sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Entrar a ganhar


"Hoje iniciamos uma longa caminhada que todos desejamos rumo ao título. O jogo com o Arouca, na Luz (20h15), marca o início da Liga, numa partida em que queremos, obviamente, vencer e somar três pontos.

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Hoje à noite defrontamos o Arouca, que por certo está focado em contrariar o nosso objetivo de vencer. Na opinião do técnico Roger Schmidt, o desafio nesta partida é "estar atento ao posicionamento tático e estar preparado para as transições e para os contra-ataques". Schmidt assume que "queremos jogar um futebol de ataque desde o início" e "ganhar o jogo".

2
Para Roger Schmidt, o embate com o Arouca "é o primeiro de 34 passos e queremos dar um bom primeiro passo". O treinador alemão está perfeitamente sintonizado com os objetivos do Clube: "Nós somos o Benfica e temos tudo o que é preciso para lutar pelo título. Esperamos marcar muitos golos, ganhar muitos jogos para alcançar muitos pontos e vencer troféus." Schmidt elogiou ainda o plantel que tem à sua disposição: "Estou satisfeito com este conjunto, não só com os guarda-redes, mas também com os jogadores de campo."
Veja ou reveja a conferência de imprensa de antevisão ao jogo, aqui.

3
Foram divulgados os horários dos jogos da 3.ª e 4.ª jornadas, além da alteração do dia e local de realização do desafio com o Casa Pia, relativo à 2.ª jornada. Assim, a visita ao Casa Pia será em Leiria, dia 13 (sábado), às 18h00. A receção ao Paços de Ferreira está agendada para dia 30 (terça-feira), às 20h15. E a deslocação ao Boavista é dia 27 (sábado), às 18h00.

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Amanhã é a vez de a equipa B dar o pontapé de saída oficial em 2022/23. O encontro com o Académico de Viseu, da primeira jornada da Liga 2, tem início agendado para as 18h00, no Benfica Campus. A entrada é livre, mediante o levantamento de bilhete, para os Sócios detentores de Red Pass e para os Sócios menores (3 aos 17 anos).

5
A nossa equipa feminina defronta amanhã, sábado, no Algarve, o Bétis, em jogo de preparação para a nova temporada. É às 20h30, em Lagoa. A entrada é livre. Recordamos que a estreia oficial na temporada é já no dia 10, frente ao Braga, em jogo a contar para as meias-finais da Supertaça (Campo n.º 1 do Benfica Campus)."

11 em 11 !!!


