terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Prendas...

Soluções de ano novo


"Não sei se Schmidt é tudo aquilo que já achei que ele era, mas, no entanto, aqui estamos, ainda em condições de tornar esta época histórica

O futebol é o momento. Quem já colocou isto em prática sabe que é uma das frases mais libertadoras ao dispor do adepto. A máxima diz-nos que só há uma certeza: pouco ou nada mais interessa - para lá do momento. É libertador porque nos permite ignorar o passado e mandar o futuro às malvas, tudo em nome da alegria ou angústia do momento. À conta do momento, disse umas quantas coisas que há anos precisava de deitar cá para fora, e disse umas tantas outras que o tempo demonstrou serem bastante insensatas. Não me arrependo de nada, mas vem isto a propósito de ter escrito aqui há uns longuíssimos meses que concordava com a renovação do contrato de Roger Schmidt. Já cá volto.
Não é como começa e estamos muito longe de saber como acaba, mas, de momento em momento, o Benfica vai mostrando uma resiliência que talvez seja exatamente aquilo que estes tempos pedem. Tão ou mais importante, juntou-se à resiliência um pouco daquele futebol pelo qual temos suspirado esta época. Não configura nenhum milagre, mas já todos vimos isto no Benfica. Uma sucessão de exibições menos conseguidas, sinais de contestação dos adeptos, laços de confiança quebrados, meia dúzia de atletas aparentemente pouco galvanizados, e está o caldo entornado. Em vez disso, o mês de dezembro, que começou mal, trouxe a melhor resposta da época.
Pode ser pela desconfiança que foi pulsando ao longo dos últimos meses, mas a recuperação parece estabelecer uma tese, especialmente quando comparamos este momento com outros similares ao longo dos últimos anos. Visto em retrospetiva, fica a sensação clara de que os assobios e o triste episódio no jogo em casa contra o Farense tiveram o condão de provocar ou acelerar o proverbial virar de página. De repente, tudo voltou a fazer sentido. Caramba, até os jogadores adaptados deixam de parecer inadaptados. O momento tem destas coisas. A equipa e o treinador saíram do jogo frente ao Farense com tudo para acusarem a pressão nos dois jogos seguintes, dois dos mais difíceis da época, e aprofundar o distanciamento face aos adeptos.
Mas nada disso aconteceu. A equipa respondeu e continua a responder de forma categórica, fazendo tudo o que se lhe exigia nos restantes jogos deste mês, e jogando bem no processo. Jogadores que pareciam apagados parecem estrelas, suplentes pouco utilizados ameaçam entrar no onze. Será que esta equipa, que tantas dúvidas suscitou nos primeiros meses da época, mas que rematou trinta e sete vezes contra o Farense, já estava nessa noite a concretizar a sua remontada exibicional, ou será que só depois disso nos acordou para a vida? Nunca saberemos exatamente se os adeptos que assobiaram estavam equivocados na sua avaliação ou se foram eles que espicaçaram quando era preciso. Há uma certa dimensão de desconhecido nestas coisas.
Quem sabe a equipa e o treinador simplesmente decidiram voltar-se para dentro, reafirmando internamente o trabalho demonstrado contra o Farense, e, no processo, marcado a sua vingança para o jogo seguinte, tal era a convicção de que podiam reconquistar os descontentes dos assobios. A vingança serviu-se bem quentinha, sob a forma de reconciliação. Não sei se é do registo de sentença em que hoje se escreve nas redes sociais ou se de uma certa solenidade destas páginas de jornal, mas tem-se por vezes uma ideia de que quem produz opinião se leva tão a sério que é incapaz de admitir quando se engana e diz disparates. Digo isto a propósito de uma cruzada quase bélica contra Roger Schmidt, não tanto a dos jornalistas, que essa pouco me aquece ou arrefece, mas a dos fazedores de opinião que sentenciaram o treinador do Benfica a uma morte lenta. Não penso que o tenha escrito de forma categórica, mas sei o que pensei e dei por mim a dar os dias de Schmidt no Benfica por contados.
E, no entanto, aqui estamos. Há vários fatores que podem explicar isto, o mais importante dos quais a competência e vontade demonstradas perante uma situação adversa, mas vejo aqui um outro aspeto que me tem feito refletir, sobre o momento e sobre o que quero de tudo isto enquanto adepto. Talvez a ânsia de tudo ganhar, sempre, sem outra forma de jogar que não seja a mais deslumbrante, talvez tudo isso seja por vezes uma armadilha. Onde outros treinadores teriam naufragado, este permaneceu e até disse umas verdades pelo caminho. Não foi preciso ver uma luz nem preciso ir ver o mar. A resposta apareceu e foi dada fundamentalmente dentro de campo. É mais ou menos assim que tem de ser, não é? Não sei se Schmidt é tudo aquilo que já achei que ele era, mas, no entanto, aqui estamos, ainda em condições de tornar esta época histórica.
Sim, é verdade que o futebol é o momento. E, não, não sei onde estaremos daqui a um mês, assim como tão cedo não voltarei a pronunciar-me sobre a duração do contrato de trabalho de Roger Schmidt. Tal como o leitor, também tenho umas quantas resoluções de ano novo, mas neste momento estou mais interessado em soluções para o ano novo. Comecemos por essas. Haverá seguramente lugar a uma discussão mais estratégica e de vistas largas em relação ao futuro do Benfica, e ao lugar de Roger Schmidt, mas nesta fase a única coisa que interessa é celebrar o momento. É isso que vou fazer, saboreando com a liberdade concedida ao adepto, e, se possível, prolongando essa boa sensação até ao final da época."

