sábado, 25 de março de 2023

Vergonhoso...


"A Seleção de Portugal jogou no estádio de Alvalade. As entradas de João Mário e Gonçalo Ramos, serviram para os adeptos presentes, enviarem coros de assobios.
Foi necessário o capitão de equipa pedir que aplaudissem Gonçalo Ramos.
VERGONHOSO, o comportamento dos adeptos que não conseguem despir a camisola dos clubes.
«𝑭𝒐𝒊 𝒄𝒐𝒎 𝒊𝒏𝒄𝒓𝒆𝒅𝒖𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆, 𝒕𝒓𝒊𝒔𝒕𝒆𝒛𝒂 𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒂𝒈𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒊 𝒐𝒏𝒕𝒆𝒎 𝒖𝒎 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓 𝒅𝒂 𝑺𝒆𝒍𝒆çã𝒐 𝑵𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍, 𝑱𝒐ã𝒐 𝑴á𝒓𝒊𝒐, 𝒔𝒆𝒓 𝒂𝒔𝒔𝒐𝒃𝒊𝒂𝒅𝒐 𝒑𝒐𝒓 𝒖𝒎𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐 𝒑ú𝒃𝒍𝒊𝒄𝒐 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒏𝒐 𝑬𝒔𝒕á𝒅𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑨𝒍𝒗𝒂𝒍𝒂𝒅𝒆 (…) 𝑨 𝒇𝒂𝒍𝒕𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒑𝒆𝒊𝒕𝒐, 𝒂 𝒄𝒍𝒖𝒃𝒊𝒕𝒆, 𝒂 𝒅𝒊𝒗𝒊𝒔ã𝒐 𝒆 𝒂 𝒊𝒏𝒈𝒓𝒂𝒕𝒊𝒅ã𝒐 𝒕ê𝒎 𝒅𝒆 𝒔𝒆𝒓 𝒄𝒐𝒏𝒅𝒆𝒏𝒂𝒅𝒂𝒔 𝒆 𝒆𝒙𝒑𝒐𝒔𝒕𝒂𝒔 𝒑𝒖𝒃𝒍𝒊𝒄𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆. 𝑬𝒔𝒕𝒆 𝒆𝒑𝒊𝒔ó𝒅𝒊𝒐 𝒅𝒆𝒊𝒙𝒐𝒖 𝒎𝒂𝒈𝒐𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒋𝒐𝒈𝒂𝒅𝒐𝒓𝒆𝒔, 𝒆𝒒𝒖𝒊𝒑𝒂 𝒕é𝒄𝒏𝒊𝒄𝒂 𝒆 𝒔𝒕𝒂𝒇𝒇 𝒒𝒖𝒆 𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂𝒎 𝒂 𝑺𝒆𝒍𝒆çã𝒐 𝑵𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒆 𝒏ã𝒐 𝒑𝒐𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒑𝒆𝒕𝒊𝒓-𝒔𝒆, 𝒔𝒆𝒋𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒒𝒖𝒆𝒎 𝒇𝒐𝒓», disse o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Parece incrível! Até o Fernando das facturas sentiu necessidade de falar sobre o assunto. E logo ele que não dá a cara, por nenhum assunto que envolva o estado a que chegou o futebol português.
Cada vez mais o BENFICA É A MINHA SELEÇÃO..."

