segunda-feira, 31 de outubro de 2022
O Benfica de Schmidt
"A prolongada seca de títulos que se iniciou em meados da década de 90 e teve um triste fim com o triste campeonato de Trapattoni revestiu a alma benfiquista de uma fina camada de ceticismo que quebra ao primeiro maravilhamento, seja com um jogador, um treinador ou uma equipa. Nos piores momentos, basta até um golo, uma jogada, um drible. Irrompe, então, algo que oscila entre a megalomania exacerbada pelos anos de abstinência, uma arrogância epidérmica que irrita e motiva os rivais e um sentimento de superioridade que o é menos do que a lembrança de um direito adquirido que entretanto se perdeu, um privilégio.
E que privilégio é esse? Não o privilégio conspurcado dos favores e das manigâncias, o privilégio puro de ver o Benfica jogar como jogava quando foi campeão europeu, quando dominou o futebol português na década de 70, quando foi comandado por aquele sueco franzino que revolucionou a modalidade e a mentalidade, um Benfica de que os mais novos só tiveram lampejos quando Jorge Jesus trouxe para a Luz o rolo compressor.
É por todas estas razões, por esta história sempre rica mas por vezes amarga, que ao ver esta equipa de Roger Schmidt o benfiquista alterna entre estados de espírito contraditórios: a dúvida – será que vai durar? -, o alívio – até que enfim! -, e a felicidade simples, inconsciente e inebriante que só o futebol de ataque gera. Um futebol de ataque destemido mas não temerário, que é forte com os fracos e com os fortes, que não se encolhe perante nenhum adversário, que não renuncia a ser o que é porque é aí que mora a beleza que os adeptos amam e pela qual anseiam.
Sempre que o Benfica joga com o Porto, como aconteceu na semana passada, discute-se o velho tema da motivação que os jogadores do Porto transportam para o relvado e cujo segredo parece inacessível aos jogadores do Benfica. E está na hora de reconhecer o óbvio: o motor do Benfica não funciona com o mesmo combustível do motor do Porto. Não vale a pena. É querer pôr gasolina num motor a gasóleo. Não dá. Quando os benfiquistas se queixam de o Benfica não entrar no Dragão cheio de fúria estão a queixar-se de si mesmos, do clube a que pertencem.
O Benfica não é um clube de ganhar na raça, na luta, no combate. Há, e continuará a haver, vitórias agónicas, arrancadas das profundezas da alma e da entrega, do sacrifício, mas esse não é o Benfica com que a maioria dos adeptos se identifica e quer ver. O Benfica que querem ver não é uma equipa de passar à “rasquinha” contra os grandes colossos, é aquela equipa que durante 75 minutos reduziu a Juventus à insignificância, uma equipa sedutora, irresistível, bela e alegre. Podem dizer que nem sempre é possível jogar assim, que é uma quimera ou um ideal, mas quem ama futebol é esse ideal que ama, essa utopia, e não os limites comezinhos do possível.
Ganhar campeonatos aos trambolhões só satisfaz estatisticamente, mas não mata a fome de glória, de vencer com arte e nobreza. No ano passado o Benfica chegou aos quartos-de-final da Champions mas o que ficou dessa campanha? Nos momentos decisivos, a imagem de um Benfica solidário, coeso, mas também cínico e acobardado, com estratégias de equipa pobre de espírito. E o benfiquista prefere que lhe digam que tem a mania que é rico do que ver a equipa couraçada numa impenetrável pequenez.
Durante estes anos, mesmo com sucessos pelo meio, jogos inesquecíveis, raramente se viu um Benfica assim na Europa, corajoso, convicto de que os maiores feitos europeus do clube não foram alcançados na garra e “na marra”, a morder a língua ou de faca nos dentes, mas com a certeza íntima, talvez lírica, de que o belo é bom e eficaz, que a história não se escreve à socapa e que entrar aí pela porta da cavalariça é o mesmo que ficar à porta, que a beleza tem uma durabilidade própria e distinta da durabilidade de “troféus e objetivos”, que uma vitória bela é uma vitória bela e deve ser festejada sem complexos e sem cálculos tacanhos de merceeiro.
Enquanto se foi afirmando a ideia de que o Porto é o único clube português com estofo europeu, do Benfica disse-se que não tem andamento para estas corridas e essa narrativa entranhou-se no clube e em muitos adeptos não porque sejam anti-benfiquistas ou pseudo-benfiquistas mas porque sofrem da síndrome do convalescente, aquele receio irracional e permanente de uma recaída que força a que se deem passinhos pequenos e envergonhados até já não se saber andar de outra maneira. Outra razão para esses passinhos medrosos é o receio de que se jogarem com coragem e determinação os adversários lhes atirem a pedra da mania das grandezas.