"Após 3 dias de bloqueio por parte da Meta (Facebook), a pedido da Liga de Clubes Portuguesa, por ter feito uma publicação com o fantástico e espetacular golo do Rafa, na época passada - golo de costa a costa no Estádio da Luz - voltamos ao ativo.
Na verdade o que nos fez confusão, foi o facto de com essa publicação, estarmos a dar maior visibilidade ao que de bom se faz no nosso campeonato. Mas ao facto de, pelos vistos, a Liga de Clubes tem um entendimento diferente. A tal Liga de Clubes do Pedro Proença, que diz que conseguia vender os Direitos Televisivos por 300 milhões.
Para surpresa nossa - ou tal vez não - o entendimento da Liga e das Autoridades Portuguesas sobre a promiscuidade existente entre FC Porto e Portimonense, também é diferente da restante sociedade. Vejamos:
É uma piada já com alguns anos, mas que está sempre atual. Dois amigos encontram-se e um deles pergunta:
- Então, estás bem? O que é que vais fazer hoje?
- Vou ver o FC Porto-Portimonense.
- Ah, sim? Contra quem?
Tem graça e, na verdade, sintetiza bem o que tem sido a relação entre dois clubes “amigos” que têm reforçado laços, nos últimos anos, de uma forma – digamos – altamente suspeita.
De tal forma que, em maio de 2021, foi público que a Polícia Judiciária estava a investigar suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais em negócios que envolviam as duas SAD, a do FC Porto e a do Portimonense, na sequência de “transferências de jogadores, empréstimos financeiros cruzados e repartições avultadas de comissões por vários empresários”, conforme foi relatado, então, por diversos órgãos de comunicação social.
Não é caso para menos. Há episódios nesta relação entre FC Porto e Portimonense que, de facto, nem o mais fervoroso adepto – de um ou do outro lado – consegue explicar.
Por exemplo: alguém ainda se lembra que Danilo Pereira (hoje no PSG) transferiu-se do Marítimo para o FC Porto, mas que os dragões pagaram, nesse processo, 2,8 milhões de euros… ao Portimonense?
Alguém ainda se lembra, também, de outras buscas nas SAD de FC Porto, Portimonense e de um empresário de futebol, igualmente em maio de 2021, quando o Ministério Público pretendeu apurar se tinha havido crime de propagação de doença, alteração de análise ou de receituário – numa altura em que estava em causa o teste que Nakajima realizou para viajar (para os Emirados Árabes), suspeitando o MP que o tenha feito já infetado com covid-19?
São tantos os jogadores que têm feito a viagem Porto-Portimão ou Portimão-Porto nos últimos anos (alguns com escalas pelo meio) que os próprios adeptos do FC Porto já se confundem e não sabem, hoje, se a sua equipa principal é melhor “alimentada” pelo Portimonense ou, como deveria ser, pelo FC Porto B. A lista de trocas, compras, vendas e empréstimos é longa: Galeno, Paulinho, Ewerton, Irhene, Manafá, Rafa Soares, Gleison, Maurício, Bruno Costa, Jackson Martinez, Fede Varela, Inácio, Chidera Ezeh, Ryuki, Yahaya, Mata, Nakajima, Abraham Marcus e, até, Imbula – esse craque que o FC Porto comprou ao Marselha por 20 milhões.
Até o atual treinador da equipa B do FC Porto, António Folha, fez a sua estreia como técnico principal… em Portimão, claro.
E há, nesta longa história de amor, muitos outros “detalhes” que importa recordar. Theodoro Fonseca, desde logo. É o acionista principal do Portimonense (é também acionista do FC Porto) e foi, como é sabido, peça fundamental – há cerca de 15 anos – na vinda de Hulk para o FC Porto. Theodoro, por “coincidência”, tem um filho que, enquanto jogador, também passou… pelos dois clubes. Aparece, atrás, na longa lista de atletas que vestiram as duas camisolas: Ryuki. Mais precisamente, Theo Ryuki. Terminou a carreira na temporada passada, nos sub-23 do Portimonense, com 27 anos. Passou a acompanhar o pai… no agenciamento de jogadores. Há ainda aquele “detalhe” de um célebre penálti desperdiçado por Jackson Martínez, em pleno Estádio do Dragão, já na segunda parte de um FC Porto-Portimonense que não saía, na altura, de um teimoso 0-0.
Está igualmente fresca na memória de todos a polémica decisão de Paulo Sérgio, treinador do Portimonense, em prescindir praticamente de todos os titulares na última visita ao Dragão (derrota por 7-0), numa tarde em que até deu para estrear jogadores na I Divisão e pôr em campo alguns “meninos” da equipa de sub-23. Samuel Portugal, guarda-redes dos algarvios, está hoje a um passo de assinar pelo FC Porto. Será apenas o próximo capítulo numa longa história que não vai ficar por aqui. Ah, já agora: Samuel Portugal (ótimo guarda-redes) foi também um dos que ficou de fora na última visita ao Dragão. Não fosse o rapaz estar inspirado…
Mas no entanto, e porque gostamos muito de mostrar o melhor que em Portugal se faz, em termos de futebol, deixamos este grandioso golo marcado por Enzo Fernandes, na esperança de desta vez usem esta públicação para promover e conseguir os tais 300 milhões em o Pedro Proença acredita. Nós não acreditamos..

PS: Desde que voltou à I Divisão, em 2017, depois de longa ausência no escalão principal do nosso futebol, o Portimonense, já com Thedoro Fonseca, defrontou o FC Porto em 11 ocasiões (10 para a Liga, 1 para a Taça de Portugal): 11 derrotas."

Dentista, em caso de...!!!


