2.ª vitória na Champions...

Benfica 1 - Rosengard


Já perdi a conta, à quantidade de 'combinações' defensivas que fomos obrigados a fazer esta época!!! Mais umas 'invenções', mas no final vencemos...
Depois da goleada de Barcelona e da derrota muito ingrata com o Bayern, esta vitória é mais que justa... foi pena a finalização, e teríamos tido o final de partida, mais descansado!!!
Segundo ano consecutivo a vencer na Champions, em ambas as ocasiões ao Campeão Sueco, desta vez no Seixal...!!!

Na luta...

St. Andrews 0 - 6 Benfica

Depois do empate, a goleada, e a liderança (para já) do grupo!
Os malteses na véspera seguraram o 0-0 com o Kairat, mas hoje, marcámos cedo, e com tranquilidade goleámos!

Na quadra, a melhor notícia destes jogos, é a integração completa do Lúcio que está a jogar muito bem...

Com a vitória dos Checos sobre o Kairat, quer dizer que vamos discutir a qualificação com o Churdim. A boa notícia é que quando começar o nosso jogo, já sabemos o resultado dos Checos com os Malteses, e assim saberemos por quantos golos teremos que vencer! Não creio que o Churdim consiga uma goleada superior à nossa, assim suspeito que a vitória pela margem mínima contra o Kairat será suficiente... mas, temos que esperar por Sábado, para ter a certeza! Seria importante o regresso do Diego...


Três pontos no feminino


"Hoje há Liga dos Campeões no Benfica Campus. A nossa equipa feminina de futebol defronta o Rosengard, ciente das dificuldades, mas focada em ganhar. Este é o tema em destaque na News Benfica.

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É às 20h00, no Benfica Campus, que se disputa mais uma partida da UEFA Women's Champions League. O adversário é o Rosengard, da Suécia, o 12.º do ranking europeu de clubes e que, em 2020/21, chegou aos quartos de final da competição.
Filipa Patão salienta a exigência deste desafio e reitera que a busca pelos triunfos é o que norteia a nossa equipa: "Sabemos que somos uma equipa jovem nesta competição, mas sabemos que já demos provas de que conseguimos lutar de frente com equipas com grande poderio. O Rosengard é uma equipa muito competitiva e organizada, desenganem-se se acham que será mais fácil do que o Bayern. Não partimos para nenhum jogo sem ser a pensar na vitória e este jogo não será diferente."
A presença e apoio dos benfiquistas é fundamental para a nossa equipa e Filipa Patão deixou um apelo: "Elas sentem esse apoio. Peço que lhes deem força e que as consigam apoiar." E Cloe Lacasse reforçou essa ideia: "É extremamente importante termos os Benfiquistas connosco. Com eles tudo é possível. Espero que apareçam, fará toda a diferença."
Um pedido que se estende a todos os jogos, desde logo já na próxima segunda-feira (15h00), novamente no Benfica Campus, frente ao SC Braga, que partilha a liderança do Campeonato com as Inspiradoras.

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Prossegue a participação benfiquista na Ronda de Elite da Liga dos Campeões de futsal, realizada no Cazaquistão. Depois do empate a três golos com o Chrudim, hoje vencemos o Luxol St. Andrews, por 0-6. A última partida, com o Kairat Almaty, realiza-se no sábado.

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António Silva foi eleito, numa votação promovida pelo Sindicato dos Jogadores, o melhor jogador jovem da I Liga em outubro. Em agosto/setembro, o escolhido havia sido Gonçalo Ramos.

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Formar à Benfica é uma marca cada vez mais disseminada pelo mundo. Veja, neste vídeo publicado no Site Oficial, o exemplo japonês do Camp Benfica Tóquio e Osaka.

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Para saber os horários de todos os jogos das nossas equipas de futebol e modalidades de pavilhão nos próximos dias, clique aqui.
Destacamos os seguintes: amanhã, na Luz, a nossa equipa feminina de hóquei em patins defronta o Sporting (21h00); e sábado, na Luz: partida com o Penafiel, para a Taça da Liga (20h45); antes, às 15h00, encontro com o São Mamede em voleibol; às 19h00, jogo com o Famalicence em hóquei em patins; mais tarde, às 21h00, receção ao Alavarium em andebol (feminino).
Nota ainda para a participação do Benfica na Liga dos Campeões de judo (feminino) na Geórgia."

