opções para rotação...

8

Barbarense 0 - 8 Benfica

Goleada na Terceira, nos Oitavos-de-final da Taça da Liga...

Preparados


"O destaque desta edição da BNews é o desafio com o Famalicão, hoje, na Luz, às 18h45, a contar para o Campeonato Nacional.

1. Apontar à vitória
Para Roger Schmidt, o objetivo é claro e a equipa está pronta para continuar na senda dos triunfos: "Queremos fazer um bom jogo, queremos alcançar uma vitória, é o nosso objetivo. Esperamos um jogo difícil, mas estamos bem preparados. O espírito da equipa está bom. Estamos preparados para fazer uma boa exibição."
Face às ausências previstas, o treinador do Benfica confia no plantel: "Vejo uma equipa que no treino está muito bem, em muito boa forma, e, quando perdemos alguns jogadores, é sempre uma oportunidade para outros se mostrarem. Às vezes estes momentos são necessários. Pode ser uma vantagem para as semanas que se seguem."

2. Calendário atualizado
O jogo com o Boavista, no Estádio da Luz, relativo à 18.ª jornada do Campeonato Nacional é no dia 19, às 20h15. E a meia-final da Taça da Liga entre Benfica e Estoril é no dia 24, às 19h45, em Leiria.

3. Obreiras de feito europeu em ação
Às 21h00, na Luz, a equipa feminina de futsal do Benfica defronta a Académica. O troféu da Women's European Champions estará em exibição no Pavilhão n.º 2.

4. Outros jogos
O Benfica joga em futsal para a Taça da Liga no reduto do Barbarense (21h30 – hora continental). Amanhã, às 15h00, há desafio de basquetebol, na Luz, com o Portimonense. Às 14h00, a equipa B visita o Paços de Ferreira.

5. Despedida emocionante
O andebolista Petar Djordjic já não representa o Benfica, mas continua benfiquista.

6. Protagonista
Em ano de centenário do râguebi benfiquista, Francisco Bessa aponta ao título.

7. Programa de atividades do Museu
Está definida a programação do Museu Benfica – Cosme Damião para o primeiro trimestre de 2024.

8. Casa Benfica Viseu
Esta embaixada do benfiquismo está de parabéns pelo 20.º aniversário."

Abono & Subsídio


"A propósito das negociações entre Benfica e Boavista por Pedro Malheiro

O Benfica tem sido para o Boavista um género de rendimento social de inserção. Musa é disso exemplo: em 2022, a SAD vermelha contratou-o aos axadrezados por 5.5 milhões de euros (a par da cedência dos direitos de Ricardo Mangas e Vukotic) quando podia ter negociado com o Slavia de Praga que até tem sido parceiro atendendo aos 22 milhões investidos nas contratações de Bah e Jurásek.
Se a Benfica SAD avançar para a contratação de Malheiro por valores entre os 4 e 5 milhões de euros, já cheira a abono de sobrevivência. É que os salários em atraso na Boavista SAD (a par do Leixões e Lank FC Vilaverdense da Liga 2) não são inéditos nem constituem exceção.
Por outro lado, nada me move contra o jovem atleta que fará 23 anos em janeiro de 2024 e que há de ter a sua progressão. Mas longe vão os tempos em que se assistiu à chegada de perfis como Isaías, João Vieira Pinto ou Nuno Gomes. Partindo do pressuposto que Malheiro não tem a sua remuneração em dia, está em posição para desencadear a resolução contratual com justa causa de acordo com a alínea d) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 23.º e 27.º da Lei do Contrato de Trabalho Desportivo com respeito pelo procedimento previsto na alínea d) do artigo 39.º, na alínea a) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 43.º, artigos 44.º e 48.º, todos do Contrato Coletivo celebrado entre a Liga e o Sindicato dos Jogadores.
Mas não há vontade neste sentido pelo atleta, pela influência do seu agente que é parceiro privilegiado da SAD compradora, pelo Boavista porque precisa do dinheiro como de pão para a boca e pelo agente que representará os boavisteiros neste negócio e que só agora será recompensado por ofícios do passado feitos em prol do Bessa.
À partida, também não haverá interesse na rescisão pelo Benfica por uma questão moral, de fair play e respeito pela congénere nortenha. Mas desde que se mantenha alheio ao processo e não influencie vontades das partes envolvidas, não há responsabilidade. Pelo meio, é curioso notar que o Benfica apresenta €4 milhões para pagar em 4 prestações/anos. Aparentemente, o panorama económico-financeiro já foi mais animado. Provavelmente, mais valia solicitar ao scouting interno soluções e alternativas mais baratas..."

