quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Em jogos do Sporting as regras são diferentes dos restantes clubes?


"Isto já ultrapassa todas as vergonhas possíveis e imaginárias.
Um jogador que deveria ter sido expulso na primeira parte marca um hat-trick na segunda e assim se transforma um resultado de 0-1 para um 3-2. E, claro, a jogar contra 10, numa expulsão absolutamente ridícula.
Este campeonato está completamente manipulado com a lagartagem a ser levada ao colo.
Chamem a polícia!"

MVP?!


"António Nobre acaba de dar (mais) uma vitória ao Cashball. Leram bem, dar uma vitória. E a coisa já é feita de forma tão escandalosa que já nem é questionado o porquê de situações curiosas como um jogador que dá uma patada noutro não ser expulso, sendo que na sequência dos protestos é amarelado um jogador da outra equipa, que mais tarde seria expulso com segundo amarelo, minutos depois de Palhinha ter varrido um gajo ao contrário sem qualquer amarelo. Ah, o jogador que mandou uma patada num colega de profissão e não foi expulso, foi o marcador dos 3 golos que deram a vitória ao Cashball.
Do lado de Contumil, nada se ouve. Os outrora tão assertivos e selectivos tweets de Francisco Marques deram lugar...a som de grilos. E não admira porquê. Basicamente, porque assistimos neste momento a uma luta titânica em quem rouba mais, se Cashball, se Calor da Noite.
Cashball mete António Nobre e Fábio Verdíssimo como árbitros internacionais no quadro de 9 árbitros internacionais. Calor da Noite mete Vitor Ferreira e Gustavo Correia. Tudo sob orientação de Fontelas Gomes.
O Benfica mete...uma banana no cu. E ninguém da Direcção fala, porque metade estão-se a cagar e a outra metade são lagartos.
Siga a pornografia!"

Chegar, ver, perder… e mudar! | SL Benfica


"Irá o SL Benfica chegar ao Dragão com uma postura diferente?

É, de novo, dia de Clássico. O SL Benfica vai, de novo, visitar o Estádio do Dragão. E se não mudar muito do que fez e sobretudo do que não fez vai, de novo, cair ante o FC Porto.
Na partida referente à Taça de Portugal, os dragões venceram com muito mérito – pressionaram bem e alto, souberem golpear as águias da forma correta e pelo lado certo e foram letais.
Todavia, o demérito dos encarnados foi para lá de gritante e mais do que claro. É, portanto, vital aprender com os muitos erros e corrigi-los, para que a corrida pelo cetro de campeão nacional continue a ter três participantes. Há, contudo e desde logo, acrescidas circunstâncias que dificultam o processo.
Um dos pontos de ordem seria a correção da tática e da estratégia adotadas. Claramente, saiu gorada a inserção de Adel Taarabt no onze e a mudança para um 3-5-2 que foi cabalmente consumido e digerido pelos homens de meio-campo dos azuis-e-brancos.
E, acredito, Nélson Veríssimo sabe bem que o terá que fazer. O problema é que as ausências vão limitar a panóplia de novas estratégias e táticas a adotar.
Além de dificultarem as escolhas táticas, as ausências de Otamendi, Grimaldo e Darwin vão interferir em grande medida com as escolhas das individualidades que se vão apresentar de início no relvado portista. Além, claro, do peso que estas ausências terão por si mesmas. Veríssimo terá, então, que apostar em jogadores nos quais deposita pouca ou nenhuma confiança ou engendrar planos e desenhos táticos que lhe permitam deslocar jogadores da sua confiança para posições que não as suas.
O aspeto mais técnico, tático e estratégico do jogo será um dos pontos a ter em consideração pelas águias nas mudanças que terão que operar na preparação para este jogo.
Não obstante, também o aspeto psicológico carece de trabalho depois da pesada derrota e da parca exibição da transata quinta-feira, não contribuindo para a melhoria desse aspeto o ambiente vivido internamente no clube da Luz, agravado com a saída de Jesus.
Para não ajudar, o fator casa estará, de novo, do lado portista – se bem que, de momento, o Estádio da Luz não deva ser um lar acolhedor. Contudo, este não é um elemento que as águias possam mudar. O que podem e devem mudar é um elemento em falta no jogo da semana passada e que se sobrepõe a todos os outros: a atitude dentro das quatro linhas.
Faltou no Dragão, como faltou na Luz frente ao Sporting CP, uma atitude minimamente condizente com os pergaminhos do clube e que entroncasse num dos mais importantes motes benfiquistas – “Raça, Crer e Ambição”. Faltou atitude desde o início, faltou atitude até ao fim. Faltou atitude contra 11, faltou atitude contra dez. Não pode faltar.
Posto isto, são muitos os pontos de necessária mudança do lado das águias na antecâmara de novo Clássico.
O mais importante, todavia, é este último – é obrigatório chegar e ter renovada atitude no relvado do Estádio do Dragão! Ah, claro, já me esquecia: jogar com (este) André Almeida é jogar com um a menos. Também convém mudar isso."

