sábado, 24 de setembro de 2022

Só mais uma !!!

Keravnos 65 - 73 Benfica
16-13, 15-21, 21-17, 13-22

Melhores. Independentemente do resultado de domingo, estes 3 jogos, pelo menos servirão para dar outro ritmo à nossa equipa, pois o nível dos adversários é superior à média do Tugão!

Hoje, voltámos a ter momentos maus, o Barroso voltou a entrar muito bem... e voltámos a dominar no último período, desta vez, contra um adversário Cipriota com mais soluções, que fez uma rotação com 8 jogadores!

Grande jogo do Ivan... Zirbes decisivo no 4.º período!

No domingo, contra os Alemães, não somos favoritos, mas a diferença, em teoria, não é grande. Jogando o nosso melhor, temos valor para ganhar, e qualificarmos para a Champions! Estamos a 40 minutos, de voltar a uma competição de grande tradição na secção, e de onde estamos afastados hà muito tempo...!!!

Troféus para conquistar


"Nos próximos dias há decisões em várias provas. Estão em disputa troféus no futsal (masculino e feminino) e na vertente feminina do basquetebol. Joga-se também, na Luz, o acesso à fase de grupos da Basketball Champions League. Vamos apoiar as nossas equipas!

1
A ronda de qualificação para a Basketball Champions League prossegue, hoje, na Luz, com a realização dos dois jogos das meias-finais. A nossa equipa defronta o campeão cipriota, o Keravnos, às 21h00. Antes, às 18h00, há frente a frente entre os alemães do Bamberg e os ucranianos do Budivelnyk. O jogo derradeiro que define o apuramento está agendado para domingo, às 17h00. Terrell Carter, um dos postes da equipa, apelou à presença dos Benfiquistas para ajudarem a equipa a seguir em frente na competição: "Agradecemos muito aos que aqui estiveram connosco e adorávamos ter cá mais adeptos a apoiar-nos. Estamos a jogar a qualificação para a Liga dos Campeões, que pode ser importante para a cidade e para o País. Precisamos do máximo apoio possível."

2
Domingo, em Matosinhos, há Supertaças de futsal. Às 11h00, a nossa equipa feminina mede forças com o Nun'Álvares. Às 17h00 é a vez dos homens, num dérbi com o Sporting. Vencer ambos os troféus é o objetivo! A partir de hoje e até domingo disputa-se, em Ermesinde, a Taça Vítor Hugo em basquetebol feminino. A nossa equipa tem desafio marcado para as 20h45.

3
Há ainda mais Benfica para apoiarmos. Sábado, às 15h00, jogamos em Santo Tirso a contar para a 2.ª jornada do Campeonato Nacional de andebol. Na mesma modalidade, mas no feminino, há dupla jornada na Luz. Sábado, às 15h00, com o Gil Eanes, e domingo, à mesma hora, com o Academia São Pedro do Sul. Domingo, às 17h00, começa a caminhada do Benfica no Campeonato de hóquei em patins feminino (Zona Sul) com a deslocação a Turquel. Por fim, o dérbi com o Sporting nos Sub-15 de futebol (domingo, 11h00, no Benfica Campus).

4
Considerando os líderes dos 10 Campeonatos mais cotados do futebol europeu, a equipa do Benfica é aquela com mais posse de bola. Leia a análise deste e de outros dados estatísticos no Site Oficial. Entretanto foi realizado o sorteio da fase de grupos da Taça da Liga. Moreirense, Penafiel e CF Estrela da Amadora são os nossos adversários. O sorteio determinou visita ao Estrela da Amadora, receção ao Penafiel e deslocação a Moreira de Cónegos.

5
O Benfica Campus está de parabéns pelo 16.º aniversário celebrado ontem. A BTV fez uma emissão especial ao longo do dia, a qual contou com entrevistas a vários dos responsáveis do Centro de Formação e Treino do Clube. Pode vê-las, aqui.

