sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Inspiradoras no Seixal


"A transição para o Benfica Campus das rotinas regulares da equipa feminina de futebol é mais um passo marcante no desenvolvimento desta vertente do futebol benfiquista. Este é o tema principal da BNews.

1. Valorização do futebol no feminino
Da promessa à realidade. A equipa feminina de futebol do Benfica passa a ter o Benfica Campus como polo central da sua atividade.
Filipa Patão acentua a importância desta medida: "É um momento histórico, de grande gratidão e de grande responsabilidade, sobretudo."
Carole Costa foi a porta-voz do plantel: "É muito bom e sentimo-nos em casa. Antigamente, a nossa logística era um pouco difícil, mas aqui temos tudo no mesmo sítio. Sentimo-nos acolhidas e sabemos que vai correr tudo bem."

2. Reabertura da venda de bilhetes
Estão à venda mais ingressos para o Benfica-Estrela da Amadora, a realizar sábado, às 20h30, no Estádio da Luz. Um exclusivo para sócios com as quotas em dia.

3. Melhoria no Estádio da Luz
O período de aquecimento das equipas passará a contar com redes de proteção atrás das balizas. Segundo Pedro Félix, diretor de instalações do Clube, esta melhoria visa "a segurança e o bem-estar dos adeptos sem nunca pôr em causa a visibilidade do jogo".

4. Jogo de apresentação
A equipa de andebol benfiquista apresentou-se aos adeptos numa partida frente ao KIF Kolding, 14 vezes campeão dinamarquês.

5. Troféu no Museu
A Supertaça já está no Museu Benfica – Cosme Damião.

6. Plantel visto à lupa
O Benfica quer renovar o título nacional de hóquei em patins, assim como atacar as restantes frentes. Conheça o plantel para 2023/24 em detalhe.

7. Regresso ao trabalho
As hexacampeãs nacionais de futsal retomaram os treinos com vista a novas conquistas.

8. Convocados para as seleções jovens
Com 5 nos Sub-17, 10 nos Sub-16 e 15 nas Sub-19 e Sub-17 femininas, o Benfica tem forte presença nas mais recentes convocatórias do futebol jovem nacional."

Época 2023/24: Informação de bilhética


"Sócios do Clube terão prioridade na aquisição de bilhetes, quer nos jogos no Estádio da Luz, quer nos jogos fora de casa.

Graças à paixão e incondicional apoio dos seus adeptos, o Estádio do Sport Lisboa e Benfica tem apresentado uma procura muito superior ao número de lugares disponíveis para os jogos do Campeonato e competições internacionais.
Atendendo ao crescente número de Sócios que o Sport Lisboa e Benfica se orgulha de ostentar – e no sentido de procurar retribuir esse sentimento de pertença ao Clube –, os Sócios ativos terão prioridade na aquisição de bilhetes para as partidas a realizar durante a época que agora se iniciou. Os critérios de compra de bilhetes serão definidos jogo a jogo.
Após decorrido esse período de acesso exclusivo aos Sócios, o remanescente dos lugares disponíveis será colocado à disposição dos adeptos em geral. Esta matriz vigorará igualmente para os jogos fora de casa.
Ainda no decurso desta época 2023/24 terá lugar no Estádio da Luz um jogo dedicado às Casas Benfica, desafio onde os Sócios das Casas terão condições especiais na compra de ingressos.
A data e o jogo em causa serão definidos após o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões, para que tenha lugar durante o fim de semana, de forma a potenciar a presença de Benfiquistas pertencentes às Casas do todo o País e, igualmente, sediadas no estrangeiro."

