Nós sabemos!

Cadomblé do Vata


"SL Benfica 2x0 RC Celta de Vigo

1. Peço desculpa pelo atraso na publicação da crónica do jogo de ontem, mas... estive à espera que o João Neves parasse quieto, para eu poder escrever descansado.

2. Mais um Troféu do Algarve/Guadiana para o espólio... qualquer dia temos de abrir a Ala Domiciano Cavém no Museu Cosme Damião para armazenar tudo o que ganhamos no Al-Gharb.

3. Mais do que a vitória coletiva, impressiona a eleição de Di Maria como Melhor Jogador do Torneio... numa competição onde estiveram vinte e tal atletas de uma das melhores ligas do Mundo, ver ser eleito MVP um rapaz de uma liga boa, mas que não é top, top, merece destaque.

4. Rui Costa à tarde nos escritórios do Estádio da Luz "por 25M nem uma tatuagem do Morato vocês levam"... Morato à noite no relvado do Estádio do Algarve "por 25M nem uma cópia de uma tatuagem do Morato vocês levam".

5. Aula de turco, para quem está a pensar em visitar Istambul nos próximos tempos... Kokçu é carteiro... não falha uma entrega."

Troféu do Algarve ganho


"A conquista, pela nona vez, do tradicional torneio de pré-época é o destaque da BNews.

1. Triunfo frente ao Celta de Vigo
A vitória, por 2-0, ante o clube espanhol garantiu a conquista do Troféu do Algarve. Di María e Musa foram os autores dos golos encarnados, em mais um jogo de preparação para a nova temporada.

2. Declarações pós-jogo
António Silva, que envergou a braçadeira de capitão, considera que "o mais importante na pré-época é preparar aquilo que vai ser a época, e as coisas, para já, estão a correr muito bem". João Neves garante o empenho do grupo de trabalho na perseguição dos objetivos propostos: "Vamos fazer o melhor possível. Isso posso prometer aos adeptos."

3. Os golos
Veja os golos do Benfica frente ao Celta de Vigo.

4. Benfica de luto
A anteceder a partida foi realizado um minuto de silêncio em memória de Jacinto. A glória benfiquista representou o Clube entre 1962 e 1971 e contribuiu para a conquista de 7 Campeonatos Nacionais.

5. Mundial no feminino
Christy Ucheibe foi titular pela Nigéria no embate com o Canadá, que se saldou por um empate sem golos. Do lado oposto esteve, na segunda parte, a ex-jogadora do Benfica, Cloé Lacasse.

6. Europeu de hóquei em patins
Há dois hoquistas do Benfica na final da competição. Por Portugal, Pedro Henriques; por Espanha, Nil Roca. O derradeiro desafio é hoje, às 20h45.

7. Sorteio no andebol
Já são conhecidos os adversários do Benfica na fase de grupos da EHF European League.

8. Protagonista
O jovem nadador Rafael Mimoso é o convidado da semana.

9. 12 anos de águia ao peito
A carreira de Tomás Barroso em 12 imagens."

O certo e o errado à luz duma ideia: o golo do Al-Nassr ao Benfica


"O bem e o mal. O bonito e o feio. O certo e o errado. Que legitimidade temos em julgar, se não analisámos o jogo à luz da ideia do treinador?
Já dizia a autora Barbara Kingsolver, na sua obra A Bíblia Envenenada, que “o que temos a certeza que está certo, pode estar errado noutro lugar”. Esta é uma premissa essencial quando se realiza uma análise: só a capacidade empática de nos colocarmos no lugar do outro (treinador) e ver o jogo através da sua lente, nos permite perceber o que está certo e o que está errado.

"Nenhuma lei pode ser sagrada para mim, excepto a da minha natureza. Bom ou mau são apenas nomes, prontamente transferíveis disto para aquilo; a única coisa certa é aquela que está de acordo com a minha consciência; a única coisa errada, a que está contra ela."
Ralph Waldo Emerson, in Essays

Contudo, apesar de não sermos Roger Schmidt, conseguimos identificar decisões/execuções dos seus pupilos e julgá-las do ponto de vista tático-técnico. De grande complexidade de análise, é o golo apontado por Khalid, no Benfica vs. Al-Nassr.
Não estão em causa os clubes envolvidos ou o valor dos seus intervenientes, mas sim a diversidade de opiniões que tanto pode enriquecer a análise do jogo. Porque a realidade de Schmidt não é a minha. Nem a minha realidade é a tua. E por isso é que a consensualidade nas análises é tão necessária, quanto utópica. Um Santo Graal de certeza que todos procuram, mas que nunca parecem encontrar.