Balancete


"1) A escassos dias do fim do ano, é habitual fazerem-se balanços. Sobretudo quando o ano de calendário coincide com o ano a considerar. Não será tanto o caso da maioria dos desportos e muito menos do dominador futebol, em que o ano civil e a época desportiva não coincidem. Porém, com a primazia das estatísticas por tudo e por nada, registam-se balanços para todos os gostos e desgostos. Confesso que não me despertam muito entusiasmo. A não ser algumas excepções, se extravasarem o registo quantitativo e se detiverem num âmbito mais amplo. É o caso da escolha da Personalidade do Ano por este jornal, que, em 2023, foi atribuída meritoriamente a Bernardo Silva. Trata-se de uma decisão que assinala e premeia a excelência do atleta, o mérito do profissional, o carácter da pessoa. Uma distinção que suscitou uma magnífica entrevista de vida, brilhantemente conduzida por Luis Mateus, reveladora da personalidade de um jogador ímpar e que foge aos cânones habituais. Uma conversa ponderada, inteligente, sensata, sem alardes de vedetismo, sem os lugares-comuns que costumam fazer parte deste tipo de entrevistas.
2) Muito se tem falado e escrito sobre o percurso do Benfica no campeonato 23/24, centrado na menor capacidade competitiva face à época anterior. Parece defensável esta conclusão à luz do nível exibicional de alguns dos encontros realizados. Todavia, quanto a resultados, a conclusão não é necessariamente a mesma. Para tal, fiz um exercício comparativo entre os 14 jogos já realizados e os que em 22/23 aconteceram com as mesmas equipas (no caso das que subiram à 1.ª Liga, Moreirense, Estrela da Amadora e Farense, fiz equivaler a comparação com as que desceram, Santa Clara, Marítimo e Tondela). Até agora, o Benfica fez mais 11 pontos: 3 no jogo com o FC Porto, 2 contra o Sporting, 3 contra o Sp. de Braga e também 3 em Chaves. Comparativamente perdeu 9 pontos resultantes de menos 4 pontos na Luz contra o Farense e Casa Pia e 5 pontos fora de casa (3 no Bessa e 2 em Moreira de Cónegos). No total desta comparação homóloga o Benfica tem mais 2 pontos do que no ano passado, com a particularidade de ter feito o pleno nos jogos com os seus directos rivais e não o ter alcançado em encontros teoricamente mais acessíveis, mormente em casa. Paradoxalmente, em duas partidas terminadas com a única derrota (Boavista) e com um empate (Farense), o desempenho exibicional até foi dos mais conseguidos e que poderia ter tido um resultado final bem diferente. Apesar de ter tido 8 jogos fora de casa e apenas 6 na Luz, os pontos perdidos quase se equivalem (5 fora e 4 em casa).
Será que desta constatação se pode concluir algo para as 20 jornadas que faltam? Obviamente que não. Apenas quis evidenciar que, como já havia escrito nesta coluna, a recorrentemente proclamada crise encarnada é manifestamente exagerada.

Folha Seca: 'Boxing'
Neste resto do ano velho, o entusiasmante boxing day britânico teve um proémio em terras lusitanas com um inusitado momento boxing protagonizado por Pepe no jogo em Alvalade. Em ambas as situações, manteve-se a tradição. Em Inglaterra, a luta leal em forma de jogo jogado. Com o defesa do Porto o combate desleal em modo de jogo não jogado. Só num aspecto, a tradição já não é tanto o que era (ou deveria ser). Refiro-me ao despautério de Pepe ter sido expulso num jogo da nossa Liga. Coisa rara e quase nunca vista.
Depois deste intróito sobre o boxing caseiro, volto à excelência da tradição que é indissociável da vida britânica. Na velha Inglaterra, os amantes de futebol usufruem o campeonato sem intervalos. Aqui houve a Taça da Liga para desligar da Liga. Na mátria do futebol, espectáculo garantido, estádios cheios e boas receitas. Aqui, mais uma semana com bilheteiras fechadas para clubes que bem precisam de dinheiro fresco. Lá, na ilha britânica, jogos que são a matéria-prima para o alimento noticioso de Dezembro que se prolonga por Janeiro. Aqui, e na ausência de jogos, notícias de putativas transumâncias de Janeiro que, porém, começam em Dezembro. Lá exporta-se o produto do espectáculo e preserva-se a essência da competição. Aqui, à míngua de jogos, reforça-se a prática do comentário, elaborando-se múltiplas teses sobre o antes e o depois.
Lá, o fundamental está entre o antes e o depois, ou seja o durante. Este ano materializado, entre outros jogos, num memorável Manchester United-Aston Villa! Para quem gosta mesmo do futebol jogado, é um regalo o boxing day na Velha Albion. Onde não há lugar a outros boxing.