A fábrica dos sonhos | SL Benfica


"No último dia 11 de novembro, foi lançado na Prime Video um documentário chamado The Factory of Dreams. Este documentário composto por quatro episódios com cerca de 25 minutos explica vários parâmetros de como funciona o Centro de Formação do Benfica, tendo feito ainda um resumo do percurso da equipa de juniores na última edição da Youth League.
Foi a primeira vez que o Sport Lisboa e Benfica se aventurou na criação de conteúdos deste género nestas plataformas. E por aquilo que pude ver, o feedback geral dos adeptos foi bastante positivo.
O meu ponto de vista também é bastante positivo face a este documentário, que permitiu abordar alguns pontos da forma como se trabalha na Academia do Benfica sem expor em excesso nem explicar a metodologia de forma demasiado detalhada. Neste documentário, foram explicados alguns pontos que, a meu entender, são pouco falados e sobre os quais farei aqui uma breve abordagem.
Ao princípio, a série falou sobre o processo de iniciação dos jogadores, no qual o Diretor Geral do Benfica Campus Pedro Mil-Homens explicou que atualmente, o processo passa por detetar jogadores talentosos o mais rápido possível, visto que vivemos numa era de globalização e de evolução digital, no qual as crianças passam mais tempo a jogar futebol nas consolas do que na rua.
Nesse aspeto, o clube revelou também uma atividade que considerei muito interessante. Tendo em conta que nos dias de hoje, as crianças passam cada vez menos tempo a jogar ou a ter outras atividades na rua, todos os escalões de formação do Benfica, desde os sub-7 aos sub-13 têm vários tipos de atividades, desde aeróbica a aulas de dança, de modo a desenvolver e a estimular as capacidades motoras dos jogadores.
Outra atividade que os jogadores deste escalão costumam ter é a prática de futebol num campo de futebol de salão. Jogar futebol num campo onde há tabelas e no qual a bola está sempre em jogo, aprimora os índices de concentração dos jogadores, bem como a sua capacidade de reação e a sua tomada de decisão.
Outra das questões mais abordadas no comentário é a adaptação dos jogadores ao Benfica e ao Seixal, explicando que muitos jogadores têm dificuldades em adaptar-se a uma nova realidade e à ausência dos pais e dos familiares. O jovem que já é aposta na equipa principal António Silva falou da sua história, na qual contou que regressou a casa ao fim de um ano por não ter conseguido ligar com a ausência da família, mas sem deixar de ser monitorizado pelo Benfica, tendo regressado ao Seixal no ano seguinte.
Já o ponta de lança Henrique Araújo, que trocou o CS Marítimo pelo Benfica aos 16 anos, contou que optou por dar de casa numa altura em que estivesse mais maduro e se sentisse mais preparado para lidar com a ausência da família e dos amigos. João Félix, que saiu de casa dos pais aos 11 anos, explicou que a mudança foi muito difícil para ele, mas que uma saída do ninho em idades precoces também ajuda os jogadores a tornarem-se independentes.
Rodrigo Magalhães, Coordenador Técnico do Benfica Campus, explicou que muitas crianças não estão preparadas para lidar com a ausência dos encarregados de educação. Como tal, a solução alternativa encontrada passou pela criação dos Centros de Formação e Treino. O Benfica possui vários Centros de Formação e Treino espalhados em vários pontos de norte a sul do país, criados através de protocolos com clubes ou autarquias locais, permitindo ao clube monitorizar jogadores de todo o país, chamando para o Seixal aqueles que apresentam maior potencial.
Quanto aos jogadores entrevistados, creio que a escolha não poderia ter sido melhor feita. João Cancelo e Rúben Dias são exemplos de jogadores formados no Seixal, que demonstraram ter a personalidade e a mentalidade certas para singrar no futebol mundial. Já António Silva e Henrique Araújo são jovens que ainda estão a dar os primeiros passos ao mais alto nível, mas que demonstram ter a cabeça no lugar e a mentalidade competitiva necessária para se afirmarem no Benfica e no futebol mundial."

