quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Danny Coster detestou a baía da Guanabara


"Cruyff foi ao Brasil, disputou dois jogos, era o sonho do Fluminense, mas a sua mulher não quis nem saber daquele lugar maldito

Foi em 1975. A equipa do Fluminense desatou a comprar jogadores de encher o olho a um centauro: contratou Rivelino ao Corinthians, juntou-lhe o guarda-redes Félix, Marco Antônio e Paulo César Caju, que tinham lugar marcado na seleção do Brasil, e já tinha no grupo Carlos Alberto Torres, Dirceu, Edinho, Cléber e Cafuringa. Ganhou títulos. Inevitavelmente foi tricampeão brasileiro. O povão cantava nas bancadas das Laranjeiras ou do Maracanã:
«Sou tricolor de coração
Sou do clube tantas vezes campeão
Fascina pela sua disciplina
O fluminense me domina
Eu tenho amor ao tricolor!»
O presidente de todo este circo mediático chamava-se Francisco Horta. Queria fazer do Flu a melhor equipa do mundo. Então, encasquinou, que iria comprar o melhor jogador do mundo. Nesse caso era holandês: Hendrik Johannes Cruijff, nascido em Amesterdão, no dia 25 de abril de 1947. A imprensa internacional simplificara-lhe o nome e passara a ser somente Johan Cruyff.
A ideia de Horta germinou em Paris depois do convite feito ao Fluminense para disputar um, na altura, famoso quadrangular internacional. As três outras equipas eram o Paris Saint-Germain, o Sporting e o Valência. Recuperando a frase: Horta roubou a ideia de Daniel Hechter, uma figura da alta-costura parisiense que assumira a presidência do PSG e que ambicionava, à sua maneira, também ter a melhor equipa do universo. Aliás, nisto de ter a melhor das melhores equipas parece ser uma febre instalada de grandeza que só não infeta o meu Recreio Desportivo de Águeda. Daniel não comprou Johan, que estava amarrado por contrato ao Barcelona, mas foi capaz de o convencer (bem como aos dirigentes catalães) a pô-lo a fazer dois jogos com a camisola do Paris-Saint-Germain nesse torneio, o primeiro dos quais frente ao Sporting. Hechter e Cruyff davam-se bem, às vezes passavam férias juntos no iate do primeiro, ao largo das Baleares. Johan não teve lata para lhe cobrar o que na realidade achava que valia para entrar em campo vestido à PSG e, vai daí, combinou com o amigo que faria umas surtidas às suas lojas para ir refazendo o guarda-roupa com camisas e uma fatiota de quando em vez. Se não foi um dos melhores negócios do mundo, andou lá perto. Cruyff não era assim tão vaidoso quanto isso...
Estava portanto Francisco Horta em Paris, refastelado a ver o Paris Saint-Germain bater o Sporting por 3-1, com Cruyff a não precisar de se esforçar muito para, gesticulando, pôr o resto da equipa a fazer o que ele mandava, enquanto esperava pelo segundo jogo - Valência-Fluminense, até lhe assomar à face um sorriso quando conseguiu ver a imagem nítida do holandês com a camisola tricolor. Transformou-se numa ideia fixa. O Fluminense perdeu com o Valência e ganhou ao Sporting, ficando em terceiro lugar (ganharia o torneio no ano seguinte) e Horta tratou de arranjar maneira de chegar à fala com o jogador e impingir-lhe um projeto com muito de mirífico. Johan tinha um drible maravilhoso, quando fazia passar a bola por detrás do calcanhar, mas na maior parte dos assuntos que preenchiam a sua vida era essencialmente prático. A conversa de Francisco não o convenceu. Pelo contrário. Deixou-o desconfiado. Mas Horta não perdeu muito tempo a meter a boca no trombone: «Fiquei realmente entusiasmado com o seu futebol. Vou lhe oferecer trinta mil dólares para que faça três partidas pelo Fluminense no ano que vem. E tenho quase certeza que a proposta será aceite, pois as datas serão escolhidas com muita antecedência, para que não haja perigo de ter algum compromisso pelo Barcelona». A ser, seria o primeiro passo. Para onde? Só Deus, se se desse ao trabalho de existir, saberia a resposta.
Um ano mais tarde, Johan Cruyff desembarcou no Rio de Janeiro acompanhado pela mulher, pelos sogros, e por mais dois casais amigos. Seria tudo por conta de Francisco Horta. Os três jogos que iria disputar - dois no Rio e um em São Paulo – tinham o apoio financeiro da Air France e da Rede Globo. Com todo os extras pagos, Cruyff iria receber algo como 600 mil cruzeiros. Horta insistia: «Para já, consegui trazê-lo até ao Brasil. Para o ano termina o contrato com o Barcelona e as perspetivas são melhores». Mas um problema grave destruiu o seu sonho. Chamou-se Danny Coster e era a cara-metade do jogador holandês. Tal como o antropólogo Claude Lévi-Strauss da canção de Caetano Veloso, detestou a baía da Guanabara. Além disso, também detestou o hotel, detestou as favelas, detestou o trânsito, adorou a caipirinha e teve uma crise de rins. Cruyff jogou no Morumbi por uma seleção d estrangeiros contra uma de brasileiros e marcou um golo (1-1). Depois jogou no Maracanã e perdeu. Apanhou um avião e nunca mais voltou. «Vai meu irmão...»"

