quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Taça...


Mais um sorteio, onde o Benfica leva com uma das equipas mais fortes disponíveis... Se na eliminatória anterior não era possível equipas da I Liga, levámos com uma da II Liga, com os do costume a jogarem com equipas duas divisões 'abaixo'... Agora, mais um sorteio, e o mesmo resultado!!!

Vamos esperar para ver, mas suspeito que mais uma vez, os nossos internacionais sul-americanos, não vão estar disponíveis para este jogo, portanto, eliminatória complicadíssima com o Paços de Ferreira na Luz!

Benfica-P. Ferreira
Vilafranquense-Mafra
Vizela-CF Estrela
Leça-Gil Vicente
Casa Pia-Farense
SC Braga-Santa Clara
Sporting-Varzim
Alverca-Famalicão
Penafiel-Portimonense
Paredes-Torreense
FC Porto-Feirense
Moreirense-V. Guimarães
Caldas-B SAD
Serpa-Estoril Praia
Tondela-Leixões
Rio Ave-Olhanense

SL Benfica | 11 “made in Seixal” que tem ganho destaque


"Serão estes as próximas joias do SL Benfica?
A temporada de 2020/2021 foi particularmente frustrante para grande parte dos jogadores das camadas jovens dos respetivos clubes, incluindo os que alinham pelo SL Benfica.
Devido à pandemia, muitos jogadores ficaram mais de um ano sem competir, estagnando o seu crescimento enquanto atletas.
No Seixal não foi exceção e, salvo os jogadores que jogaram pela equipa de sub-23, muitos jogadores só puderam regressar ao ativo em maio deste ano, demonstrando muita “fome de bola”.
Neste artigo, falarei de onze jogadores que têm começado a ganhar destaque na formação do SL Benfica.

Guarda-Redes
André Gomes Sendo júnior de primeiro ano, André Gomes já realizou quatro jogos nesta temporada pela equipa de sub-23.
O guarda-redes, que fez 17 anos no último dia 20, demonstra muita qualidade dentro e fora dos postes, precisando ainda de crescer nas saídas às bolas altas, onde terá tudo para evoluir.
É um guarda-redes com currículo nas seleções jovens, tendo feito parte da seleção de sub-15 que conquistou o Torneio da CONCACAF em 2015. Recentemente, o jornal britânico The Guardian integrou-o na lista de jogadores mais promissores nascidos em 2004.

Lateral-Direito
Martim Ferreira A jogar no SL Benfica desde 2017, Martim Ferreira tem assumido a titularidade no seu escalão na lateral-direita. Atualmente, estando no último ano de júnior, já realizou três jogos pela equipa de juniores, mais dois pela equipa de sub-23.

Defesa-Central
António Silva Na época passada, ainda sendo júnior de primeiro ano, António Silva já foi habitual titular na equipa de sub-23, tendo realizado 18 jogos e marcado um golo num derby contra o Sporting CP. É um defesa central com percurso nas seleções jovens, sendo atualmente titular na seleção de sub-19.

Defesa-Central
Hugo Faria Recrutado ao Vitória SC em 2019, Hugo Faria tem sido titularíssimo na equipa de juniores, realizando seis jogos e marcando um golo. Também é um defesa central com passagens pelas seleções jovens.

Defesa-Esquerdo
Francisco Domingues Sendo sénior de primeiro ano, “Kiko” Domingues tem feito praticamente todo o seu percurso formativo no SL Benfica, sendo que tem vindo a ganhar espaço esta época na equipa de sub-23, tendo já realizado quatro jogos na equipa sob o comando técnico de Luís Castro.

Médio-Defensivo
Nuno Félix Mais um jogador da geração de 2004 (júnior de primeiro ano) que já tem jogado num escalão acima. Depois de ter sido um dos destaques na retoma da competição em maio, Nuno Félix tem alternado nesta época entre a equipa de juniores e a equipa de sub-23, tendo realizado já dois jogos pela equipa orientada por Luís Castro.

Médio-Centro
Cher NdourO médio recrutado no ano passado à Atalanta tem sido um dos jovens em maior ascensão no Seixal.
Com idade de juvenil, foi opção regular na equipa de sub-23, tendo ainda feito história ao tornar-se no jogador mais jovem a jogar e a marcar na Segunda Liga.
Nesta temporada, sendo júnior de primeiro ano, tem-se assumido na equipa B, tendo também competido na UEFA Youth League.

Médio-Ofensivo
Hugo Félix Dada a qualidade que a formação do SL Benfica tem nesta posição, acaba por ser injusto escolher apenas um jogador, visto que nomes como Pedro Santos ou João Neves poderiam perfeitamente estar aqui. No entanto, o irmão de João Félix é visto como uma das maiores promessas do Benfica Campus.
No SL Benfica desde 2016, Hugo Félix sempre foi figura de proa nas equipas onde passou, sendo que nesta época leva cinco golos em seis jogos. Integra, junto com André Gomes, a lista do The Guardian dos 40 jogadores mais promissores nascidos em 2004.

Extremo-Direito
Alfa Baldé Recrutado ao Ponte Frielas em 2018, Alfa Baldé tem desempenhado sempre um papel influente nas equipas por onde passou, sendo um dos jogadores mais promissores da geração de 2005. Nesta temporada já realizou sete jogos e marcou três golos.

Extremo-Esquerdo
Diego Moreira Português nascido na Bélgica, Diego Moreira foi contratado no ano passado ao Standard Liège, tendo já na reta final da temporada feito a sua estreia pela equipa de sub-23.
Nesta temporada, já disputou três jogos sob as ordens de Luís Castro e leva dois golos marcados em sete jogos pela equipa de juniores.
Diego Moreira é um extremo puro e irreverente, que gosta de assumir a iniciativa e de partir para desequilíbrios através da sua qualidade no um para um.

Ponta-de-Lança
Francolino Djú Depois de Henrique Araújo e de João Resende, Francolino Djú é mais um ponta-de-lança a despontar no Seixal.
Após a retoma da competição, entre as equipas de juvenis e de juniores, Francolino realizou 12 jogos e marcou 17 golos, tendo-se também já estreado pela equipa de sub-23.
Djú é um avançado forte a atacar a profundidade e que demonstra uma frieza em frente à baliza que não é comum de se ver num miúdo de 17 anos."