6
Já está disponível para consulta, na área reservada a sócios do Site Oficial, o Relatório e Contas 2021/22 do Sport Lisboa e Benfica. Recordamos que a Assembleia Geral para apreciação e votação do Relatório e Contas está agendada para a próxima sexta-feira, dia 30, às 20h30 (primeira chamada) no Pavilhão n.º 2 do Parque Desportivo do Clube. O documento também pode ser consultado na Secretaria-Geral do Clube durante as horas de expediente (9h30-12h00 e 14h30-17h00), desde ontem, dia 22."

𝗥𝗲𝗶𝗻𝗮 𝗮 𝗱𝗲𝘀𝗼𝗿𝗶𝗲𝗻𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗻𝗮 𝗙𝗲𝗱𝗲𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝘂𝗲𝘀𝗮 𝗱𝗲 𝗙𝘂𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹


"É evidente que a Federação está sem liderança. E todos sabemos a importância das lideranças, para o bem e para o mal, no destino das instituições. Já não bastavam os casos graves na Disciplina e na Arbitragem, agora temos sinais concretos e evidentes que muita coisa vai mal na área das Seleções. Mais concretamente na Seleção A.

𝗣𝗿𝗼𝗺𝗶𝘀𝗰𝘂𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗻𝗮 𝗦𝗲𝗹𝗲𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗡𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹.
O caso Rafa é apenas a ponta do iceberg. Porque Rafa justificou a sua decisão por «razões pessoais»? Porque existe um mau ambiente na Seleção A. Porque há muitos jogadores descontentes com a Seleção do Ronaldo, quando devia ser a Seleção Nacional. Porque o Fernando Gomes e o Fernando Santos são apenas meros executantes das vontades e caprichos pessoais do Cristiano Ronaldo.
Basta lembrar o que aconteceu na Gala da Quinas de Ouro. Ver e ouvir o Ronaldo a autoconvocar-se para o Mundial 2022 e para o Europeu de 2024, com o presidente e o selecionador na primeira fila da plateia, é a demonstração clara de quem realmente manda na Seleção. Foi um momento confrangedor e deprimente ouvir um jogador, numa Gala da Federação, a anunciar a sua convocatória para o Mundial e para o Europeu de 2024. Falamos de um jogador que FOI o melhor do mundo, que marcou muitos golos no passado e que ERA titular indiscutível das suas equipas. Hoje é um suplente do Manchester United.
Até quando vai continuar esta promiscuidade na Seleção Nacional de Portugal? Que ninguém duvide, não é apenas o Rafa que se sente mal naquele ambiente.

𝗔 𝗣𝗿𝗼𝗽𝗮𝗴𝗮𝗻𝗱𝗮 𝗱𝗮 𝗙𝗲𝗱𝗲𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼.
O Pepe não tem jogado com regularidade no FC Porto. Para justificar a sua convocatória, o mega departamento de propaganda da Federação pôs a circular nas redações: «Fernando Santos não prescinde de Pepe». Todos sabemos que o Pepe é o principal amigo do Cristiano Ronaldo na Seleção. Ou seja, quem não prescinde do apoio do Pepe no grupo é…o Cristiano Ronaldo!
Um dia depois do Controlo Antidoping surpresa da FIFA, a Federação dispensou o Pepe. Por que razão? É necessária uma boa explicação. O jogador tinha sido dado como apto pelo Departamento Médico da FPF para ser convocado. O Fernando Santos, no dia da convocatória, disse mesmo: «o Departamento Médico comunicou-me que apenas não poderia convocar dois jogadores, Guedes e Sanches». E agora? Das duas uma, ou o Departamento Médico da FPF cometeu um erro grave, pois deixou que o selecionador convocasse um jogador lesionado, ou existe uma outra razão que não é conhecida. Por motivos de «ordem física» e «fadiga muscular», como está a passar o departamento de propaganda da Federação, não colhe. Falta uma semana para o jogo contra a Espanha! Não recuperava?

𝗠𝘂𝗶𝘁𝗼 𝗴𝗿𝗮𝘃𝗲.
Pela primeira vez na história do futebol português e da Federação Portuguesa de Futebol, uma equipa/seleção interrompe um estágio para jogos oficiais, neste caso uma prova internacional, para estar presente numa Gala. E ainda se poderia pensar que estaria o selecionador e o capitão em representação do grupo de trabalho, mas não! Estiveram todos os jogadores, todos os treinadores e todos os demais membros do Staff. Que exemplo de profissionalismo e responsabilidade é este? Porque não fizeram a Gala no dia de apresentação em estágio? Ou em outra data? Só falta virmos a saber que foi o Cristiano Ronaldo que marcou a data da Gala de acordo com a sua conveniência pessoal."

