quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Catarses 3️⃣1️⃣ Mãe-África


"Nunca a expressão “Mãe-África” fez tanto sentido como neste dia da meia-final do Mundial entre França e Marrocos, a primeira com uma seleção africana. Ou melhor: com duas.
Uma recheada de jogadores filhos ou netos de africanos, contra outra com mais de metade de internacionais nascidos noutros continentes - todos orgulhosos e vinculados às respectivas raízes.
Muitos povos em luta social e política contra o estigma do colonialismo irmanaram-se fervorosamente nos últimos dias aos 40 milhões de marroquinos no sonho de celebrar a simbologia de um triunfo à escala mundial sobre os pesadelos da opressão e da escravidão que esteve na sua génese. No Brasil, chamaram-lhe “Brarrocos”.
Marrocos apresentou-se com africanos naturais do Canadá, de Espanha, de França, dos Países Baixos, da Bélgica e de Itália.
França com europeus oriundos da Argélia, Congo, Benim, Camarões, Guiné-Bissau, Angola, Mauritânia, Costa do Marfim, Mali e do próprio Marrocos.
Todos nascidos dessa grande, terna, forte e incansável mulher africana, lutadora, trabalhadora e sustentáculo das famílias, como as homenageadas no relvado de Doha pelo “espanhol” Hakimi, filho de Fatima, e pelo “francês” Boufal, filho de Zoubida, após a vitória sobre Portugal.
“Viemos ganhar por África, pelos países que estão em desenvolvimento” - assumiu o seleccionador marroquino, Walid Regragui, ele próprio nascido perto de Paris em 1975, apenas um ano depois de as seleções africanas terem sido admitidas pela primeira vez no torneio da FIFA.
Após se ter coroado novo Califa do Al-Andalus, com as suas vitórias sobre Espanha e Portugal, Regragui desvendou a mudança psicológica que pode vir a mudar a mentalidade das equipas de África para sempre, uma atitude que reflete, precisamente, a rejeição dos seus 14 jogadores nascidos fora de Marrocos ao rótulo da “ingenuidade” do futebolista africano “puro”:
“Há uma ideia baseada na nostalgia preconceituosa de que os africanos precisam ser ingénuos, atacar com tudo, ou então não prestam”.
O “regraguismo”, que promete alastrar a todo o continente como um grande movimento motivador de referência, começando por reinvindicar mais do que os cinco lugares atuais nos finalistas dos Mundiais, sofre todavia de uma patologia crónica que dificulta essa unidade, um paradoxo de ordem racista, uma idiossincrasia à escala continental: muitos povos e países da chamada África negra não se revêem nos países do Magreb e estes, politicamente, estão muito mais virados para a Europa do que para Sul.
O sonho marroquino terminou quando já não era possível ir mais longe, com a derrota inevitável em campo frente a um adversário muito superior, sem margem para o triunfo do romantismo sobre a experiência e o pragmatismo dos franceses. Um jovem “congolês” nascido na cosmopolita Île-de-France, Kolo Muani, ditou a sentença final à seleção africana que mais alto chegou num campeonato do Mundo. Foi o futebol, em campo, a ratificar sem margem para dúvida a crescente e decisiva influência deste pan-africanismo moderno, em que todos se sentem irmanados por uma matriz comum, independentemente das nações onde nasceram. Mas igualmente e em simultâneo a lei do mais forte, ainda (e sempre?) um país europeu com todo o poder de convencer e reter os melhores talentos.
Além disso, este histórico desafio em marcha à escala transcontinental tem de se haver ainda com um adversário de peso, que é a própria rivalidade a sul e a norte do Sahara.
Quando o continente foi chamado a organizar o Mundial de 2010, um dos “slogans” da candidatura vencedora, da África do Sul, apoiada pelos países sub-saharianos, foi “África somos nós”, marcando uma evidente e profunda distância e diferença relativamente à concorrência de países como Marrocos, Líbia, Tunísia ou Egipto. E esta questão ancestral não se resolve, tão simplesmente, apenas com a melhor classificação e exibição de sempre de uma seleção africana.
Talvez só com todo o amor das mães de África."