Jogos florais
"Eriksson só falava do Benfica"
Zoran Filipovic na BTV

No interessante programa da BTV A Carrinha do Bento, ouvi o inesquecível Zoran Filipovic dizer esta frase, a propósito do que o seu treinador Sven-Göran Eriksson dizia nas prelecções e no intervalo dos jogos. Por outras palavras, não se detinha nos adversários. Gostei de ouvir isto e logo me lembrei do que agora é a prática dominante dos treinadores nas suas conferências de imprensa, sobretudo antes da realização dos jogos. Passam parte substancial do tempo a falar do… adversário. Seja ele qual for, desde o melhor clube do mundo à mais insignificante equipa do 4º escalão, são todos de temer, de suscitar todas as cautelas. Qualquer adepto fica logo meio deprimido! Que diabo, não há necessidade de amedrontar a própria equipa!

Favas contadas
Vamos então à bilhética. Ou melhor, ao seu significado. No importante clássico Sporting-Porto, a assistência em Alvalade foi de 44 385 pessoas. Dois dias depois, na famigerada Taça da Liga, no Benfica-AVS Futebol SAD (que nome estranho!) estiveram na Luz 48 959 pessoas, que quase dariam para esgotar o Dragão ou Alvalade. Uma significativa diferença de 4 574 espectadores. Mais palavras para quê?

Fotossíntese
Eis uma nova competição, o Mundial de clubes. De quatro em quatro anos, a realizar em pleno defeso do futebol europeu e em plena competição do futebol de outros continentes. Na minha opinião, um exagero advindo do até agora monopólio das competições da FIFA e da UEFA. Bem sei que o retorno financeiro pode ser atractivo (por exemplo, Benfica e Porto vão ter um prémio de presença de 50 milhões), mas estarão por contabilizar as consequências de um mês de competição em período de férias. No fim da competição, os suspeitos do costume ganham e o fosso entre os clubes ricos e os que o não são aumenta, sem que se vejam os ganhos para o futebol como um todo."

As figuras de 2023


"Devemos olhar para o exemplo de Bernardo Silva, mas sem esquecer o exemplo de Cristiano

Nem todas são figuras com assinatura hoje no futebol português, mas todas estão ligadas a Portugal, pela nacionalidade ou pelo trabalho. São, do nosso universo, as minhas figuras de 2023.

Bernardo Silva
A nomeação do craque português como «Figura do Ano» para A BOLA é mais do que merecida, depois de ter feito parte de todas as notáveis conquistas do Manchester City em 2023. Tudo o que o City ganhou, ganhou Bernardo, no sentido em que jogou em todas as competições e em todas as finais. Um fantástico ano a que juntou ainda a participação, pela seleção, numa irrepreensível fase de qualificação para o Europeu.
Talvez já poucos se lembrem, mas Bernardo Silva é dos poucos jogadores a vencer tudo o que Pep Guardiola venceu no Manchester City. São, no total, desde a época 2017/2018, 16 conquistas, e de todo este tempo restam apenas, além do genial português, o guarda-redes brasileiro Ederson, os ingleses Kyle Walker, John Stones e Phil Foden, e o belga Kevin de Bruyne. Com algumas diferenças, porém: Phil Foden, por exemplo, dava ainda, em 2018, os primeiros passos na equipa quando chegaram os primeiros títulos, e o inigualável De Bruyne não pôde estar, devido a lesão, nesta primeira vez que o City se sagra campeão do mundo de clubes. Bernardo, porém, esteve em todas e em todas com estatuto de titular.
Um caso invulgar de talento, de compreensão e interpretação do jogo, no sentido tático da posição e na organização coletiva, de inteligência nas tomadas de decisão, e ainda, last but not least, um caso invulgar na forma simples como olha para a vida de profissional de futebol e como assume o respetivo (pouco e discreto) protagonismo que é dado hoje a qualquer uma das grandes figuras do futebol mundial, como Bernardo Silva, indiscutivelmente, é.
Na excelente entrevista que acaba de conceder a A BOLA, confirmam-se os traços de personalidade que fazem de Bernardo Silva uma figura diferenciada no mundo tão glamorouso do futebol moderno. Nenhuma resposta de Bernardo Silva é vazia de conteúdo. Percebe-se que nunca diz nada por dizer, e, sentindo o que diz, diz apenas o que lhe faz sentido. Vale tanto a pena admirá-lo em campo, como dar-lhe atenção fora dele.