Jesus e o Benfica


"A verdade é que às tantas, pelo que Jesus garantia, o despesão pareceria um bom investimento, que nos dava a melhor equipa do campeonato e, como tal, o próprio campeonato (ou 1ª Liga). Contudo, embora os jogadores individualmente pareçam bons, nunca jogaram bem em equipa

Confesso que gostei de saber que o sportinguista Jorge Jesus já não está no Benfica. Falo como benfiquista relativamente ferrenho, e como sobrinho mais velho (masculino) de Cosme Damião.
Embora esclareça desde já que invejo o nível de vida dele, só não gostei de saber que continua a auferir o ordenado mais uns meses, que me parecem demasiado largos. Ainda por cima não julgo que tenha sido inocente a enorme e dispendiosíssima contratação de jogadores por ele sugerida, imaginando o que custaram ao clube só em Comissões.
Mas é claro que o actual presidente, o ex-jogador Rui Costa, embora eleito há pouco, deve explicar-nos alguma coisa disto. Porque a sua atitude não me agrada nada, apesar de nada lhe ter a apontar como atleta.
A verdade é que às tantas, pelo que Jesus garantia, o despesão pareceria um bom investimento, que nos dava a melhor equipa do campeonato e, como tal, o próprio campeonato (ou 1ª Liga).
Contudo, embora os jogadores individualmente pareçam bons, nunca jogaram bem em equipa. Um trabalho (fazê-los jogar bem em equipa) que caberia ao mesmo Jesus que disse querer contratá-los, e que agora sai, talvez ingloriamente, mas ricamente."

Um bife em memória de Ricardo Zamora


"O mundo consternou-se com a morte de Zamora e celebraram-se missas em sua memória. Mas Zamora estava vivo. E estava preso