Líder a dobrar


"Ao final de sete jornadas na Liga e de 13 jogos oficiais, o Benfica, de Roger Schmidt, tem uma dupla liderança.

Lidera o campeonato isolado seguido de perto por um surpreendente Sporting de Braga, mas com cinco pontos de vantagem para o F. C. Porto e 11 em relação ao Sporting. E se o atraso do F. C. Porto não o afasta para já da luta pelo campeonato, já o Sporting parece ter antecipado a sua, tradicional, difícil relação com a época de Natal para o regresso às aulas. Mas o Benfica lidera também o seu grupo, na Europa, com duas vitórias em outros tantos jogos da Champions League. Não podia haver início de época mais perfeito.
O segredo deste sucesso? Um modelo de jogo ofensivo e adequado aos objetivos da equipa; um treinador que impôs uma verdadeira meritocracia, sem olhar a nomes ou a estatutos e um plantel bem construído e com boas entradas. Os espíritos agoirentos que vaticinavam o insucesso têm sido rebatidos, ponto por ponto.
Neste último jogo, com o Marítimo, a superioridade foi evidente e incontestável com Rafa, Neres e Gonçalo Ramos a brilharem e a marcarem mais uma vez.
Mas o destaque mais positivo foi verificar que o Benfica fecha este primeiro ciclo (segue-se a paragem para as seleções) integrando no plantel e lançando em campo mais opções: Brooks teve uns minutos, Aursnes foi titular e Draxler levantou o Estádio da Luz com o golo da jornada. Ou seja, tudo se compõe para continuar a defender esta dupla liderança, no recomeço.

Positivo: As vitórias do Benfica em Turim e no campeonato; Petit (Boavista) e Nélson Veríssimo (Estoril)a fazerem pontos com os grandes.

Negativo: O ataque ao carro com familiares do treinador Sérgio Conceição; mais um episódio de intolerância, desta vez, no Estádio do Estoril Praia, com um pai e uma filha portista."

Quando Rui Moreira imita Bruno de Carvalho


"Quem não se lembra daquela figura que era um verdadeiro pirómano - mesmo contra a sua equipa - e agora é um artista de programas de variedades e até ‘vendeu’ o seu casamento ‘pimba’ em direto para um canal televisivo? Bruno de Carvalho, no final do seu mandato, na noite dos jogos, atacava forte e feio nas redes sociais durante a madrugada - era um clássico que muitos seguiam.

O futebol é um mundo muito parecido com a indústria pirotécnica, onde ao menor rastilho se dá uma explosão. As paixões clubísticas ultrapassam em muito o razoável, e para quem como eu, que foi educado a ir para o estádio às nove da manhã para ver os iniciados, juvenis, juniores, seniores e depois as restantes modalidades, torna-se estranho ver como pessoas que deviam ter algum juízo se comportam como verdadeiros incendiários no que ao comentário futebolístico diz respeito.
Quem não se lembra daquela figura que era um verdadeiro pirómano - mesmo contra a sua equipa - e agora é um artista de programas de variedades e até ‘vendeu’ o seu casamento ‘pimba’ em direto para um canal televisivo? Bruno de Carvalho, no final do seu mandato, na noite dos jogos, atacava forte e feio nas redes sociais durante a madrugada - era um clássico que muitos seguiam.
Tenho por Rui Moreira consideração e estima - pois acho que é um homem destemido e que gosta de fazer obra - mas nos últimos tempos, ‘penso eu de que’, foi atacado por um vírus chamado Bruno de Carvalho. O ainda presidente da Câmara do Porto, e que é também vice-presidente no Conselho Superior do FC Porto, parece obcecado por incendiar as redes sociais com os seus comentários futebolísticos. Seja para atacar, veladamente, Sérgio Conceição, seja para atacar jornalistas inócuos que se limitam a fazer as perguntas mais triviais da vida. Muito se tem falado das possíveis pretensões de Rui Moreira suceder ao papa do FC Porto - Pinto da Costa não conhece, certamente, a história de Bento XVI... - mas o presidente da Câmara do Porto devia conter-se um pouco antes de escrever alarvidades e dar gás a uma mesquinhez própria de provincianos e que em nada contribui para a pacificação do futebol. Ou será que Rui Moreira não sabe que Portugal é tão pequeno que não vale a pena alimentar guerras contra Lisboa, só porque isso dá likes? Que trogloditas como Aníbal Pinto ou Pedro Guerra o façam é uma coisa, outra é um snobe da Foz entrar pela peixeirada futebolística. Provocação abjeta e nojo não são, seguramente, as melhores palavras para um ex-campeão de vela se referir a um jornalista que fez uma pergunta pertinente. Rui Moreira não se devia preocupar tanto com o possível avanço de André Vilas-Boas para a presidência do FC Porto. Que tenha calma e deixe-se dos momentos Bruno de Carvalho."