Isto é como acaba


"Depois de uma vitória concludente na Supertaça sobre o F. C. Porto, por 2-0, num jogo em que o Benfica foi claramente superior, vencendo com todo o mérito, os encarnados tiveram uma má entrada no campeonato com a derrota no Bessa.
No entanto, tudo visto e ponderado, o resultado, neste caso, foi bem pior do que a exibição. Num jogo em que o Boavista usou e abusou da sua já habitual agressividade, em particular nos jogos com o Benfica, e em que foi claramente perdoada pelo menos uma expulsão aos axadrezados (Makouta aos 11 minutos, ao atingir Neves, ou Perez a pisar Kokçu aos 14, podiam ter visto o vermelho), acabou por ser o Benfica a ficar reduzido a dez pela expulsão discutível de Musa, que manifestamente se desequilibrou ao pisar a bola, acabando por atingir o adversário.
Estranho. Uma equipa entra com toda a agressividade e a outra é que acaba a jogar com menos um. Independentemente disso, quando sublinho que não há drama, concordando assim com o sr. Schmidt, é essencialmente pelo que o Benfica conseguiu fazer a jogar com dez. Os encarnados encostaram o Boavista ao seu último terço e chegaram a uma segunda vantagem. Para além disso, tivemos três bolas na trave, uma das quais, o remate de Neres, com o centímetro de sorte que faltou, seria candidato a golo do ano. Faltou sorte, o que não desculpa os erros individuais: como a saída em falso do guarda-redes que origina o penálti cometido por António Silva; ou o golo em contra-ataque, quando o Benfica dava tudo para voltar a liderar.
É altura de lembrar alguns adversários, e até os benfiquistas mais descrentes, que o campeonato é como acaba, não como começa."

Liga Batatoon...


"Liga Batatoon. Já ninguém leva isto a sério, a não ser os tapadinhos dos adeptos do Calor da Noite, que vibram efusivamente por cada golo roubado, por cada falta espoliada, por cada nomeação de arbitragem do CA do Fontelas, por cada avaliação do Vasco Santos, Luis Ferreira ou do Fábio Melo no VAR, por cada decisão do CD do FPF do Fernando Gomes. Enfim, uma podridão total de cima a baixo, sem que ninguém do Benfica diga absolutamente nada.
Quando se pensa que se bateu no fundo, os orgãos que tutelam a Liga Batatoon conseguem sempre escavar ainda mais fundo. A Comunicação Social, liderada pelos Bitópintos fanáticos que se fazem passar por imparciais, branqueia tudo e participa activamente na festa, com propósitos bem definidos.
A Liga Batatoon, a Liga que todas as televisões por esse Mundo fora estão a abdicar de transmitir, onde a fama do Calor da Noite já era: "Quando é que vai haver a habitual expulsão e penalti?". Quem assiste aos jogos em streams de canais ingleses, franceses ou brasileiros, sabe bem do que estamos a falar.
Uma Liga muito NOBRE esta Liga Batatoon.
Rui Manuel Cesar Costa, vais começar a dizer e fazer alguma coisa ou é para continuar a permitir que milhões de Benfiquistas façam figuras de palhaço por cada dia que se apresentam nos seus locais de trabalho, completamente entregues à sua sorte porque "nem os teus dirigentes falam de nada, são tudo coisas da tua cabeça"?"

Um pouco tarde, mas sempre atentos


"A Sport TV (eterno aliado do #PortoaoColo) não nos permite tirar conclusões definitivas em relação aos penáltis, mas a expulsão de Makouta aos 10min é evidente. Erro grave do VAR.
Continua a dualidade de critérios dentro do próprio jogo."

E depois admiram-se...


"A Liga portuguesa está a ser cortada de muitas grelhas televisivas pelo Mundo fora. Porque será?
Serve, para os propósitos desta opinião, o caso de Sérgio Conceição em Moreira de Cónegos, sendo que o que é válido para o treinador do FC Porto vale para todos os outros.
E qual é esse propósito? Mais uma vez demonstrar como há regulamentos no nosso futebol que são maus de mais para serem verdade, mais parecendo que foram feitos assim mesmo para facilitar a vida a quem quer contornar as sanções aplicadas.
Dizem os nossos regulamentos que a um treinador suspenso é vedada a presença nas áreas técnicas. Normal seria que lhe fosse proibido o acesso ao estádio (Mourinho, na época passada, castigado, viu a vitória da sua Roma em casa do seu Inter, no autocarro dos giallorrossi...); mas, impensável é que haja cabinas nos estádios da primeira divisão nacional, como é o caso do estádio do Moreirense, que fiquem fora da área técnica.
Assim, Sérgio Conceição não infringiu nenhum regulamento quando não só viu a estreia dos dragões na Liga num camarote do «Comendador Joaquim de Almeida Freitas», como ainda teve a possibilidade de ir à cabina azul-e-branca ao intervalo, interagir cara a cara com os seus jogadores.
Como é que o futebol português quer ser levado a sério quando se apresenta ao mundo, do ponto de vista da organização, como uma coisa de faz-de-conta? Treinadores suspensos, assim como dirigentes suspensos, e em nada me repugna que o mesmo princípio fosse aplicado aos jogadores, deviam ser impedidos de entrar no estádio onde a sua equipa joga. Ou é castigo, ou são cócegas. Com um castigo levado a sério, o futebol dá-se ao respeito. Assim deixa que trocem dele.
A pergunta que faço muitas vezes, não só em relação a esta situação, mas ainda a muitas outras, do mesmo calibre, é se estamos perante incompetência pura e dura, ou, ao invés, nos deparamos com processos pensados para criar janelas por onde possam entrar aqueles a quem fecharam a porta.
Depois ainda há quem se admire que a Liga portuguesa esteja a ser cortada de múltiplas grelhas televisivas, por esse mundo fora..."