2 pontos perdidos!

Benfica 3 - 3 Chrudim

Os adversários não são tão fracos, como o 'nome' transparece, mas tínhamos que ter ganho este jogo, mesmo sem o Diego e mesmo com aqueles golos sofridos após ressaltos 'parvos'!!!

Não sei se o Diego jogará amanhã, mas temos que vencer os Malteses (com 7 brasileiros...!!!). O empate no outro jogo (0-0), é um bom indicador das dificuldades que vamos encontrar... O empate do Kairat até nos 'beneficiou', mas para recolher o beneficio temos que vencer os dois jogos que faltam!!!

Terça-feira gorda


"Grande vitória em Espanha na Liga dos Campeões de basquetebol, triunfo na EHF European League de andebol e regresso auspicioso do Campeonato de hóquei em patins num dia também marcado pelo anúncio da renovação do contrato do nadador Diogo Ribeiro.

1
A extraordinária exibição da nossa equipa de basquetebol em Espanha, na deslocação ao reduto do Manresa, da Liga ACB e finalista da Liga dos Campeões na época passada, resultou no excelente triunfo, por 82-92, que garante a continuidade na prova ainda com duas jornadas por disputar na fase de grupos (ocupa o segundo lugar em igualdade pontual com o líder, Manresa).
Foi, possivelmente, o melhor desempenho do Benfica num jogo europeu de basquetebol neste século, perfazendo assim o pleno de vitórias na condição de visitante na fase de grupos.
Norberto Alves realça que "lutamos jogo a jogo e temos de jogar nos limites". Na opinião do nosso treinador, "os jogadores fizeram um grande jogo. Defendemos muito bem, lutámos muito nos ressaltos e merecemos vencer".
Veja o resumo, aqui.

2
Na terceira jornada da fase de grupos da EHF European League, a nossa equipa de andebol recebeu e bateu o Fejér-BAL Veszprém, por 39-35.
Chema Rodríguez destacou o triunfo e os muitos golos marcados, sem deixar de salientar, pela negativa, o menor acerto defensivo: "É certo que marcámos muitos golos, mas temos de sofrer menos. Temos muitas partidas importantes daqui para a frente e temos de continuar a trabalhar e a jogar a 100%."
Saiba mais sobre a partida e veja o resumo, aqui.

3
No regresso do Campeonato de hóquei em patins, vencemos, por 1-3, na deslocação ao HC Braga. Veja o resumo no site oficial.

4
O Sport Lisboa e Benfica anunciou a renovação do contrato que liga o jovem nadador Diogo Ribeiro ao Clube. Bronze no Campeonato da Europa, campeão do mundo júnior em três especialidades, Diogo Ribeiro ambiciona muito mais: "A longo prazo, quero chegar aos Jogos, lutar por uma final e quem sabe por uma medalha também. O Benfica é um gigante mundial e proporciona condições espetaculares, o Clube tem tudo para uma preparação bem-sucedida."

5
Já há datas e horários para as próximas três jornadas do Campeonato. A deslocação a Braga é a 30 de dezembro (21h15), a receção ao Portimonense no dia 6 de janeiro (19h00) e o dérbi com o Sporting, na Luz, joga-se no dia 15 de janeiro, às 18h00. Também está agendada a visita ao Varzim para a Taça de Portugal (10 de janeiro, 20h45).

6
Relembramos que amanhã há Liga dos Campeões de futebol feminino no Benfica Campus. O jogo com o Rosengard tem início previsto às 20h00.
E hoje, no Cazaquistão, joga-se a primeira jornada da Ronda de Elite da Liga dos Campeões de futsal. FK Chrudim (hoje), Luxol St. Andrews (amanhã) e Kairat Almaty (sábado) são os adversários."