5 magníficos centrais do SL Benfica


"Ingrata será sempre a selecção dos cinco melhores de qualquer posição no relvado de futebol de qualquer clube, assustador é fazê-lo tendo que filtrar os magníficos que compõem a extensa História do SL Benfica, um percurso recheado de sucessos arrebatadores e um chinfrim de talentos ensurdecedores na prática harmoniosa do futebol.
Nos defesas-centrais então há muito por onde escolher, que ao volume ofensivo que se fez tradição como imagem de marca dum jogo á Benfica, é necessário segurança na rectaguarda para soltar os artistas endiabrados do ataque à baliza oposta.
Felizmente para nós, alinha-se no firmamento uma clara linha sucessória de impenetráveis líderes defensivos, líberos que se expressaram desmesuramente como os melhores da Europa nos relvados da antiga e nova Luz e que, por força da própria evolução tecnico-tática do futebol, se foram substituindo de forma que, se não é propositada, assim nos deixa a dúvida de tantas conveniências cronológicas: quase que imediatamente, quando um abandonava surgia outro, tão parecido nas aparências do talento, mas tão progressivo no estilo, que permitiram através das suas expressões futebolísticas perceber o desenvolvimento da posição, em tempos tão arcaica e simplista e hoje vital na obtenção da eternidade para uma equipa.

1.
1 Campeonato Nacional, 4 Taças de Portugal, 1 Taça Latina
188 jogos (1944-53)

Félix Antunes Também apelidado de “O Pantufas”, sobre o talento de Félix se disse e se tem dito, décadas fora, que suplantava os maiores – mais populares, vá… – nomes do sector defensivo que o futebol português já viu. Coincidentemente, estreou-se na selecção no mesmo dia que se despedia Feliciano, a lenda belenense campeã nacional de quem muito se distanciava do estilo áspero de jogar futebol – e, na partida seguinte ao último jogo de Félix com a camisola das Quinas (o 9-1 em Viena no recital de Ocwirk) estreava-se Germano de Figueiredo, a grande referência da época dourada do futebol nacional. Félix foi, portanto, um marco de transição entre o estereotipado central duro e rezingão dos primórdios e o central moderno, astuto no corte e irreverente no trato de bola, o pioneiro nesse estilo mais arrojado de futebolista que, ostentando todos os argumentos técnicos dum playmaker, preferia distanciar-se dos palcos de decisão, junto da baliza adversária, e assumia ele as rédeas da primeira ideia do conjunto, do primeiro esboço do ataque colectivo ainda no próprio meio-campo. Isto, pode-se facilmente imaginar, foi revolucionário nos anos 40.
Era tão dotado tecnicamente que, claro, iniciou carreira mais à frente, como interior ou médio centro no WM da moda. Jogava nos Unidos, a filial da CUF, e o Benfica não tardou em descobri-lo. Janos Biri, o mago húngaro antecessor de Béla, inventou-o como defesa-central – estávamos em 1948-49. Foi uma loucura geral. Àquele Benfica, que vivia ainda na sombra dos 5 Violinos, chamava-se muitas vezes Sport Lisboa e Félix – não sendo dificil imaginar porquê – e quando Peyroteo saiu, no final dessa época, viveram-se momentos de pânico em Alvalade: não havia substituto credível. Ao fim de algumas experiências lá se descobriu a solução quase perfeita na adaptação de João Martins, mas era tarde demais – nesses entretantos, já o Benfica tinha aproveitado para agarrar o primeiro lugar, conquista de 1949/50. Título que permitiria disputar a Taça Latina, ganha com todo o esplendor e com exibições memoráveis de Félix, que se diz ter encantado a Europa.
Voltemos aos tais 9-1 de Viena, a catástrofe na qualificação para o Mundial de 1954 (onde essa Áustria seria medalha de bronze). Félix é castigado pela FPF por supostos comportamentos erráticos no estágio de preparação e nas viagens de ida e volta.
Joaquim Ferreira Bogalho (presidente do Benfica e o ‘pai’ da Antiga Luz) herda as dores dos responsáveis federativos e quando volta a ver Félix em Lisboa dá-lhe novo castigo e nova multa: um conto. Um balúrdio. Frustra-se Félix, sente-se injustiçado pela facilidade com que é alvo apesar do estatuto. Os jogos que se seguem correm-lhe mal, há ecos de facilitismos do central, fagulhas que ateiam finalmente a fogueira que seria aquele jogo – 18 de Outubro de 1953 – nos Arcos (o pré-Bonfim), no qual o Vitória setubalense dá 5-3 ao Benfica – e Félix é feito culpado dos cinco golos sofridos, à boleia de muito exagero.
No balneário, a versão mais comum diz que atira a camisola do Benfica ao chão e a pisa, justificando que Ferreira Bogalho o irradie enquanto jogador de futebol do Benfica. Alberto Miguéns conseguiu interpretação ímpar sobre o processo, explicando bem os porquês: naquela fase de transição entre o semi e o profissionalismo à séria, havia um meio-termo que era bomba relógio no balneário.
Uma paz podre onde os que chegavam recebiam enormidades em relação aos atletas mais antigos, que nunca tinham oportunidade de renovar vínculos contratuais e precisavam doutro emprego para sobreviver. Era necessário um golpe ‘político’. Sobretudo um pretexto para desatar aquele nó. Em 1953 sai Félix, em 1954 sai Rogério Pipi – também empurrado pela urgência do profissionalismo -, sai Arsénio, sai Francisco Moreira. Foi a lenda Félix a mais duradoura – utilizada como propaganda de justa lição de benfiquismo, que ninguém pode estar acima do símbolo. Félix seria sacrificado em prol duma causa maior.
Muito à frente do seu tempo, o primeiro grande central moderno do nosso futebol numa era em que a televisão era ainda um milagre longínquo para a realidade portuguesa – e por isso pouca justiça se faz ao seu nome e ao seu talento.