O futebol pergunta ao tempo quanto tempo ele tem para se usar


“Apesar dos nossos anteriores feedbacks, recomendaram para [esta] época: jogos mais longos, maior intensidade e menos emoções a serem mostradas pelos jogadores.” Algo impreciso na parte dos sentimentos - referia-se às regras agora impostas aos guarda-redes, que parecem ter agora de abrir alas para que um batedor de penálti marque um golo? -, Raphaël Varane escreveu, na semana passada, um extenso texto no Twitter acerca das alterações às regras do futebol e queixou-se de como, uma vez mais, os jogadores foram pouco tidos em conta, mesmo que consultados pelas gentes que mandam no futebol britânico.
Na mira do defesa francês estaria o prolongamento das partidas, solução pela qual globalmente se decidiu optar como forma de remediar o problema do tempo útil de jogo, cada vez mais cadente na maioria dos campeonatos europeus. Como se viu no último Mundial masculino, para mostrar a quem se atira para o chão, simula dores crepitantes ou demora a bater a bola numa falta que não vale a pena perder tempo, o futebol resolveu instruir os árbitros a engordarem os tempos de compensação e contabilizarem ao segundo coisas que antes descontavam com chapas fixas, como o tempo de celebração de golos ou as substituições. É muito cedo para se concluir o que seja, mas, por enquanto, o resultado dá razão a Varane. Na primeira jornada da I Liga em Portugal, só um dos sete encontros já disputados (faltam dois, esta segunda-feira) teve menos de 10 minutos extra na segunda parte. A exceção foi o Farense-Casa Pia, que acabou aos 90’+8. Entende-se que os anciãos do futebol que habitam lá no alto das torres do International Football Association Board (IFAB) onde as leis da modalidade se pensam, debatem e decidem, tenham optado pelo raciocínio de ‘a mão que dá, é a mão que tira’ quando pactuaram em experimentar esta medida: se o tempo perdido é depois ressarcido na compensação, talvez os futebolistas (e treinadores e pessoas que estão nos bancos de suplentes) se deixassem dos velhos truques, já gastos e usados, para o perderem quando dá mais jeito à sua equipa.
Porque mesmo sem o mencionarem diretamente, é a isso que apontam estas alterações às regras.
Tradicionalmente avesso a abrir a porta a mudanças nas suas regras, tão fiel à alma do jogo que louva proteger, o maniento futebol, se aqui tivermos ‘o futebol’ como as pessoas e suas respetivas cabeças encarregues de ditarem a base pela qual se rege a modalidade, acabou por acentuar o mal atirado para cima de quem move multidões, de quem realmente leva pessoas aos estádios. É na rifa dos jogadores que aparecerá a fatura de uma solução que até providenciar sombra está condenada a tapar o sol com a peneira. Uma mensagem, mesmo que bem intencionada e perspicaz, também demora o seu tempo a penetrar na carapaça dos hábitos.
Eventualmente, façamos figas e alinhemos as chacras, os intervenientes num jogo de futebol que perdem tempo quando lhes convém entenderiam, num mundo perfeito, que não vale a pena queimar segundos agora se os árbitros os estão a contar para mais tarde os reporem no relógio. Será neste efeito bomerangue que estas novas regras confiam. Mas, como em qualquer medida, o contexto é tudo. Imaginemos que um guarda-redes se deita na relva, simulando uma mazela, após cinco minutos em que a sua equipa foi sufocada e encostada à área, para ‘cortar’ esse ímpeto do adversário - será realmente uma compensação compensar os minutos que se perderam aí no tempo nos descontos da segunda parte, quando o fôlego e a energia estão nas reservas no corpo, a cabeça do futebolista tende a decidir pior e o caos surge sem pedir permissão?