Viktor Gyokeres
Os números dizem muito, mas não dizem tudo sobre o verdadeiro impacto que o jovem internacional sueco tem tido, ao cabo de apenas meia dúzia de meses, na equipa do Sporting e na Liga portuguesa.
Sou de há muito um quase incondicional admirador do futebolista nórdico, não pelo virtuosismo, como se percebe, mas pela mentalidade, foco, espírito de equipa, entrega competitiva. Regra geral, o futebolista nórdico bebe muito da cultura do futebol britânico e cresce com o mais autêntico espírito do association, ou seja, é formado como jogador para dar tudo o que tem a pensar na equipa e não a pensar nele próprio.
Viktor Gyokeres é, até ao momento (a par de João Neves), o melhor jogador do nosso campeonato, um avançado que consegue, ao mesmo tempo, ser poderoso do ponto de vista atlético e ter surpreendente mobilidade, é forte no jogo aéreo e no remate, tanto é eficaz de costas para a baliza como a atacar a profundidade, e sabe como usar o corpo para proteger a bola sempre que lhe falta, por exemplo, alguma daquela mais distinta qualidade técnica dos latinos.
Foi uma grande contratação do Sporting e sublinho que os números (16 golos em 19 jogos até agora) estão longe de explicar tudo o que vale para a equipa de Rúben Amorim.

João Neves
Parecem-me esgotadas todas as qualificações, e todos os adjetivos, para definir o jovem que Roger Schmidt tornou titular do Benfica, em abril deste ano, num jogo da Liga, com o Estoril. João Neves (a par de Gyokeres) é, até ao momento, o melhor jogador do campeonato, e esse, creio, é mesmo o melhor elogio que se lhe pode fazer. Como Gyokeres, também Neves teve um impacto brutal na equipa do Benfica e hoje, garantidamente, já ninguém imagina o jogo das águias sem ele.
Aos 19 anos, e em poucos meses de competição ao mais alto nível (que já o levou ao título de campeão nacional, à Liga dos Campeões e à Seleção Nacional), João Neves é um verdadeiro Golias no corpo de David, um gigante em cada jogo e pelo que dá, pelo que mostra ser, pelo espírito que tem, bem merece o que está a viver e todos os elogios que até agora lhe foram dirigidos.

Cristiano Ronaldo
A menos de dois meses de completar 39 anos, ninguém consegue imaginar até onde chegará ainda o fenómeno Cristiano Ronaldo. Fecha 2023 como o maior goleador do ano, com 53 golos em 58 jogos, seguido de Mbappé (52 em 53 jogos), Kane (52 em 57 jogos) e Haaland (50 golos em 60 jogos). Vale o que vale, tendo em conta que Cristiano joga na Arábia Saudita e os outros em França Alemanha e Inglaterra. Mas nem o futebol, na Liga saudita, é assim tão pouco competitivo (como podemos ir confirmando), nem os rivais de Ronaldo têm, como ele, 38 anos!!!
Chegam-me, entretanto, através de alguns leitores, dúvidas sobre o real valor dos 53 golos de Cristiano Ronaldo comparativamente com o número de grandes penalidades que concretiza. Pois bem, dizem as estatísticas o seguinte: dos 53 golos de Cristiano, 14 foram de penálti; dos 52 golos de Mbappé, 12 foram de penálti; dos 52 golos de Harry Kane, 11 foram de penálti; dos 50 golos de Haaland, 12 foram de penálti. Números muito próximos, portanto, uns dos outros. Será, assim, justo diminuir mais este notável registo de Cristiano Ronaldo? Ele não é só o goleador do ano; é, por todas as razões e mais uma, das grandes figuras de 2023, como foi, quase sempre, aliás, dos últimos 20 anos.
Que sorte a nossa, termos testemunhado isso!

