"O SL Benfica foi eliminado pelo FC Internazionale de Milão (5-3 no conjunto das duas partidas) e está fora da Liga dos Campeões. Os encarnados podiam e conseguiam fazer melhor, perante uma equipa italiana que estava ao alcance.
O jogo da primeira mão acabou por ser decisivo no desfecho da eliminatória, depois de um jogo menos conseguido em que a equipa encarnada pouco fez para conseguir um bom resultado, perdendo por 2-0 e deixando a tarefa para Milão muito complicada.
Na Luz, após a derrota, Roger Schmidt falou em cansaço de alguns jogadores que têm sido importantes nesta temporada como João Mário e Gonçalo Ramos. A realidade é que o jogo do Benfica foi sempre muito previsível, o desgaste é notório, e a derrota no jogo anterior frente ao FC Porto pareceu ter deixado a equipa agastada.
O treinador alemão foi muito criticado pelas escolhas na partida da primeira mão, não pelo onze, mas pela demora em mexer na partida. Na altura o técnico fez apenas uma substituição (entrada de Neres para a saída de Florentino), tendo Musa e Gonçalo Guedes no banco para atacar a segunda parte.
A verdade é que Inzaghi preparou muito bem as duas partidas e foi sempre superior, taticamente, a Roger Schmidt, que não conseguiu anular as peças fulcrais dos nerrazurri. A ausência de Bah foi importante, a saída de bola do Benfica ficou sempre mais limitada pela falta de desequilíbrio que o dinamarquês conseguia dar no lado direito. O Benfica preferia sair pela esquerda, com Grimaldo, mas a equipa italiana, com Dumfries na marcação cerrada ao espanhol, conseguia limitar a principal arma do Benfica na primeira fase de construção.
Pode-se questionar a falta que Enzo Fernandez faz nestes jogos de maior exigência, mas a verdade é que Chiquinho foi sempre dos jogadores que mais se destacou no conjunto dos dois jogos na equipa portuguesa.
A falta de pressão a Brozovic no jogo do Estádio da Luz permitiu à equipa italiana ter sempre o controlo da partida, com as variações de flanco do croata, fazendo a equipa do Benfica, na maioria das vezes, correr atrás da bola, e aí, Roger Schmidt também falhou. Algo que no jogo da segunda mão, o treinador alemão já conseguiu remediar, com Rafa a ficar encarregue do médio croata, e o jogo do Inter não conseguiu fluir da mesma maneira. O primeiro golo dos italianos na Luz é o espelho disso mesmo, com Brozovic a conseguir variar o jogo para Bastoni, e o Benfica, não acertando as marcações, deixou que o central corresse vários metros com a bola controlada e conseguisse cruzar com todo o tempo do mundo para a cabeça de Barella, e isso aconteceu não uma, nem duas, mas várias vezes ao longo da partida, e o Benfica nunca foi capaz de conseguir contrariar.
Na segunda mão a história já foi outra, e apesar de uma entrada tímida na partida que culminou com o golo cedo de Barella, o Benfica conseguiu acertar marcações, deixou de defender em zona e começou a apertar homem a homem na linha defensiva dos nerrazurri e já foi capaz de recuperar algumas bolas no meio-campo ofensivo, criando perigo, e foi assim que surgiu o golo de Aursnes, que deu o empate no jogo e alguma esperança à nação benfiquista.
Talvez tenha sido um pouco tarde, o Benfica tinha e devia ter acordado mais cedo para conseguir discutir a eliminatória desde início, mas nunca conseguiu ser superior a um Inter que está a ter uma época atípica a nível interno, e pode ter a conquista da Liga dos Campeões como a única forma de estar nesta competição na próxima época.
A segunda parte em Milão já foi de desespero, e apesar de estar a dois golos de levar o jogo, pelo menos, para o prolongamento, nunca se sentiu um Benfica capaz de o fazer, teve mais bola, muito pelo recuo do Inter no terreno, onde se sente mais confortável (como no jogo do Dragão na eliminatória anterior), e a apostar no contra-ataque onde conseguiu ser feliz e matar o que restava do sonho benfiquista com o golo de Lautaro Martinez. A partir desse momento foi arrastar o jogo até ao final, com o Benfica a fazer algumas trocas (entradas de Gonçalo Guedes, João Neves e Musa) e acabou por ser feliz e ainda conseguir o empate no último lance da partida, quebrando a série de três derrotas consecutivas.
No final das contas, sabe a pouco, e dá ideia de que o Benfica avassalador ao longo da época tinha francas hipóteses de bater pé à equipa italiana, que aproveitou a experiência e um Benfica frágil para ultrapassar mais uma etapa na competição, depois de eliminar o FC Barcelona na fase de grupos e o FC Porto nos oitavos de final.
Falava-se na sorte dos sorteios que é sempre importante para as equipas portuguesas conseguirem chegar longe nas competições europeias, e a verdade é que o Benfica tinha um sorteio favorável, evitando os principais tubarões no caminho até à final. Isso talvez seja a maior dor nos adeptos do Benfica, que têm noção que podia ser este o ano que os encarnados podiam lutar, novamente, pela conquista da Liga dos Campeões, algo que não acontece desde 1962."