E assim, salvo raríssimas exceções, se perdeu o brio benfiquista das grandes noites europeias. Sempre traumatizado pela tragédia de Vigo e outras tragédias menores, o Benfica deixou-se contaminar por uma pequenez que contraria e desonra a história do clube. Mas é possível libertar-se dessa pequenez. Não é preciso ir ao passado longínquo. A prova está aí, à frente de todos. Vinte e um jogos depois, a partir de agora ninguém pode dizer que não viu."
Qual é a origem de «golo»?
"A palavra «golo», na verdade, são duas palavras — com duas origens bem diferentes.
Futebol e golo
Imagino — mas posso estar enganado — que a primeira palavra que vem à cabeça de quem me lê seja o golo do futebol. Talvez. (Se por acaso acabou de beber água, talvez se lembre primeiro do outro golo.)
Comecemos pelo desporto. Muitas palavras relacionadas com o futebol têm origem inglesa, desde logo a designação — era «football», acabou «futebol». Parece quase igual, mas houve, primeiro, uma certa adaptação fonética e, logo a seguir, uma adaptação ortográfica. A palavra começou por se escrever como em inglês, às vezes com um hífen («foot-ball»), mas acabou por se adaptar à escrita portuguesa.
Ora, o mesmo aconteceu com «golo»: vem de «goal», a palavra inglesa que significa «objectivo». É, literalmente, o objectivo do jogo. A origem um pouco mais remota de «goal» era uma antiga palavra do inglês médio que significava «limite». Se continuarmos a escavar, acabaremos numa palavra ainda mais antiga que significava algo como «brecha». No entanto, pouco é certo nestas viagens tão profundas. A etimologia é tão interessante quanto perigosa. (Já agora, para o inglês, um bom recurso em linha nestas aventuras é o Online Etymology Dictionary.)
Na nossa língua, e tal como «futebol», a palavra começou por ser adaptada foneticamente e, depois, com o tempo, também ortograficamente. Acabámos com o «golo» em Portugal e com o «gol» no Brasil. As diferenças entre as duas normas do português são especialmente marcadas na área do futebol; afinal, esta foi uma área que se desenvolveu já depois da separação política entre os dois países — as importações e adaptações fonéticas e ortográficas foram feitas em separado.
Como em tantas coisas na língua, a transformação de «football» em «futebol» e «goal» em «golo» foi um processo gradual. Cada vez mais se escreveu a forma adaptada até chegar ao dia em que já ninguém escrevia a forma original."
Estrangeirismos que se perdem
Sabemos bem que o português está pejado de estrangeirismos — não é caso único: as outras línguas da Terra, com excepção de alguma língua tão isolada que nem se conhece, também têm estrangeirismos. O inglês, por exemplo, é uma amálgama de palavras de muitas origens. Como em tudo, o problema é o excesso — neste caso, o excesso de estrangeirismos recentes, que ainda não passaram pela peneira do tempo, em certos discursos opacos.
Mas não falemos dos excessos hoje. Falemos antes desta curiosidade: o futebol mostra que um estrangeirismo não é inevitável. Durante muito tempo, usámos — só como exemplo — a palavra inglesa «corner» nos relatos de futebol. Ora, o «corner» à portuguesa, em vez de se transformar em «córner» — morreu. Alguém se lembrou de «pontapé de canto» e os falantes, pelo menos desta vez, aceitaram bem a expressão portuguesa.
Outras tentativas de criação de expressões com materiais portugueses falharam. Havia uma proposta antiga, ainda do século XIX, para substituir «football» por «ludopédio». Não pegou. Só por isso não ouvimos hoje relatos do Campeonato Português de Ludopédio.
Por que razão o «pontapé de canto» caiu no goto dos falantes e «ludopédio» nem por isso? Não sei. A nós, habitantes do século XXI, parece óbvio: mas só é óbvio porque temos décadas e décadas de hábito a dizer «pontapé de canto» e a ignorar «ludopédio».
A língua é assim: os falantes às vezes hesitam, baralham-se, voltam atrás, mas há momentos em que se decidem, mesmo sem ninguém perceber bem porquê. «Ludopédio» morreu. O «corner» também. Mas «futebol» e «golo» estão vivos e recomendam-se. Quando os falantes, no seu conjunto, se decidem, as palavras passam a fazer parte da língua e nada há a fazer se não aprendê-las.
E o outro golo?