Abel Ferreira
O que sempre mais me impressionou em Abel Ferreira foi a forma como fala e parece chegar ao coração dos outros. Não posso, evidentemente, avaliar-lhe a qualidade do trabalho a não ser, como sempre, pelos resultados e, no caso do Brasil, pelo inacreditável sucesso que alcançou. Mas é inegável o impacto do que diz, e de como diz, o que parece ser, realmente, sempre o que pensa, sem parecer pensar muito no que diz, o que torna a comunicação de alguém realmente mais poderosa, porventura mais sentida, quase sempre mais ouvida, como é o caso do que é ouvido e do que nos vai chegando do lado de lá do Atlântico sobre o que vai dizendo Abel Ferreira, nos momentos de sucesso que o treinador português tem vivido no futebol brasileiro e sul-americano (é o único treinador, nos últimos 20 anos, a vencer a Libertadores duas vezes consecutivas), e os momentos de sucesso têm sido muitos, mas também nas ocasiões mais difíceis, stressantes e desoladoras, que sempre acompanham, também, a vida de um treinador de futebol.
Voltou agora a vencer um dos mais difíceis campeonatos de futebol em todo o mundo, com final dramático, apenas decidido na última jornada, quando parecia, não há muito tempo, irremediavelmente perdido para o Palmeiras do português Abel Ferreira.
Podia, pois, não ser ele, mais uma vez, uma das grandes figuras do ano?

Roberto Martínez
Para primeiras impressões dificilmente o selecionador de Portugal poderia ter-se saído melhor. Causou logo uma primeira boa imagem, prima pela simpatia, deu extrema importância ao procurar expressar-se em português (percebendo que cairia muito bem, em geral, nos portugueses, adeptos ou não de futebol) e conduziu a Seleção Nacional a uma histórica fase de qualificação. Fácil? Difícil? Assim-assim? Ganhar, no futebol, é cada vez mais duro.
Pode o espanhol Roberto Martínez não ter ainda ganho nada com especial impacto; mas nunca ninguém tinha conseguido o que ele já conseguiu e isso nunca pode ser visto como algo menor.
Martínez parece ter ganho o coração dos adeptos e o coração da equipa. Já é um bom caminho andado.

Rui Costa
Lembro-me de ouvir alguém do futebol lembrar um dia que o mais importante quando se ganha, já não é o que se ganha, mas o que se segue. Diria mesmo que, além de mais importante, o que se segue a ganhar é também o mais complicado. Creio que o presidente do Benfica, até por toda a larga e excecional experiência que tem no futebol, sabe muito bem o que significa enfrentar o tempo que se segue ao sucesso.
O ano de 2023 marca o primeiro título de campeão nacional de Rui Costa como presidente de corpo inteiro da maior nau do desporto português e seguramente um dos clubes mais difíceis de dirigir em todo o mundo.
Ganhou Rui Costa o seu primeiro grande desafio. Mas creio que saberá o presidente encarnado como o mais complicado não é viver o sucesso, mas conviver com ele. E, sobretudo, repeti-lo."

Escândalo...


"Não posso acreditar que os bancos perdoaram ao Sporting cem milhões de euros num negócio liderado por alguém que depois se candidatou à presidência do clube! 😡😤 Já assistimos a audições parlamentares e investigações judiciais por muito menos! Como pode isto acontecer sem causar uma onda de indignação geral?
É um verdadeiro escândalo! Em outros países, isto seria impensável. Foi o dinheiro de todos nós que salvou a sad do Sporting. 🤬💸
Este caso é um dos mais descarados atentados à verdade desportiva em Portugal. Se um clube falha uma contratação, normalmente é o próprio clube que paga. Mas com o Sporting, parece que todos nós temos que abrir a carteira. Os viscondes da alta finança fizeram o de sempre… 🤔💔"

𝗖𝗼𝗺𝗼 𝗮 𝗯𝗮𝗻𝗰𝗮 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗼𝗼𝘂 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝟭𝟬𝟬 𝗺𝗶𝗹𝗵𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝗼 𝗦𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝗻𝗴 𝗲𝗺 𝟱 𝗻𝘂́𝗺𝗲𝗿𝗼𝘀.


