domingo, 18 de setembro de 2022

3.ª Supertaça

Benfica 33 - 23 Colégio Gaia
(15-14)

Esta Supertaça, acabou por ter um pouco mais de sabor, porque a última conquista desta competição tinha sido à 30 anos!!!

Mais uma grande vitória, da equipa mais forte... e que promete títulos para o resto da época!

9.ª Supertaça

Benfica 6 - 2 Sporting

Entrada forte, e novo caneco, num dos derbys, mais conseguidos da nossa parte, dos últimos tempos!
Também é verdade que o Sporting, este ano, parece-me mais fraco...

2.ª Supertaça

Benfica 78 - 47 GDESSA
20-10, 17-6, 26-12, 15-19

Vitória incontestável, duma equipa que me pareceu melhor que o ano passado, apesar das saídas importantes, mas a quantidade das estrangeiras subiu...

Tranquilo...

Benfica 31 - 22 Maia
(17-12)

Vitória seguro, numa partida que deu para gerir o plantel, dando minutos a quem vinha a precisar. e descanso aos outros.. depois do último fim-de-semana extremamente cansativo, com 4 prolongamentos em dois jogos!!!

Vitória na Linha...

Paço de Arcos 1 - 4 Benfica

Arranque com uma vitória tranquila...
Realce para a rotatividade que aparentemente vamos ter na baliza, hoje jogou o Bernardo...

Recordo que neste momento, a gestão dos estrangeiros está mais facilitada, com um estranho estatuto que transformou o Nicolía, em 'nacional' pelo até ao Mundial, que se vai disputar a meio da época! Hoje, só o Lamas ficou de fora!!!

Mal perdido...

Benfica 84 - 89 Sporting
28-33, 9-15, 17-21, 30-20

A única Supertaça, perdida esta tarde, e foi mal perdida, com a equipa a continuar a demonstrar os mesmos problemas das últimas épocas: organização ofensiva, quase nenhuma... e com a equipa a defender só quando quer!!!
No geral, jogo fraco dos dois lados, com o Sporting a ser mais consistente...
É verdade que jogámos sem o nosso 'principal' reforço, pelo menos aquele que tem mais nome, mas temos que fazer mais...

Goleada...

Albergaria 0 - 4 Benfica
Cloé(30'), Vitória(58'), Lúcia(71'), Seiça(86')


Demorou a marcar, mas a vitória nunca esteve em causa, tal o nosso domínio...

Mais uma lesão da Kikas, na selecção, inacreditável!

Vestir o Manto Sagrado


"Manto Sagrado é a designação que os benfiquistas dão àquele que consideram como o mais nobre dos trajes, a camisola oficial do seu clube. Já "vestir a camisola" não é uma expressão exclusiva de adeptos de um clube em especial.

Reporta-se ao conceito de envolvimento, compromisso, com uma entidade e com um objetivo que merece, por parte da instituição, reconhecimento e apreço por aquele que o faz.
E, se as 11 vitórias do Benfica de Roger Schmidt só foram possíveis porque a equipa "vestiu a camisola", Gonçalo Ramos, por exemplo, pode ser apontado positivamente como uma referência desse compromisso com o clube que o formou, prolongando por isso o seu vínculo com as águias.
Esta semana, por coincidência, pude ver pessoalmente o gosto e o orgulho com que o campeão do Mundo de juniores de natação, Diogo Ribeiro, quis vestir o Manto Sagrado para assistir na tribuna ao jogo da Champions e à vitória do Benfica sobre o Maccabi Haifa, ao lado do presidente do clube.
Vestir o Manto Sagrado foi precisamente o que foi, vergonhosamente, vedado ao miúdo que, acompanhado pelo pai, foi obrigado a despir a camisola em Famalicão e a assistir ao jogo em tronco nu. O episódio foi imediatamente condenado, inclusivamente pelo responsável governativo e pelo presidente da Liga. Mas, a questão é a de saber o que fizeram, ou vão fazer, para alterar este estado das coisas. Lágrimas de crocodilo é tudo aquilo de que o nosso futebol não precisa.

A subir 
O Benfica com 11 vitórias seguidas; as vitórias do Benfica nas Supertaças de hóquei com o Porto e de andebol com o Sporting (esta última com enorme fair play de ambos os lados).

A descer
Mais um penálti claro por assinalar, desta vez sobre Julian Draxler, em Famalicão."

Odysseas Vlachodimos | Confiança precisa-se


"O grego tem mostrado alguma falta de confiança, mas mantém a titularidade na baliza das águias.