Olhar para o próprio umbigo


"Já perdi a conta de quantas vezes falei e escrevi 'mea-culpa' nos últimos dias. Arrisco dizer até que ando muito perto de banalizar uma expressão fundamental no jornalismo. O uso talvez seja desmedido, mas altamente necessário.
Doa a quem doer, nós, jornalistas e/ou comentaristas, somos formadores de opinião. Estamos no leque de agentes esportivos. Intervenientes da bola. A nossa responsabilidade provavelmente é mais importante do que a exigida imparcialidade.
Não despedimos treinadores, mas influenciamos na decisão. Não compramos, emprestamos ou vendemos jogadores, mas ajudamos na valorização. Não agredimos fisicamente ninguém, mas verbalmente incentivamos o ódio.
Não entramos em campo, mas, sem qualquer tipo de soberba ou prepotência, também temos impacto no resultado do futebol, dentro e fora das quatro linhas. Direta ou indiretamente, uns mais, outros menos.
O exercício constante da autocrítica é o que nos permite reconhecer erros e exageros. Da perseguição ao polêmico e decisivo Taremi ao oba-oba com o talentoso e promissor António Silva. Das discussões culturais e regionais às insinuações de falta de isenção na arbitragem.
Temos parcela de culpa quando um jovem torcedor é obrigado a tirar a camisa do clube do coração dentro do estádio ou um pai desrespeitoso é expulso da arquibancada por ignorantes com a pequena filha ao colo. Quando um jogador de apenas 18 anos é capa de jornais, passa rapidamente a ser visto como novo Cristiano Ronaldo e, no «dia seguinte», cai no esquecimento.
A comunicação social não te dá um fardo que você não possa carregar. Parte do poder no esporte mais apaixonante do mundo está nas nossas línguas e mãos. Chorar o leite derramado é muito fácil."