Vasco Mendonça, in A Bola

Chega de Pepe!


"No final do Sporting-FC Porto, vitória leonina, por 2-0, com golos apontados por Gyokeres e Pedro Gonçalves, Sérgio Conceição queixou-se de nos últimos dois clássicos ter jogado duas horas em inferioridade numérica.
Também poderia ter dito, por exemplo, que nos últimos três com os rivais de Lisboa viu jogadores seus serem expulsos. Pepe, em dose dupla, por agressões, e Fábio Cardoso, na Luz, em lance que considera discutível, e quanto isso nada a opor. A diferença entre o treinador do FC Porto e alguns especialistas na área do comentário afetos ao emblema do dragão é que Sérgio Conceição, apesar de sua tendência para se exceder, sabe fazer uma análise fria de lances polémicos e não se inibe, até, de reconhecer quando erra, o que não acontece com os segundos, donos da sua verdade, muitas vezes alicerçada em argumentação falaciosa para justificar análises feitas de ilusões.
Sérgio Conceição não perdeu tempo com desculpas bafientas e considerou correta a expulsão de Pepe. Disse não ter acompanhado o lance em pormenor, mas viu Matheus Reis a sangrar, prova do crime. Apesar disso, houve quem se desse ao incómodo de tentar contrariar as evidências através exercícios de ilusionismo retórico para criar um cenário alternativo: o capitão portista abriu o braço para sacudir o adversário, jamais com a intenção de o agredir. Não sei como se chega a tal conclusão, mas se isto não é fanatismo, então o que será?
Aconteceu o mesmo no Campeonato do Mundo do Brasil, em 2014, no Portugal, 0-Alemanha, 4, em que Pepe abriu o braço para sacudir Thomas Muller, só que este conseguiu evitar a primeira pancada. Foi para o chão, e, então, Pepe, não satisfeito, encostou-lhe a cabeça. Mas não houve agressão, argumentou o jogador português em conferência de Imprensa, porque a FIFA só o puniu com um jogo de suspensão… O que é que estes dois lances têm em comum? Curiosa, a mesma destreza de Pepe na abertura de braço, em movimento amplo para trás, apenas com a ingénua intenção de as costas da sua mão direita encontrarem os adversários na cara, nos dentes, na boca, no nariz, seja onde for.
A isto chama-se sacudir, o resto é teatro, diz quem sabe… Tal como sucedeu na Supertaça, lembram-se?, em que foi perseguindo Jurásek até que, sacudidela aqui, sacudidela ali, creio que já fora de campo, lhe deu a cacetada final e que correspondeu a mais uma expulsão para enriquecer o currículo. «Viu o cartão amarelo por falta sobre o 9 do Sporting em nova demonstração de dar-se mal com a força do leão nórdico, teve passes disparatados e, por fim, a abrir o segundo tempo, voltou a ser o mau Pepe. O Pepe que agride, o Pepe que acha que o jogo devia acabar quando os árbitros assinalam algo com que ele não concorda. Viu o cartão vermelho (e bem) por ter agredido Matheus Reis. Quando se elogia Pepe por, aos quase 41 anos, continuar a jogar como joga, devemos igualmente criticá-lo por, aos quase 41 anos, ter atitudes apenas entendíveis a um miúdo de 18 anos», escreveu o jornalista Rogério Azevedo, na análise lúcida que assinou no jornal A BOLA sobre o desempenho individual dos jogadores do FC Porto. Ficou tudo dito em meia dúzia de linhas sobre este complexo caso que até hoje ninguém ousou enfrentar, em prejuízo do próprio o jogador. Chega de Pepe! E Roberto Martínez, selecionador português, deve ter consciência disso, porque o problema tem sido sucessivamente ignorado ao longo dos anos em obediência a valores que entendo mal.
Aquele lamentável incidente durante o Real Madrid-Getafe, a 21 de abril de 2009, em que agrediu um opositor de forma bárbara e deu uma chapada a outro, correu mundo e não mais o largou. É verdade que prometeu procurar ajuda para controlar os seus impulsos violentos, embora não se tenha esforçado o suficiente para alterar os comportamentos em campo. Na altura, apanhou dez jogos de castigo, estava na segunda época no Real Madrid. Por outro lado, a parceria com Sergio Ramos não o deve ter beneficiado, e foram muitos anos de convivência. O cadastro disciplinar de Pepe existe e é um problema delicado. Em todos os locais por onde passou deixou a sua marca de mau comportamento, Real Madrid, Marítimo, Besiktas, FC Porto e Seleção Nacional. Não está em causa a pessoa, obviamente, mas as coisas são como são e fazem parte do passado os tempos em que os amigos da irmandade da rua do Bonjardim sabiam que mais depressa subiriam na carreira se fossem obedientes. Agora, com o VAR, tudo mudou e os Pepes desta vida têm dificuldade em sobreviver."