Catarses 9️⃣ Arigato, Alemanha


"Agarrem-me, que eu sou um émulo compulsivo dos lugares-comuns da linguagem da bola e recuso-me a repetir aquele chavão que todos conhecem, inventado após a agónica meia-final de Turim, em 1990, por Gary Lineker, um excepcional jogador que se tornou ainda melhor jornalista.
Não vou dizer a tal frase que o mundo repetiu triliões de vezes nas últimas horas porque até desconfio que os alemães nem sequer têm, desta vez, os onze jogadores que são precisos para concretizar a profecia do inglês.
Quando vi as substituições de Herr Flick, não consegui reprimir um “Allô”, primeiro pelo Fullkrüg, que só me faz lembrar o tempo dos “panzers” mas não chega aos calcanhares do Hrubesch bom gigante, seguido de outro “Allô” quando entrou o Mário Goetze, cheio de remendos e em final de prazo para consumo, como uma prova de que até os calculistas alemães, quando estão à rasca, acreditam em milagres de velhos heróis providenciais.
Atenção, que vou dizer isto só uma vez: pobre Musiala, que só tem 19 anos e caiu nas entrelinhas da menos fecunda geração de que me lembro, apesar da dimensão de Gündogan, da experiência de Neuer, Kimmich e Muller e dos fogachos de Gnabry e Havertz.
Bem podem esconder a cara porque aqueles últimos 20 minutos sem o jovem prodígio foram caóticos e de impotência perante as “blitzkrieg” dos japoneses, a varrerem a extrema defesa germânica com a mesma rapidez, coordenação, trabalho de equipa e eficiência com que os seus adeptos deixam as bancadas limpas e arrumadas no final de cada jogo.
A Alemanha do futebol, onde pontificam o excepcional Kamada e os marcadores dos golos, Doan e Asano, já devia saber que o Japão do futebol é hoje muito mais do que aquele grupo de corredores “kamikaze” que provocavam alvoroço nas defesas contrárias mas acabavam invariavelmente abatidos pelas anti-aéreas, em batalhas passadas, incluindo as de Yokohama em 2002. Não é à toa que os baptizaram de Brasil do Extremo Oriente, venerando e agradecendo à influência de Zico, Miura e de centenas e centenas de jogadores e treinadores brasileiros que tornaram o futebol nipónico mais do que uma potência regional.
O Japão joga incomparavelmente mais e melhor do que a Arábia Saudita, que os mestres do lugar-comum também já chamam de Brasil do Médio Oriente, e, por isso, a Alemanha ficou numa situação mais apreensiva do que a Argentina, condenada a uma final antecipada com a Espanha debaixo de um alarme permanente de bombardeio.
Logo após o jogo, alguns amigos soltaram nestas redes sociais, tão escancaradas ao exagero como a baliza da Costa Rica, uma “vendetta” jornalística contra a classe dominante dos comentadores televisivos, classificada pomposamente de “malta das entrelinhas”. O Japão, cordato, respeitador e tradicional, tornava-se porta-bandeira do futebol clássico, puro e duro, sem baias tácticas nem preconceitos estratégicos, como um exército de soldadinhos Nemtiki e Nemtaka, contra o jogo formatado. Só faltou ao fim do dia a merecida vitória do Canadá sobre a Bélgica para algum destes proscritos na reforma soltar o mais profético bordão do “freitaslobês”, que Mark Twain teria seguramente achado tão exagerado como a “morte” da Alemanha: “depois disto, não há mais nada”.
A coragem dos jogadores alemães em afrontar a FIFA pela melhor razão do Mundial reduziu a dimensão e o impacto das críticas ao colapso físico e táctico dos oficiais do senhor Flick. Ou por isso ou porque muitos, como eu (confesso!), a vaticinaram para vencedora de mais este campeonato, e que, mesmo com menos de onze craques e sempre contra mais do que onze adversários de qualidade, japoneses ou espanhóis, no fim, pelo menos frente aos costa-riquenhos, ganha a “Mannschaft”. Pronto, não disse! Arigato!"