«Deixemo-nos de histórias. O Sporting é grande, o Porto é grande, mas o Benfica é o Benfica»


"Às vezes foi sobre futebol, outras sobre política, religião ou geografia. A conversa durou mais de três horas e o Professor Neca, o melhor amigo do desconforto, tirou da mala de viagem lembranças de uma carreira de 40 anos como treinador e que conta com passagens por oito países estrangeiros e 21 clubes, só em Portugal. Ao longo do tempo em que, sempre focado em tornar realidade aquilo com que sonhava à noite, foi jogador, professor de Educação Física, de onde vem a sua alcunha, e treinador, colecionou episódios com nomes como Eusébio ou Mário Wilson. Das novas gerações, orientou Paulinho, Rodrigo Pinho, Nanú ou Helton Leite. Quanto ao que lhe falta fazer no futebol, responde a piscar o olho ao mundo do dirigismo.

– O tipo dinâmico que queria sempre mais –
«Gostei sempre mais de jogar do que de treinar»

Bola na Rede: Tornou-se treinador em 1980. Enquanto jogador, chegou onde queria?
Professor Neca: Cheguei onde me foi possível, não onde queria. Queria ter chegado aos mais altos patamares: jogar muitos anos na Primeira Liga, chegar à seleção… Não me foi possível, porque o contexto era complexo. Com 17 anos, tinha tirado o curso industrial de eletromecânica. Nós sabíamos que, antes do 25 de abril, tínhamos duas certezas que eram morrer e ir para a tropa. O serviço militar apanhava-nos na melhor fase da nossa vida, entre os 20 e os 24 anos, que era quando um indivíduo se começava a afirmar como jogador de futebol. Como pensava já de uma forma adulta, acabei por ir para o serviço militar como voluntário dos 17 aos 21 anos. Aos 21, estava livre para correr atrás do meu sonho, que era ser jogador de futebol.

Bola na Rede: Nesse período deixou de jogar totalmente?
Professor Neca: Não, porque acabei por fazer o meu serviço militar no continente e não fui para o ultramar, para as ex-colónias. Em todo esse período, continuei a jogar. Joguei, na formação, no Gil Vicente. Estava a cumprir o serviço militar e aproveitava também para estudar à noite, em Leiria. Os últimos dois anos e meio do serviço militar fiz na Base Aérea Nº5 de Monte Real e aproveitei para tirar a secção preparatória aos institutos industriais. Estive para ir jogar na União Desportiva de Leiria, mas a equipa estava na distrital, então jogava no clube da minha terra, o Santa Maria FC, do concelho de Barcelos. Aproveitava para jogar na base e vinha fazer os jogos ao fim de semana. Aos 21 anos, antes de acabar a tropa, aproveitei as férias para ir treinar a três clubes: o Gil Vicente FC, o Varzim SC e o GD Riopele, um clube do concelho de Famalicão que chegou à Primeira Divisão e que agora foi extinto. Acabei por aceitar o Riopele, porque oferecia valências mais favoráveis, tais como o emprego. Era a equipa mais estável das três. Os clubes só libertavam os jogadores se entendessem. O Riopele acabou por comprar a minha carta ao Santa Maria. Acabei por ficar lá dois anos. Trabalhava de manhã ou de tarde, conforme os treinos. Era eletricista. Todos os dias me levantava de manhã e dizia ao espelho “estar dentro de uma empresa não é para mim”, porque sempre gostei de desporto. Comecei a procurar uma possibilidade de ir para Educação Física, deixando a eletricidade para correr atrás daquilo que gostava. Acabei por tirar o curso de Educação Física, juntando a isso o jogar futebol. Tinha grandes dificuldades financeiras – era filho de mãe solteira – não tinha possibilidades. Tinha que ganhar o meu próprio dinheiro para me poder sustentar e correr atrás de algo que era indispensável para mim já nessa altura: ter uma base cultural que me desse as ferramentas para encarar a vida de uma forma mais sustentada. Estávamos ainda no período antes do 25 de abril. Embora o futebol desse para me sustentar, existia um para além do futebol. Consegui fazer esse paralelo. Cheguei ao futebol profissional, sim, mas nunca ao mais alto nível – jogar num FC Porto, SL Benfica, Sporting CP, na seleção -, não tive essa possibilidade.

Bola na Rede: Foi professor desde 1976.
Professor Neca: Correto. Em 1976, acabo o curso de Educação Física e fui professor até 1990. Treinei na Primeira Divisão a dar aulas. Fazia as duas coisas. Quando chego com o Aves à Primeira Liga, dava aulas de Educação Física, era treinador, observador, treinador de guarda-redes e preparador físico.

Bola na Rede: Sobre acumular funções, no Santa Maria já tinha sido treinador/jogador.
Professor Neca: O Santa Maria estava a passar grandes dificuldades e pediu-me para ser treinador/jogador.

Bola na Rede: Como é que geria a relação com os seus colegas?
Professor Neca: Temos que falar no que era o treinador nessa altura. Os tempos eram diferentes, o nosso país tinha muitos analfabetos. Isso era muito significativo. O que a minha mãe mais me pedia era “tenta saber ler e escrever e, se for possível, vai para professor”. Isto para dizer que com 26 anos já era professor de Educação Física, já tinha jogado em clubes profissionais, já tinha uma identificação com o que era o futebol profissional, já tinha estado quatro anos no serviço militar, uma escola de formação, de disciplina, respeito e rigor. Foi um ano fantástico, correu extremamente bem. Subimos de divisão. O clube queria que eu ficasse, mas tinha que partir para outra situação que aquilo já não me motivava. Disse que ia deixar de jogar para me concentrar só nas aulas. No entanto, aquilo era pouco tempo. Era um tipo dinâmico, queria sempre mais. Estive algum tempo parado. O Prado estava na Terceira Divisão e estavam a fazer um campeonato muito bom. Vieram ter comigo à escola. Acabei por regressar ao futebol. Sentia que tinha jeito para o futebol. Até podia contar aqui uma história.

