sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
Génios precisam-se. Urgente!
"O futebol precisa de encontrar urgentemente sucessor para Cristiano Ronaldo e para Messi
Ninguém é insubstituível e o povo até costuma dizer que de insubstituíveis estão os cemitérios cheios. No entanto, é sempre muito difícil de encontrar sucessores para os génios. Atrevo-me a dizer que esse é o drama do futebol atual, que precisa, urgentemente, de novos ídolos à escala global.
Cristiano Ronaldo está com 38 anos. Leo Messi tem 36. Ambos estão no final das suas fantásticas carreiras e a verdade é que o mundo do futebol vive uma intensa nostalgia, não apenas porque os seus maiores ídolos estão agora iluminados por um sol poente quase a mergulhar no fundo do horizonte, mas também porque não vislumbra sucessores. E isso é mau para o futebol, num tempo em que tudo acontece muito depressa e, sobretudo, os jovens exigem resultados imediatos e não têm paciência para esperar por ídolos em construção.
Houve um tempo em que se apostava em Neymar, também em Mbappé, mais recentemente em Haaland. A comparação para com CR7 e Messi torna-se quase caricata. São bons jogadores, têm inegável talento, mas não são génios. Talvez que a culpa seja do nível estar, hoje, tão alto. De facto, não basta marcar muitos golos, correr muitos quilómetros, ser mais rápido e bater todos os recordes estatísticos. O povo não se deixa enganar. Admira esses talentos, mas não os venera. Precisa, urgentemente, de encontrar no futebol quem o aproxime da arte e, para isso, precisa de deuses terrenos, com defeitos e virtudes de caráter, mas insuperáveis nas suas ações.
Há essa consciência, mesmo entre os principais responsáveis pela indústria do jogo da bola. Veja-se o caso muito sintomático de Infantino, o influente presidente da FIFA, que afirmou que desejava ver Messi em Mundiais, pelo menos, até ao ano de 2034. Messi teria, então, 47 anos!
Evidentemente que se trata de uma generosidade latina de Infantino, uma forma de pagar o muito que futebol deve a Messi, mas é também um óbvio sinal de desespero.
Muitos adeptos de futebol dirão que, com ídolos de primeira ou de segunda grandeza, o futebol será eterno. Não tenho uma convicção assim tão forte. O futebol terá sempre de se renovar e de se preocupar com os gostos alternativos das novas gerações. Como dizia Camões, todo o mundo é composto de mudança. E o futebol também."
Abel Ferreira: nem sempre a unanimidade é burra
"«Não me falta nada. A minha obrigação é jogar e ganhar».
Foi assim que Abel Ferreira finalizou comigo uma conversa descontraída em dezembro de 2020, poucas semanas depois de ter assumido o desafio de dirigir o Palmeiras. Estava longe da família e nem sequer imaginava o que viria pela frente.
Se ali, antes de qualquer título na carreira, já não faltava-lhe nada, o que dizer agora então depois da nona taça erguida no massacrante e conturbado futebol brasileiro em apenas três anos de trabalho?
Se rumar para o Qatar, hoje o cenário mais provável, vai atravessar o Oceano Atlântico como o maior técnico da história do Palmeiras, tendo ainda garantido uma cadeira de luxo para sentar na mesa dos sonhos com os mais emblemáticos do país: Telê Santana, Luiz Felipe Scolari, Zagallo, Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho.
A equipe alviverde jogou muito. Ganhou ainda mais. Foi coesa e disciplinar do começo ao fim em três temporadas, com raros altos e baixos. Culpa da boa e velha exigência do emotivo e polêmico Abel. As naturais contestações quase sempre recaíram somente sobre os dirigentes, algo inédito no Brasil.
O português de Penafiel tornou-se num escudo de si próprio e praticamente quebrou a ideia de que no futebol (e na vida) toda unanimidade é burra. Não é e nunca vai ser ingrato, mas, se vier a aceitar mesmo o convite para ser o técnico mais bem pago do mundo no Al-Sadd, vai ter a "benção" de tudo e todos.
Há quem saia com a sensação de dever cumprido. Abel Ferreira, por sua vez, pode tranquilamente ir embora tendo feito muito, muito, muito mais do que a tal "obrigação" com a qual chegou ao Palmeiras."
João Félix não se pode transformar no Anelka
"Depois do jogo Barcelona - Atlético de Madrid, em que, João Félix marcou o golo da vitória, a forma como o festejou de braços abertos e as picardias com alguns jogadores do Atlético Madrid, é difícil imaginar que tenha condições para regressar a Madrid.
João Félix deixou o Benfica e ingressou no Atlético de Madrid por 125 milhões de euros, era uma promessa que o Atlético de Madrid queria transformar numa estrela, as coisas começaram bem, mas terminaram mal.
O problema é que Simeone não teve engenho, nem talento para dar continuidade às prestações de João Félix e desistiu dele. Quem gosta de futebol aprecia João Félix.
João Félix pela idade pela sua habilidade, tem que dar resposta na continuidade das suas exibições, mas também tem que ser compreendido e acarinhado.
Em Barcelona sente-se querido e desejado, isso, é muito importante, para um jogador estar bem mentalmente.
João Félix, depois da sua experiência no Chelsea, uma equipa em declínio sem a liderança do magnata russo Abramovich, chegou ao Barcelona por acaso, pela saída de Ansu Fati.
Em boa hora, isso aconteceu, tem tido pormenores excelentes, falta-lhe manter consistência e força mental na adversidade.
João Félix é capaz de fazer golos decisivos e muito mais. Espero que repita boas exibições com intensidade, desempenho e destaque. É bom para ele, para o Barcelona e para a selecção nacional.
É importante João Félix dissipar as dúvidas que todos os anos pairam sobre ele. João Félix é mesmo um grande jogador? João Félix é culpado das suas fracas prestações? Simeone tratou-o de forma justa? João Félix vai ter continuidade exibicional?
Fiquei impressionado com a falta de carinho dos seus ex-companheiros do Atlético de Madrid, a começar pelos argentinos e a terminar no uruguaio arruaceiro Giménez. De Simeone nem se fala. Constato que o balneário do Atlético de Madrid não era um bom local para João Félix brilhar.
De qualquer forma, a melhor solução para João Félix é tentar ficar em Barcelona, deu um passo decisivo ao jogar por uma ninharia de salário, que mais tarde foi melhorado. Essa atitude foi desesperada, sair do Atlético de Madrid a qualquer preço.
Porém, as finanças do Barcelona não estão com desafogo para pagar milhões. Não sei qual será a solução no final da época? Pode ser que faça um excelente Euro 2024 e as coisas se resolvam.
João Félix, para quem gosta de futebol, espero que não se transforme no Anelka português. Anelka, jogador francês, muito bom jogador que no seu tempo, foi dos que mais movimentou dinheiro pelas suas transferências, por onde passou nunca se conseguiu impor: Real Madrid, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Juventus, entre outros."