Fernando Guerra, in A Bola

Renato, à atenção de João Félix


"O amuo de Renato Sanches na Roma, mais do que um problema, revela um padrão

O modelo de negócio dos clubes portugueses está assente na formação e na prospeção, como meios de criar e desenvolver jogadores de alto potencial, que depois são injetados no mercado principal, onde o dinheiro é o menor dos problemas, com significativas mais-valias.
Creio que tudo já foi dito sobre os defeitos e virtudes deste sistema, que vai permitindo sobreviver, sem grandes expetativas, porém, de evolução. Enquanto as equipas de top não vendem por necessidade, permitindo ao treinador uma evolução na continuidade que garante, a cada ano que passa, maior coerência e mais consistência, as nossas fazem o que a necessidade as obriga a fazer e, embora possam vender caro, não é por acaso que Diogo Costa, Pepê, Gonçalo Inácio, Viktor Gyokeres, António Silva ou João Neves, parecem destinados a escrever crónicas de um adeus anunciado.
Porém, haverá, eventualmente, momentos melhores ou piores para os jogadores de maior potencial abandonarem o ninho e aventurarem-se no mundo real. Umas experiências correm bem, outras nem por isso. Bernardo Silva correu bem (do ponto de vista no enquadramento numa nova realidade, quando demandou o Mónaco), enquanto, por exemplo, Renato Sanches tem corrido muito abaixo do esperado. Renato teve uma entrada ciclónica na primeira equipa do Benfica, foi decisivo na conquista do campeonato nacional, e acabou a época de 2015/16 a ser peça importante na vitória de Portugal no Campeonato da Europa.
Na temporada seguinte, transferiu-se para Munique, e nunca esteve à altura do desafio, perdido entre a ilusão do dinheiro e a responsabilidade de ombrear com alguns dos melhores jogadores do planeta. Daí em diante, tirando uma boa época em Lille, com Christophe Galtier, coroada com o título gaulês, o percurso de Renato Sanches, dividido entre lesões constantes e uma atitude pouco sensata, tem ficado a anos luz do que prometia. O conflito mais recente, na Roma de Mourinho, mais do que um problema pontual, revela um padrão preocupante.
Esperando que a novela de Renato na Cidade Eterna acabe bem, e sem estabelecer dogmas quanto a momentos ideais para um jogador mudar de ares, seria bom que João Félix pusesse os olhos em Renato Sanches e refletisse: falhar no Barcelona não pode ser opção. Porque a vida não está para primas-donas..."