Bola na Rede: Conte.
Professor Neca: Quando vou para o Riopele, o clube tinha duas opções: ou eu entrava no Riopele, ou entrava um outro miúdo que estava no Benfica de nome João Alves, o Luvas Pretas. O João Alves foi dos melhores jogadores da história do futebol português. Eles acabaram por optar por mim e a minha carta foi mais cara do que a dele. Sempre tive a preocupação de ter uma profissão para além do futebol. Percebia que o futebol era instável. Dei sempre grande prioridade à profissão. Nunca deixei de correr atrás daquilo que era a segurança, de, em termos culturais, me formar como pessoa. Ao longo do tempo, ajudei muitos jogadores de futebol a formarem-se como professores de Educação Física, na Economia, na Medicina, na Engenharia, porque os incentivava e dava possibilidades, até em termos de treino, para que eles o pudessem fazer. Gostei sempre mais de jogar do que de treinar. O jogar futebol tem uma magia tremenda. Estive no Prado um ano. Jogava e pediram-me também para ser preparador físico. Lá fui preparador físico. Algum tempo depois, disse para me deixarem só a jogar. Fiquei até final da época. Atualmente, o GF Prado está nos distritais. Nessa altura, foi a única vez que esteve na Segunda Divisão Nacional. Acabámos por descer. O clube entra numa crise grande e digo que me vou embora para jogar mais um pouco noutro lado qualquer. O clube incentivou-me a ficar como treinador. Percebia-se que havia ali um treinador. Os jogadores aceitavam a minha liderança com a mesma naturalidade com que respiramos. Comecei a treinar o Prado. Todos os dias haviam dificuldades, mas todos os dias transmitia esperança de que as coisas iam melhorar. Foi nessa esperança que lutámos até ao último jogo para subir de divisão. E há coisas do destino. Nas Aves, num dos últimos jogos, estava 2-2 nos 90 minutos e há um penálti a nosso favor. O meu central bate o penálti com tanta violência que vai ao poste e a bola vai para o meio-campo e, no contra-ataque, o Aves faz o 3-2 e acaba o jogo. Não subimos de divisão. Um dos clubes que subiu foi o Valdevez.

Bola na Rede: Que foi para onde foi depois…
Professor Neca: Exatamente. Parte dos jogadores do Valdevez foram meus colegas na Segunda Divisão no Prado. Foram os jogadores que pressionaram a direção do Valdevez para que o treinador fosse eu. Acabo por ir para o AC Valdevez da Segunda Divisão Nacional. Sem subir, acabei por subir.

Bola na Rede: Seis anos depois de ter começado a treinar já estava na Primeira Liga. Foi uma ascensão meteórica?
Professor Neca: O Aves queria que eu ajudasse a estabilizar o clube na Segunda Divisão. Acabámos por organizar bem a equipa com jogadores da zona. Contra todas as previsões subimos à Primeira Divisão Nacional. Tinha 33 anos. A partir daí foi a peregrinação que veio até hoje.

Bola na Rede: Nesse ano com o Aves na Primeira Divisão tem o Silvino na baliza. Em entrevista ao BnR, ele disse: “Foi o Professor Neca que me incutiu esse espírito de conquista, de querer ganhar sempre mais. Eu, antes, treinava, fazia o meu trabalho, e se perdesse, olha, perdia”. Essa mentalidade acompanha o Professor ao longo de toda a sua carreira?
Professor Neca: Sempre. As nossas experiências ajudam-nos a compreender um conjunto de coisas. O Silvino é um amigo. Precisávamos de um guarda-redes de referência, porque a nossa equipa era uma equipazinha com limitações. O Silvino acaba por vir para o Aves. Forcei muito para que viesse um jogador diferenciado. O Silvino era um guarda-redes extraordinário, mas acreditava pouco nas suas capacidades. Em termos profissionais, acabámos por nos juntar no Mundial da Coreia e do Japão, ele como treinador de guarda-redes e eu como adjunto e analista do António de Oliveira. Quando eu era jogador, o treino era muito empírico, ou seja, os treinadores eram ex-jogadores e repetiam no treino o que faziam enquanto jogavam. Era só treino físico e íamos cansados para o jogo, aproveitávamos o jogo para descansar. Quando começo a ser treinador, treino o jogo, aquilo que se faz hoje, mas que nos anos 80 eu já fazia. Os resultados começavam a aparecer. Os jogadores davam-se bem com isso. Não iam cansados para o jogo, estavam mais disponíveis. Além do Silvino, há outros jogadores que me diziam que se sentiam muito bem.

Bola na Rede: Derivado da experiência que foi ganhando, acabou por ter oportunidade para, mais tarde, ir para o Benfica só que enquanto treinador-adjunto. Se não fosse num contexto como o do Benfica, via isso como um passo atrás?
Professor Neca: O Artur Jorge era o Mourinho daquela altura. Tinha sido campeão europeu, tinha acabado de ser campeão francês pelo Paris Saint-Germain FC, era uma grande referência como treinador, tal como, enquanto jogador, também o tinha sido. Havia essa oportunidade de ir para o Benfica como adjunto. Era mais uma forma de ir para um grande clube, o clube de maior expressão. O Benfica é o Benfica, deixemo-nos de histórias. O Sporting é grande, o Porto é grande, mas o Benfica é o Benfica. Era uma oportunidade de contactar com um treinador que era uma grande referência do futebol português. Recusei a continuidade no Braga como treinador principal, para ir para adjunto.

Bola na Rede: Numa lógica de aprendizagem?
Professor Neca: O povo português diz, do alto da sua sabedoria, que “vivemos a aprender e morremos sem saber”. Se tu queres saber tens que viajar ou ler. O viajar também era fundamental para que tivesse contacto com outras gentes, com outras pessoas e com outras formas de pensamento. Mantive-me no Benfica por dois anos. O Artur Jorge saiu e ficou o Capitão Mário Wilson. Aprendi muito com Mário Wilson também. O Benfica tinha dois projetos nessa altura – o Alverca e um protocolo com a seleção de Angola da qual poderia ser selecionador. Amavelmente, o Benfica deu-me a escolher um destes dois projetos. Mário Wilson disse-me “Neca, eu vou morrer sem nunca ser selecionador de um país estrangeiro. Vai a Angola, eu dispenso-te uma semana”. Fui a Angola contactar com aquela realidade e acabo por me tornar selecionador angolano durante dois anos.

- Ligado pela cultura -
«Fomos para um jogo de enormíssima responsabilidade num avião que nem bancos tinha. Íamos sentados em grades de cerveja»

Bola na Rede: Qual foi o primeiro impacto de passar de uma realidade como a do Benfica para a da seleção angolana?
Professor Neca: Angola foi uma experiência enriquecedora. O Mário Wilson disse que me dispensava oito dias, mas que tinha que estar na semana da final da Taça de Portugal. Ganhámos 3-1 no Estádio do Jamor.