«Estou pronto para seguir em frente». Esta declaração de Odysseas Vlachodimos no dia 1 de Abril do ano passado deixou Rui Costa apreensivo em relação ao futuro da baliza do SL Benfica. E não, não se tratava de nenhuma mentira alusiva à data. Vlachodimos manifestou mesmo interesse em sair do clube encarnado, na sequência de uma entrevista dada a um jornal grego. No final de Agosto deste ano, o AFC Ajax abordou o jogador, mas o negócio não se concretizou e o guarda-redes acabou mesmo por ficar na Luz, onde cumpre a sua quinta época.
Apesar de ainda não ter dado nenhum “frango”, o guardião tem mostrado aqui e ali alguns momentos em que parece estar com falta de confiança, mas as vitórias têm-no ajudado a disfarçar algum nervosismo. É nas saídas à bola que tem mostrado mais insegurança (o segundo golo sofrido frente ao FC Paços de Ferreira é um bom exemplo disso) mas continua a ser muito seguro entre os postes e isso ficou bem evidente em alguns jogos, nomeadamente naqueles que pareciam ser mais fáceis e em que foi chamado a intervir.
Uma coisa é certa e disso ninguém tem dúvidas. Vlachodimos é um guarda-redes com muita qualidade, ou não estivéssemos a falar de um internacional titular pela sua seleção, mas a verdade é que ainda não estamos a vê-lo no seu melhor nível e numa situação que possa transmitir total confiança aos seus colegas da defesa. E por falar na defesa, o guarda-redes grego bem pode agradecer aos centrais as belíssimas exibições que têm feito e que o têm ajudado a sofrer menos golos.
Quem não se tem mostrado muito preocupado com isso é o treinador Roger Schmidt, que tem mantido Vlachodimos no onze titular e nele deposita toda a confiança. E, a meu ver, bem. O SL Benfica está com o pleno de vitórias e tirá-lo agora seria mexer com o seu psicológico e o de toda a equipa. Em 12 jogos sofreu seis golos, o que não é nada de alarmante, mas podia ser melhor. Helton Leite, o segundo da hierarquia da baliza das águias, ainda não somou qualquer minuto para mostrar que pode ser um concorrente à altura do grego esta temporada, situação, diga-se, já se verificou num passado recente.
Os próximos encontros vão ser determinantes em perceber se Vlachodimos vai continuar neste registo ou se muda o chip para exibições que demonstrem estar na sua plenitude. O SL Benfica ainda não sofreu qualquer derrota e enquanto isso não acontecer, o guarda-redes encarnado vai estar sempre protegido por triunfos. Caso as coisas comecem a correr mal em termos de resultados, os tais pequenos erros que agora comete poderão vir a ter mais impacto e, nessa altura, o seu lugar poderá ficar em causa e Helton Leite poderá saltar do banco para ter uma oportunidade em mostrar todo o seu potencial."

E não foi o único!!!


"1º minuto de jogo e Artur Soares Dias a não assinalar penálti por não estar no sue posto de trabalho, certamente.
Já aos 90+9 não falhou. É um profissional de todo.
Sempre a favor dos seus."

Segredo!!!