Os réus!


"O FC Porto continua a aproveitar-se do mediatismo do ‘Caso dos Emails’ ao procurar ligações que coloquem em causa a idoneidade dos árbitros Logo lançou as cartas na comunicação social para condicionar e associar ao Benfica a um dos melhores árbitros portugueses da atualidade.
O que se esqueceram é que neste processo os 𝗥É𝗨𝗦 são: 𝗙𝗿𝗮𝗻𝗰𝗶𝘀𝗰𝗼 𝗝𝗠𝗮𝗿𝗾𝘂𝗲𝘀, 𝗝ú𝗹𝗶𝗼 𝗠𝗮𝗴𝗮𝗹𝗵ã𝗲𝘀 𝗲 𝗗𝗶𝗼𝗴𝗼 𝗙𝗮𝗿𝗶𝗮
Eles acham que anda tudo a dormir ou a comer da palha que dão aos portistas mais incautos. 😏"

Sonhar com o título mundial


"João Paulo Correia, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, escreve sobre o Campeonato do Mundo no Qatar.

Além de presença habitual no maior torneio da modalidade, Portugal conquistou, aos olhos de muitos, lugar no conjunto dos favoritos ao título mundial. Os resultados consistentes dos últimos anos, um plantel repleto de qualidade e um dos melhores da história do futebol ao serviço da equipa. Tudo razões que apontam a nossa Seleção como uma das candidatas e, ao mesmo tempo, confere-nos o direito a sonhar com a conquista do Mundial.
O futebol português afirma-se ao mais alto nível. O trabalho de excelência das seleções, clubes, dirigentes, jogadores e treinadores tem somado títulos e reconhecimento ao longo das últimas décadas e nos pontos mais diversos e distintos do globo.
O Espanha’82 foi o primeiro Mundial a que assisti, pela televisão. No país vizinho, a “magia” de algumas seleções e o génio de Platini, Zico, Sócrates, Falcão, Boniek, Maradona e Rossi deliciaram espectadores, fizeram história e marcaram muitas gerações. O Mundial de 82 foi dos mais belos espetáculos da história do futebol.
Há 40 anos, Portugal não era uma presença habitual do maior torneio da modalidade. E é nesta comparação temporal que evidenciamos a evolução do futebol português. Uma evolução igualmente assinalada pela força da candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Ucrânia à organização do Mundial2030.
Com o Mundial em marcha, seria desejável estarmos exclusivamente tomados pela pura expectativa dos resultados e pela prestação dos jogadores. Contudo, a escolha do Qatar para a organização do Mundial de 2022 reúne hoje largo protesto, concretamente porque atenta contra os valores mais intrínsecos ao desporto.
A decisão do Comité Executivo da FIFA foi tomada há 12 anos, a 2 de dezembro de 2010. Uma decisão marcada, como se sabe, por suspeitas e investigações que ainda não se encontram totalmente concluídas.
O debate da atualidade em torno deste Mundial está tomado pelo desrespeito por direitos e liberdades. O Qatar continua a não cumprir com os direitos humanos. E este protesto não pode ser silenciado pela euforia do Mundial.
A Seleção Nacional apurou-se com pleno mérito para a prova. A presença dos responsáveis políticos do país nos jogos da Seleção representará isso mesmo, o apoio à Seleção, que veste a nossa bandeira, e nunca representará qualquer apoio ou cumplicidade com o desrespeito pelos direitos humanos. Exatamente como em torneios desportivos internacionais anteriores."

Portugal no Mundial


"A altivez, a arrogância, a soberba das grandes potências tem sido posta em cheque pelo denodo, a perseverança, a crença arrebatada dos davides.