Como disse no início, para falarmos da origem de «golo» temos de pensar nas duas palavras que partilham a forma. «Golo» é o que um jogador de futebol quer marcar, mas também é aquele momento em que engolimos algo.
Neste segundo sentido, a origem é também interessante, embora muito diferente: os falantes pegaram num verbo antigo, de origem latina — «engolir» — e retiraram-lhe partes. Deixaram o «gol-», com um «o» final a compor o nome. Chama-se a isto derivação regressiva — ou seja, os falantes criam uma palavra nova desmontando uma outra palavra maior. Há muitos, muitos exemplos em português. É uma das maneiras que os falantes de português têm para criar palavras novas.
Trouxe a esta crónica estas palavras diferentes que partilham, só por acaso, o aspecto e o som, para sublinhar como a nossa língua é uma caixa cheia destas coincidências. Há palavras muito diferentes que partilham significados (sinónimos), há palavras completamente iguais com significados muito diferentes (homónimas), entre tantas outras formas de as palavras se relacionarem. Há até palavras que apenas lembram vagamente outras palavras — e é destas ligações perigosas que se faz muito da literatura.
É também isto que dá forma à nossa língua, que a distingue das demais. Entenda-se: todas as línguas têm sinónimos, homónimos e todas as outras ligações entre palavras — só que as palavras que se ligam são outras, são outros os traços que desenham a paisagem da língua.
Estas diferenças são especialmente claras para quem traduz, ou seja, para quem recria um texto numa outra língua, num outro território, numa outra paisagem.
Se um escritor português decidir um dia fazer um trocadilho entre «golo» e «golo» ou escrever uma frase em que a proximidade sonora das duas palavras seja relevante, um tradutor terá de suar um pouco para manter essa ligação noutra língua.
É assim a língua."
Pelé hoje em dia não seria tão bom. Os nomes de agora seriam máquinas no passado
"Os tempos são outros. Assim como parte da sociedade precisa de ajuda psicológica, também os jogadores. O futebol não é o mesmo do passado. Os craques de outros tempos, poderiam não ser os mesmos hoje em dia. Um jogador tem que lidar com pressões, multidões, psicológico coletivo e individual. Sem contar que todos evoluíram e, ser bom hoje, exige muito mais trabalho físico e psicológico.
Eu não compararia Pelé a Cristiano Ronaldo, Nunes a Pedro (Flamengo). São outros tempos. Penso que Pedro naquela época seria o melhor do mundo. Mas não digo apenas pelos espaços e técnica desenvolvida dos jogadores, assim como estratégias aprimoradas dos treinadores. Digo pelo principal: ter cabeça, manter a homeostase, saber lidar com a pressão nas redes sociais, investidores, empresários, adeptos, entre outros fatores que são bem mais massivos que naquela época.
Hoje um jogador bom, tem maiores dificuldades para ser bom do que se tinha na época. O futebol evoluiu, as pessoas evoluem. Vejo os tapes do passado. Tinha qualidade individual pois tinha espaço e não se mapeavam as ações como hoje em dia. Surpreendia e hoje em dia já se sabe o que pode fazer. Também fatores como o emocional são mais cobrados nos dias atuais.
Por isso, não podemos comparar jogadores do passado com os atuais. São tempos diferentes."
Grande exibição e goleada
"Foi um Benfica inspiradíssimo que se apresentou em campo frente ao Chaves. O 5-0 final reflete a superioridade benfiquista na partida, estendendo a invencibilidade desde o início da época às 21 partidas.
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É apenas a sexta vez que o Benfica chega ao 21.º jogo sem conhecer a derrota (considerando todas as competições oficiais), igualando o registo conseguido em 1982/83, época de estreia de Sven-Göran Eriksson no Clube.
Na opinião de Roger Schmidt, "foi uma performance de topo, com atitude de topo por parte dos jogadores". "Foi uma grande resposta depois do grande jogo de terça-feira com a Juventus. Era objetivo nosso mostrar a mesma atenção, concentração e alegria a jogar. Não é fácil jogar assim depois de um jogo de Liga dos Campeões. Mostrámos muito boa atitude", afirmou.
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Peça fundamental em mais um triunfo da nossa equipa foi o fervoroso apoio dos quase 55 mil Benfiquistas presentes nas bancadas do Estádio da Luz.
Roger Schmidt enalteceu a imensa popularidade do Benfica: "Há muitas pessoas em Lisboa, em Portugal e no mundo muito entusiasmadas com o Clube. Estamos a trabalhar afincadamente entre jogos e nos jogos para os deixar felizes, jogando bom futebol, mas também para ganhar títulos. É o nosso objetivo."