"No dia de ontem circulava, entre os adeptos do FC Porto, um boato de que o Otávio jogara infiltrado no jogo contra o Brugge. Ora, se bem nos lembramos, o jogador dos azuis e brancos sofreu uma lesão no jogo anterior em que, alegadamente, fraturou duas costelas. Lesão essa que o afastaria da competição pelo menos durante um mês.
Três dias depois lá estava Otávio escalado para o jogo da Liga dos Campeões. Incrivelmente recuperado e pronto para dar o seu contributo no naufrágio coletivo da equipa portista.
Ontem, ao final da noite, no esgoto a céu aberto das TVs, discutia-se que o jogador naturalizado Português tinha contraído um pneumotórax durante a partida da liga milionária. Para quem não sabe, pneumotórax é a presença de ar entre as duas camadas da pleura (membrana fina, transparente, de duas camadas que reveste os pulmões e o interior da parede torácica), resultando em colapso parcial ou total do pulmão, impossibilitando respirar normalmente. Como é possível que o departamento médico do FC Porto tenha autorizado o jogador a participar na partida nestas condições? Quase diríamos que é criminoso autorizar isto!
Naturalmente incrédulos - como é normal com tudo o que se diz naquele canal - fomos pesquisar sobre o assunto no "Dr. Google" e para nossa surpresa lá estava a notícia dada pelo jornal A BOLA . Curiosos, abrimos a notícia e, para nosso assombro, deparamos-nos com a informação que a notícia já não existia. Que surpreendente!!
Reza a lenda (conversas entre portistas) que na noite do jogo com o Chaves, Otávio deslocou-se a um Hospital do Porto com dores fortíssimas e que o diagnóstico apontava para algo mais do que costelas partidas. Pediu para ser injetado de modo a aliviar o sofrimento e veio embora. A grande preocupação do luso-brasileiro era poder jogar no jogo da Champions League, uma vez que o plantel portista tem um défice de jogadores no meio campo . No dia seguinte, no treino, sentiu-se mal e teve que voltar à unidade hospitalar onde detectaram uma embolia pulmonar. Contrariando a vontade dos médicos, assinou um termo de responsabilidade e veio embora. Alegou que tinha jogo e tinha que jogar. Não podia ficar sem jogar porque não havia quem o substituísse.
Inicialmente ficamos apenas a pensar que seria isso mesmo, apenas uma lenda ou um boato nascido no seio dos adeptos portistas devido ao mau momento o clube que atravessa. Mas depois da notícia da Cofina TV e do jornal a bola ter apagado a publicação que fez sobre o tema, as dúvidas dissiparam-se. Ficou também, mais uma vez, a certeza de que os mídia têm uma agenda própria que vai para além do dever de informar o público. As pergunta que fica no ar são:
➡️Porque faz o FC Porto tanto secretismo com o estado de saúde de Otávio?
➡️A fazer fé neste boato, porque é que Otávio insistiu em forçar uma lesão?
➡️Haverá mais alguma coisa por trás disto que pretendam esconder?"

No Name Boys Vs Claque




"Isto depois de páginas afetas ao FC Porto passarem a cartilha que o ataque não foi feito por elementos dos Super Dragões.
Quem querem proteger? E porquê?"


Vénia a Sporting e Benfica, suas excelências uefeiras


"Noites europeias, noites na ponta da língua, na maré alta da memória.
«E aquela vez em que o Caneira fez um golo do outro mundo ao Inter?»
«E quando o Madjer marcou de calcanhar na cara do Pfaff?»
«E a noite em que o Isaías e o Kulkov destruíram o Arsenal?»
Pedaços de perfeição do futebol português, possivelmente irrepetíveis.
Mas há versões aproximadas, noites em que o génio e a inspiração se enlaçam, num dueto arrebatador e condenado a ser protagonista nas conversas à mesa do café – se no futuro houver mesas de café.
Noites como a de Turim e a de Alvalade, nesta semana agora a findar.
«E o Enzo e o Neres a amassarem a Juventus em Itália?»
«E o Edwards a deixar o Tottenham de cabeça perdida?»
Testemunhos populares, entusiasmados, a certeza de que sabemos mais do que o compincha do lado, aquele que tem a mania de que bebe mais cervejas do que todos os outros juntos.
O futebol é muito isto. Momentos de partilha, da celebração de um amor conjugado de cor e salteado, como se estivéssemos a entoar em uníssono os parabéns à maior das nossas paixões.
Sporting e Benfica não têm tido muito para contar, ultimamente, se o tema for UEFA. Por isso, sublinho o comentado aqui há dias na redação:
. Ruben Amorim foi o melhor que aconteceu aos de Alvalade nos últimos 40 anos
. Roger Schmidt veio dar ordem e cabeça a um gigante que esperneava e só partia a mais fina porcelana lá de casa
São estes jogos, de bancada cheia e povo em êxtase, que constroem o romance entre o clube e as provas europeias. A UEFA pode ser a mais quente das amantes, mas temos de saber estragá-la com mimos.
Parabéns ao Sporting e ao Benfica pela semana inesquecível.

PS1: desde 1984 e a final de Basileia, o FC Porto habituou (bem) os portistas a tratarem os jogos europeus por tu. São duas Ligas/Taças dos Campeões, duas Taça UEFA/Liga Europa e momentos intermináveis de júbilo e orgulho. Ver os rivais maiores a triunfarem como triunfaram na semana em que o dragão foi goleado em casa pelo... Club Brugge, só pode doer. É impossível não haver consequências.

PS2: o SC Braga só não está no título porque a vitória – sobre uma interessante equipa alemã – teve como palco a Liga Europa, a segunda divisão uefeira. Mas só mesmo por isso, porque tudo o resto neste grupo de Artur Jorge me leva a colocá-lo ombro a ombro com os três típicos candidatos ao título português. Parabéns aos Guerreiros do Minho, cada vez mais membros por direito próprio do lote dos grandes."