2.
4 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal, 2 Taças dos Campeões Europeus
138 jogos (1960-67)

Germano de Figueiredo Voltamos à conversa dos 9-1 em Viena e do jogo de volta, um 0-0 no Jamor, que é onde Germano de Figueiredo se estreia na selecção – exactamente o jogo a seguir ao último de Félix, ninguém imaginando naquela altura o simbolismo da coisa. Germano tinha 21 anos e dava cartas na Tapadinha com a camisola do Atlético, recém-formado da fusão entre Carcavelinhos e União de Lisboa. Isto em 1947, e é nesse ano que o senhor Germano se inscreve nas camadas jovens do clube – entrando para guarda-redes, também certamente nunca pensando que seria nessa posição que alargaria a dimensão já colossal da sua lenda, quase duas décadas depois.
Guarda-redes começou, avançado foi pela predisposição para domar a redondinha e tratá-la melhor que qualquer fantasista – a defesa-central se fixou por influência do seu ídolo (Carlos Baptista, referência da posição no Carcavelinhos) e adivinhem quem o estreou como esteio defensivo na primeira equipa? Sim, o mesmo que descobriu Félix como número 4, Janos Biri. Coincidências…
Até chegar ao Benfica na viragem da década, com 27 anos, muito penou senhor Germano. A doença – uma pleurisia líquida – retirou-o dos relvados entre 1955 e 57. Recuperou, sacou a II Divisão liderando de braçadeira o seu Atlético já depois de ter caído por terra a oportunidade de ir para Alvalade. Béla Gutmann é campeão em 1959-60, vai buscá-lo e torna o Benfica campeão europeu no ano seguinte. E no outro. Sempre com Germano em destaque, pelas qualidades de liderança além das técnico-táticas. Em 1965, mais uma final – em San Siro, contra o Inter de Helenio Herrera. Jair marca aos 57, Costa Pereira é obrigado a sair no seguimento – Germano, lembrando as origens, volta á linha de golo e mete as luvas. Em meia-hora, três grandes defesas e a tranquilidade tão característica, ganha à custa de vida dificil – aos onze anos fica sem o pai, aos 14 sem a mãe – e duma curiosidade insaciável na procura do conhecimento. Era um homem culto. Mário João, colega de defesa na época dourada, chamava-lhe “Mister Book”. Eusébio dizia que, enquanto ele e outros liam o jornal, Germano agarrava-se aos livros calhamaço, “com mais de 500 páginas”…
Foi o capitão dos magriços e é já como adjunto de Otto Glória que participa na final da Taça dos Campeões de 1968 (contra o Manchester de Charlton e Best). Depois, o silêncio e a seclusão, longe dos holofotes da fama – o que só lhe aumentou ainda mais a lenda…