"Este é o Dr. André Moreira. Médico de medicina dentária no Instituto de Implantologia da Universidade de Lisboa e especialista em cirurgias orais.
O Dr. André Moreira é um grande amigo de Pedro Proença , Presidente da Ligas de Clubes Portuguesa - aquela liga que Proença diz que consegue vender os direitos televisivos por 300 milhões de euros, mas que continua a não mexer uma palha no que toca a criar mecanismos que promovam a tão falada "verdade desportiva". Basta ver que existe o termo "verdade desportiva" - por algum motivo há-de ser.
Façamos agora um exercício de memória:
A 09/08/2011 é notícia em práticamente todos os meios de comunicação social que, o então árbitro, Pedro Proença é agredido no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, sofre uma agressão física por parte de um adepto - alegadamente benfiquista - quando se preparava para jantar depois de sair de um treino no ginásio. Agressão que resultou em ferimentos na boca e dois dentes partidos.
«Tenho dois dentes para renovar», disse Proença na altura.
Sabemos nós, que Pedro Proença recorreu ao amigo Dr. André Moreira, para tratar da reparação da sua saúde oral e arranjar os dentes em falta. A sorte que dá ter amigos assim...
Ora, nada disto seria relevante não se desse o caso de sabermos que agora a Liga Portugal tem um novo Coordenador Clínico. E quem é esse Coordenador Clínico? Nada mais nada menos que o amigo do Presidente da Liga, o Dr. André Moreira.
Portanto, um médico dentista, agora é também um Coordenador Clínico... Na cabeça de alguns, a coisa mais natural do mundo. Até porque qualquer pessoa que tenha uma lesão muscular a primeira coisa que se lembra é consultar um dentista 😏.
E assim se percebe que realmente é uma sorte ter amigos assim. Favor paga-se com favor.
Certamente os nossos leitores de gerações mais antigas irão lembra-se de que com amigos assim, teremos sempre um "Sorriso Pepsodent"."

Púcaro velho no terreno novo


"'O que é nosso à nossa mão vem ter' e o velho púcaro encontrado nos terrenos do futuro estádio foi prova disso

A 20 de Julho de 1952, a convite da Direcção do Clube, mais de 20 mil benfiquistas dirigiram-se aos terrenos, cedidos pela Câmara de Lisboa, onde iria erguer-se o Estádio do Benfica. O Clube, que pertencia à freguesia de Benfica, ia instalar-se definitivamente no local onde sempre pertencera. A romaria começou pela manhã, com os elétricos e serem '«assaltados» por vagas de passageiros', de tal modo que foi necessário organizarem-se carreiras extraordinárias. Foi também necessário montar um serviço especial de policiamento para regularizar o trânsito, tal era o número de automóveis 'que em contínuo vaivém demandaram o Estrada da Luz'.
Às 8 horas chegou Álvaro Curado, diretor do campo de jogos, e foi içada a bandeira do Benfica no portão do n.º 203 da Estrada da Luz. Desde esse momento os benfiquistas começaram a entrar nos terrenos, apesar de o início da visita estar agendado para as 10 horas. Famílias inteiras visitavam o espaço e demonstravam o seu benfiquismo das formas mais peculiares, como, por exemplo, através da colocação de uma almofada bordada com o símbolo do Benfica no tronco de uma oliveira. Quem quisesse estudar melhor a localização do futuro Estádio do Benfica podia fazê-lo, pois a planta do Estádio, traçada pelo arquiteto João Simões, foi exposta num cavalete.
A Direção do Clube também compareceu em peso, incluindo o presidente, Joaquim Ferreira Bogalho, que respondeu às mais variadas perguntas dos benfiquistas sobre o terreno. Mas foi um momento de agitação entre alguns dos visitantes que chamou a atenção dos presentes naquele espaço. 'Numa das parcelas, a que fica para os lados da Azinhaga dos Soeiros, há um velho poço abandonado. Alguns curiosos foram até lá. (...) Chegados junto de nós, um deles exibia vaidosamente, um objecto ferrugento, que a princípio não distinguimos que seria, e bradava: - Este terreno foi sempre do Benfica! Já antes de a Câmara o ceder, era nosso. Olhem o que eu ali achei!'. Tratava-se de 'um púcaro de folha, velho, esburacado, ferrugento, amolgado, com o emblema do Benfica esmaltado a cores'.
Saiba mais sobre os campos do Benfica na área 17 - Chão Sagrado do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