Futebol – Uma proposta


"O futebol voltou a trazer-nos maus exemplos. Casos recentes, envolvendo crianças adeptos de clubes visitantes, vítimas da raiva de adeptos locais voltaram a chamar a atenção para o clima que se vive, com triste frequência, nos estádios de futebol. Para quem, como eu, é um adepto de futebol com presencia assídua nos estádios isto tem tanto de triste como de pouco surpreendente. São quase mais os cânticos ofensivos contra as equipas visitantes do que os cânticos de apoio à equipa da casa. São mais as agressões verbais contra árbitros e atletas, incluindo os da casa, do que os festejos com os golos ou entusiasmo com as jogadas mais belas.
Há enormes diferenças no modo como se vive e celebra o desporto entre países. Tenho uma admiração particular, nesse aspeto, pelos Estados Unidos, onde o desporto é vivido de outra forma, muito mais positiva. Em que se celebra a vitória, mas não a humilhação dos vencidos. Em que o entusiasmo é enorme e se converte em festa e não em violência.
Há diferentes variáveis que contribuem para a formação dessa cultura desportiva, mas uma vez instalada essa cultura ela não é fácil de mudar. Não bastarão campanhas educativas e de sensibilização. São necessárias sanções duras e eficazes (que não fiquem no papel, mas sejam realmente implementadas). Isso é difícil se a credibilidade das instituições desportivas e públicas até agora responsáveis por aplicar essas sanções é praticamente nula. Quantos daqueles que foram expulsos dos estádios na verdade cumprem essas exclusões? Que aconteceu com as sanções aplicadas a claques ilegais? Que impacto real têm as sanções aos dirigentes desportivos por discurso violento? A ironia é que, se (e esperemos que sim) vierem a ser aplicadas sanções sérias aos sócios e adeptos do Estoril envolvidos no mais recente episódio, o que irá ser dito é que foi assim porque se trata de um clube pequeno. E o que é triste é que todos vamos pensar que é bem possível que assim seja. As sanções nunca serão eficazes enquanto não existir confiança nas instituições responsáveis pela sua aplicação e na genuína independência e isenção dessas instituições.
São precisas sanções fortes, mas isso só funcionará com instituições credíveis e verdadeiramente independentes no desporto e a supervisionar o Desporto. Se forem capturadas pelo poder político e pelos clubes nada haverá a fazer. No entanto, existem regras e modelos conhecidos que poderiam assegurar essa independência. E essas instituições, dentro e fora das organizações desportivas, poderiam estar associadas a mudanças que contribuam para o combate às fortes suspeitas de corrupção à volta do negócio de futebol (reforçadas pelas investigações criminais em curso): deste a introdução de um novo modelo de sociedades desportivas (reforçando os mecanismos de separação de poderes e escrutínio internos) à realização de fit e proper tests (avaliações de integridade) a que estariam sujeitos os dirigentes
Claro que a frequente mistura entre política e futebol diminui a vontade de intervenção do poder político. E existe um receio legitimo de que certas intervenções publicas no futebol possam gerar confrontações com as instâncias internacionais de governo do mesmo (que, ao contrário do que muitos julgam, nunca serão a solução para os problemas do nosso futebol, pois, em muitos aspetos, são ainda piores). Mas há que ter em conta que os próprios líderes do nosso futebol (talvez conscientes da oposição interna que sentem às reformas que desejariam fazer no futebol) têm apelado ao Estado para que faça algo. E há uma forma de o Estado o fazer sem o impor e logo sem entrar em conflito com UEFA e FIFA. A minha sugestão é semelhante à estratégia já empregue nalguns países. Reconhecer a importância do futebol e do desporto e reconhecê-la atribuindo-lhe diferentes vantagens, incluindo a nível fiscal. Mas fazer depender o reconhecimento desse interesse publico e o acesso às vantagens que daí resultariam, incluindo fiscais, do cumprimento de requisitos muito mais exigentes e que incluíssem a criação e reconhecimento dessas entidades genuinamente independentes dentro e fora das federações e Ligas. Seria um início para mudar esta cultura."

‘Txoria Txori’


"Lángara tinha uma perna mais curta do que a outra mas nem por isso (ou talvez por isso) deixava de ser imprevisível