Também Grimaldo focou esta característica benfiquista e reforçou a importância da união: "Continuamos com a mesma dinâmica, a equipa está muito bem, com muita confiança. Os adeptos estão unidos, e cada jogo em casa é incrível. Os adeptos são mais um, cada momento é especial. Estamos todos juntos e unidos. Grande equipa e grandes adeptos!"
Veja, na íntegra, a conferência de Imprensa de Roger Schmidt.
E, no canal de YouTube do Benfica, veja os golos e o incrível ambiente vivido na Catedral num ângulo PitchCam. Para ver, aqui.
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Não há tempo a perder. A nossa equipa já está focada no fecho da fase de grupos da Liga dos Campeões (em Haifa, frente ao Maccabi, quarta-feira, às 20h00).
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Foi um sábado recheado de vitórias. A equipa B recebeu e venceu, por 2-1, o líder da Liga 2, Moreirense, e ascendeu, à condição, ao segundo posto da tabela classificativa. Ganhámos em andebol, por 23-36, na deslocação ao ABC, que só ganhara nas primeiras cinco jornadas. No basquetebol, triunfo claro ante o Imortal (98-65). Em voleibol, jornada bem-sucedida nos homens e nas mulheres, 3-1 ao SC Espinho e 0-3 ao Vitória de Guimarães, respetivamente. E, no futsal, a equipa masculina obteve o primeiro lugar na Ronda Principal da UEFA Futsal Champions League (1-8 ao United Galati) e a equipa feminina triunfou no reduto da Académica (0-4).
Consulte o Site Oficial, no qual há reportagens e resumos de todas as partidas referidas acima.
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Não perca, hoje, às 19h00, na Luz, o dérbi com o Sporting no voleibol feminino. O apoio dos Benfiquistas é fundamental para que a nossa equipa some mais uma vitória. Chamamos a atenção para a alteração na bilhética nos jogos das equipas femininas, com a entrada gratuita a ser reservada a Sócios do Sport Lisboa e Benfica.
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A mais recente fotografia premiada na iniciativa Benfica World obteve 24% dos votos. Saiba, no Site Oficial, como participar."
Aursnes, bacalhau com todos
"Chefe Schmidt serve agora como prato principal na sua ementa vitoriosa um saboroso e bem temperado bacalhau com todos.
Florentino é a batata espessa e nutritiva.
Enzo Fernandez, a couve farfalhuda e omnipresente.
João Mário, a cenoura, doce e vitaminada.
David Neres, o bolbo suculento de múltiplas camadas, melhor que cebolinha.
Gonçalo Ramos, o ovo cozido destacado no seu devido lugar, como o de Colombo.
Rafa, o azeite e vinagre que faz a cama aos outros e escorre por toda a travessa.
E, claro, o bom do Aursnes, o bacalhau que ajuda a que todos os jogos sejam Natal à mesa dos benfiquistas.
Dirigir uma equipa de futebol pode parecer tão simples como atirar o bacalhau e os seus amigos para dentro da panela e deixá-los cozer, mas o que esta posta alta, pescada na Noruega e salgada na Holanda, veio trazer aos manjares do Benfica é uma degustação “gourmet”, por módicos 13 milhões de euros, só se consegue após muito tempo a demolhar - um toque nórdico de fusão com paladares lusos, argentinos e brasileiros, digno de cinco estrelas Michelin.
Talvez por ter sido capturado em águas menos frias, bem adaptado ao futebol fluido e prático dos holandeses, Fredrik Aursnes entrou na equipa do Benfica como um “fiel amigo” já provado há longa data, de gosto tradicional, que não precisa ser em grande quantidade para fazer sentir o aroma e o carácter a cada garfada, que não enche o campo como Enzo ou João Mário, mas que se sente ou pressente por todo o lado.
O norueguês, sozinho, é a rotação de Roger Schmidt. Dá com Florentino no meio. Dá com Enzo na contenção. Dá com João Mário como ala. Acho que dará como central ou lateral, se necessário. Ainda não marcou, mas conclui muito bem.
Aursnes do Benfica liga com todos, como o bacalhau graúdo, gostoso e popular."
Aursnes ou Neres: Qual o melhor encaixe no onze benfiquista?
"Numa época em que o rendimento individual dos jogadores do Sport Lisboa e Benfica tem sido extraordinário, Fredrik Aursnes e David Neres não fogem à regra.
Ambos têm sido peças fundamentais e regulares para o conjunto encarnado nas grandes exibições que a equipa tem realizado, e isso tem originado comparações no que toca a qual dos dois deverá assumir a titularidade.