Hoje estreia-se Portugal. Nunca, em europeus ou mundiais, o nosso país dispôs de um leque de jogadores com tamanha qualidade. No papel, e só lá , por agora, tirando a França, alguns dirão o Brasil e a Alemanha, não parece que qualquer outra seleção tenha um espólio tão vasto no seu plantel. Jogadores nas melhores equipas do mundo, habituados a ganhar e a lutar por vencer competições, experientes, jovens, um rol interminável de futebolistas de craveira. Porém, vencer exige mais. Espírito de equipa, sentido de missão e coesão. Esse é o maior desafio da seleção. Preservar a unidade e o companheirismo num ambiente em que todos têm os seus objetivos pessoais e a urgência de o atingir. Liderar o grupo é tarefa árdua e, por isso, o que não vemos, o estágio, as horas livres, a amizade entre eles, são fundamentais. Jogar à bola sabemos que são bons, veremos no resto.
As surpresas não cessam. Seleções mais pobres, porém aguerridas, fazem das tripas-coração e lançam o mundo do pontapé na bola em polvorosa. Já caíram, com estrondo, a Alemanha e a Argentina, ainda por cima em partidas em que na primeira parte ficou parente a sua superioridade. Isso deve-nos servir de aviso: a altivez, a arrogância, a soberba das grandes potências tem sido posta em cheque pelo denodo, a perseverança, a crença arrebatada dos davides. O Gana é mais uma dessas seleções. Tem jogadores de grande envergadura e estão dispostos a sofrer. Os nomes não jogam à bola.

P. S. A minha aposta: 2-1, Bruno Fernandes e João Cancelo."

O cisma da bola


"É verdade, irónico, triste, mas factual: a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" foi escrita em língua francesa e assinada em Versalhes em 1789. O documento resume o legado mais visível e intemporal dos valores que a revolução do Iluminismo ainda hoje projeta: o fruto embrionário da "Declaração Universal dos Direitos Humanos", aprovada pelas Nações Unidas em 1948.

Das Declarações ao Catar foi um ápice de vergonha. Ou falta dela.
A história deste Mundial já se sabe. Valeu de tudo. Suspeitas de votos comprados a algumas federações africanas, financiamento de estrelas de futebol para caucionarem a candidatura catari, e até o Governo da pátria do Iluminismo e dos Direitos Humanos está envolto numa nuvem de suspeição assombrosa, materializada na alegada compra inflacionada de um pacote de caças Dassault Rafale e no investimento salvador no PSG. Pelo meio, houve uns obstáculos, como a temperatura do verão no Catar ou a diferença horária. Coisa de pouca monta.
A FIFA tudo contornou e agora temos um Mundial pela hora de almoço e a acontecer a meio da época desportiva dos estados participantes.
E a FIFA tudo aceitou. Aceitou a imposição da Sharia num desporto que celebra a diversidade. E elogia uma organização responsável pela brutalidade com que trabalhadores, que puseram a festa de pé com o suor do seu trabalho, foram brindados. Mais violento, fecharam-se os olhos à morte de migrantes. E ainda pede que se batam palmas na festa.
Mas desta vez a sociedade civil não deixou passar. Criticou e questionou. Os políticos do mundo ocidental tiveram de se explicar. Vão ou não? Compactuam ou não? Por cá também. O presidente da República e o primeiro-ministro viram-se forçados a explicar a sua ida ao Catar.
Para futuro, talvez fosse interessante que a FIFA definisse critérios transparentes de elegibilidade para que um Estado possa organizar um Mundial de futebol, um desporto que deve refletir diversidade, competição justa, igualdade de oportunidades, enfim o coração do que reconhecemos como Direitos Humanos.
Isto talvez poupasse à Humanidade o risco de poder vir a assistir a uma candidatura da Coreia do Norte. E talvez servisse de escrutínio exemplar aos dirigentes da FIFA.
Ficávamos com o que amamos: uma bola, uma luta justa, onze contra onze, e o sonho de que tudo é possível."

Da Cop à Copa


"Na COP mais participada de sempre pelo lóbi do fóssil, também não espanta que tenham ficado para trás todas as ambições sobre a descarbonização e desfossilização da economia.