3.
8 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal, 1 Supertaça
498 jogos (1968-76 e 1977-84)

Humberto Coelho A evolução perfeita de Félix e Germano, Humberto imitou-lhes as melhores características e adicionou um monumental jogo de cabeça, evitando tão bem golos como os fazia na área contrária: marcou 79 (!) nos 15 anos que passou pelo Benfica, uma enormidade dado que a sua principal função sempre foi defender – e como líbero sempre jogou, só subindo à área contrária quando as circunstâncias o exigiam.
Se Félix foi descoberto pela Europa naquela Taça Latina e Germano assumiu protagonismo nos anos dourados do futebol nacional, Humberto continuou essa tendência e assumiu-se definitivamente como ‘O’ defesa luso de prestígio internacional, uma presença mediática numa altura em que a própria venda da imagem dos protagonistas do jogo se começava a transformar no panorama ofuscante do século actual. O “Beckenbauer Português” chegou ao zénite da fama primeiro em 1981, quando é convocado para a Selecção da Europa que iria defrontar a congénere da Checoslováquia – que fazia 80 anos; E um ano depois, convocado novamente pela selecção europeia para confronto com o Resto do Mundo em Nova Iorque, em jogo com receita a reverter para a UNICEF. O onze: Zoff, Krol, Humberto, Pezzey e Stojkovic; Beckenbauer, Antognoni e Tardelli; Boniek, Blokhin e Rossi, o lendário ponta-de-lança que fez furor no Espanha 82, artilheiro daquela Copa (com seis golos) e protagonista do épico jogo contra o Brasil. Humberto, com uma figura destas na equipa e outras de iguais gabarito… foi quem teve honras de levantar o troféu da vitória!

4.
2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal
142 jogos e 160 jogos (1988-91 e 1995-96) (1986-89 e 1993-95)

Ricardo Gomes & Mozer – Incorre-se na ofensa grave de aproximá-los enquanto dupla em vez de lhes dar, individualmente, o destaque merecido para tanta qualidade e história construída no Benfica. Mas foi enquanto parelha que Ricardo e Mozer inscreveram (de forma eterna) o nome na memória colectiva da massa adepta do Benfica, pela forma quase sobrenatural com que um disfarçava as fraquezas do outro, pela entreajuda que possibilitava transformar a linha recuada do Benfica num muro de betão armado, numa muralha intrasponível que por si só garantia títulos.
Foram figura numa era em que a 1ª Divisão portuguesa era jogada por 20 equipas e 38 jornadas – uma monumentalidade bíblica – e disputada taco a taco com um FC Porto fortíssimo, campeão europeu em 1987 e com registos inacreditáveis de aproveitamento de pontos. Só á custa duma irrepreensível contribuição de todos os sectores conseguia o Benfica manter a equipa à tona competitiva e dividir os troféus durante aquela década. Em 1988-89, com Toni como comandante, Mozer e Ricardo Gomes juntos (com Silvino na baliza, Veloso na direita e Álvaro Magalhães ou Fonseca à esquerda) garantiram, nas infindáveis 38 jornadas de Liga… 15 golos sofridos! Uma média de 0,39 por jogo, que dura até hoje como o melhor registo defensivo de sempre numa prova doméstica.