José Manuel Delgado, in A Bola

As principais figuras da Liga portuguesa


"A distância pontual não representa a supremacia do Sporting

Com 40% de jogos efetuados, podemos começar a tirar algumas conclusões. O Sporting é, até ao momento, um justo líder do campeonato, com um ponto de avanço sobre o segundo classificado (Benfica). É importante realçar que esta distância pontual não representa a supremacia que o Sporting tem vindo a demonstrar. É, claramente, a equipa mais consistente e competente do nosso campeonato. Aquela que apresenta um processo mais definido e oleado. Em função das caraterísticas dos jogadores que compõe o plantel, consegue ter muitas soluções dentro do próprio jogo. Ao fim de 14 jornadas, optei por destacar cinco intervenientes. Dois jogadores que se destacam pela sua qualidade e importância e três treinadores. Em qualquer um destes casos percebemos a influência que as suas lideranças e comportamentos têm na prestação das equipas que representam.

Gyokeres: a figura do campeonato
Gyokeres tem sido o grande destaque da nossa liga. Conforme tenho vindo a analisar, o Sporting acertou em cheio nesta contratação. É muito forte e disponível fisicamente. É móvel, intenso e agressivo. Desgasta constantemente as defesas adversárias. Tem uma mentalidade impressionante que o faz estar ligado o jogo todo. Cria empatia com os adeptos que se reveem na forma como o avançado sueco desempenha a sua função dentro do relvado. Ganhou o respeito dos rivais, bem demonstrado na forma como preparam o jogo com a preocupação de conseguir controlar Gyokeres. Valoriza quem joga ao seu lado, pelo facto de ter a capacidade de poder servir de referência ou como o jogador de profundidade, capaz de esticar o jogo e procurar imediatamente a baliza adversária. Permitiu a Rúben Amorim tornar o jogo do Sporting mais imprevisível. Valoriza a nossa liga, porque é efetivamente um jogador acima da média, e obriga os adversários a estarem constantemente no limite. Como referiu Rúben Amorim, Gyokeres valorizou o Sporting e o Sporting valorizou Gyokeres (fazendo-o crescer). Eu acrescento: Gyokeres valorizou a nossa liga e a nossa liga valorizou Gyokeres!

Diogo Costa: classe e competência
É claramente um guarda-redes acima da média. Este ano tem vindo, mais uma vez, a demonstrar toda a sua qualidade. Diogo Costa é calmo e seguro entre os postes. Tem enorme qualidade com os pés, o que permite ao FC Porto sair a jogar desde trás, desbloqueando linhas através da qualidade de passe do jovem guarda-redes português. Não treme, é distinto, concentrado, frio e focado. Analisando os primeiros 14 jogos do campeonato, percebemos que a equipa azul e branca está longe de ser uma equipa consistente e segura. Tem permitido que os adversários criem muitas situações de finalização. Ao fim da 14ª jornada o Porto tem apenas 11 golos sofridos e muito se deve à qualidade do seu guarda-redes, que tem camuflado muitos dos problemas da equipa. Tanto Diogo Costa como Gyokeres são dois jogadores que estão acima dos demais. Sobre eles não existem grandes dúvidas. Os clubes que vierem contratá-los terão a certeza que estes atletas farão a diferença nas suas posições, pelas caraterísticas e mentalidade que apresentam.