Síndrome de RDT


"É curioso ver o «desespero» do Benfica para negociar Julian Weigl neste mercado do verão europeu. De repente, tornou-se um jogador descartável e que não serve de todo para o futebol português.
O alemão nada mais é do que vítima e reflexo da desorganização instalada no clube da Luz nos últimos anos, dentro e fora das quatro linhas. A começar pelo próprio negócio: contratado a peso de ouro, sem uma avaliação mais aprofundada.
Passou pelas mãos de Bruno Lage, Jorge Jesus e Nelson Veríssimo, sempre esteve distante de ser indiscutível. Teve, sim, bons momentos. No geral, mesmo sendo acima da média para Portugal, não passou de um reforço mal aproveitado e subvalorizado.
Weigl não é caso virgem. Longe disso. O exemplo mais gritante é Raúl de Tomás. Também chegou como contratação de impacto, mas não conseguiu afirmação. Na verdade, recebeu pouquíssimas oportunidades para tal. Jogou em posições discutíveis, foi sendo esquecido e então empurrado para fora. Precisou sair para ter o valor e as características reconhecidas.
Pedrinho e Luca Waldschmidt vieram logo a seguir. Dois jogadores de ataque claramente com perfis distintos e atrativos dentro do grupo encarnado. O primeiro foi menosprezado praticamente desde o primeiro dia. Já o segundo chegou a justificar várias vezes o forte investimento, mas acabou por seguir o mesmo caminho: a porta dos fundos.
Sem muito mercado, especialmente por causa dos valores envolvidos, Weigl tem sido trabalhado (desde a temporada passada) de forma intensa - e injusta - para ser o próximo da fila. Muito mais por questões financeiras do que propriamente por motivos técnicos ou táticos. Simples assim."

Mundial'2030: uma oportunidade significativa para Portugal


"A organização de uma competição desta dimensão implica requisitos que seriam incomportáveis para a realidade portuguesa, nomeadamente um estádio com 80 mil lugares para a realização dos jogos da abertura e da final

Em contagem decrescente para o Mundial do Catar, ficamos a conhecer, no último mês, os 18 estádios propostos para a Candidatura ibérica à organização do Mundial 2030, um desejo antigo de Portugal e Espanha, após uma primeira tentativa no Mundial 2018.
Destes 18 estádios propostos - dos quais serão selecionados 14 - apenas três são portugueses - o Estádio da Luz e José Alvalade, em Lisboa, e o Estádio do Dragão, no Porto. Dada esta disparidade, levantaram-se algumas questões sobre o papel de Portugal nesta colaboração entre os dois países.
A organização de uma competição desta dimensão implica requisitos que seriam incomportáveis para a realidade portuguesa, nomeadamente um estádio com 80 mil lugares para a realização dos jogos da abertura e da final, bem como um aeroporto a uma distância máxima de 40 quilómetros de cada estádio-sede.
Ainda assim, esta candidatura representa uma oportunidade significativa para Portugal, consolidando o país cada vez mais como um candidato de excelência à realização de eventos similares, após o bem-sucedido Euro 2004 ou, mais recentemente, a UEFA Nations League, em 2019 e a Final Eight da Champions League, em 2020.
Para já, a Candidatura ibérica enfrenta o quarteto composto por Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile e, possivelmente, uma segunda candidatura encabeçada por Marrocos, Argélia e Tunísia. Apesar de não terem do seu lado o argumento "sentimental" da candidatura sul-americana - em 2030 celebra-se o centenário do primeiro Mundial, realizado precisamente no Uruguai - Portugal e Espanha parecem partir em boa posição, uma vez que a UEFA defende a existência de uma candidatura única europeia, o que levou a colaboração entre Inglaterra e República da Irlanda a abdicar.
Também ao nível das infraestruturas, que representam 70% dos critérios de candidatura, Portugal e Espanha apresentam centros de treino reconhecidos internacionalmente e serviços de qualidade ao nível da saúde, mobilidade e alojamento, entre outros.
Ao contrário das últimas edições, onde o número de estádios construídos representou sempre a maior fatia do total, os estádios ibéricos apenas teriam de receber obras de expansão e modernização. A título de exemplo, Sevilha recebeu, em 2021, quatro jogos do Euro 2020, investindo um valor inferior a 5 milhões de euros em melhorias no Estádio de La Cartuja, que resultaram em mais de 73 milhões de euros de impacto económico direto na região, num contexto ainda fortemente influenciado pelas restrições da Covid-19.
Assim, após alguns contratempos na preparação das últimas competições da FIFA, a candidatura Ibérica representa uma hipótese robusta para o regresso da competição à Europa, mais de 20 anos depois."