Bola na Rede: Um dia, apesar de tudo, complicado…
Professor Neca: Muito, foi a final do very light. Tinha ido a África porque tínhamos feito um estágio com o Benfica na África do Sul, mas a África do Sul não tinha nada a ver com a restante África. Em 1994, há a queda do Apartheid e Nelson Mandela assume a presidência da África do Sul. Fizemos o estágio na Cidade do Cabo que estava muito mais desenvolvida do que Lisboa. A África do Sul era um país muito à frente no tempo. Portugal, no pós-25 de abril teve uma transformação brutal com os dinheiros da Comunidade Europeia. Quando chego a Angola, ao sair do avião, constato um bafo de calor tremendo. Angola estava em Guerra Civil entre UNITA E MPLA. Saio do aeroporto… tudo partido, em termos de organização, uma confusão tremenda. No percurso entre o aeroporto e o hotel, carros partidos… O país teve uma Guerra Colonial e depois arrastou-se com mais 20 e tal anos de Guerra Civil. Foi muito difícil para aquele povo. Fiquei desanimado, mas depois comecei a contactar com as pessoas. Um país são as pessoas. Não são os grandes prédios ou as coisas muito bonitas, são as pessoas. Ia na rua e falavam-me no Benfica, nunca na seleção de Angola. As pessoas conheciam-me, porque existia o fervor pelos três grandes clubes portugueses, Benfica, Sporting e Porto, e também entra um bocado a Associação Académica de Coimbra aí, pelas passagens da classe política de Angola por Coimbra. Falo com o presidente da federação e, passados três ou quatro dias, estou-me a mudar. Primeiro foi o drama à chegada e depois as pessoas, a vontade, os afetos, a ligação, o conhecimento que tínhamos uns dos outros, a vontade comum de ir para um desafio. Era um desafio brutal. Saí de lá como selecionador de Angola.

Bola na Rede: Em que é que se baseava essa sinergia entre o Benfica e a seleção angolana?
Professor Neca: Diria que Portugal, Angola, Moçambique, Índia eram a continuidade. Estares em Angola é como estares em Portugal. O angolano estar em Portugal é como estar em Angola. É a cultura que liga as pessoas. Havia um conjunto de laços comunicantes muito naturais. Sentíamo-nos em casa. Era impressionante o conhecimento que os angolanos tinham de Portugal essencialmente através do futebol. Vais à Malásia, à Tailândia, à Mongólia, à China e se falares lá no primeiro-ministro [ninguém conhece], se falares no Cristiano Ronaldo eles põem-se em sentido. Sentíamo-nos em casa, porque estávamos com o futebol. Esta ligação era fortíssima, principalmente pelo afeto que os países das nossas ex-colónias têm com os principais clubes portugueses – Benfica, Sporting, Porto. Se olhares para a própria história, quando te falo do Mário Wilson, por exemplo, ele era moçambicano, o Eusébio era moçambicano, o Dinis era angolano, o Jordão era angolano. Era gente desse povo, povo esse que adorava os seus ídolos. Nós fazíamos parte dessa família futebolística.

Bola na Rede: Estou a ver que veio de lá realizado.
Professor Neca: Completamente. Sabia que ia para um desafio brutal. No dia em que acabou a Taça de Portugal já eu estava a organizar a seleção de Angola, porque passados 15 dias íamos ter um jogo de mata-mata para o Mundial com o Uganda. Uns dias depois, já estava um conjunto de jogadores que iam fazer parte da seleção de Angola a vir para Portugal para fazermos oito dias de trabalho aqui. Metade dos jogadores da seleção jogavam no futebol português e metade no campeonato angolano. No ano anterior, Angola tinha ido pela primeira vez à CAN. Angola estava pouco organizada. Logo no primeiro jogo com o Uganda, porque tinham prémios em atraso, os jogadores não queriam sair se não pagassem os prémios.

Bola na Rede: Como é que desbloqueou a situação?
Professor Neca: É a vontade, a determinação e a experiência acumulada. Na noite antes da partida para Campala [capital do Uganda], os jogadores não queriam ir. Reuni com todos no hotel. Foi uma noite dramática, estávamos entre o ir e o não ir. Convenci os jogadores que o importante era irmos para Campala e ganhar, que eu garantia que o dinheiro vinha. Aquilo para resolver os problemas era muito muito difícil. O dinheiro era pouco e as dificuldades eram muitas. Depois, tínhamos uma viagem que estava prometido ser num voo normal. Os jogadores disseram “Prof., não vai ser voo normal”. Estava prometido ser o avião onde normalmente ia a comitiva do presidente José Eduardo dos Santos. Quando vamos para o avião, para irmos para um jogo de enormíssima responsabilidade, tínhamos um avião que nem bancos tinha, que era uma coisa medonha. Não havia nada, não havia casas de banho, não havia bancos para sentar… Íamos sentados em grades de cervejas, em bancos improvisados. Foi o voo em que tive mais medo até hoje. O presidente da federação, que era deputado, ia ali sentado connosco, com a cerveja e o whisky a rolar. Para eles, aquilo era normal. Fui lá encostado a um canto. Não tínhamos cintos de segurança, não havia coisa nenhuma. Lá fizemos a viagem, que era para durar três horas, e demorámos quatro horas e meia. Fomos para o jogo e correu-nos muito bem. Ganhámos 1-0.

Bola na Rede: Os jogadores chegaram a receber os prémios?
Professor Neca: O Lito [Vidigal], que foi meu jogador na seleção de Angola, e outros tantos jogadores, disseram que a organização do futebol de Angola começou por mim. Começámos progressivamente a organizarmo-nos e eles pagaram.

Bola na Rede: Só saiu de Portugal com 17 anos de carreira. Ir para além-fronteiras assustava-o?
Professor Neca: Hoje, temos para cima de 500 treinadores fora do país. Nessa altura, estava eu na seleção de Angola, estava o Nelo Vingada na seleção da Arábia Saudita e o Carlos Queiroz nos Emirados Árabes Unidos. Uma mão cheia chegava e sobrava para dizer os treinadores que estavam no estrangeiro. Era o desafio. Tudo aquilo a que cheirava a dificuldade, eu ia. Os 17 anos de experiência davam-me capacidade para me ajustar às dificuldades e poder ajudar a encontrar as melhores soluções.