Em agosto de 1936, Isidro Lángara Galarraga estava preso. De certa forma, como escreveria o meu querido amigo Manuel Alegre, estava no seu posto. O grande problema é que Lángara, que tinha apenas 24 anos, não se sentia no seu posto, embora na verdade o estivesse. A Guerra Civil de Espanha explodira um mês antes e Lángara Galarraga era basco. O nome não enganava. Podia ser o Homem dos Golos Impossíveis de uma linha avançada do Oviedo que levou a alcunha de Delantera Eléctrica, mas era basco. Podia já ter vestido a camisola da seleção de Espanha por 12 vezes e marcado 17 golos que continuava basco. Ah! «Me cago en diez!». Os milicianos desconfiavam de todos os bascos. Mesmo de Lángara, do bihotza (coração) de ouro, que estava tranquilamente estendido no areal de uma das margens do rio Oria, em Andoain, gozando as suas férias: enredaram-no como se fosse um peixe e fecharam-no no porão de um navio chamado Cabo Quilates, fundeado ao largo do porto de Lekeitio, no Golfo da Biscaia. A acusação foi rápida: é sempre assim que acontece com as acusações sem fundamento. Isidro era considerado um perigoso republicano que participara numa violenta repressão efetuada contra uma manifestação de mineiros das Astúrias dois anos antes.
Toda a gente em Espanha conhecia Lángara. Era o que faltava! Tinha asas de pássaro e pernas de gazela, voava por entre defesas másculas e deixava para trás a maldade dos adversários que pretendiam caçá-lo a patadas. Todos sabiam que não se interessava por política, só por futebol, o jogo dos seus sonhos, desde que passara por clubes pequenos de nomes incandescentes como o Bildur Guchi, o Esperanza de San Sebastián, o Siempre Adelante de Pasajes e o Andoain, que era da sua terra natal.
Até aí, a vida de Isidro tinha sido uma vida de golos. Durante os anos que passou no Oviedo, antes de ser velhacamente apanhado num luta que não era sua, marcara a ninharia de 281 golos em 212 jogos. Una barbaridad! Os seus conterrâneos vieram em seu socorro. O árbitro Iturralde Gorostiza e outros membros do Euzko Alderdi Jeltzalea (Partido Nacionalista Basco) resgataram-no. O tempo de cadeia mudou-o.
Saiu para a liberdade sem ter clube nem campeonato para jogar. Até ao final do conflito juntou-se a uma seleção do País Basco que viajou pelo mundo realizando jogos de exibição e recolhendo apoios financeiros para manter acesa a luta pela independência da região. Apesar de ter uma perna mais curta do que a outra, ou se calhar por isso mesmo, Lángara era imprevisível. E marcava mais e mais e mais golos. Depois da tomada de Bilbao pelos falangistas, os euskeras perderam-se juntos pelo mundo. Sempre juntos. Como uma pátria. A Pátria de que falava Fernando Aramburu, um dos grandes prosadores do nosso tempo.
Jogaram primeiro em Cuba. Depois no México. Chegaram mesmo a participar no campeonato mexicano como clube oficial de nome Euzkadi. Matavam as saudades nas longas noites em que, como abertzales, se deixavam ensimesmar ao som de músicas antigas sonhando com o regresso a casa. Depois tomaram o rumo da Argentina.
Os homens mantêm-se juntos mas raramente para sempre por mais fortes que sejam os seus laços. Ángel Zubieta Redondo e Isidro Lángara Galarraga eram amigos de sangue e de lágrimas. Foi o primeiro que convenceu o segundo que a vida ambulante da seleção do País Basco não podia durar indeterminadamente. Precisavam de assentar num lugar a que também, de alguma forma, pudessem chamar de seu. Esse lugar foi um bairro comercial de Buenos Aires de nome Almagro onde um comerciante português, Calos dos Santos Valente, foi, no século XVIII, uma espécie de patrão da maioria dos trabalhadores da área. O clube era o San Lorenzo.
Mikel Laboa, o grande cantautor basco, escreveu uma canção em 1974: Txoria Txori. Ou seja, O Pássaro é Pássaro.
«Hegoak ebaki banizkio
Nierea izango zen
Ez zuen aldedingo
Bainan, honela
Ez zen gehiago txoria izango»
(«Se lhe tivesse cortado as asas
Ele teria sido meu
Não teria escapado
Mas assim
Teria deixado de ser pássaro»).
Não era possível impedir Lángara de ser pássaro. No San Lorenzo foi mais pássaro do que nunca: marcou 110 golos em 121 jogos e ajudanado - num linha atacante com René Pontoni e Reinaldo Martino - a transformar o clube num dos grandes da Argentina e do mundo, terminando com a hegemonia do River Plate, o clube dos ricos de Buenos Aires. Dez anos após ter sido feito prisioneiro, Isidro regressava ao seu posto: ponta-de-lança do Oviedo. Ficou duas épocas, marcadas pelos efeitos da irreversível passagem do tempo, mas ainda teve tempo de marcar mais 23 golos em 29 jogos. O golo foi, dentro da sua vida em fuga, a ideia fixa de Lángara Galagarra, O Basco, com maiúsculas. «Ene!»."