5.
6 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal, 4 Supertaças, 7 Taças da Liga
538 jogos (2003-2018)

LuisãoAinda bem presente na memória de todos o contributo que Luisão deu enquanto jogador, por força de agora o entregar enquanto adjunto da primeira equipa, Anderson Luiz chegou ao Benfica já campeão brasileiro pelo Cruzeiro e assentou desde logo arraiais no eixo defensivo, sendo essencial no renascimento do Benfica pós seca da viragem do milénio.
É Luisão quem marca presença como protagonista nas principais noites do novo Benfica em franca recuperação competitiva e de prestígio: é ele que se antecipa a Ricardo para tornar o Benfica campeão 11 anos depois, é ele que destrona o Liverpool campeão europeu de Rafa Benítez na Luz e possibilita aquele jogo inesquecível em Anfield; é ele que capitaneia o Benfica em 2009-10 e faz golo contra o Braga de Domingos, naquele 1-0 já no sprint final; Interpretou ao lado de Garay a melhor dupla de zagueiros desde Ricardo-Mozer e com isso consegue o que eles não atingiram – duas finais europeias; E é ele que está presente como capitão e líder de balneário no inédito tetracampeonato. Luisão, apesar de dever talento a outras figuras desta lista, chega perto delas pela força da estatística atingida e duma longevidade invulgar para a contemporaneidade.
Segundo com mais jogos na História do Benfica (a par de Veloso e a 37 de Néné), primeiro no ranking de mais jogos europeus (127, o segundo é Veloso com… 77), e o jogador com mais títulos conquistados de águia ao peito (20, mais um que Néné e dois que Coluna). Um monstro sagrado!"

Demasiados jogos...

Benfica 90 - 93 Sporting
28-24, 19-25, 16-13, 27-31

Estamos a sentir as consequências do sucesso Europeu, com um calendário interno, muito carregado, com demasiadas fases, quando no final tudo será decidido no play-off!!!
Hoje, falhámos demasiados Triplos, e permitimos demasiados turnonvers, numa partida onde jogámos com um Poste, já que foi o Zirbes a ficar de fora na rotação...

Energúmeno,,,


"Caso Apito Dourado, caso Mesquita Alves, caso do roubo e divulgação dos emails deturpados, caso do jornalista agredido, casos de fraude fiscal, invasão ao centro de treinos de árbitros na Maia, fuga para Vigo com aviso prévio, juiz que recusa buscas no Dragão, e muito mais. O arguido por violência doméstica continua no seu mundo de realidade alternativa enquanto atira fardos de palha em tribunal.
É inenarrável esta constante narrativa repleta de mentiras e que foi, aliás, desmentida em tribunal. Os próprios jogadores que este sujeito menciona negaram depois em tribunal que o Benfica os tivesse comprado, contactado ou sequer mencionado. Nunca houve nenhuma interação - absolutamente zero - por parte da Instituição Benfica nem nada que se pareça e tudo não passou de uma cabala montada em que até uma reportagem fizeram (SIC) fazendo-se passar por jogadores, mas que, afinal, mais tarde se veio a saber terem sido atores contratados para o efeito.
Preocupante como um sujeito que usa pulseira eletrónica e esteve preso por, alegadamente, ter batido na mulher, continua a debitar cartilha, ódio e mentiras sobre o maior clube português, com o auxílio da comunicação social.
Que a justiça funcione em pleno e que este energúmeno pague a sério pelos crimes de difamação, roubo, partilha de informação privada, deturpação e outros tantos delitos de que está acusado.
Não passa de um mentecapto absolutamente tóxico e nojento que só tem empurrado o futebol português para o lodo."