Esta comparação existe, e deve existir, não no sentido em que se olha diretamente para a qualidade entre ambos, porque são completamente diferentes, mas sim naquilo que podem oferecer ao jogo em questão.
Aursnes oferece muita qualidade ao meio-campo, seja mais recuado ou mais adiantado no terreno. É um médio sobretudo muito consistente, trabalhador e polivalente. Dá muito ao jogo e à sua equipa, tanto a nível defensivo como a nível ofensivo. Muito criterioso no passe e na forma como lê o jogo, percebe muito bem o espaço à sua volta e sabe tranquilizar ou acelerar o ritmo do jogo quando o mesmo o pede. A sua versatilidade é sem dúvida uma das características que não se pode ignorar. Já se mostrou capaz de jogar a “6” ou a “8”, num 4-3-3 acompanhado de Florentino e Enzo Fernandéz no meio-campo, e até de desempenhar funções como médio mais ofensivo encostado a uma das alas, no habitual 4-2-3-1 utilizado por Roger Schmidt, onde nunca desiludiu.
Desde a sua chegada que tem surpreendido cada vez mais com exibições de luxo que lhe valeram, desde já, o reconhecimento e admiração dos adeptos.
David Neres, por outro lado, chegou com carimbo de estrela a Lisboa e a sua qualidade já era há muito conhecida. Tem um pé esquerdo verdadeiramente diferenciado, muito criativo e tecnicista, faz da ala direita o seu espaço de diversão favorito. Delícia qualquer apreciador de futebol com a sua irreverência e o seu brilhantismo, especialmente nos momentos em que se mostrava mais difícil desbloquear o jogo. Oferece muita velocidade ao ataque, disponibilidade de combinações com os colegas, um livro com as mais diferentes formas de ultrapassar adversários, e grande competência no remate, sendo a movimentação da ala para o meio a sua imagem de marca, como um verdadeiro canhoto.
⚽ GOLO
— VSPORTS (@vsports_pt) October 29, 2022
David Neres 2'
Liga Portugal bwin (#11) | Benfica 1-0 Desp. Chaves#LigaPortugalbwin #SLBGDC https://t.co/vnQ280gOzL pic.twitter.com/hB7F6oHeaw
Tem brilhado de águia ao peito tal como se esperava, e já leva 12 golos e assistências combinados em 16 jogos realizados. Uma peça efetivamente importante para a comandada de Roger Schmidt.
A questão que se levanta, dadas as circunstâncias, é a do mérito para um lugar no onze. Algo difícil de responder tendo em conta o talento de ambos, e dos colegas com quem competem pela titularidade.
A verdade é que um plantel de alta rotação e intensidade como é o do Benfica, necessita de rotatividade de igual qualidade, em que independentemente da situação, seja capaz de apresentar capacidade de assumir e encarar o jogo da mesma forma.
Aursnes tem surgido como o 12.º jogador e tem um papel muito significativo nesse aspeto. Permite que o Benfica se adapte da melhor forma ao contexto imposto e continue com o nível de exigência e critério igualmente elevados.
O bom funcionamento da equipa face ao adversário é sempre o aspeto mais relevante a ter em conta, e se para isso acontecer da melhor forma é necessário retirar algum jogador, a decisão há que ser tomada, respeitada e apreciada.
O encaixe perfeito será sempre aquele que trará melhor rendimento para o alcance do sucesso."
Cadomblé do Vata
"1. #BoycottQatar2022... porque durante 1 mês vai privar o Mundo do prazer de ver este Benfica.
2. Ganhamos um jogo que desde ontem sabíamos que iria valer a ampliação da diferença pontual para o FC Porto... porque Sérgio Conceição tinha garantido que eles não festejam vitórias.
3. Agradecer ao capitão flaviense a chico espertice de trocar os hábitos ao Glorioso e meter-nos a jogar para a "baliza grande" na primeira parte... depois do desgaste físico de terça feira, deu jeito decidir o jogo logo aos 10 minutos.
4. Aursnes junta a dinâmica física teutónica à técnica e ginga brazuca... tenho até dúvidas se o nome que consta no passaporte dele não é Fritz Aursninho.
5. Segundo golo do Rafa de cabeça esta temporada... falta muito para Rui Veloso cantar "voar como o Rafa entre os centrais "?"