Efab⚽lação (20) Das brumas ao esplendor


"Se Roberto Martinez fosse português, provavelmente, não teria feito entrar João Mário em campo a um minuto do fim, em pleno estádio do Sporting - a menos que quisesse humilhar o jogador.
A falta de respeito, ingratidão e clubite de que se queixou o presidente da Federação a propósito deste incidente talvez não sejam sentimentos do cardápio formativo do novo seleccionador de Portugal, não obstante ter nascido na Catalunha com azia inata contra o Estado castelhano.
Humilde, Martinez diz que está a aprender, a conhecer os jogadores, e tem muito poucas e extremamente fugazes oportunidades para descobrir e adoptar ou adaptar.
É interessante ter um treinador estrangeiro que se esforça por aprender português. É curioso ter um líder oriundo de um país de várias nações e com um hino sem palavras a procurar cantar os versos da Portuguesa, mesmo sem base cultural para entender o silogismo entre a heróica e nobre valentia e a sabedoria dos egrégios antepassados, a vitória das “armas” sobre os canhões - esse imortal complexo de inferioridade que nos agiganta.
Roberto Martinez não fazia ideia de que João Mário, o melhor jogador da época em Portugal, era “persona non grata” no “José de Alvalade” e um alvo potencial da frustração clubista que divide o país. E ninguém teve o cuidado de lhe explicar, apesar de a Federação ser hoje um retiro dourado para dezenas de ex-jogadores, a começar pelos adjuntos portugueses que elegeu, Ricardo Carvalho e Ricardo Pereira, que conhecem este assunto a fundo, através de experiências pessoais extremas.
O espanhol aprendeu assim na primeira aula que, em Portugal, um ex-capitão de um clube pode transformar-se em “maçã podre” ou em “traidor” como quem troca de camisa e que a identidade dos clubes é primordial relativamente à da equipa nacional. Já acontecera com João Moutinho, que tinha um passado idêntico e cometera um pecado semelhante, “defraudando” valores materiais e sentimentais aos olhos dos sportinguistas, mas o grau de intolerância sobe em função da cor do clube beneficiário e, eventualmente, também da tez da pele.
O lado “social” deste episódio com João Mário é, apesar de tudo, menos importante do que o “desportivo”.
As múltiplas observações que o espanhol pareceu andar a fazer nos estádios portugueses levaram-no inexplicavelmente a adoptar uma solução táctica igualmente contra-natura, inédita em seleções de Portugal, e a deixar fora da equipa inicial alguns dos jogadores mais determinantes dos jogos a que assistiu, a começar pelo próprio “patrão” do Benfica actual.
Roberto Martinez assume o compromisso de levar a seleção à final do Europeu, num percurso em que defrontará 80 por cento, ou mais, de adversários claramente mais fracos, através de um dispositivo inflacionado de defesas, meio travestidos em jogadores de pressão, mas pelo sacrifício de unidades decisivas no ataque, como Gonçalo Ramos, Diogo Jota ou Rafael Leão.
Depois de falhar uma gestão emocional básica, obrigando a cúpula federativa a sair do seu silencioso sepulcro para sanar o mal-estar criado, e expor-se inexplicavelmente com uma proposta de futebol para equipas pequenas que vai demorar a ser assimilado por jogadores e adeptos - só pode melhorar. Pelo menos, terá entendido a charada sobre a liderança que se propõe cantar antes de cada jogo, igualmente uma metáfora para o futuro de João Mário: das brumas das más memórias ao esplendor das grandes vitórias."