Ora, observando o lance acima, deixo a minha análise, dentro da minha verdade, para discussão:
- Dado que os jogadores do Al-Nassr estão de costas, é ativada a pressão por parte do Benfica. Mesmo partindo duma defesa à zona pressionante, é cada vez mais comum vermos as equipas que pressionam – e não só o Benfica – a “descerem” até à última referência zonal: o adversário. É, portanto, uma marcação homem-a-homem (doravante designada de hh), mas filha duma lógica zonal, e não uma forma de defender adotada como macroprincípio.
- Após o corte de Kökçü e a recolha da sobra por parte de Di María, suponho (isto porque a imagem televisiva não o capta) que Jurásek tenha iniciado a sua progressão no terreno, de maneira a ser opção para o argentino.
- Quando se dá a perda por parte de Di María, é notório um buraco no corredor central. Isto porque a própria desorganização do Al-Nassr acabou por desorganizar… o Benfica. Por ter aplicado uma marcação hh, os dois médios do Benfica – João Neves e Kökçü – encontravam-se demasiado descaídos para o lado direito. Este parece-me um risco assumido de Schmidt, que resulta em ganhos altos na maioria das vezes mas que, como tudo no futebol, é também falível. PS: colocasse eu a lente de Schmidt de lado e diria que nunca, na minha ideia de jogo, conceberia que os dois médios dum duplo-pivô descaíssem tanto e ao mesmo tempo, para o mesmo lado!
- No entanto, as brechas causadas por uma má interpretação posicional são, muitas vezes, colmatadas com a velocidade de deslocamento dos jogadores. Ora, enquanto o Benfica pressiona do lado direito, David Neres não está a participar no jogo. Dada a sua posição oposta à do lado da bola, um posicionamento mais baixo e mais dentro poderia minimizar o “dano” causado pelo facto de João Neves e Kökçü se encontrarem do mesmo lado. Não só isso não aconteceu como, quando a perda acontece, Neres não é rápido o suficiente a recuperar posição para disputar a bola com Talisca. Imagine-se o comportamento de Kanté num lance destes e compare-se. Ou, pegando em exemplos do próprio Benfica – e visíveis neste mesmo lance – tomem-se os raides impressionantes de Kökçü atrás de Talisca e de Jurásek atrás de Khalid, ainda que em vão, como exemplo.
- Aquando do passe de Talisca, Jurásek, que havia subido para ser opção para Di María, deixa Morato numa situação de 1×1. Nesse momento, Morato pára e “oferece” o campo a Khalid. Tivesse o central brasileiro iniciado a corrida para trás, com os apoios corretamente colocados, e teria inibido o passe de Talisca. Khalid não seguiria isolado e talvez isso tivesse feito Talisca hesitar, demorar e ficar à mercê de Kökçü.
Do outro lado, António Silva faz exatamente o que Morato deveria ter feito, controlando a profundidade e evitando o passe de Talisca. Ao ver o lance pela primeira vez, os mais desatentos poderão dizer que António Silva não formou linha de fora-de-jogo com o colega do lado, mas não só estamos perante uma bola descoberta – pelo facto de poder entrar nas costas, aconselha-se o controlo da profundidade -, como também Khalid está em linha com Morato no momento do passe de Talisca. Ou seja, estaria sempre em jogo, mesmo que António Silva tivesse alinhado com Morato.
De resto, o brasileiro foi, a meu ver, o jogador que teve melhores condições para evitar este golo. Acabou, no entanto, por tomar uma decisão de pormenor… que se tornou um pormaior – nunca se deveria ter fixado e permitido a fuga de Khalid.
- Podemos ainda discutir o posicionamento de Vlachodimos. Contudo, dada a recuperação extraordinária de Jurásek e a proximidade de António Silva, parece-me ter tomado a melhor decisão ao ter ficado na baliza e evitado um eventual chapéu de Khalid, pouco depois deste ter recebido a bola. Não lhe foi possível, contudo, defender o remate do jovem saudita.