Benfica e os seus queridos pés esquerdos
"Depois de vitórias frente a FC Porto e Juventus, goleada do Benfica frente ao Chaves por 5-0, num jogo que ao intervalo já estava resolvido, cortesia das canhotas de Neres, Grimaldo e Gonçalo Ramos, completadas por Musa e Rafa já no segundo tempo. A fórmula Schmidt continua em alta rotação e o FC Porto já está a oito pontos
Segue formosa e segura a fórmula Schmidt na I Liga - depois de bater FC Porto no Dragão e atirar a Juventus para fora da Liga dos Campeões, o Benfica não desacelerou no regresso ao campeonato. A goleada frente ao Chaves, por 5-0, é mais um ruidoso statement, até porque falamos de uma equipa que esta temporada já ganhou em Alvalade e ao SC Braga, um conjunto bem trabalhado, que terá pagado caro ter chegado à Luz com vontade de jogar - o que, aqui entre nós, não é vergonha nenhuma.
Porém, frente a uma máquina de ataque como o Benfica, entrar a sofrer pode bem ser a derrocada de qualquer tática, estratégia e quejandos. Com o regresso de Neres ao onze e Aursnes no meio-campo com Enzo (Florentino ficou, desta vez, no banco), os encarnados juntaram logo de início a irreverência do brasileiro, com a segurança e simplicidade do norueguês, mais a capacidade de variação de jogo do argentino. Os minutos iniciais foram, expectável, um sufoco para os de Trás-os-Montes.
António Silva foi, no entanto, o primeiro a criar perigo, com um remate de calcanhar maroto, aos 2’, uma homenagem quiçá à magia de Rafa no jogo de terça-feira da Champions, que saiu ligeiramente ao lado. Na reposição, o primeiro pecado do Chaves: perda de bola em zona alta e Neres arrancou em slalom, rematando de pé esquerdo ainda fora da área para o cantinho da baliza de Paulo Vítor. Há piores maneiras de regressar à titularidade.
Os pés esquerdos seriam, aliás, essenciais para que ao intervalo o Benfica já tivesse a contenda mais do que resolvida. Aos 10’, uma falta à entrada da área chamava pelo melhor pé de Grimaldo, que deu à bola aquele jeitinho que talvez ninguém neste retângulo consiga dar e o 2-0 estava no marcador.
E assim foi a toada até à meia-hora, com o Benfica a pautar o jogo à vontade, com as oportunidades a sucederem-se. Rafa e Gonçalo Ramos estiveram perto e depois o Benfica pareceu adormecer. Chegou para que o Chaves trouxesse uma amostra da sua qualidade, com três remates de rajada aos quais Vlachodimos respondeu com atenção. O terceiro golo do Benfica, aos 37’, saído de mais um pé esquerdo, agora de Gonçalo Ramos, após um passe de Aursnes, a aparecer pela direita, surgiu no melhor momento do Chaves e estancou qualquer possível reação da equipa de Vítor Campelos.
Uma reação que poderia ter tido mais força na 2.ª parte. A entrada do Benfica voltou a ser contundente, logo com uma oportunidade de João Mário após arrancada trucidante de Rafa e um fantástico golo de Enzo aos 54’ que seria anulado por fora de jogo de Aursnes na jogada, mas a partir daí o ritmo baixou a pique, com o Benfica a controlar, quase sempre com bola. A oposição, nesta altura, era quase inexistente. O primeiro remate enquadrado da 2.ª parte apareceria, aliás, apenas aos 78’, num cabeceamento de Otamendi, que marcou um certo ressurgir do Benfica.
Pouco depois, aos 81’, Musa aproveitou um lance bem trabalhado entre Enzo e Diogo Gonçalves para fazer o 4-0 e até ao final do jogo os encarnados voltaram a aquartelar-se ao largo da baliza de Paulo Vítor, com Rafa a fechar a contagem já para lá dos 90’, numa recarga de cabeça a um remate à barra de Gilberto onde o que fica na retina é mesmo a jogada de entendimento do Benfica, futebol simples e ao mesmo tempo luxuriante, já com muita daquela gente com noventa minutos nas pernas, depois de uma semana de competição intensa. É obra.
Com o empate do FC Porto nos Açores, o Benfica é agora ainda mais líder, com os rivais já a oito pontos. Impossível dizer, antes do Mundial - porque este pode mudar muita coisa -, que o campeonato está entregue, mas não está fácil para ninguém travar a paixão de Schmidt pela baliza."
SL Benfica 5-0 GD Chaves: Benfica avassalador continua invicto no campeonato
"A Crónica: Águias Encontram As “Chaves” Para Mais Uma Vitória
Imparável. O Benfica de Roger Schmidt não sabe o que significa a palavra “derrota”. Frente ao GD Chaves, na 11.ª jornada da Primeira Liga Portuguesa, as águias conquistam a décima sétima vitória desta temporada, somando agora 31 pontos.