Um campeonato que começou em abril de 2022 | SL Benfica


"Nos dias que correm, é impossível ficar indiferente ao momento desportivo do SL Benfica, que vai encantando não só em Portugal, como por toda a Europa. É preciso estar muito distraído para não reparar na época brilhante que os encarnados têm realizado e não é muito difícil entender o porquê. Afinal, este campeonato começou a ser cozinhado em abril de 2022….
Por essa altura, o Benfica estava a quinze pontos do líder FC Porto e nos quartos de final da Liga dos Campeões, com os ânimos longe de serem os ideais. O treinador era Nélson Veríssimo, o segundo da época, o plantel estava de rastos e esse mês começou com uma derrota em Braga contra o SC Braga, seguida por outra contra o Liverpool. Foi por aí que começaram a surgir rumores da possível contratação de um certo treinador alemão que treinava o PSV Eindhoven.
É fácil olhar agora e dizer que era a escolha absolutamente certa, mas naquele momento foi uma opinião dividida. Embora Roger Schmidt já tivesse um percurso reconhecível, marcado sobretudo pelas suas equipas eletrizantes, havia quem achasse que Nélson Veríssimo merecia o benefício da dúvida de uma época completa, atribuindo-lhe o mérito de ter eliminado o Ajax na Liga dos Campeões e com a benesse de ser um homem da casa.
Rui Costa avançou e o germânico tinha uma tarefa difícil. Isto porque é igualmente fácil de olhar para o 11 encarnado e dizer que é o melhor dos últimos anos, mas se virmos bem, quantos destes é que não estavam nos quadros do Benfica na época passada? Oito dos jogadores que costumam ser titulares no onze base de Roger Schmidt já estavam ligados contratualmente ao clube, para não falar de outros.
É fácil de dizer que Florentino Luís é um dos médios defensivos com mais qualidade no mundo, mas antes do técnico alemão o jovem esteve emprestado durante dois anos, sem grande tempo de utilização. António Silva estava muito longe das luzes da ribalta, João Mário era suplente e até muitas vezes preterido da convocatória por Nélson Veríssimo – muitos diziam até que nunca contaria para Schmidt pela ‘falta de intensidade’ -, Gonçalo Ramos jogava a segundo avançado ou até médio centro e era muitas vezes acusado de não ter golos.
Contando também com Otamendi, Grimaldo, Rafa, Chiquinho e Odysseas que nunca foram consensuais – o grego ainda não o é -, a tarefa não era fácil. O maior mérito do alemão foi pegar numa equipa fragmentada, construí-la e trabalhá-la e, sobretudo, dar-lhe uma identidade. Os jogadores não são muito diferentes do ano passado, mas a equipa é completamente diferente.
Mais do que as vitórias, esta equipa tem uma identidade clara, um rumo nítido e um trabalho identificado, que começa na chegada do treinador alemão e que tem culminado numa época que faz sonhar. Poderá até não conquistar nada a nível de títulos, no entanto, o trabalho desenvolvido é muito acima do expectável há um ano.
Chegaram Neres, Bah e até Fernández, mas a contratação da época foi, sem dúvida alguma, Roger Schmidt."

Assobios em vão para quem ri à toa


"Palhinha, no fundo, tem total razão. Compreendo e respeito as duras críticas feitas aos torcedores que desperdiçaram preciosos segundos de vida ao assobiarem João Mário em Alvalade na goleada de Portugal diante de Liechtenstein.
Num mundo encantado das mil maravilhas, o mais justo e correto seria perseguirmos com unhas e dentes tamanha atitude desrespeitosa. Mas a realidade é outra. Há problemas imensamente maiores para combatermos.
Vaiar faz parte da maior graça que existe no futebol: a rivalidade. Podemos ou não nos rever em tal ação infantil, mas, com todo respeito, tentarmos privar as pessoas da provocação sadia é um tanto quanto desnecessário. Ou irrelevante.
A violência dentro e fora das arquibancadas, o racismo, a xenofobia, o machismo, os desvios de verbas nos clubes por meio de dirigentes, até mesmo as fracas arbitragens, tudo isso merece muito mais a nossa atenção e, consequentemente, revolta.
Um homem e profissional português tomou uma delicada e importante decisão há quase dois anos. Não machucou (fisicamente) ninguém, mas feriu sentimentos dos mais apaixonados. Não foi o único e nem vai ser o último a trocar o Sporting pelo Benfica. Ou vice-versa.
Infeliz é o torcedor que não consegue perceber e lidar com uma opção honesta e altamente compreensível de carreira. João Mário, enquanto isso, ri à toa. Mais do que nunca, está feliz ao viver a melhor fase na carreira."