O lance do golo anulado a Benzema na final da Champions e os esclarecimentos que trouxe à Lei 11 - Fora de Jogo


"Depois do lance que marcou a final da Liga dos Campeões entre Real Madrid e Liverpool ter dividido opiniões, a IFAB e FIFA fizeram um esclarecimento adicional às lei do fora de jogo, tornando-a menos subjetiva na questão dos toques deliberados ou casuais

O lance do golo anulado a Benzema na Final da Liga dos Campeões (bola sobrou para o francês que estava adiantado, após tocada em último lugar por Fabinho) poderá ter sido o mote para que IFAB e FIFA fizessem um esclarecimento adicional sobre a Lei 11 - Fora de Jogo, sem necessidade de mexer no seu texto original.
Na altura, a dúvida foi tentar perceber se o toque na bola do brasileiro na direção do avançado do Real tinha sido deliberado ou casual.
Aparentemente o lance só não levantou mais polémica porque o Real Madrid acabou por vencer o jogo, tornando quase irrelevante o peso dessa decisão.
Na altura a "doutrina" dividiu-se, porque de facto a jogada abriu margem para as duas interpretações: por um lado, houve um conjunto consecutivo de contactos a curta distância e de forma algo imprevisível; por outro, Fabinho abordou o lance de forma voluntária e com a intenção de desviar a bola, efetuando tacle deslizante na sua direção.
Agora ficou claro o que IFAB e FIFA entendem ser ação deliberada ou ressalto e é exatamente disso que o futebol precisa. Tudo o que for subjetivo, deve ser esclarecido da melhor forma possível, para que exista maior uniformidade nas decisões e menos ruído no exterior.
Quanto a esta questão, recordemos o que diz a lei:
- Um jogador em fora de jogo que receba a bola jogada deliberadamente por um adversário (inclusive por mão deliberada) não é considerado como estando em posição ilegal, a menos que esse toque tenha resultado de uma defesa deliberada (por exemplo, o GR ou um defensor, perto da sua linha de golo, tocarem na bola para evitarem um golo... nesse caso, o toque seria voluntário mas motivado pelo instinto de defender a própria baliza).
O problema que às vezes se levanta (e que aconteceu na final da Champions) é o de não ser claro para ninguém o que é um atraso/toque deliberado na bola e o que é ressalto acidental ou uma deflexão inevitável no corpo do defesa.
A conclusão de quem manda e que vale agora como recomendação para os árbitros, é a seguinte:
1. O jogador joga a bola deliberadamente quando tem o seu controle e a possibilidade de passá-la para um colega, ganhar a sua posse ou "alivia-la", usando por exemplo o pé ou a cabeça.
Se esse passe, tentativa de ganhar a posse ou alívio forem imprecisos ou mal sucedidos, não é anulado o facto da bola ter sido jogada "deliberadamente" (jogar de forma errada ou infeliz não invalida a intenção).
Agora o mais importante:
- IFAB e FIFA acrescentam que os seguintes critérios devem ser usados como indicadores de que um jogador estava com o controle da bola e, como resultado, "jogou-a deliberadamente":
• A bola veio de longe e o jogador teve uma visão clara da sua trajetória;
• A bola não estava a mover-se rapidamente;
• A direção da bola não foi inesperada;
• O jogador teve tempo para coordenar o seu movimento corporal, ou seja, não foi um caso de alongamento, salto instintivo ou movimento limitado para a tocar;
• Uma bola em movimento no chão é mais fácil de jogar do que uma bola que venha pelo ar.
Estas explicações teóricas parecem feitas à medida para validarem a decisão da equipa de arbitragem em anular o golo ao francês. Ainda assim, têm o grande mérito de padronizar teoricamente uma situação que, nalguns casos, pode levantar dúvidas.
Agora vamos esperar para perceber se, em campo, a prática torna esta aprendizagem tão pacifica quanto a letra desta recomendação sugere."

Imitando o homem que furava a água


"Às 4 e meia da manhã, dormia a sono solto quando os membros da organização palestiniana que montaram o ataque passaram silenciosamente à sua porta, que ficava ao lado dos quartos dos atletas da delegação israelita.

