quarta-feira, 8 de junho de 2022

A triste justiça desportiva


"A história do futebol está cheia de casos que a memória não apaga, uns mais relevantes do que outros, e interpretados pelos muitos agentes que têm passado pelo futebol.

Ao longo dos tempos a justiça desportiva portuguesa tem sido zurzida de todas as formas e feitios pelos mais diversos agentes nacionais, de todos quadrantes e vestindo as mais variadas cores, reconhecendo-se que, em muitos casos, a razão está do lado dos reclamantes,
Temos assistido às situações mais diversas, protagonizadas por muitos intérpretes. A história do futebol está cheia de casos que a memória não apaga, uns mais relevantes do que outros, e interpretados pelos muitos agentes que têm passado pelo futebol.
Um dos mais recentes e, sobretudo, mais sonantes, tem a ver com o caso Palhinha.
Como se recorda, o internacional leonino foi expulso num jogo que o Sporting disputou no estádio do Bessa contra o Boavista, tendo sido expulso pelo árbitro Fábio Veríssimo por ter visto então o quinto cartão amarelo que, em princípio, o impediria de alinhar na jornada seguinte contra o Benfica, no dia 11 de Fevereiro do ano passado.
Um recurso de Palhinha para o Tribunal Arbitral do Desporto viria a permitir que o jogador voltasse a vestir a camisola dos leões nesse desafio, dando-se depois início a uma guerra judicial em que o Supremo Tribunal Administrativo acabou por dar razão à FPF, mas sem aplicar qualquer castigo ao jogador.
Depois disso, percorreu-se um longo e muitas vezes controverso caminho, conhecendo-se agora o epílogo de tudo isto. Ou seja, um ano, três meses, e trinta dias depois, portanto 455 dias após a ocorrência no estádio dos axadrezados, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol saiu a terreiro para comunicar que o caso foi arquivado, não deixando de trazer à liça a Comissão de Instrutores da Liga, à qual atribui pesadas responsabilidades.
Pelo meio, ainda a explicação de que o recurso aos tribunais cíveis não pôde ser objeto de castigo por ter sido da iniciativa do jogador e não do clube que representa que, à face da lei, não o poderia fazer.
Independentemente da divisão de culpas, a imagem que fica para o grande público ajuda a degradar ainda mais o conceito que os portugueses há muito sustentam sobre a sua justiça desportiva.
Bom seria que fosse possível inverter esta tendência mas, infelizmente, não se vê uma luz ao fundo do túnel."