– Trabalhar onde todos querem passar férias –
«Um rapaz de 30 anos disse-me que já podia morrer, porque já tinha conhecido o Eusébio»

Bola na Rede: Partilhou balneário com o Eusébio. Ele era o treinador de guarda-redes enquanto o Professor esteve no Benfica. Como foi partilhar experiências com ele?
Professor Neca: O Eusébio era uma criatura fantástica. Quando estivemos na África do Sul, já tinha aberto o Apartheid, estava lá um rapaz moçambicano e estava muito afastado. Veio perto de mim e disse “tenho um sonho na minha vida, conhecer o Eusébio”. Disse-lhe “então, ele está ali”. Perguntou-me “como é que hei de falar com ele?”. “Vem comigo”, respondi-lhe. O Eusébio era um monstro como jogador, uma lenda do futebol mundial. No final, o rapaz, com cerca de 30 anos, contou-me: “Vivo aqui com grandes dificuldades e tinha medo de morrer. A partir de hoje, já posso morrer, porque já tive a felicidade de conhecer o meu Deus que é o Eusébio”. O Eusébio quebrava barreiras. No Benfica, toda a gente o respeitava. Ele estava onde queria, onde entendia que devia estar. Uma vez, eu fui à Coreia analisar um jogo para Portugal e ele ia comentar os jogos com um outro indivíduo… que era o Pelé. O Eusébio tinha muito medo de andar de avião. Ele levantava-se sempre muito tarde e perguntei-lhe se ele já tinha comido alguma coisa. Respondeu-me “vou para o avião, não tenho vontade de comer”. Disse-lhe que tinha ido ao buffet do hotel e que tinha comido um bocadinho de cabrito com um bocadinho de arroz. O Eusébio começa-se a rir, rir, rir. Ele diz “você não comeu cabrito, você comeu cão”. Lá não havia cabrito, havia cão, mas eu não sabia. O cão é um petisco que os sul-coreanos e os chineses gostam muito. Do hotel ao avião, ele foi o tempo todo a rir-se de mim.

Bola na Rede: A experiência nas Maldivas também teve o mesmo impacto que a de Angola?
Professor Neca: Soube através da Federação Portuguesa de Futebol que havia uma vaga para selecionador das Maldivas. Concorri num lote de 70 treinadores a nível mundial. O escolhido acabei por ser eu. Existia a curiosidade das Maldivas terem pela primeira vez um selecionador de um país colonizador. Não sabia quase nada das Maldivas. Ia sempre com a convicção de que tinha que ter sucesso. Como não sabia o que ia encontrar, levei material de treino para lá. As Maldivas são um país lindíssimo. Só um tsunami é que me tirou de lá.

Bola na Rede: O professor acaba por ir trabalhar para onde a maioria das pessoas quer ir passar férias.
Professor Neca: Nessa altura não se falava das Maldivas como se fala agora. Lá vou para as Maldivas com todo o material. O país é muito pequenino, tem um clima fantástico, um mar idílico. É um sítio onde qualquer pessoa gostaria de estar. Era um país pequeno, pobre, mas extremamente bem organizado. Quando começo a contactar com a realidade, eles tinham tudo: cones, bolas… A experiência que já tinha ajudou-me a inserir naquela realidade. Tínhamos logo um jogo importante com a Mongólia. Tinha um mês para organizar aquilo. As Maldivas são um país com 200 ilhas habitadas e mil que não estão habitadas. Tudo ilhas muito pequeninas, mas muito bonitas. O aeroporto é só uma ilha. Malé, a capital, também é só uma ilha. Têm uma ilha para tratar do lixo. Têm resorts em diferentes ilhas. A experiência ajudou-me a organizar a seleção. O campeonato tinha oito clubes, sete da capital e um de outra ilha. Pedi para reunir todos os treinadores para ter perceção de como organizar a seleção. Era uma seleção muito rudimentar.

Bola na Rede: Essas equipas eram compostas apenas por jogadores do país?
Professor Neca: Só jogadores e treinadores locais. Num jogo, a seleção tinha levado 17-0 do Irão. Pedi aos treinadores que me dessem os três melhores guarda-redes, os três melhores defesas-direitos, os três melhores defesas-esquerdos… Em função disso, juntei 37 jogadores que, no entendimento deles, eram os melhores das Maldivas. A partir daí, começo a fazer a minha filtragem.

Bola na Rede: Existiam jogadores das Maldivas no estrangeiro?
Professor Neca: Nenhum. Fomos jogar à Mongólia e ganhámos 1-0. Foi a primeira vez que as Maldivas ganharam um jogo fora do seu território. Foi uma festa muito grande. A Mongólia é um país de montanhas, não há mar. Nas Maldivas, durante todo o ano, a temperatura oscila entre os 23 e os 34ºC. Fomos jogar à Mongólia com -20ºC. Ainda assim, ganhámos 1-0. Passado cinco dias tínhamos o jogo da segunda mão.

Bola na Rede: O que é que fez para os jogadores não sentirem tanto essa diferença?
Professor Neca: Deram-nos lá umas meias-calças, que isso nas Maldivas não havia. Na Ásia, as federações trabalhavam muito bem combinadas umas com as outras. Pedi aos jogadores para porem papel de jornal, sacos de plástico, para atarem bem as botas para que não entrasse a humidade da neve. Na segunda mão, vêm eles – viemos até no mesmo avião – para as Maldivas. Digo aos indivíduos das Maldivas: “Eles trataram-nos muito bem, tratem-nos muito bem também. Levem-nos para o mar e eles que tomem banho no mar que eles vão achar uma delícia. Levem-nos para um resort“. Passei lá nesse resort no dia do jogo, de manhã. A temperatura da água a uns 24ºC. Os jogadores da Mongólia nunca tinham visto mar. Foi uma delícia para eles. Pedi aos meus jogadores que fossem para cima deles. Acabámos por ganhar 12-0. Com a temperatura a 34ºC e depois de estarem na água, queriam correr e não conseguiam. Um jogador no dia do jogo ou na véspera não pode andar a tomar banhos em água quentinha.

Bola na Rede: Em seleções mais rudimentares como a de Angola ou a das Maldivas, tinha cuidado em deixar uma base para que os treinadores que viessem a seguir não tivessem que começar do zero?
Professor Neca: Necessariamente. O treinador não é só o indivíduo só da técnica e da tática, é também o grande organizador.