Houve um tempo em que nós éramos o rio. Ou melhor: confundíamo-nos com o rio. Se alguma coisa na minha vida custa a explicar é aquela sensação de Águeda em setembro quando o calor apertava à tarde e as noites começavam a chegar cada vez mais cedo. Nostalgia serve, mas é pouco, muito pouco. E a consciência de que algo se perdeu e não volta nunca mais. A irreversibilidade não devia fazer parte da vida. Mas faz. Não há mais nenhum de nós a mergulhar até ao fundo como Tarzan em busca de um crocodilo pérfido ou trepando a um choupo para vigiar as margens com a argúcia de Sandokan, o príncipe de Mompracem, a ilha-que-desaparecia. Não há mais o Afonso e o Zé Cura, nem o Grego, o Noronha e o Manholas, meninos do rio, senhores dos milheirais do Fojo, das Lavadeiras ou do Poço do Conde, donos particulares do sol a pino.
Houve um setembro em que tudo mudou. Apareceu um indivíduo de bigodinho à ator barato de filme pornográfico, ou talvez apenas à Burt Reynolds a fazer papel de brutamontes nas sessões de sábado do cinema CEFAS, que mudou o rio e, com ele, nós, os habitantes das correntes. O nome era agudo, inconfundível. Tão pontiagudo como o seu próprio significado: Spitz. De repente, já nenhum de nós queria mais ser Tarzan ou Sandokan, o Tigre da Malásia, desprezávamos os nossos próprios nomes e apelidos. Todos passámos a ser Mark Spitz e a querer imitar Mark Spitz, o homem das sete medalhas de ouro ganhas todas no mesmo dia, o dia 4 de setembro de 1972. O dia em que as piscinas do Sport Algés e Águeda, ali ao Redolho, com os seus tapumes de madeira a marcarem a distância de 25 metros, as fitas de pequenas boias de plástico vermelhas e brancas a marcarem da linha oito à linha um, que era aquela na qual não tínhamos pé, e onde o velho Bério nos gritava de um lado para o outro a tentar dar as suas aulas de natação no centro do mais completo caos, passaram a ser as piscinas olímpicas de Munique. Há nomes fundamentais, como dizia Nelson Rodrigues: «Vejam o caso de Napoleão. Alguém poderia ter um nome mais napoleónico?». Spitz: ninguém poderia ter um nome tão revelador de ser capaz de voar na água.
Agora, assim, à distância de cinquenta anos, ainda tenho mais dificuldade em escrever o que Mark Spitz, Mark Andrew Spitz, Mark the Shark, nascido em Modesto, na Califórnia no dia 10 de fevereiro de 1950, fez connosco nesse Setembro. O rio deixou de ser um local para brincadeiras e passou a ser o espaço perfeito para que cada um de nós imitasse os movimentos de Spitz até à quase perfeição. Não se tratava apenas de sermos rápidos, tratava-se do estilo, da elegância. Do estilo em qual quer estilo: crawl, bruços, costas, mariposa. Tratava-se daquele movimento em livres quando a cabeça mergulhava no espaço de duas respirações, brotando o monóxido de carbono para as águas, e só se erguia muito, muito ligeiramente, a fim de aspirar oxigénio pelo canto da boca. Tratava-se, em bruços, de erguer o dorso sobre a superfície, recurvado como uma concha de tartaruga, e baixá-lo em seguida com todo o peso do peito, largando o ar pelas narinas e aproveitando o impacto para ganhar mais uns milímetros.
Spitz, quando era menino, não tinha o rio, tinha o mar, mas nós, em Setembro, já tínhamos trocados o mar da Barra pela candura do Águeda. Viveu em Honolulu, no Havaí, e mergulhava logo pela manhã em Waikiki Beach. «Atirava-se às ondas com um ânsia e uma vontade que parecia que pretendia suicidar-se», contava a mãe, Leonor. Em 1968, nos Jogos Olímpicos do México, já detinha dez recordes mundiais e prometeu ganhar seis medalhas de ouro. Teve de contentar-se com duas. Mais uma de prata e outra de bronze. Quatro anos depois, foi medalha de ouro em todas as provas que participou. Tinha 22 anos.
Nessa madrugada dourada do homem de nome pontiagudo que furava as águas, um grupo de terroristas atacou a Aldeia Olímpica de Munique, o que conduziu à morte de vários atletas e treinadores israelitas. Spitz, que era judeu, tinha festejado até tarde. Às 4 e meia da manhã, dormia a sono solto quando os membros da organização palestiniana que montaram o ataque passaram silenciosamente à sua porta, que ficava ao lado dos quartos dos atletas da delegação israelita. Na manhã seguinte, comentou para as televisões: «É trágico!». Apanhou o avião seguinte para Londres e não quis saber mais do que restava dos Jogos. Não voltou a competir. Tinha cumprido todas as suas promessas, realizara os seus sonhos e os dos outros, não sentia vontade de continuar a bater-se por mais medalhas.
Afinal, fora único. Gostava dessa sensação. Desistiu também do seu futuro como dentista, passou por Hollywood para participar nuns filmes, ganhou muito dinheiro como empresário. Spitz: o nome encaixava-se-lhe como uma luva de pelica. Todo ele anos 70, desde o bigodinho-porno aos calções stars-and-stripes. Nós continuámos no rio até Setembro chegar ao fim, aperfeiçoando gestos dele. Depois, como sempre, o Verão passou. Com aquela nostalgia tão inimitável de Verões no fim..."