Bebé: O adeus a um dos maiores de sempre


"Bebé, guarda-redes que nas últimas temporadas defendeu as cores do CR Leões de Porto Salvo, anunciou esta semana o fim da sua carreira de jogador de Futsal. Através de um comunicado publicado nas suas redes sociais, o mítico guardião deu a conhecer esta importante decisão.
Euclides Gomes Vaz, nasceu em Lisboa, a 19 de maio de 1983. Cedo começou a despertar interesse pelo desporto e ingressou nos escalões de formação do Sporting CP, em Futebol. Já como profissional, deixou o emblema de Alvalade e rumou ao Futsal, ingressando no GE Os Económicos, onde permaneceu durante três temporadas, tendo feito um interregno pelo meio, em que representou o SG Sacavenense.
Em 2003 chegou ao GD Castelo e, nesse mesmo ano, o Sporting abriu-lhe as portas para o regresso, desta vez em grande. Durante três temporadas, o “menino” Bebé afirmou-se na baliza verde e branca, onde tinha uma concorrência bastante forte, ou não estivéssemos a falar de outro nome sonante no Futsal nacional, como é o de João Benedito. Bebé disputou 57 jogos e conquistou dois Campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Pelo meio estreou-se na Seleção Nacional.
No ano de 2006, os leões e Bebé não chegaram a acordo para a renovação do vínculo contratual e o guarda-redes acabou por rumar ao outro lado da Segunda Circular. Foi no SL Benfica que Bebé se fez Homem e transformou-se naquilo que foi até hoje. Foram 11 temporadas nos encarnados, tendo conquistado cinco Campeonatos, cinco Taças de Portugal, sete Supertaças, uma Taça de Honra da AF Lisboa e, talvez o mais sonante, a UEFA Futsal Cup – atual Liga dos Campeões – competição em que foi uma das principais figuras na grande Final, tendo defendido tudo o que havia para defender, perante o Interviú Madrid, uma das melhores equipas do mundo e que atualmente é representada pelo Movistar Inter FS. No final da temporada 2016/17, na qual as águias conquistaram a Taça de Portugal e a Supertaça, a modalidade sofreu um grande revés e perdeu oito jogadores. Nesse lote de saída, estava o nome de Bebé, o único que se havia sagrado Campeão Europeu. Depois de tantas conquistas e grandes exibições ao serviço do Benfica, Bebé confessava que, nas suas redes sociais que “não esperava ser tratado assim ao fim deste tempo todo”. Afinal, foram 11 anos de ligação. E um guarda-redes como Bebé merece sempre mais.
Já na reta final da sua carreira – em termos de clubes, claro – Bebé rumou a Oeiras, ingressando no CR Leões de Porto Salvo. Ao serviço de mais um emblema lisboeta, disputou 125 jogos e marcou cinco golos, o melhor registo da sua carreira. Ajudou, ainda, o clube a atingir as meias-finais do Campeonato, na temporada passada, registo que iguala a melhor marca do Leões. A par do Futsal, durante a sua estadia em Oeiras, Bebé conciliou as balizas com o trabalho no restaurante que tem com a mãe, revelando toda a humildade que lhe é característica. Foi devido a isso que, em setembro passado, o guarda-redes foi muito falado, por ser o único jogador Campeão do Mundo que não era profissional e que trabalha à noite, após um dia de treinos (pode ver, aqui, uma reportagem sobre a sua rotina).
Se por clubes a trajetória de Bebé foi soberba e incomparável, na Seleção não foi diferente. Bebé afirmou-se com um dos melhor guarda-redes de sempre e fixou o seu nome na página mais dourada da história da nossa seleção.
Este caminho começou a 22 de novembro de 2005, em Albergaria-a-Velha, quando o pequenino Bebé, de apenas 22 anos, substituiu João Benedito no particular frente à Roménia. A partir daí… é história. Começou por conquistar dois Mundialitos e foi peça importante nas conquistas do Europeu de 2018 e do Mundial de 2021. Nas duas competições participou em oito dos 12 jogos realizados. No Europeu de janeiro, Bebé não estava presente na lista inicial de Jorge Braz. Todavia, à última da hora, Edu Sousa testou positivo à COVID-19 e o guarda-redes do Leões de Porto Salvo foi chamado como o seu substituto. Bebé ainda foi suplente no primeiro jogo, mas depois acabou por se lesionar no gémeo e foi dispensado da competição. Apesar de não ter realizado qualquer jogo, Bebé também faz parte do registo dos Bicampeões Europeus.
A última competição disputada com a camisola nacional foi mesmo o Campeonato do Mundo da Lituânia. Quis o destino que a The Last Dance fosse mesmo na grande Final, diante da Argentina. Bebé foi fundamental com as suas grandes exibições na baliza, defendendo 14 remates na Final. No total, foram cinco troféus – 3 oficiais -, 136 internacionalizações e 2650 minutos jogados.
É difícil resumir tudo o que Bebé e o que foi construído por si ao longo destes últimos 20 anos. Mais difícil é fazê-lo num pequeno artigo ciberjornalístico. Bebé deixa-nos com 27 troféus conquistados. Deixa-nos com exibições soberbas nas balizas dos clubes que representou e, principalmente, da nossa Seleção. Se tivesse de escolher um top-3, escolheria a final da UEFA Futsal Cup, o espetacular Portugal-Espanha no Mundial 2021 e, claro está, o Portugal-Argentina que culminou na despedida do “homem-muralha”. Para além de ser bom entre os postes, o guarda-redes ainda se apresentava com um bom jogo de pés, que lhe valeu vários golos ao longo destes anos.
Bebé é sinónimo de entrega, de sacrifício e de humildade. Entrou como Euclides, no Futebol, saiu como Bebé, do Futsal, modalidade onde se figurou como um dos melhores de sempre. E é assim que será recordado para todo sempre. Tem nome de “pequeno”, mas é um ser-humano gigantesco. Por agora, podemos continuar a encontrá-lo em exibição no restaurante da mãe, o “Dona Isabel”, onde ajuda a progenitora “a realizar o seu sonho de ser cozinheira e ter o seu negócio”. É com toda esta humildade, aquelas lágrimas de Kaunas e o seu brilhante sorriso que nos recordaremos de si.
Obrigado, Bebé!"

Alexander Bah


É oficial, o jovem Dinamarquês, que jogava no Slavia de Praga, como defesa-direito, assinou pelo Benfica.
As indicações são muito positivas. Aceitando que o Gilberto acabou por ser uma boa surpresa, também é verdade que o brasileiro precisava de rodar a posição com outro jogador...
Ofensivamente, parece-me uma clara mais valia... Mas temos que esperar para verificar como será a sua adaptação ao Tugão, principalmente nas questões defensivas!

Comunicado


"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que é e será totalmente favorável, por questões de transparência, à publicitação dos áudios entre o VAR e as equipas de arbitragem. Contudo, essa mudança, que se crê fundamental para o futebol português, tem de ser feita de uma forma legal e sustentável.

O entendimento do Sport Lisboa e Benfica é o de que a Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional não é, nem pode ser, o local para efetuar essa mudança. Não é demais recordar que as normas hoje aprovadas por esta Assembleia terão, ainda, de ser ratificadas pela Assembleia Geral da FPF, a qual, em posição sustentada pelo seu Conselho de Arbitragem, vê como ilegal essa divulgação.
Urge, pois, esclarecer o entendimento expresso pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, de que tal divulgação é proibida pelas instâncias internacionais que regem o futebol (IFAB e FIFA), proibição essa que, a existir, tem vindo a ser contrariada, pelo menos, em Inglaterra e no Brasil sem quaisquer consequências conhecidas.
Como se compreende, não se pode fazer assentar um edifício tão fundamental para o futuro do futebol português em alicerces tão instáveis como estes, alterando uma norma em sede errada, correndo o risco de comprometer de início toda esta iniciativa e, bem assim, desconsiderando a experiência internacional nesta matéria.
Nesse sentido, o Sport Lisboa e Benfica irá propor a realização urgente de um Conselho de Presidentes, na qual será proposta a interpelação da Federação Portuguesa de Futebol, enquanto entidade competente para abordar esta problemática, para que esclareça, cabal e definitivamente, junto das instâncias internacionais qual o âmbito da divulgação possível de tais áudios, enquanto instrumento fundamental para a evolução da arbitragem.
O Sport Lisboa e Benfica reitera dessa forma a imperiosa necessidade de os áudios entre a equipa de arbitragem e o VAR serem, assim que possível, publicitados, mas seguindo os trâmites que permitam a aplicação efetiva dessa mudança num inestimável contributo em defesa da transparência e credibilidade do futebol português."