Os encarnados continuam a voar sobre as asas do entusiasmo e, depois do apuramento na Liga dos Campeões, continuam imperturbáveis no seu próprio caminho também no campeonato.
Desta feita, mal o jogo começou, o Benfica fez logo abanar a rede transmontana com Neres, que procurou o corredor central e armou um remate imparável de fora da área que se enfiou no canto superior direito. O 1-0 estava feito, e os adeptos encarnados ficaram loucos nas bancadas.
Oito minutos depois, um Benfica inspiradíssimo marcou o segundo, através de uma bomba de Grimaldo de pontapé livre, batendo novamente Paulo Vítor.
Os caseiros continuaram a dominar todas as zonas do campo, chegando à área adversária com rápidos toques e com uma posse de bola eficaz, impossibilitando os forasteiros de construir qualquer oportunidade ofensiva.
Antes do fim da primeira parte, houve ainda tempo também para Gonçalo Ramos deixar o nome no marcador, concretizando um cruzamento da direita de Aursnes.
No segundo tempo, o Benfica entrou afirmativo exatamente como na primeira parte, se bem que, realizou uma pressão menos frenética. A presença quase permanente das águias no meio-campo trasmontano levou o plantel de Schmidt ao póquer, aos 81 minutos, com o primeiro golo de Musa com a camisola do Benfica, que concretizou um passe açucarado de Enzo dentro da grande área do Chaves.
Nos minutos de compensação, surgiu a mão-cheia de golos, e com a assinatura de Rafa, deixando o marcador num 5-0 que viria a ser definitivo.
A Figura
David Neres – Hoje há dificuldade da escolha para eleger a figura, mas para nós vai ser David Neres. Autor do primeiro golo da vitória, o médio brasileiro é um jogador imparável e incansável. A sua presença em campo muda notavelmente o ritmo do jogo da equipa inteira, tornando-se um pesadelo para qualquer adversário. A sua rapidez e visão de jogo, são qualidades diferenciadoras que conseguem impulsionar e dirigir toda a ação ofensiva do Benfica.
O Fora de Jogo
Paulo Vítor – Durante a totalidade dos 90 minutos, a defesa do Chaves abanou visivelmente diante o Benfica, mas Paulo Vítor foi o que mais deu a sensação de fragilidade em termos defensivos, cada vez que os jogadores encarnados se aproximavam à baliza.
Análise Tática – SL Benfica
Roger Schmidt orientou a equipa no seu tradicional 4-2-3-1. A única surpresa no onze inicial, foi a utilização de Aursnes no lugar de Florentino, numa posição mais recuada do que habitual, a formar um eixo com Enzo Fernández em frente da defesa encarnada.
O Benfica entrou no jogo determinado e com uma atitude avassaladora, conseguindo dominar o meio-campo adversário, sobretudo no corredor direito, graças a David Neres, que esteve absolutamente imparável. As transições ofensivas foram frequentes e bem articuladas, chegando facilmente aos últimos 20 metros do campo com passes rápidos, aproveitando, como sempre, da agilidade de Rafa em rasgar centralmente a defesa adversaria.
No segundo tempo, a saída do João Mário deu espaço ao Florentino no seu lugar, na lateral esquerda e com Aursnes a posicionar-se no mesmo corredor, com a clara tentativa de impulsionar as ações ofensivas naquele lado.
11 Inicial e Pontuações
Vlachodimos (5)
Bah (6)
António Silva (6)
Otamendi (6)
Grimaldo (7)
Aursnes (6)
Enzo Fernández (6)
David Neres (8)
Rafa (7)
João Mário (6)
Gonçalo Ramos (7)
Subs Utilizados
Gilberto (6)
Florentino (6)
Musa (6)
Diogo Gonçalves (-)
Chiquinho (-)
Análise Tática – GD Chaves
Vítor Campelos apostou no 4-3-3 para defrontar o SL Benfica e com algumas escolhas obrigatórias, vistas as ausências de Bruno Langa e Sidy Sarr, lesionados, e Obiora, ainda limitado fisicamente. A estes, somou-se a impossibilidade de colocar em campo Sandro Cruz, emprestado pelas águias e substituído pelo João Queirós na lateral esquerda.
Este último teve vida dificílima contra Bah e Neres e demostrou muita fragilidade na tarefa de os defrontar e conter. De facto, os dois jogadores encarnados não encontraram grande dificuldade em penetrar na área adversaria e criar perigo.