Conheci Pedro Luis de Galvéz pela prosa de Cristobál Villalobos Salas. Pedro, o poeta anarquista que incomodou Franco, o Caudillo, até este perder as estribeiras. Em Pueblonuevo del Terrible – ninguém poderia ter inventado um nome melhor para servir de cenário aos acontecimentos –, uma terra perdida a norte de Córdova, foi apanhado pela Guardia Civil por ser considerado um perigoso revolucionário e julgado e condenado em Cádiz por um conselho de guerra. Sentença: «Reo de lesa majestad y culpable de injurias al Ejército», Fecharam-no na prisão de Ocaña.
Pedro era um poeta e os poetas não se prendem, matam-se. Durante anos tornou-se uma figura própria de uma opereta de Manuel Penella Moreno. Entrava e saía das cadeias a toques de corneta, conferindo a si próprio laivos de autoridade que ninguém lhe houvera atribuído. Outro dos escritores malditos da língua castelhana, Rafael Cansinos Assens, dizia que Gálvez era «ulcerado e bom».
Isto nos tempos em que o sevilhano Assens saltava de mesa em mesa pelos cafés de Madrid, mendigando uns «duros» àqueles que já tinham conquistado lugar na literatura e vieram a tornar-se seus amigos, como Pedro de Répide, Alberto Insúa, Armando Palacio Valdés e Ramón Gómez de la Serna e até Guillaume Apollinaire.
Todos eles velhos camaradas de Pedro e das suas excentricidades até ao dia em que este se infiltrou num grupo de criminosos, caçando como ratazanas os companheiros de estrada, traindo-os com a arma asquerosa que é a delação. Gomes de La Serna conta que o avistou por detrás de uns abajures do Café Lyon d’Or, na calle de Alcalá, vestido com um macacão de seda azul e trazendo duas pistolas à cintura. Nesse dia, cresceu dentro dele um desprezo profundo por um poeta que atraiçoara a poesia para se casar com prostitutas e aguardente.
Pouco tempo antes destes episódios, o mundo recebeu com tristeza a notícia da morte do grande Ricardo Zamora, guarda-redes dos guarda-redes, o homem das zamoranas que se fazia acompanhar por toda a parte pela boneca de trapos que usava como amuleto. Era um tempo de selvajaria total nessa Espanha de 1936.
Na verdade, ninguém sabia quem era quem e quais eram os bons e os maus. A morte campeava a torto e a direito, a imprensa francesa fez manchetes com a morte de Zamora, havia quem dissesse que pagou o preço de ser colaborador do jornal Ya, e celebraram missas em sua honra ao mesmo tempo que fuzilam outro poeta, Federico Garcia Lorca mas deixam à solta o seu Duende.
Zamora estava vivo; Zamora estava preso. Diz-se que na prisão Modelo, em Madrid, onde se encontrava, os gritos dos torturados ecoava pelas noites como gemidos de fantasmas negros. Foi lá que, segundo de La Serna, encontrou, ou foi encontrado por Pedro Luis de Gálvez.
Escreveu a história numa crónica do jornal argentino La Nación, depois de ter fugido para Buenos Aires onde os ares eram mais respiráveis. Pedro entrara em Modelo nos seus trajes tragicómicos de pirata caribenho e gritou: «Eis aqui Ricardo Zamora, o grande keeper internacional de futebol!» Depois lançou como um aviso: «É meu amigo e deu-me muitas vezes de comer. Comi muitos bifes à sua conta no Café Pombo. Está aqui preso e isso é uma injustiça. Que ninguém lhe toque sequer num cabelo. Proíbo-o!» E, em seguida abraçou o grande Zamora, beijando na cara e gritando: «Zamora! Zamora!»
Com disse, soube de Pedro Gálvez por Villalobos Salas e pelo seu livro Fútbol y Fascismo. Salas é ainda um jovem professor de História que escreve para vários jornais espanhóis com a prosódia própria dos antigos. Ricardo Zamora Martínez, que nasceu em Barcelona no dia 14 de Fevereiro de 1901 e jogou no Espanhol, no Barcelona e no Real Madrid, nunca apoiou decisivamente o nacionalismo catalão e sofreu por causa disso. Também já tinha conhecido os incómodos do cárcere quando, no regresso da Bélgica, após os Jogos Olímpicos de 1920, foi acusado de contrabandear charutos cubanos.
Em 1936, graças a Galvéz e à sua tremenda cara de pau que lhe dava poderes desconhecidos, conseguiu ser libertado e refugiar-se na Embaixada Argentina com a família. Em seguida, apanhou o vapor Tucumán e exilou-se em Marselha onde continuou a jogar futebol mesmo depois de ter perdido a elasticidade que fizera dele um mito. Acabaria por ser condecorado pelo próprio Francisco Franco.
Pedro Luis de Galvéz foi fuzilado a 30 de Abril de 1940, tanto pelos crimes que praticou como por aqueles que, pura e simplesmente, inventou. Tinha escrito num poema: «Bebo para esquecer... Sempre a garra/da calúnia no pescoço, sem fortuna/morta a fé sem qualquer ilusão/e na mão, uma bala, como Larra...» Os tiros que levou não destruíram a fotografia que trazia no bolso. Estava autografada por Zamora: «A Pedro, o único homem que me beijou na prisão»."