Bola na Rede: Seguem-se experiências no Kuwait, em Moçambique, na Arábia Saudita, na Índia e, mais tarde, em Israel. Onde é que viveu episódios mais inóspitos?
Professor Neca: Foram todas experiências fantásticas. Nas Maldivas foi a primeira vez que vivi num país muçulmano. Quase sempre fiz isto: trabalhava fora durante um ou dois anos e regressava um bocadinho a Portugal. Tinha sempre mercado. Era a forma de não fazer o corte com a família e de não perder contacto com a realidade do nosso país. O futebol, a partir do ano 2000, sofreu uma alteração mais acelerada, tal como a própria sociedade. O futebol nunca se pode dissociar daquilo que é a realidade social. Portugal, no que diz respeito ao futebol, foi sempre muito vanguardista. Estamos na linha da frente no que toca à formação de treinadores e jogadores. No Euro 2004, estava na seleção das Maldivas, procurei ter férias para ter contacto direto com uma seleção que tinha sido campeã do mundo, a França. Como fui treinador do SC Tirsense e treinador do Aves, passei parte substancial da minha carreira nestes dois clubes. A França estava instalada num hotel em Santo Tirso e fazia os treinos nos estádios destes dois clubes. No pós-Maldivas passei por diferentes países e adaptei-me sempre muito bem. Tenho dificuldade em dizer qual o país em que me senti melhor. A Arábia Saudita, por os dois pilares da civilização muçulmana estarem lá, no caso, Meca e Medina, é, sem dúvida, o país mais conservador dos países muçulmanos. O facto de ser o único país do mundo em que as mulheres não conduziam mostra isso. A crise do petróleo é que levou a que libertassem a possibilidade de as mulheres poderem conduzir. Na Arábia Saudita estava num clube forte [o Al-Ittihad FC], em Jeddah. Jeddah é uma cidade onde passam todos os peregrinos que vão a Meca. Meca, em relação a outras cidades da Arábia Saudita, já estava mais desenvolvida, porque era uma cidade que contactava com povos vindos de outras latitudes. Estava com a equipa de sub-23. O Manuel José era o treinador da equipa A. Desenvolvemos um trabalho muito bom, porque também tínhamos excelentes condições de trabalho.

Bola na Rede: Nesse ano, não era para ter ido para a Arábia Saudita, mas sim para a Índia.
Professor Neca: Era para ir para o SC East Bengal, um dos principais clubes da Índia, mas ficava em Calcutá. Ainda não tinha bom conhecimento da cidade e não me cheirou bem. Acabei por optar pela Arábia Saudita, porque, em termos financeiros, era mais vantajoso e porque a Índia ainda estava numa fase de crescimento para aquilo que é o futebol profissional. Acabei por ir para a Arábia Saudita. Trabalhámos lá muito bem. Temos que nos aculturar rapidamente no sítio onde estamos. Se estamos na Arábia Saudita, temos que ser sauditas. Se estamos na Índia, temos que ser indianos.

Bola na Rede: Em termos de jogo jogado também pensa dessa forma?
Professor Neca: Em termos de jogo jogado, temos que perceber o que são os hábitos locais. Nos países árabes, os jogadores, às vezes, não vão ao treino. Se a mãe vai às compras, o filho vai levá-la.

Bola na Rede: Isso acontecia muitas vezes?
Professor Neca: Não muitas vezes, porque nós criámos hábitos de treino para que houvesse grande motivação dos jogadores. Assim, eles gostavam do treino e vinham mais vezes. Os jogadores estão no treino e querem é jogar. Se não jogam, já é mushkila [“problema” em árabe]. Havia outros treinadores, de uma linha que não a nossa, em que os treinos eram só correr e saltar. Há aspetos muito dos árabes. O clima na Arábia Saudita é quente. Eu ia todos os dias, ao nascer do sol, caminhar ou correr um bocadinho à beira-mar. Às vezes, levava um livro e deixava-me estar. Numa altura qualquer, numa zona em que não havia quase ninguém, estava sentado em cima de um livro. Passou um indivíduo que me disse que ali não gostavam que as pessoas se sentassem em cima de livros. É um sacrilégio uma pessoa estar sentada em cima de um livro. Pedi-lhe desculpa e retirei o livro. Culturalmente, os países são diferentes uns dos outros. Outra coisa que fui apreendendo foi que quando um indivíduo me aparecia pela esquerda para entrar, ele nunca entrava. Eu achava esquisito. O muçulmano dá sempre prioridade à direita. Por exemplo, o muçulmano nunca dá nem recebe nada com a mão esquerda, porque a mão esquerda é a mão para fazer coisas sujas.

Bola na Rede: O Professor está muito atento às questões geopolíticas. Quando esteve em Israel, sentiu a presença do conflito israelo-palestiniano?
Professor Neca: Há uma diferença abissal entre aquilo que é notícia e o que é a realidade. Quem não vive a realidade, imagina coisas que estão fora dela. Israel é o povo eleito. O israelita é um povo muito ligado e é isso que permite que continue a sobreviver. A partir da Segunda Guerra Mundial, os israelitas foram colocados no país. Nos anos 40, Israel era um pais tremendamente atrasado. Os israelitas foram para lá e começaram a transformar o país, que, agora, tem condições excecionais. É um país lindíssimo. Jerusalém é uma cidade que sempre sonhei conhecer. Tive o privilégio de trabalhar no Maccabi Tel Aviv FC, que ficava a cerca de 100 quilómetros de Jerusalém. Estive lá mais de 10 vezes. As três principais civilizações estão em Jerusalém – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – e convivem com uma naturalidade tremenda. Sentes que é um país onde há uma segurança musculada. Militarmente, estão muito bem organizados. Todos os cidadãos, rapazes e raparigas, têm dois anos de serviço militar e ninguém discute isso. Se me perguntares “os israelitas são os maus da fita e os palestinianos é que são os bons?”, isso é sempre complexo. A religião tem uma profundidade muito grande. Os líderes religiosos e políticos manipulam as religiões para o lado que melhor entendem. Não há um mau da fita. Israel tem que estar sempre bem preparado, porque senão é comido pelo que está à sua volta, por ódios sustentados através dos séculos. Os líderes políticos e religiosos estão interessados nesta conflitualidade. Claro, vi lá fundamentalistas judeus que são iguais aos fundamentalistas islâmicos. São irracionais em relação àquilo que é o respeito pelo outro. É um país seguro. Também é caro, mas os seus habitantes ganham bem. É um país culto em que a tecnologia e as universidades estão sempre à frente no mundo. Gostei profundamente de viver em Israel.