Catarses 3️⃣0️⃣ Lionel, o gigante da Patagónia


"Quando Fernão de Magalhães tocou a Terra do Fogo, encontrou indígenas enormes, para o padrão da época, e com pés tão impressionantes que lhes chamou “patagões”. Era o primeiro choque de culturas da sabedoria europeia com a destreza pedestre dos argentinos, que não se cansa de espantar o mundo, na arte de dançar o tango e de jogar futebol.
Pela sexta vez, a Argentina, sempre subalternizada emocionalmente ao espalhafato brasileiro, vai disputar a final do Mundial, liderada por um patagão de corpo franzino, um anão, tantas vezes vítima de “bullying” por não ostentar os centímetros, os músculos, nem os caprichos dos deuses olímpicos.
Se o Mundial fosse um campeonato de boxe, teríamos um peso ligeiro à beira de derrotar por K.O. técnico todos os pesos pesados do futebol atual. Melhor Jogador, Melhor Marcador, Melhor Passador - o mundial do Catar é o Mundial de Messi, que ontem se tornou também o jogador com mais partidas nesta competição e o maior goleador da seleção em Mundiais - derrubando recordes de Maradona sem margem para dúvidas nem aferições capilares.
Talvez por ter nascido a norte da Patagónia, Messi foi condenado pelas fadas madrinhas a viver nos limites do nanismo, mas compensado por dotes artísticos, maravilhosos e inesgotáveis no controlo da bola, que lhe terão sido administrados junto com a hormona de crescimento, a somatropina só autorizada para fins terapêuticos pelas autoridades anti-doping, que os druidas da medicina lhe insuflaram no início da adolescência, dando-lhe os milagrosos 20 centímetros que faltavam para se tornar no rei dos anões do Futebol.
É esse bocadinho a mais que lhe permite humilhar adversários com toda a naturalidade e, por vezes, requintes de malvadez, como fez na jogada do terceiro golo frente à Croácia, transformando o magnífico Gvardiol num Orc desnorteado e duro de rins.
Golos e passes de morte, corridas, fintas, dribles, cruzamentos e passos de tango - uma forma técnica e física exuberante, aos 35 anos, a aparecer ao mundo quando o país e a equipa precisavam dele, sem se esconder, sem se escusar. Um gigante em corpo de minorca.
Como em “Aleph”, o conto de José Luis Borges, o Messi da literatura argentina, defrontamo-nos com um insolúvel paradoxo da condição humana, entre a imortalidade e a vulnerabilidade terrena, a identidade e o génio, a simplicidade e o sobrenatural, a aparência e a essência. Como isto anda tudo ligado, até Borges recorreu à mitologia nórdica dos elfos e duendes para descrever “Zahir”, a filosofia islâmica sobre o que os nossos olhos têm de ver para crer:
“Algo que uma vez tocado ou visto, jamais é esquecido - e vai ocupando o nosso pensamento, até nos levar à loucura”, como o futebol de Lionel Messi, agora a apenas uma vitória de completar a trilogia Copa América, Jogos Olímpicos, Campeonato do Mundo.
Com o auxílio de um treinador a sério, o mais jovem do Mundial, capaz de mudar peças, de trocar sistemas e de gerir génios sem dramas nem polémicas, ou de lançar jogadores jovens, semi-desconhecidos, em funções capitais, sem receio dos nomes, nem das antiguidades, nem dos egos.
A Argentina fora derrotada no jogo de abertura pela Arábia Saudita, mas absorveu o choque sem se desunir, sem se desfocar, sem duvidar, sem trocar o supremo objectivo por pequenas glórias transitórias de percurso, com a sabedoria e a experiência de quem sabe que os recordes vêm no fim de tudo, como uma “chocotorta” depois do “bife de chorizo” - e não o contrário.
“Desfrutar”, resume Messi quando lhe perguntam o segredo desta receita vitoriosa. Desfrutar como equipa, à altura da pressão e das exigências, e transformar a “última dança” projectada pelo marketing da FIFA em tango de uma pessoa só!
Talvez injusto para os Otamendi, para os Fernandez, para os Alvarez, mas quando a influência real de um jogador é tão grande, tão esmagadora, não há espaço para invejas, nem ingratidões, nem hipocrisias. Até porque metade dos golos dele em campeonatos do Mundo (9 em 20) são ofertas em bandeja aos colegas, como aconteceu ontem a Alvarez no lance do 3-0.
A Argentina é uma seleção em que todos e cada um se mostram conscientes do respectivo lugar, dimensão e importância, onde anões e patagões se complementam e se apoiam, dentro e fora das quatro linhas, sem espaço para salvadores da pátria.
Só falta, agora, o último “round”, o último teste à dúvida eterna dos hedonistas dos estádios: quem é o maior?
O irritante cupido pedipulador, a quem ninguém consegue parar, em corpo de duende como o Oberon de Shakespeare? Ou o poderoso, atlético e belo, imune ao envelhecimento e reencarnado no próprio corpo, como o Glorfindel de Tolkien? Um duende minorca ou um elfo colossal?
O Catar está a apenas 90 minutos de validar para sempre o Rei dos Gigantes da nova mitologia futebolística!"