A decisão de realizar a COP 27 no Egito causou polémica. É saudável que assim seja quando um país não cumpre os patamares mínimos de democracia e respeito pelos direitos humanos. Abdel Fattah, ativista pela democracia preso e em greve de fome durante a COP tornou-se símbolo da repressão do regime egípcio, sobretudo quando, durante a COP, a sua irmã afirmou que a família não sabia sequer se o ativista estava vivo. Ajit Rajagopal foi detido pela polícia egípcia no começo do mês quando decidiu caminhar do Cairo até Sharm el-Sheikh empunhando um cartaz sobre justiça climática. O advogado do ativista, ao procurá-lo na polícia, também foi preso.
Quem usou de legítima boa vontade para argumentar que a realização de uma Conferência do Clima no Egito seria um empurrão para grandes mudanças, só pode ter ficado desiludido. Até se chegou a um acordo sobre a criação de um mecanismo de financiamento para compensar as nações vulneráveis por ‘perdas e danos’ causados pelo clima, como desastres climáticos ou até o desaparecimento de ilhas inteiras em países que não tiveram contributo histórico para a poluição. No entanto, a operacionalização desse fundo – incluindo a decisão sobre quem paga e quanto – ficou para depois. Na melhor das hipóteses, fará o mesmo caminho que a promessa de 100 mil milhões de dólares por ano para a transição e adaptação dos países mais vulneráveis. Na COP mais participada de sempre pelo lóbi do fóssil, também não espanta que tenham ficado para trás todas as ambições sobre a descarbonização e desfossilização da economia.
Perante a fragilidade do acordo alcançado, qualquer uma poderá usar de igual legitimidade para apontar o dedo à ONU por estar a ceder ao greenwashing de países autoritários e sem particular papel no combate às alterações climáticas. Enfim, esqueçamos isso, diria Marcelo. Só que quando o mundo se preparava para pôr este fracasso para trás das costas, o nervosismo pelo futebol levou os principais responsáveis políticos do país a participar noutra operação de maquilhagem. Desta feita, na legitimação de um regime onde os direitos humanos são uma miragem ainda mais enganadora do que a de um oásis para um morto de sede no deserto.
Porquê escolher o Catar em vez de, por exemplo, os Estados Unidos da América, onde se tinha pensado realizar o Campeonato do Mundo de Futebol de 2022? Em 2010, Nicolas Sarkozy (presidente francês), Hamad al-Thani (então príncipe herdeiro e atual emir do Qatar) e Michel Platini (que liderava a UEFA e era vice-presidente da FIFA) tomaram um pequeno almoço. Platini passou a defender o Catar, o Paris Saint-Germain embolsou 1.800 milhões de euros e passou a ser propriedade de um fundo de investimento detido pelo Estado catari, o “Qatar Sports Investment”. Em 2011, o fundo contratou o filho de Platini.
Para o regime autoritário do Catar era um pequeno preço a pagar por uma mega operação de propaganda. O verdadeiro custo do Mundial estaria por vir: dois milhões de trabalhadores estrangeiros recrutados para construir os sete estádios e a rede de metro sofreram em condições de verdadeira servilidade debaixo de um sol de 40º C. Segundo contas do “The Guardian”, pelo menos seis mil trabalhadores morreram, sangue e suor sobre o qual se ergueu a “festa do futebol”. Discriminação violenta de mulheres e comunidade LGBTI+, censura, perseguição, pena de morte, castigos físicos… “you name it”.
Diferente da COP, desta vez já não foi a esperança de mudança mas um “acidente” que levou à escolha de uma “petrotirania” para localizar um grande evento internacional. Apenas coincidência? Olhemos para o perfil do país que vai acolher a próxima COP, em novembro de 2023: são classificados como “não livres” no relatório anual Freedom in the World da Freedom House. Recebem muitos trabalhadores estrangeiros, em sua maioria de origem asiática, que são transformados em servos através de dívidas; a confiscação dos passaportes, embora seja ilegal, ocorre em grande escala; os operários trabalham muitas vezes sob calor intenso, com temperaturas que chegam a atingir entre 40 °C e 50º C. As temperaturas oficiais são censuradas durante os meses de verão. As mulheres sofrem de vilenta discriminação. Soa familiar?
Do Egito aos Emirados Árabes Unidos (Dubai), com escala no Qatar: não é difícil perceber o que move o mundo."