Se esta é a análise perfeita? Diria que sim, dentro da minha perspetiva. Existirão sempre padrões, verificados nas equipas por esse mundo fora, que nos poderão dar indicadores de que há sempre uma decisão melhor que a outra, ou, como diria Frade (1990), “o jogo pré-existe à ideia que dele ou para ele se tem. O problema está em saber se as ideias que dele se tem, se lhe ajustam”. No entanto, serão os valores pessoais, sociais e culturais, a ética e a moral, a pautar a análise de cada um. E, sobretudo, a nossa própria ideia de jogo.

"Tudo o que ouvimos é uma opinião, não um facto. Tudo o que vemos é uma perspetiva, não a verdade."
Marco Aurélio, imperador e filósofo romano"

Noite Di gala no Algarve


"O SL Benfica goleou o Al Nassr por 4-1 e está uma equipa cada vez mais entrosada, com Di María a ser já o seu principal artista.

Três jogos, três vitórias, nove golos marcados e dois sofridos. Eis o saldo do SL Benfica até agora nesta pré-época. Ontem, no Estádio do Algarve, triunfo dos encarnados por 4-1 frente ao Al-Nassr, numa partida a contar para o Torneio do Algarve. E quem pensou que o rei da noite seria Cristiano Ronaldo, enganou-se redondamente. O génio que andou ontem à solta no sul do país não foi o internacional português, mas sim Di María, com uma exibição de grande nível e a ser ele uma espécie de diabo à solta que ninguém conseguiu travar.
Logo nos primeiros minutos do encontro deu logo para perceber que o SL Benfica era muito superior à formação orientada por Luís Castro, ao mostrar um futebol já com ideias fixas e muito mecanizado num esquema tático de 4-2-3-1. A qualidade individual dos encarnados começou ao vir de cima e foi com toda a naturalidade que chegaram à vantagem aos 23 minutos, por intermédio de Di María, num golo cheio de classe após uma assistência de Rafa. O SL Benfica tomou conta do meio-campo, ontem composto por Kokçu e João Neves, e não dava quase espaços aos jogadores do Al-Nassr para fazerem o que quer que fosse. Alexander Bah e Jurásek foram peças importantes nas investidas pelas laterais, sobretudo o checo, que tirou alguns bons cruzamentos e que criaram perigo na defesa saudita.
Rasgos de Cristiano Ronaldo nem vê-los, e era Di María que continuava a espalhar classe com pormenores deliciosos. O SL Benfica cada vez que atacava, criava quase muitas vezes perigo, pois quem tem na frente um quarteto composto por David Neres, Rafa, Di María e Gonçalo Ramos, pode esperar sempre em causar pânico na área contrária. Todo esse pendor ofensivo voltou a dar frutos e por duas vezes, e através do mesmo homem. Gonçalo Ramos fez o segundo e terceiro golo das águias, e mostrou porque é, atualmente, um dos avançados mais cobiçados da Europa. A caminhar para o intervalo e com o resultado em 3-0, houve um pequeno relaxamento do conjunto orientado por Roger Schmidt, que contribuiu para o Al-Nassr reduzir através de Khalid Al-Ghannam, depois de ser assistido por Anderson Talisca, ele que foi, talvez, o melhor elemento dos sauditas.
Para o segundo tempo, o técnico alemão voltou a colocar em campo uma segunda equipa, mas o domínio continuou a ser encarnado, o que prova que o SL Benfica tem no banco boas opções, e que pode manter a mesma qualidade de jogo mas com outros intérpretes. Luís Castro manteve o seu onze e continuou a não mostrar argumentos suficientes para assustar a baliza encarnada, ocupada na segunda parte por Samuel Soares. O golpe final das águias aconteceu ao minuto 68, quando Andreas Schjelderup se estreou a marcar com a camisola do SL Benfica. O avançado norueguês de apenas 19 anos mostrou que tanto pode jogar no centro do ataque, como pelas faixas, sendo um dos melhores em campo nos segundos 45 minutos. Até final, destaques negativos para Petar Musa, que falhou um golo cantado, e para a saída de Cristiano Ronaldo, que entre assobios e aplausos, deve ter deixado alguns adeptos desiludidos com a sua prestação e que pagaram bilhete para o ver. Em suma, vitória sem espinhas do SL Benfica, que continua a mostrar bom futebol, e que tem um plantel que já está a dar boas dores de cabeça a Roger Schmidt."