Era uma vez um torcedor


"João tem apenas nove anos. Nem sequer pregou os olhos na madrugada anterior, tamanha era a ansiedade que percorria cada centímetro do seu pequeno corpo em formação. Domingo era dia de bola. A sua tão sonhada estreia na arquibancada.
Fez questão de guardar a mesada daquele mês. Levou comida para a escola para economizar toda e qualquer moeda. Quis pagar o próprio bilhete. Aquela satisfação única de chamar algo de "meu" e flertar com a ainda distante maioridade.
Acompanhado do pai, Francisco, apanhou transporte público boas horas antes de a bola rolar. Queria sentir cada segundo da atmosfera de um grande jogo, um espetáculo que outrora parecia distante. Guardar com carinho na memória os pormenores de uma data marcante.
Assim que pisou fora da estação, foi prontamente recebido com gás de pimenta e balas de borracha. Confusão generalizada. Não sabia o que fazer diante do despreparo da polícia para conter uma briga agendada de torcedores.
Não pôde desfrutar um belo sandes de pernil na Roulote do Zé, beber uma Coca-Cola quente e, quem sabe, trocar cromos do Mundial com outras crianças. Assustado, correu diretamente para dentro do recinto.
Quando estava a um passo da sua cadeira, foi abordado por três homens bêbados. Entre berros e ameaças, acabou obrigado a tirar a camisa comprada com muito suor de trabalho pela mãe Nazaré. Era presente de aniversário.
Vestia as cores do seu clube do coração, mas não havia adquirido ingresso para o setor visitante. O terreno era inóspito. Os olhos ameaçavam encher de lágrimas enquanto o pai tentava, em vão, conversar com os agressores. De nada adiantou. Em tronco nu ali ficou.
Só pensava em voltar para casa. Tinha vergonha de pedir para ir embora. Resolveu ficar e assistir aos seus ídolos. Ronaldo, o maior deles, um craque brasileiro de mão cheia, era preto como ele. Havia então ali uma identificação. Química pura. Representatividade.
Mal o juiz apitou o começo da partida, os xingamentos começaram: "Preto!". "Macaco!", "Favelado!", "Volta para a tua terra", entre outros. Não entendeu o motivo de tamanha perseguição contra um jogador que era a essência do esporte que tanto amava.
Fechou os olhos e tapou os ouvidos durante quase todo o jogo. Teve tempo de sobra para refletir diversas vezes o que poderia ter feito com o dinheiro que economizou. Comprar um tênis ou levar os pais para jantar fora, talvez.
Houve muitos obstáculos, mas o seu time ganhou por 1-0. Pouco importou, até porque perdeu o lance do gol. Angustiado, apressou o passo para sair dali o quanto antes. Teve, entretanto, que esperar. Havia uma multidão sedenta por vingança para dispersar.
Já na rua, mas ainda no entorno do estádio, ficou à espera da boleia de um amigo da família. De repente, ouviu um estrondo. Correria. Pânico. Um carro com uma mulher ao volante e duas crianças no banco traseiro foi apedrejado.
A gota d'água. Começou a chorar. Colocou para fora toda a angustia, a dor e o sofrimento de um dia que tinha tudo para ser especial. Largou a mão do único que o protegia e desatou a correr. Sem destino.
Ofegante e desnorteado, atravessou a rua sem verificar os dois lados. Quase foi atropelado. Foi salvo por uma torcedora rival, uma simpática senhora dos seus quase 80 anos. Desabafou então no colo de Maria: "Obrigado, mas não volto nunca mais"."

Mãos de Pedra e o leão obeso


"Roberto teve uma relação volátil com o dinheiro. Gastava tudo o que ganhava e chegou a ganhar francamente muito...