David Neres, desde que o samba é samba que é assim


"Soa a algo injusto, desmedido até, não titular uma crónica com quem marcou três golos no jogo em questão, como Gonçalo Ramos o fez contra o Midtjylland. Mas quem desequilibrou com ginga, o assistiu nos dois primeiros e engatou o Benfica para a vitória (4-1) na primeira mão da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões foi o brasileiro que tem no drible uma forma de vida e mostrou-o na estreia dos encarnados em partidas oficiais esta época

Se navegarmos no espaço-tempo como o conhecemos, o Midtjylland não nasceu ontem, noção que alterna drasticamente se aplicarmos os 23 anos da sua existência à ampulheta futebolística. Aí ficamos com um clube imberbe, de fraldas e a contar os dentes de leite no seu teclado, embora tão incrível quanto precoce nos feitos logrados tendo como base uma cidade com poucas migalhas mais do que 50 mil habitantes: em 2015 ganhou o campeonato dinamarquês pela primeira vez, em 2018 e 2020 repetiu-o, mas nem a rapidez de chegada aos canecos não é o que levou a curiosidade a farejar o clube.
A equipa que entra no Estádio da Luz é um produto da aplicação de arrojo, vanguardismo e uma pitada de ‘porque não?’ ao futebol. Nos primórdios da década anterior, o pequenote e humilde Midtjylland já contratava especialistas em lançamentos laterais, peritos em trabalhar com os jogadores a sua forma de encostar o pé à bola, pessoas para esmiuçarem estatísticas e ferramentas de pesquisa para selecionar uma primeira lista de jogadores potencialmente contratáveis segundo parâmetros meramente numéricos. Hábitos muito “Moneyball”, a fílmica história de quem se rendeu aos números para fazer uma equipa de beisebol, comuns a tudo quanto é clube grande atual, mas que então eram raros.
Muito mais para um clube vindo dos confins da Dinamarca, com tantas consoantes seguidas que suplica pelo uso do copy + paste quando o queremos nomear e sobre o qual vale a pena fazer um resumo muito resumido de onde veio para, no fundo, reforçar que a valia do Midtjylland é ter bem definido o que quer e como o quer fazer. É o mesmo que enche as costelas do alemão sereno e de pé, à frente do banco do Benfica, a assistir ao jogo com um ângulo reto feito com os braços e uma mão no queixo a dar-lhe pose de pensador.
O Benfica joga para ser o que Roger Schmidt pretende descaradamente que seja, desde os primeiros jogos de pré-época, tentando cair em cima dos dinamarqueses com uma mescla de pressão alta e imediata após cada bola perdida, todos os jogadores a precipitarem-se em função da bola com uma mescla de esbaforido e organizado a que os adversários da forma mais prática que traziam preparada - optando por um passe longo, aéreo e direto para Sory Kaba captar e através das receções do grandalhão avançado tornarem inútil a subida de peças constante dos encarnados.
A evasão do Midtjylland ao rasgo mais visível do treinador alemão do Benfica juntou-se à preocupação dos dinamarqueses em recuar a equipa para trás da linha da bola, aglomerando jogadores ao centro, tentando bloquear passes para Rafa e limitar as opções de Florentino e Enzo para fora. Sendo a bola e a iniciativa do Benfica, durante mais de 20 minutos o jogo é uma caldeirada de ressaltos, jogadas de pouca dura e passes verticais errados, respeitando a cadência para a frente que Roger Schmidt injetou na equipa. Ainda esta certa falta de estabilidade na partida se mantinha quando David Neres, à direita e perante o lateral adversário que lhe tapou o pé esquerdo, simulou um cruzamento à entrada da área, fê-lo virar a cara, usou a sola para quietar a bola e arrancou pelo lado o oposto, acelerando até à linha de onde cruzou para a cabeça (17’) de Gonçalo Ramos fazer o 1-0.
Mesmo sem ligar muitas jogadas pelo centro do campo que o Midtjylland congestionava, a passagem do tempo como o conhecemos expôs as diferenças que existem, por cabeça e par de pés, entre os jogadores. A lentidão de tomada de decisão, aliada às falhas de receções, fizeram a ladroagem vinda do sufoco de pressão de Florentino e Enzo aparecer cada vez mais e isso, depois, deixou o Benfica explorar os posicionamentos que já tem calcados no cimento. Se no primeiro golo foi Gilberto, o lateral, a fixar um adversário, na área, para o impedir de dar cobertura, no 2-0 já David Neres esperou colado à linha pela bola com que voltou a arrancar para o seu ‘pior’ lado, enganar o defesa e voltar a cruzar de pé direito (33’) para a cabeça do avançado português bisar.