Intermediários às voltas com o novo regulamento da FIFA


"O novo regulamento que regula a atividade dos agentes de futebol propõe, entre outras medidas, a imposição de tetos máximos às comissões que estes agentes passarão a poder cobrar aos seus clientes, medida que está a causar celeuma

O novo regulamento que regula a atividade dos agentes de futebol ainda não entrou plenamente em vigor e já tem sido alvo de contestação por parte de alguns dos seus destinatários. A medida mais controversa, que iniciará a sua vigência a partir de 1 de outubro de 2023, está relacionada com a imposição de tetos máximos às comissões que estes agentes passarão a poder cobrar aos seus clientes, embora outras alterações estejam também contestadas, entre as quais as que respeitam aos novos critérios previstos para a admissão da dupla representação ou às novas regras que passarão a regular a interação dos empresários desportivos com os atletas menores de idade.
Percebe-se a razão da celeuma: ao estabelecer limites, nalguns casos, de 3% sobre o valor do salário anual do jogador (quando em representação deste), ou de 10% quando em representação do clube vendedor, a FIFA impõe valores que se situam claramente abaixo do que vem sendo prática no ramo, estando em causa uma medida que poderá vir a ser considerada restritiva do direito ao desenvolvimento da atividade profissional destes agentes, para mais, num setor em que nenhum outro profissional sofre idênticas limitações. Nesse sentido, a própria legitimidade da FIFA para impor esses limites poderá ser questionada, quando parece incontroverso que a mesma já não a teria para fazer o mesmo quanto a outros profissionais que igualmente exercem a sua atividade no setor do futebol, como é o caso dos médicos ou dos advogados, entre outros.
Por sua vez, a fixação de diferentes escalões para as comissões dos agentes – consoante estes ajam em representação dos jogadores ou dos clubes, sendo os limites tendencialmente superiores neste último caso – alimenta um justo receio de que os agentes passem a sentir maiores incentivos para atuar do lado dos clubes, em claro detrimento dos jogadores, com o efeito indesejado de desproteção destes últimos nas negociações relativas às transferências e/ou à celebração de contratos de trabalho desportivo.
Do mesmo modo, no que respeita às medidas de proteção dos jogadores menores de idade, o novo Regulamento de Agentes da FIFA veio estabelecer que um agente de futebol não poderá abordar um jogador antes dos seis meses anteriores à data em que este atinja a idade permitida para celebrar o seu primeiro contrato de trabalho no país em que se pretende que este venha a ser contratado. O conceito de abordagem ao jogador é, aliás, definido em termos bastante amplos, englobando quer contatos diretos, quer indiretos com familiares, amigos ou pessoas relacionadas com o jogador. Sucede que, sabendo-se ser muitas vezes prática dos clubes formadores iniciarem conversações com os seus atletas mesmo antes do ano em que estes atingem a idade legal para celebrar o seu primeiro contrato de trabalho, a medida preconizada pela FIFA corre igualmente o risco de produzir um resultado inverso ao desejado, desprotegendo estes jogadores – vedando-lhes a possibilidade de representação – justamente no momento da celebração do seu primeiro vínculo profissional.
Finalmente, no que respeita à dupla representação, o novo regime, embora vedando tendencialmente a representação de mais do que uma parte numa mesma negociação – o que é de enaltecer, pois com isso se prossegue um objetivo de mitigação das possibilidades de ocorrência de conflitos de interesses nos mercados de transferências–, contempla, porém, uma exceção a esse princípio, admitindo-se que um agente atue simultaneamente em representação do jogador e do clube comprador dos seus direitos. Estando em causa uma evidente duplicidade de critérios, que tem sido compreensivelmente alvo de algumas objeções, caberá à FIFA justificar os critérios que presidiram a essa diferenciação.
Aliás, para fazer vingar uma parte significativa das soluções impostas no novo regulamento, designadamente no contexto de alguns processos judiciais que já foram publicamente anunciados, a FIFA ver-se-á certamente forçada a justificar os objetivos que se propõe alcançar com as suas medidas, demonstrando que as mesmas se revelam justas, adequadas e proporcionais face a esses fins."