O ato não será bem compensar, antes tentar remediar com o que é impossível ser um equivalente, por mais sentido que faça. Contabilizar integralmente o tempo que demoram as paragens médicas (para assistir um jogador), as substituições e as celebrações de golos é uma medida justa no futebol jogado onde a justiça pouco importa (quem joga pior, tem piores recursos e pouco faz por ganhar continuará, às vezes, a ganhar jogos, e também é isso que encanta). Vai engordar a duração dos jogos para gáudio de quem os vê. Embora sirva, primeiro, para acrescer o tempo que os futebolistas passam em campo.
Em junho, um relatório da FIFPro, o sindicato internacional de futebolistas, alertou como na última época, uma das “mais congestionadas” de sempre devido ao Mundial do Catar, agravou uma tendência, indicando alguns exemplos: o brasileiro Vinícius Jr. jogou, aos 22 anos, 18.876 minutos entre clube e seleção, “mais do dobro” do que Ronaldinho registou com a mesma idade; na mesma comparação, o espanhol Pedri, quando tinha 20, esteve 25% mais tempo em campo do que Xavi, o seu treinador; e Kylian Mbappé, com 24 anos, colecionou 26.952 minutos (!), que representam mais 48% do tempo que Thierry Henry teve. Mais, mais e mais, o objetivo de quem organiza competições parece ser esse.
Esta época haverá Campeonato da Europa que arrancará duas semanas após a final da Liga dos Campeões. Em 2024/25, além de um novo formato da Champions com mais equipas (36) e mais jogos (oito) para cada uma, a FIFA, querendo alargar o seu pote de direitos televisivos, patrocínios e bilhética, também vai forçar o seu Mundial de Clubes, jogado em dezembro, com 32 clubes ao invés dos atuais sete. Isto com partidas já assentes nesta tendência de facilmente durarem à volta dos 100 minutos, querendo compensar tudo enquanto descompensam os futebolistas. “Não faz sentido. Consigo imaginar o que acontecerá com equipas do fundo da tabela que perdem tempo a toda a hora. Vejo jogos que poderão ir até aos 20, 25 minutos [extra]”, criticou Kevin De Bruyne, do Manchester City.
O mal do tempo útil de jogo minguar pode ser atribuído a muitas origens. A matreirice e teatralidade das quais muito nos queixamos em Portugal têm a sua quota-parte na forma como culturalmente vivemos o futebol por cá e na banalização de tudo valer para se ganhar, que clubites e tribalismos aceitam quando o jogador é da nossa equipa, mas criticam em clima de guerrilha se virem um adversário fazer o mesmo. Mas esses ‘truques’ virão, também, do fosso que há muito é escavado entre ricos e pobres no futebol português e europeu: havendo cada vez mais dinheiro para uns e menos para os do costume, os clubes nas catacumbas da pirâmide jogam com o que podem. E o tempo, por vezes, é um valioso aliado.
Na sua crítica, De Bruyne suspeitou que daqui por “um ou dois meses” esta tendência vai mudar. O belga, portanto, também está esperançoso. Uma mudança a sério, das que o futebol por norma foge, poderia ser testar a paragem do relógio cada vez que a bola não estivesse em jogo, como o futsal o faz, quiçá reduzindo em simultâneo o tempo de cada parte (de 45’ para 40’?). De início, também não iria resolver o problema de quem propositadamente coloca um travão numa partida para benefício próprio - e eu confesso que não vejo que outras medidas haveria por experimentar -, mas, se o intuito é matar os tempos mortos, não seria melhor retirar algum do impacto real de quem força essas paragens?"

Os príncipes da manguaça

"Uma equipa de bêbados teria a enorme vantagem de esquecer na manhã seguinte a cabazada que tivesse apanhado na véspera.