"Só nos VMOC, o Sporting conseguiu um perdão de 96 milhões do Novobanco e do BCP, mas também teve desconto na dívida bancária. Fundo Apollo financiou operação. SAD pisca o olho a novo investidor.
O Sporting obteve um perdão do Novobanco e do BCP na ordem dos 96 milhões de euros por conta dos chamados Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) da SAD sportinguista, mas os leões conseguiram recomprar outros financiamentos junto dos dois bancos com desconto. Como fez? Estes cinco números ajudam a explicar a operação financeira.

𝗡𝗼𝘃𝗼𝗯𝗮𝗻𝗰𝗼 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗼𝗮 𝟯𝟲 𝗺𝗶𝗹𝗵𝗼̃𝗲𝘀 𝗻𝗼𝘀 𝗩𝗠𝗢𝗖…
Esta quarta-feira, o clube liderado por Frederico Varandas anunciou um acordo com o Novobanco para recomprar 51,4 milhões de VMOC da SAD pelo preço de 15,4 milhões de euros, com quase 36 milhões a serem perdoados pelo banco.
No âmbito deste acordo, os leões irão pagar ao Novobanco apenas 30 cêntimos por cada VMOC cujo preço original era de 1 euro, assegurando um desconto de 70%. Este desconto já estava previsto no acordo de reestruturação financeira assinado em 2019.
Estes VMOC (e os do BCP também) remontam a 2014, quando os dois bancos acordaram transformar empréstimos nestes títulos que se transformariam em capital da SAD no final do seu vencimento (iam expirar em 2026). Mas ao longo da última década o Sporting foi renegociando os termos destes VMOC com as duas instituições, culminando nesta operação com o Novobanco.

𝗘 𝗕𝗖𝗣 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗼𝗮 𝗼𝘂𝘁𝗿𝗼𝘀 𝟲𝟬 𝗺𝗶𝗹𝗵𝗼̃𝗲𝘀.
O negócio fechado agora com o Novobanco tem implicações numa operação do mesmo género que foi fechada em março de 2022 com o BCP.
Na altura, os leões negociaram a compra de 83,4 milhões de VMOC ao BCP, pagando apenas 16,8 cêntimos por cada um, tendo então desembolsado 14 milhões de euros, com o banco a tentar fazer a sua defesa para uma operação em que ia perder quase 70 milhões. Mas ficou então estabelecido um ajustamento do preço a pagar pelos VMOC em função de um futuro contrato a ser celebrado com o Novobanco.
Por causa deste mecanismo, o preço dos VMOC a pagar pelo Sporting subiu agora para os 27,9 cêntimos por título, o que permite agora ao banco liderado por Miguel Maya receber mais 9,3 milhões, num total de 23,3 milhões. Ainda assim, contas feitas, o BCP perdoou 60,1 milhões aos leões na questão dos VMOC (desconto de 72%).

𝗛𝗮́ 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝗹𝗲́𝗺 𝗱𝗼𝘀 𝗩𝗠𝗢𝗖.
O acordo com os dois bancos permitiu ainda à SAD do Sporting comprar outros créditos bancários na ordem dos 100 milhões de euros… com desconto. Não foram adiantados valores em relação ao haircut nestas dívidas.
No caso do Novobanco, a Sporting SAD adiantou esta quarta-feira que recomprou uma dívida bancária de 35,4 milhões de euros (referindo-se apenas ao capital em dívida, sem contabilizar juros) através da sociedade Sagasta Finance, um veículo financeiro do fundo Apollo, por via a antecipação de receitas televisivas.
O mesmo havia feito no ano passado com o BCP em relação a um crédito de 40 milhões.

𝗤𝘂𝗮𝘀𝗲 𝟭𝟭𝟰 𝗺𝗶𝗹𝗵𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗼 𝗳𝘂𝗻𝗱𝗼 𝗔𝗽𝗼𝗹𝗹𝗼 𝘀𝘂𝗯𝘀𝘁𝗶𝘁𝘂𝗲𝗺 𝗯𝗮𝗻𝗰𝗼𝘀.
Como é que o Sporting financiou estas operações? Através da antecipação de receitas relativas aos direitos televisivos dos jogos de futebol (o chamado factoring) junto da referida Sagasta Finance, do fundo Apollo, que já adiantou aos leões um montante total de 113,9 milhões de euros (dos quais 50 milhões foram adiantados agora). Este dinheiro serviu para comprar a dívida bancária e os VMOC aos dois bancos.
Após o acordo com o Novobanco, a SAD leonina “alterou a sua exposição financeira para apenas a Sagasta, exceto locações financeiras” na ordem dos sete milhões de euros. Nos relatórios e contas do Sporting, onde antes se lia Novobanco e BCP, vamos passar a ler apenas Sagasta Finance.
Sem esquecer que a administração de Frederico Varandas tem um empréstimo obrigacionista de 40 milhões de euros que terá de ser reembolsado/refinanciado em novembro próximo ano.