Catarses 8️⃣ Arábia Saudita, o tubarão do deserto


"Não é por causa de um jogo que a ordem futebolística mundial vira do avesso, mas a vitória da Arábia Saudita sobre a Argentina será vista no futuro como um ponto de mudança, o marco para um a.C. e um d.C., o antes do Catar e o depois do Catar. A Arábia Saudita nunca será uma grande potência futebolística, mas deveremos passar a vê-la como uma fonte inesgotável de dinheiro a financiar a visão de conquistar politicamente o mundo (também) através do Desporto.
Está em marcha há sete anos a Saudi Vision 2030, que consiste em mudar o paradigma social dos sauditas, melhorando o seu estilo de vida, nomeadamente através do incremento do acesso ao desporto, com as melhores infraestruturas e os melhores profissionais, com três eixos de influência: divulgação, investimento e performance. Entrou neste pacote a contratação de treinadores, com um determinado currículo, mas de segundo plano, como Jorge Jesus ou Leonardo Jardim, que já levou o Al Hilal a campeão da Ásia em 2019 e 2021, de jogadores com idêntico perfil “periférico”, como Talisca, Marega ou Matheus Pereira, a aquisição de clubes europeus, grandes mas não muito, como o Newcastle, com potencial de crescimento, a construção pelas cidades das melhores estruturas desportivas e a colagem da imagem do nome do país a grandes eventos mundiais. A aposta no golfe, por exemplo, já está a dar cabo da ordem mundial da PGA e do European Tour, com o LIV Golf a conseguir contratar alguns dos melhores jogadores, como Dustin Johnson, Phil Mickelson ou Sérgio Garcia, provocando um cisma de consequências catastróficas para a modalidade, a troco de mais de mil milhões de euros só no primeiro ano (apenas 8 torneios). Idêntico processo está em curso através do “fuelling” da Aramco na Fórmula 1, cujo eixo de influência se vem movendo progressivamente da Europa, restritiva e falida, para um Médio Oriente financeiramente desregrado.
Eles não estão preocupados por não existirem jogadores de golfe ou pilotos sauditas, mas acreditam que a associação aos melhores acabará por dar frutos. Enquanto vão considerando como “seus” aqueles a quem pagam, a evolução dos atletas locais será a derradeira consequência da aposta nos melhores, num país de quase 40 milhões de pessoas, onde a prática desportiva era de apenas 7 por cento. A contratação de Cristiano Ronaldo pelo “Fundo de Investimentos”, a famosa máquina de “sportswashing” de Riade, a troco de mais de 100 milhões de euros por época, não pode portanto ser vista como inverosímil. Lionel Messi, o grande derrotado de ontem, recebe um balúrdio apenas como “embaixador do turismo” saudita.
Eles vão insistir durante o tempo que for necessário com os seus potes de ouro negro como fizeram com o golfe através da orientação de Greg Norman, o famoso “the Shark”, espécie de ícone deste tubarão do deserto comendo o mundo do desporto - a oferta a Tiger Woods, mesmo coxo e velho, já vai nos 750 milhões de dólares.
Estive uma vez durante duas semanas na capital saudita, no pós Guerra do Golfo, a cobrir uma das primeiras Taças das Confederações, com a Dinamarca dos manos Laudrup campeã europeia e, curiosamente, a Argentina de Passarella, campeã sul-americana. Quinze dias com todos os estrangeiros enclausurados num hotel de luxo francês e no estádio monumental do Rei Fahad, espécie de templo de mármore de Carrara no meio do deserto, vendo a CNN com cortes e lendo jornais europeus com três dias de atraso e censurados com graxa preta ou páginas rasgadas, a segregação das mulheres e o exacerbado culto religioso, numa cidade de arquitectura espectacular mas árida e sem vivalma. A Arábia Saudita ficou como o único país do mundo a que eu não gostaria de regressar, pois aquilo era a Idade Média transportada para um cenário futurista de Hollywood, completamente anacrónico, um atraso de vida quando comparada à ocidentalização dos minúsculos vizinhos, Kuwait, Barhein, Catar ou Emirados.
Mas agora ouço muita gente dizer que está a abrir-se ao Mundo, que tudo vem mudando e que até as mulheres têm ginásios para praticar desporto a recato dos mirones, podem conduzir um carro ou ver um espectáculo sem um tutor masculino. Se em Casablanca, a Meca do ocidente, já é possível um católico visitar a Grande Mesquita, construída pelos sauditas à beira do Atlântico, até o turismo de “infiéis” na cidade santa eu admito como possível, algures neste século, com a quebra dos rendimentos dos combustíveis fósseis obrigando os árabes a descobrir o petróleo da centralidade política.
O Rei decretou dia feriado pela vitória sobre a Argentina, a assinalar o nascimento da era do futebol a.C. É evidente que o mundo do desporto profissional, como o do golfe e o da Fórmula 1, nunca mais será o mesmo."

Já não existem equipas difíceis


"A Argentina, que desembarcou no Catar com as malas carregadas de expectativas - legítimas -, foi apenas a enésima vítima de um dos pecados nada originais do futebol: o de que um conjunto de grandes jogadores não faz necessariamente uma boa equipa.
Messi e (uma ou outra má) companhia pareciam ir passar a ferro a Arábia Saudita, mas antes disso viram-se atirados para a centrifugadora da combatividade e, mais do que isso, boa organização da equipa orientada por Hervé Renard. Verdadeira raposa - agora do deserto -, o francês, qual Rommel, dispôs as tropas de maneira a atascar a manobra argentina.
No fim de um jogo interminável, em minutos e emoção, as figuras foram batidas pela vontade do coletivo, num futebol onde é missão impossível guardar segredos de jogadores, táticas e jogadas de laboratório.
Não foi a primeira nem a última vez que um candidato perde e acaba por fazer uma boa prova, mas quando se pensa que está tudo inventado, o Mundial faz a sua magia..."