Manguaça é uma palavra feia. Não esteticamente feia, para isso há outras bem piores como pabibaquígrafo, tricobezoares, filaucioso ou defecação, mas feia no seu significado um tanto ou quanto miserável: basicamente aplica-se a um borrachão que passa a vida no estado semi-vegetativo daqueles que bebem só por beber, sem prazer e sem sede, com o único objetivo de se tornarem os cachaceiros da família. Não me ficaria bem negar os efeitos que o álcool e os seus derivados tiveram em muita da minha escrita, mas também ninguém anda aí na rua a apontar-me com um sorriso travesso e a dizer entre dentes: «Lá vai o manguaça de Águeda!», ou qualquer coisa equiparavelmente maçadora. Tenho uma admiração muito razoável por quem não tem medo de se assumir como um piancho, ou por um beberrão, desde que o seu estado de alcoolemia não o faça mergulhar no terreno pantanoso da conversa que parece um cão a querer apanhar a própria cauda e, como se a apanhasse, soubesse lá o que fazer com ela. Não é fácil suportar de boa catadura um mamífero com a bocarra a exalar refluxos etílicos mesmo em frente à nossa pituitária. Certa madrugada, em São Tomé, fui com o meu amigo José Fernando de Almeida a uma discoteca que ficava logo ao lado da casa onde ele então vivia. Estava ao balcão a pedir uma cerveja e fui autêntica vítima da curiosidade de um fulano que não conseguia guardar as suas flatulências para si próprio. O seu hálito tinha algo de pavoroso, entre a cebola e a cachaça, e não fui capaz de conter as lágrimas perante a acidez bucal do bicho que, confundindo os meus
sentimentos, se agarrou ainda mais na tentativa de consolar-me e fazer sentir-me melhor não se desse o caso de estar eu com saudades de casa. A experiência foi tão forte que ainda a recordo como se fosse hoje. Aliás, os meus olhos acabam de humedecer e podem estar certos que não movidos por qualquer sentimento de nostalgia.
Manguaça é alcunha para um grande bêbado mas é, também, nome de bebida. Hemingway, que tinha a sua muito razoável quantidade de destilados diários, disse que a civilização começou com a destilação, algo que deixei de poder afirmar com propriedade quando passei a resumir os meus consumos de álcool à cerveja e ao vinho. Agora vejo tudo mais claramente, sobretudo à noite quando a escuridão se misturava com uma nuvem ligeira de vapores. Enfim, era aqui que eu queria chegar: há muito boa gente que assume com agrado as suas incómodas alcunhas. Como aquele personagem de Dumas – pai ou filho, para o caso pouco importa – que gritava na direção de todos os pontos cardeais: «Um não só um filho da puta! Eu sou o príncipe dos filhos da puta!». Valente animal!
No dia em que descobri que havia um tal de Manguaça Futebol Clube no Rio de Janeiro confesso que me deixar encantar pelo descaramento. Ela por ela seria como ter os Borrachos Futebol Clube, os Embriagados Futebol Clube, os Ébrios Futebol Clube e por aí fora. Todos de peito inchado (provavelmente após uns vómitos nos balneários), orgulhosos da sua capacidade em encher a cabeça de cachaça ou de aguardente, ou ainda melhor, de manguaça. O clube é totalmente amador mas gaba-se de organizar festas e acampamentos para as equipas de juniores e juvenis, vá lá saber-se se regadas à dita manguaça, esperemos que não, mas sinceramente não ponho as mãos no fogo. Acrescente-se que os adversários do Manguaça têm, igualmente, nomes bastante exóticos. Numa busca feita por entre teclas deparei rapidamente com uma partida espetacular entre o Manguaça e o Tô Zuando, com vitória dos primeiros por 5-3. Tô Zuando Futebol Clube!? Ora cachaça! Dá para imaginar a forma como sobem ao relvado, todos apoiando-se uns nos outros e tropeçando na bola de cada vez que tentam fazer um passe terminando o lance com um sonoro arroto.
Nos quadros do Manguaça joga gente de nomes finíssimos como seja Alan Francisco Rocha (o Di María), Aldair Soares dos Santos (o Neymar), Allan da Silva (o Chuta Chuta), Paiva Nortada (o Kaká), Santaroni Bezerra (o Santashow), Nascimento Cordeiro (o Peitão) ou Ribeiro da Silva (o Maradona). Claro que ficamos desconfiados: serão todos uns pinguços catedráticos, abrindo as hostilidade dos pequenos-almoços com uma caipirinha? Eis um daqueles mistérios fascinantes do futebol. Há que reconhecer que uma equipa formada por alcoólatras tem uma enorme vantagem sobre todos os seus adversários: mesmo quando perdem feio, por uma cabazada, no dia seguinte já nem se lembram. Ou pelo menos estão com tamanha ressaca que nem querem pensar no assunto."