Não conseguindo, a preceito, desequilibrar com pequenos toques e passes pelo centro que ligassem dois jogadores e encontrassem um terceiro livre, o Benfica teve e terá a ginga de Neres por fora, tê-la é uma bênção e já Caetano Veloso cantava que desde que o samba é samba é assim, do Brasil caem doutorados em drible das árvores e o samba também é o pai do prazer que é ter um extremo capaz de sair para o lado de ambos os pés sem grandes problemas. E já depois de ele voltar a rematar, de Rafa cortar um mau passe de um defesa e querer oferecer outro golo a Ramos e de Grimaldo estourar um míssil na ressaca de um canto, o Benfica fez o 3-0 com outra impressão digital da influência do novo treinador.
Num canto, acumulou cinco jogadores na pequena área, dois perto do batedor João Mário e, portanto, um total de sete a criarem um engodo geral para a bola ser passada pelo ar em direção a Enzo Fernández, o argentino que a bateu de primeira à entrada do retângulo (40’). A contar com os jogos de pré-época, foi o oitavo golo vindo de um canto ou livre, sintoma de magicações pensadas no Seixal, local para trabalhar o tipo de futebol já correu espevitado e sem trela na segunda parte.
Porque o Midtjylland, além de alguns jogadores ausentes, teve os ossos chocalhados pelas diferenças como um esqueleto disposto numa sala de aula do antigo Estudo do Meio, para a criançada ir lá mexer e abanar. Estando a perder por muitos e necessitando de encurtar distâncias, a vontade dos dinamarqueses quererem confiar mais no passe curto em vez da escapatória longa colocou-os que nem figos para a competente pressão alta do Benfica.
Os tentáculos de Florentino no momento da recuperação de bolas surgiu, Enzo ladeou-o a cobrir as linhas de passe disponíveis ao desespero dos adversários e o prolongado tempo em que o Benfica já deliberava a bola no meio-campo dinamarquês permitiu à equipa ter os jogadores nos sítios certos para apertarem a rede assim que algo na jogada corresse pior. O hat-trick de Gonçalo Ramos cedo foi ameaçado (47’), um remate de João Mário passou perto da baliza (49’) e o primeiro ainda esperou que o médio fixasse um adversário para depois ver o guarda-redes Ólafsson esticar a perna (57’) para lhe bloquear um golo na cara. A Luz ganhou aquela aura de ser uma questão de tempo.
Na demonstração em curso daquilo a que o Benfica quer jogar com Roger Schmidt ainda se viu a correria consertada de Rafa e David Neres em contra-ataque, acabando a escapa a um canto defensivo com um remate bruto do brasileiro (59’) contra a barra antes a permeabilidade do Midtjylland ficar exposta num lançamento lateral: o mais pequeno dos encarnados recebeu a bola na área, tocou para Gonçalo Ramos e o avançado, utilizador de uma receção orientada que tira corpos da frente, teve o seu terceiro golo (61’) e o que já enchia a barriga à equipa à falta de meia hora por jogar.
Um tempo em que o Benfica esmoreceu compreensivelmente por este encontro, apesar de a sério, ainda ser quase de pré-época, as pernas ainda latejam e os bofes ficarão de fora para alguns. O ritmo serenou para quem acendia agora o lume da competição e espevitou-se nos que na Luz fizeram o sexto jogo oficial da temporada, agora caçadores de um prejuízo já gordo. Numa jogada em que Paulinho foi abalroado por Morato já depois de rematar, apitou-se o penálti que Pione Sisto, o mais talentoso do Midtjylland, picou (78’) à Panenka para ser a gota sem anúncio que deu uma pitada de mentira ao resultado.
O 4-1 é simpático para os dinamarqueses, um poço de lisonjaria se o parcial focado for o de remates acertados na baliza, esse 12-1 guia também ao que foi o desperdício do Benfica nas redondezas do alvo - ainda teve um livre de Grimaldo e um remate na área de Henrique Araújo, este para a bola rasar um poste - quando o seu fulgor rockeiro, de pressão constante, passes verticais e gente entremear-se contra-movimentos constantes encostou o adversário ao estado em que uma equipa fica quando se vê bastante inferior a quem tem tão claro como quer jogar - a simplesmente resistir como pode."