Bola na Rede: Os próprios clubes israelitas têm uma promiscuidade muito grande com a política. Por exemplo, o clube que o Professor eliminou na meia-final da Taça, o Beitar Jerusalem, tinha uma ligação muito forte ao antigo governo. Uma vez contrataram um jogador muçulmano e, do ponto de vista da revolta dos adeptos, foi algo muito impactante.
Professor Neca: Exatamente. Também há um clube do norte que é só muçulmanos. Foi o único clube onde tivemos que sair pela porta do cavalo. Era um conflito sempre presente entre esse clube e o Maccabi Tel Aviv. Havia um ódio muito grande entre estes dois clubes. Isso resulta do ódio instalado entre as duas religiões. Se tentares entrar na Arábia Saudita com o passaporte com carimbo de Israel, não te vão deixar entrar. O controlo que é feito para entrar em Israel também é tremendo. Fazem-no por uma questão de segurança. Em Belém, a parte palestiniana, tinha uma placa a dizer “proibida a entrada a israelitas”. Noutra visita a Belém, deixámos de ter GPS no carro. Quando há problemas, eles cortam a internet para não haver qualquer tipo de contacto. Vimos uma série de árabes. Aquilo estava a ser uma intifada entre palestinianos e israelitas. Israel será sempre um barril de pólvora, mas onde toda a gente se movimenta com tranquilidade, porque as forças armadas israelitas têm sempre o controlo das coisas.

– Paulinho, Rodrigo Pinho, Nanú e Helton Leite: o futuro dos ex-pupilos –
«4-4-2 para aqui, 4-3-3 para ali, mas o que importa é que estamos sempre a lidar com humanos»

Bola na Rede: Regressando a Portugal, na temporada 2012/13, treinou o Paulinho, atualmente no Sporting. Já naquela altura lhe reconhecia talento?
Professor Neca: Fui para o Trofense que estava com problemas terríveis. Tive dias para construir uma equipa para estar na Segunda Liga, senão o clube desaparecia. Organizámos uma equipa com poucos meios. Conhecia o Paulinho do Santa Maria. Tinha visto aquele miúdo, que era júnior e tinha feito um jogo nos seniores, e ele tinha qualidades. Perguntei ao presidente se podia ir ao clube da minha terra buscar o miúdo. O presidente diz-me: “Então estamos aqui a tentar formar uma equipa para a Segunda Liga e quer-me ir buscar um júnior ao Santa Maria?”. Respondi-lhe: “No lugar do Paulinho, preferia ir buscar o Ronaldo, dá?”. O Paulinho acabou por vir e começar a dar os primeiros passos comigo. Temos uma relação muito boa. Passado algum tempo, começou a evoluir de uma forma muito rápida, tal como esperava. Falava muito com o Paulinho. A determinada altura, liguei ao Rui Jorge e aconselhei-o a ir à Trofa ver o miúdo. O Rui Jorge tinha confiança em mim, porque sabia que não lhe ia indicar um jogador qualquer. Fez uma internacionalização, num jogo particular, pelos sub-21. Eu saí do Trofense. Não acabei a época, porque aquilo mudou de direção. O Paulinho ficou. Passado um tempo, disse ao presidente do Gil Vicente para o ir buscar. AA vida dos presidentes é difícil, porque não são bem aconselhados. Ainda bem que o Rui Costa é presidente do Benfica. É um homem que é do futebol, entende o futebol, identifica-se com o futebol e, seguramente, vai fazer um bom trabalho no Benfica. É importante que apareçam outros Ruis Costas no futebol. O presidente do Gil Vicente acabou por contrariar o movimento que estava por trás dele e foi buscar o Paulinho. Depois, teve a sorte de o Abel Ferreira o ir buscar ao Gil Vicente. O Abel Ferreira potenciou muito bem o Paulinho. Com ele, o Paulinho jogou com dois avançados e cresceu exponencialmente como jogador. Isso levou a que o Rúben Amorim, outro treinador jovem e que entende o que é futebol (temos ali treinador), o tivesse ido buscar por uma pipa de massa ao Braga. O Paulinho já chegou à seleção e vai voltar a chegar à seleção. O Braga baixou muito por lhe faltar o Paulinho. O Sporting foi campeão nacional com um golo do Paulinho. O que ele trabalha para a equipa, em termos coletivos, é de uma importância enorme.

Bola na Rede: Às vezes, é mais o espaço que o Paulinho abre para os outros. Mesmo que não apareça tanto em situações de finalização, a forma como se movimenta arrasta marcações para jogadores como o Pedro Gonçalves aparecerem na zona do ponta-de-lança e que acabam por beneficiar disso.
Professor Neca: Exatamente. A envolvência dele no jogo permite assistir, defender e criar espaços para os outros. O Pedro Gonçalves encheu o pote, porque esteve lá um indivíduo que trabalhou para ele. O Paulinho vai continuar a ser um jogador extremamente importante na equipa. Seria um jogador brilhante a jogar em 4-4-2, mas nós não temos muito essa cultura. Os clubes utilizam cada vez mais o 3-4-3 que foi a tática que deu o título de campeão, com toda a justiça, ao Sporting. Sem ter os melhores jogadores, teve a melhor equipa.

Bola na Rede: Em 2015, disse que se ia dedicar ao dirigismo. Se é verdade que não mais assumiu uma equipa enquanto técnico principal, também é verdade que nunca deixou o banco de suplentes. Está a adiar esse adeus?
Professor Neca: Nunca mais serei treinador principal em Portugal. Ponto final parágrafo. Nesse ano, tinha saído de uma reunião para ser diretor desportivo do Gil Vicente. Ainda nem tinha chegado a casa e, no caminho, o Lito Vidigal, que foi meu jogador na seleção de Angola, liga-me. Disse-me que ia para um projeto e que queria que fosse com ele. Aquela ideia também me entusiasmava. Ia como conselheiro, como treinador dos treinadores, o homem mais experiente, o homem que estava entre a equipa técnica, a direção e os jogadores. Teria toda a liberdade para estar onde entendesse.