Rúben Amorim: a mentalidade
O Sporting tem sido a equipa mais competente e consistente da liga até ao momento. Se analisarmos plantel por plantel, o Sporting não será o mais forte. Contudo, existe algo que diferencia o Sporting de Rúben Amorim: o processo. Ideias bem definidas e constantemente desenvolvidas. Processos simples, movimentações bem delineadas e conhecidas, por todo o plantel. Jogadores com capacidade de jogarem em várias posições, de forma a poder ter um plantel mais curto, mas mais unido e participativo. Após a péssima preparação da última época, o Sporting aprendeu e optou por definir o perfil do jogador a contratar em detrimento da opção de fazer chegar muitos jogadores. Acertou em cheio com Hjulmand e, sobretudo, em Gyokeres. Com jogadores com o perfil ideal e com um grupo unido, falta um ponto para a equipa dar o passo seguinte: mentalidade. Por mentalidade, Rúben quer uma equipa intensa, viva, focada, concentrada, que saiba o que tem de fazer em cada momento e que seja adulta, que perceba o contexto que envolve cada jogo. A mentalidade é o que transforma uma equipa bem trabalhada e com boas individualidades, numa equipa temível, respeitada e admirada pelos seus adeptos. Até ao momento, e apesar de alguns percalços (derrota na Luz e Guimarães) o Sporting está a conseguir alcançar os objetivos. Como o futebol é o momento, janeiro e fevereiro irão (novamente) colocar à prova a equipa de Rúben Amorim, pela quantidade de jogos a realizar e pelas ausências de jogadores importantes. Não há dúvidas que o Sporting tem o ADN do seu treinador, sendo ele um dos responsáveis pela forma como a equipa se tem apresentado.

Rui Borges: a revelação
Na sua primeira experiência na Liga está a fazer um trabalho fantástico. Por norma, as equipas que sobem de divisão têm algumas dificuldades em se afirmarem no ano seguinte. O Moreirense foge, claramente, a esta regra. Trata-se de uma equipa composta por experiência e juventude, com uma ideia de jogo bem definida e que passa por querer assumir o jogo. Ter esta ideia é uma coisa, conseguir colocá-la em prática, e fazer com que os jogadores a sigam, é outra. É importante relembrar que nas primeiras cinco jornadas o Moreirense tinha, apenas, quatro pontos. Mesmo assim a filosofia manteve-se: equipa bem organizada, com jogadores com o perfil indicado para o estilo que o treinador pretendia implementar e com a convicção de que esta forma de jogar, ou o processo implementado, iria dar frutos. Apesar de jovem, Rui Borges conseguiu ultrapassar a difícil fase inicial e apresentar uma equipa desinibida, competente, com movimentos bem delineados e percetíveis. Ao fim de, para si, 15 jornadas, está em 6.º na classificação, com um futebol atrativo que valoriza todos: treinador, jogadores, clube e liga. Até ao momento, está a ser a equipa revelação, estando muito perto de conseguir alcançar o objetivo inicial (manutenção).

Álvaro Pacheco: a oportunidade
Esta época tem sido montanha russa para Álvaro Pacheco. Começou no Estoril onde apenas disputou seis jogos da Liga. Os resultados não apareceram mas a realidade é que tentou criar uma equipa que se focasse na baliza adversária. Conseguiu marcar 12 golos mas sofreu 15. Não conseguiu encontrar o equilíbrio necessário e acabou por sair . Passadas poucas semanas teve nova oportunidade, desta vez no Vitória. Um clube que tem uma massa associativa muito exigente. Álvaro Pacheco rapidamente se adaptou e ganhou a confiança, numa primeira fase, dos jogadores. É conhecido por ter treinos rápidos e intensos e por pedir aos seus atletas disciplina, coragem e espírito de equipa. Acrescenta uma visão que tem por base colocar os olhos na baliza adversária. As suas ideias passaram e os jogadores soltaram-se. Em sete jogos fez os mesmos 13 pontos que nas sete jornadas anteriores, mas com uma abordagem diferente, que permitiu produzir mais golos e um futebol mais envolvente e apelativo. Acabou por ganhar também a confiança e respeito dos adeptos vitorianos. Com um sistema de três centrais, encontrou um equilíbrio que não tinha no Estoril. O Vitória, dentro do relvado, demonstra ambição, alegria e intensidade. Álvaro Pacheco cria uma organização coletiva que permite que os jogadores tenham liberdade para se expressarem e acrescentar valor individual ao coletivo. Neste momento, desportivamente, o Vitória está a atravessar uma fase positiva e está com os mesmos pontos do quarto classificado! Por fim, não percebo como uma administração escolhe três treinadores tão distintos para o mesmo projeto. Uma das chaves do sucesso é saber onde e como se quer chegar. Definir o perfil de jogadores e treinador é fundamental. A realidade é que os perfis de Paulo Turra, Moreno e Álvaro Pacheco não têm nada a ver uns com os outros!"

Natal feliz

Jaime Cancella de Abreu, in O Jogo