Joreca, o português que foi árbitro antes de ser o primeiro mister da seleção do Brasil


"Na longa lista de treinadores que já dirigiram a canarinha, há um único estrangeiro que desempenhou o cargo a sério: Jorge Gomes de Lima, um alfacinha que fez do Brasil a sua casa e levou o escrete a duas vitórias contra o Uruguai uns anos antes do Maracanaço

Quem aceitar pegar nas rédeas da canarinha arrisca-se a duas coisas: ser campeão do Mundo ou ser apelidado de burro porque não convocou este jogador ou perdeu aquele jogo contra uma equipa mais fraca. E comparadas com o Brasil, são quase todas, tanto para os brasileiros como para o mundo em geral.
Em 1944, quando o mundo ainda estava envolvido no banho de sangue da II Guerra Mundial, um treinador português já era um mister de sucesso no Brasil. Nesse ano, uma década antes de Jorge “o Mister” Jesus nascer na já popular cidade da Amadora, Jorge Gomes da Silva aceitava o convite para dirigir a seleção a meias com Flávio Costa, que ficaria no cargo até 1950. Joreca, como era conhecido, já tinha sido campeão paulista pelo São Paulo e sentou-se no banco do escrete em dois jogos contra o Uruguai, vencendo ambos, o primeiro por 6-1 e o segundo por 4-0.
Na altura, apesar de o Brasil ter grandes jogadores como Leônidas da Silva ou Ademir, os uruguaios já tinham sido campeões do mundo. Depois destas goleadas, em 1950, já só com Flávio Costa no banco, o Brasil sofreria um dos maiores desgostos da história coletiva do país com uma derrota na final com o Uruguai, no Rio de Janeiro, perante 200 mil pessoas que lotavam o acabado de estrear Estádio do Maracanã. Flávio “Burro” Costa saiu do cargo, o goleiro Barbosa carregaria a cruz da derrota até ao fim da vida e até a camisola branca com que o Brasil jogou a final foi banida durante décadas.
Joreca já não viu nada disto. O coração traiu-o um ano antes, matando-o relativamente novo (para os parâmetros da época), aos 45 anos.
Mas está na história do desporto e do futebol brasileiros e nem sequer, ou apenas, por ter sido o único estrangeiro a dirigir a seleção. Chegou ao Brasil ainda jovem, formou-se em Educação Física e iniciou-se na vida profissional como jornalista desportivo e depois relatador e comentador de jogos na rádio. A boa locução e preparação técnica fizeram dele uma figura conhecida.
Iniciou-se no futebol na já então muito pouco invejada função de árbitro e dirigiu o jogo de estreia de Leônidas “Diamante Negro” da Silva, o homem que os brasileiros gostam de creditar como o inventor da bicicleta, mas que confessou ter copiado o difícil gesto técnico do chileno Ramón Unzaga.
No ano seguinte, em 1943, foi contratado como treinador para salvar o São Paulo de um início de época devastador. Tinha largado o apito para treinar a seleção amadora de São Paulo e os bons resultados foram imediatos. Nesse mesmo ano, já pelo São Paulo, conquistaria o primeiro de três campeonatos paulistas. O primeiro, reza a lenda, terá sido ganho com o sistema de moeda ao ar e o “portuga” apostou que a moeda ficaria de pé, como o folclore tricolor diz que ficou.
Depois da experiência na seleção, ainda dirigiu o rival Corinthians. Não ganhou títulos, mas terá sido ele a ensinar o avançado Baltazar a cabecear as bolas tão bem que ganhou a alcunha (apelido, em português do Brasil) de cabecinha de ouro.
O físico compacto e a boa forma ainda o levaram a uma experiência cem por cento vitoriosa no boxe: dois combates, duas vitórias.
Continua, até agora, a ser o único estrangeiro a dirigir a seleção do Brasil num par de jogos minimamente competitivos, apesar de serem amigáveis. Depois dele, já em 1965, o argentino Filpo Nuñes dirigiria uma equipa brasileira só formada por jogadores do Palmeiras. Nada que se compare ao feito de Joreca, o primeiro Mister português a conquistar o Brasil."