Nos momentos em que o Benfica tinha a posse de bola, que foi, de facto, boa parte do jogo, a equipa flaviense dispunha-se num 4-4-2, deixando Hernández e Monroy na linha de frente, na esperança de um possível contra-ataque, e recuando Abass para suporte do meio-campo.
Na segunda parte o treinador forasteiro mexeu no banco, passando a um 5-4-1, colocando mais um defesa, Euller, no lugar de Abass, e metendo Juninho como única ponta de lança no lugar de Hernández, que pouco fez nos primeiros 45 minutos.
11 Inicial e Pontuações
Paulo Vítor (4)
Correia (5)
Monte (4)
Vitória (4)
João Queirós (4)
Guima (5)
Teixeira (5)
Mendes (5)
Abass (5)
Hernández (5)
Monroy (5)
Subs Utilizados
Juninho (5)
Euller (5)
Singh (5)
Edu Oliveira (-)
Bernardo Sousa (-)
BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
Bola na Rede: Mister Roger, boa noite. Chegou hoje a decima sétima vitória da temporada. Pergunto se acha possível que a sua equipa possa chegar à pausa para o mundial sem derrotas.
Roger Schmidt: Penso que é possível jogar bem cada jogo, e fazer obviamente o nosso melhor. Não gosto de pensar assim tão longe, prefiro focar-me em cada jogo. O próximo será contra o Maccabi Haifa, e será duro, mas acho que será possível continuar a ter este caminho positivo, mas temos que enfrentar um jogo de cada vez.
GD Chaves
Bola na Rede: Mister boa noite, parece que hoje a sua equipa não entrou em campo com a atitude certa. Acha que se tivesse tido todos os jogadores disponíveis, talvez este jogo podia ter tido uma história diferente?
Vítor Campelos: Quando estamos todos, claramente somos mais fortes, mas da mesma forma acreditamos nos jogadores que entrem em campo, como os que jogaram hoje.
A dinâmica ofensiva do Benfica é muito forte, sabíamos que tínhamos de estar concentrados e atentos, mas sofrer o golo logo aos primeiros minutos mudou bastante a partida.
Quando há um resultado desses, é só possível dar mérito ao adversário mais forte, e temos neste momento, que focar-nos no próximo jogo frente ao Santa Clara."
Bayern's!!!
"Depois de cilindrarem o Bayern da Bélgica (🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣) e o Bayern de Leverkusen (🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣), o Super Porto Europeu encostou com o Bayern dos Açores. Acontece.🤷♂️"
Expectativa vs Realidade
"O “frontal” e “verdadeiro” volta a atacar da forma que melhor sabe: mentindo e demonstrando o imensurável complexo de inferioridade pelo Benfica.
#40anosdisto #ligadafarsa"
Desporto e ligação social
"Com ou sem razão, as atividades físicas e desportivas são consideradas como uma ferramenta de regulação dos comportamentos julgados problemáticos nas sociedades. No século XIX, em alguns colégios britânicos, o desporto foi utilizado para prevenir o onanismo dos alunos, uma prática julgada vergonhosa pelos educadores da época e devoradora de energia, em detrimento de um crescimento harmonioso dos estudos. À medida que as décadas passam, apercebe-se das virtudes atribuídas às atividades físicas e desportivas, não apenas centradas unicamente no corpo e na sua higiene, mas no alargamento à sociedade no seu conjunto, contribuindo para a solidariedade e para a luta contra o enfraquecimento da ligação social.
A ligação social, diga-se, é o conjunto de relações entre pessoas no seio de um mesmo grupo social ou entre grupos diferentes. Mais do que uma simples relação entre indivíduos, ela permite estabelecer a coesão social e contribui para a integração, conferindo uma identidade. Vários elementos contribuem para a criação da ligação social. Alguns deles parecem ser especialmente importantes: o trabalho, a família, a comunidade, o Estado, e outros, como o desporto e a escola.
Considerar o desporto como uma ferramenta de produção com potencial de ligação social supõe a atribuição de uma função social. Será o caso? No estado atual do conhecimento, já foi demonstrado que as atividades físicas e desportivas podem ter, em determinadas condições, as funções biológicas e psicológicas, e certas funções sociais. Os meios de comunicação social e os discursos políticos fazem essa promoção, mas são, sobretudo, fruto de crenças ou de ideologias. Muito estudo encontra-se por fazer. E, em Portugal, vive-se uma espécie de sonambulismo relativamente aos efeitos da prática da educação física e do desporto."
Vítor Rosa, in A Bola