𝗖𝗹𝘂𝗯𝗲 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮 𝗮 𝗱𝗲𝘁𝗲𝗿 𝟴𝟴% 𝗱𝗮 𝗦𝗔𝗗 𝗲 𝗽𝗶𝘀𝗰𝗮 𝗼 𝗼𝗹𝗵𝗼 𝗮 𝗶𝗻𝘃𝗲𝘀𝘁𝗶𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀.
Voltando à questão dos VMOC do Novobanco, quando for acionado o direito de opção de vencimento antecipado, o Sporting ficará com ações da Sporting SAD correspondentes ao valor nominal dos VMOC (1 euro cada).
Em resultado da conversão dos VMOC em ações, através de um aumento de capital, o clube leonino passará a deter 87,994% do capital da sua SAD – face aos 83,895% que detém atualmente –, sendo que Álvaro Sobrinho (13,283%) e a Olivedesportos (1,418%) vão ver as suas participações diluídas.
Esta quarta-feira, após anunciar o acordo com o Novobanco, o Sporting revelou que deu um passo para arrancar com “a fase 2.0 do planeamento estratégico” que visa a entrada de um investidor para “uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD”.
Recorde-se que a dívida do Novobanco chegou a atrair vários interessados internacionais, incluindo a RedBird Capital Partners, acionista da Fenway Sports, fundo que detém o clube inglês Liverpool.

𝗙𝗼𝗻𝘁𝗲: Eco.sapo.pt

Será o futebol a analogia perfeita da nossa sociedade?


"O futebol, ao longo da sua história, transcendeu a sua essência desportiva tornando-se uma paixão capaz de romper com qualquer barreira linguística ou cultural. Contudo, atualmente, os relvados de futebol deram lugar a palcos de uma polarização social que ameaça e obscurece a beleza intrínseca do desporto. Aquele que outrora foi um lugar de união e celebração tem-se tornado reflexo das divisões sociais presentes na sociedade moderna.

A crescente polarização no futebol reflete aquelas que são as divisões mais alargadas que observamos na nossa sociedade. As equipas tornaram-se símbolos de identidades e as rivalidades nas bancadas extrapolam, por diversas vezes, para além das quatro linhas. Se o fervor clubista pode ser uma experiência emocionante, por outro lado, quando ultrapassados os limites do respeito e liberdade, transforma-se, rapidamente, no ópio da sociedade, espelhando um mundo cada vez mais dividido.
Segundo um estudo da English Football League, mais de 80% dos jogadores de segunda, terceira e quarta divisões inglesas não se sentem seguros num campo de futebol. É disto que falo. E, aqui, as redes sociais, por exemplo, tornaram-se numa arena virtual onde gladiadores combatem para ver quem derrama mais sangue. Refugiados no anonimato, diferenças de opinião são transformadas em conflitos e guerras.
É crucial relembrar – para aqueles mais esquecidos – que, na sua essência, o futebol é um jogo que transcende barreiras. Que tem o poder de unir pessoas de diferentes origens, crenças e visões do mundo. Porém, até que ponto, ao dia de hoje, ainda existe alguma dessa essência. E, até que ponto, essa essência não foi sufocada pela crescente polarização?
Para superar essa polarização é imperativo que os adeptos e as instituições promovam valores de respeito, tolerância e inclusão. Em vez de permitirmos que as rivalidades extrapolem para o ódio, devemos valorizar a diversidade de opiniões e celebrar as histórias que cada adepto traz consigo. O diálogo aberto e o respeito mútuo devem ser promovidos, tanto dentro como fora do campo.
A verdade é que o estado atual do futebol reflete a sociedade em que viemos. Ao começarmos a desconstruir a ideia de polarização no desporto, mais facilmente caminharemos em direção a uma sociedade não só mais coesa, como também mais aberta e tolerante. É incompreensível que o futebol não lidere esta mudança. Onde a paixão deve ser utilizada para construir relações e não destruir."