Quem sai da Cidade do Panamá em direção a sul, numa estrada em mau estado desenhada sem jeito por entre filas de palmeiras, vê barracas de tetos de alumínio mas de certeza que não vê leões. Depois chegará a uma cidadezinha chamada Guararé, na província de Los Santos, na península de Azuero, lugar onde nasceu Manos de Piedra. O seu pai era um velhaco. Soldado americano destacado para o batalhão de defesa das fronteiras do território do Canal do Panamá, mal soube que engravidara uma rapariguita chamada Clara Samaniego, pôs-se na alheta de regresso ao Arizona, no Estados Unidos, lugar onde nascera de uma família de emigrantes panamianos, os Durán Sanchez. Enfim, saiu de casa para ir fazer um filho em casa dos avós e voltou. Uma besta. Apesar disso, Roberto, não renegou o pai e usou sempre o seu nome: Dúran.
Após a fuga do cobarde, Clara levou Roberto para El Chorrilho, povoação mesmo encostada ao muro entretanto erguido pelos americanos para manter os indígenas longe das suas vivendas finórias com piscinas. Durán cresceu a saltar o muro para ir roubar mangas nos quintais do lado de lá e a participar em refregas de rua e cenas de pancadaria gratuita que, no fundo, era apenas a forma como os miúdos da sua idade descarregavam frustrações e lidavam com os seus complexos de inferioridade provocados pela exibição de riqueza dos gringos.
Há quem afirme, sem se engasgar, que Roberto Durán foi o maior peso-leve de todos os tempos. Foi um ganhador: campeão do mundo de leves, meio-médios, médios-leves e médios. E um eterno revoltado, desde menino até iniciar a sua carreira profissional aos 16 anos, no ginásio Neco de La Guardia, treinado por Roy Arcel, um mestre que fez vinte campeões mundiais. O Panamá tornou-se pequeno demais para Durán. Mudou-se para os Estados Unidos, território inimigo. Sabia bem que a sua chegada necessitava de ser sublinhada por uma frase que fizesse explodir as manchetes dos jornais que não aceitam que um boxeur seja um fulano discreto e dão preferência aos fanfarrões. Por isso tiveram direito a uma fanfarronada mal Roberto desembarcou: «I am not God - but I am something similar!».
A imprensa adorou Roberto e todas as confusões em que foi capaz de se enfiar. Eram praticamente diárias e estava-se nas tintas se estivesse na véspera de um grande combate. Ele próprio contou que numa noite, em Miami, numa boate, um tipo que não conhecia de lado nenhum se sentou à sua mesa e lhe pôs na frente dos olhos 250 mil dólares em notas para que, quinze dias mais tarde, subisse ao ringue para defrontar o terrível Thomas Hitman Hearns. Durán aceitou de imediato. Estava demasiado entretido com duas mulheres que lhe confessaram ser lésbicas para prestar atenção a dinheiro. Excitado com a perspetiva de uma longa noite a três, levou-as para um quarto mas rapidamente percebeu que o caso iria ser muito sério e que elas podiam ser tão duras e resistentes como ele. Um deboche. «Foi o melhor tempo da minha vida. Passámos mais de uma semana fechados num quarto a fazer sexo e a beber champanhe. Na verdade, nunca mais me lembrei do maldito Hearns», contou na sua autobiografia, I Am Durán. No dia 15 de junho de 1984, no Ceasar’s Palace, em Las Vegas, Nevada, Hitman acabou com a refrega ao segundo dos doze assaltos programados. Por KO. «Quando caí com a cara no chão depois de um golpe de Thomas a única imagem que me surgiu na cabeça foi a daquelas duas lésbicas no meu quarto de Miami. Não sei porquê, mas desatei a rir».
Roberto teve uma relação volátil com o dinheiro. Gastava tudo o que ganhava e chegou a ganhar francamente muito. «Queria divertir-me. Ter tudo o que nunca imaginei que alguma vez pudesse ter na minha infância em El Chorrillo. Até entrar pela porta de Hollywood». Não entrou. Ficou na ombreira. Silvester Stallone convidou-o para um pequeno papel em Rocky II. Deveriam enfrentar-se e deixar o povo festejar a vitória do seu herói. Durán levou a coisa a sério e não esteve pêlos ajustes. Deu uma carga de porrada em Stallone e, como seria de esperar, ficou fora das filmagens. Eram tempos tão abandalhados da sua existência que deixou de ter a simpatia popular que tanto lhe custara a ganhar. Havia quem lhe chamasse nomes na rua, atiravam pedras às vidraças de sua casa, mandavam o cholo para casa. Roberto resolveu seguir a velha máxima - «Quem tem medo compra um cão». Mas um cão era de menos para o maior desportista panamiano de todos os tempos. Em vez de um cachorro, comprou um leão bebé e deu-lhe o nome de Walla. Passeava-se com ele pela trela, descontraidamente nas ruas de Nova Iorque, como se desafiasse: «Vem agora aqui insultar-me se és capaz!».
Durante os quatro ano seguintes, Walla foi a sua melhor companhia. Estragava o bicho com mimos. Certa tarde, quando brincava com ele na praia, a fera tombou para o lado repentinamente. O veterinário diagnosticou a causa da morte: um ataque de coração provocado por obesidade. Comia tudo o que queria. A vida de Roberto Durán e de quem o rodeou esteve sempre equilibrada no arame de tudo ou nada."