Bola na Rede: Numa lógica contrária ao que hoje acontece, ou seja, o treinador-adjunto ser um treinador jovem que, mais dia menos dia, vai assumir uma equipa como técnico principal…
Professor Neca: Foram seis anos e foi uma experiência fantástica. Fui com o Lito para FC Arouca e acabámos por ir à Europa. O Arouquinha era um clube com carências tremendas, mas lá pusemos mãos à obra. Já na segunda época, aparece-nos o convite para o Maccabi Tel Aviv. O diretor desportivo era o filho do Johan Cruyff, uma das minhas grandes referências enquanto jogador, o Jordi Cruyff. Aprendi muito com ele. Partilhámos muitas coisas sobre futebol.

Bola na Rede: Tinha uma visão do jogo parecida com o pai?
Professor Neca: Completamente. Não é por acaso que ele agora foi para o FC Barcelona como conselheiro do presidente. Um pouco como o que eu fazia no Maccabi Tel Aviv: um indivíduo que está perto da estrutura e que ajuda, nas dificuldades, a colocar pontes onde não existe contacto. Isso é fundamental no futebol. 4-4-2 para aqui, 4-3-3 para ali, mas o que importa é que estamos sempre a lidar com humanos. É aí que entra a importância do treinador mais experiente. Depois, estivemos [com Lito Vidigal] no Boavista. Não tenho dúvidas nenhumas que o Boavista descia de divisão nesse ano. Foi um desafio tremendo que tivemos. Estávamos em penúltimo. Desde que pegámos no Boavista, só Porto, Benfica e Sporting fizeram mais pontos. Até que o Braga fizemos mais pontos. De seguida, apareceu o Marítimo e eu já estive para não ir, porque tinha um convite para ser diretor desportivo da Primeira Liga, aquilo com que sonhava. Acabei por ir com o Lito, mas não correu bem. Agora, estou um bocado parado a olhar para as coisas, vendo e refletindo o futebol. Não tenho dúvidas que o futebol tem uma enorme lacuna. Quem está perto da administração, dos jogadores e dos treinadores, na generalidade, não tem competências para ajudar a que exista uma comunicação estreita, limpa e sem conflitos. Foi a experiência que tive ao longo de 40 anos a trabalhar em contextos diferentes. Normalmente, os clubes, para arranjarem um lugar para um indivíduo que acabou a carreira, metem-no no diretor desportivo. Isto não faz sentido. Não pode ser, porque não tem as competências para ajudar o clube a ter resultados positivos. Vejo clubes a cometerem erros tremendos, porque falta maturidade e comunicação. Há treinadores jovens que reúnem mais competências do que eu para treinar. Mais competências do que eu para ser dirigente, não vejo ninguém.

Bola na Rede: As equipas por onde tem acompanhado Lito Vidigal ficam rotuladas por um estilo mais defensivo. Dá-lhe o mesmo gozo trabalhar uma equipa para estar bem organizada defensivamente e fazer disso a sua maior arma, do mesmo modo que lhe dá gozo trabalhar outras estratégias?
Professor Neca: Há o aspeto tático em que olhamos para os jogadores e vemos o que eles podem dar. Se estamos em equipas com grande qualidade, o nosso futebol tem que ser mais ousado. Se temos menos qualidade, tem que ser menos ousado e estar em função das qualidades dos jogadores. Um treinador de futebol só sobrevive se tiver resultados. Os melhores treinadores não são o Mourinho, o Guardiola, o Klopp ou o Mancini. São grandes treinadores, mas os melhores são os que conseguem otimizar os jogadores que têm à sua disposição para fazer uma boa equipa. Por exemplo, hoje o Benfica está melhor, porque melhorou defensivamente. Jorge Jesus percebeu que se não for segura a defender, a equipa não faz coisa nenhuma. Nós, para irmos com o Arouca às competições europeias, tínhamos que ter uma estratégia de jogo que permitisse jogar bem para fazermos pontos. Não é a equipa que tem mais posse de bola que ganha, mas sim a que, estrategicamente, sabe potenciar os melhores jogadores. É nesse equilíbrio que se monta a estratégia para ganhar jogos.

Bola na Rede: No final de um jogo no Dragão, em que, já pelo CS Marítimo, conseguem vencer por 3-2, disse, no final, o seguinte: “Taticamente fomos perfeitos. É na estratégia que as equipas menos dotadas podem ganhar às grandes equipas”. Para si a estratégia é o fator mais decisivo num jogo?
Professor Neca: Nesse jogo, estrategicamente, estivemos muito bem. Estava a ver o aquecimento e vejo o Amir, o guarda-redes, com uma disponibilidade e concentração com que nunca tinha visto até então. O guarda-redes, normalmente, é o primeiro a entrar e o primeiro a sair do aquecimento. Vou ao balneário, ainda estava a equipa a aquecer, e coloquei-me perto do Amir e disse-lhe que ele ia fazer uma exibição do outro mundo. Não digo isto todos os dias. Sentia mesmo aquilo. Vamos para o jogo e ganhámos limpinho. Uma equipa que joga a defender não ganha 3-2 no Dragão. Três e podiam ter sido mais. O Amir defendeu um penálti. Numa estrutura, muitas vezes há jogadores que não são acarinhados como eles precisam para estarem em boas condições para a profissão deles.

Bola na Rede: Outros jogadores em evidência nesse jogo foram o Rodrigo Pinho e o Nanú. São jogadores úteis para o Benfica e para o Porto, respetivamente?
Professor Neca: Sem dúvida. O Benfica tem pontas-de-lança para todos os jogos e todos de qualidade. Mesmo assim, o Rodrigo Pinho já está a jogar e fazer golo. Eu dizia-lhe: “Ó, Pinho, vou ali para o banco sentar-me só para te ver treinar”. Tinha e tem uma qualidade extraordinária. “Perdeste muito tempo a andar aqui em clubes secundários”, dizia-lhe também. É um extraordinário profissional. Vai jogar no Benfica muitas vezes. Pode ser titular do Benfica, claramente. O Nanú é um menino guineense, bem formado, com um potencial enorme. Tem que estar psicologicamente no auge. Vai ser muito difícil vingar no Porto, porque o Porto é um clube para ser campeão, mas tem qualidades intrínsecas.

Bola na Rede: E o Helton Leite? O que acha da gestão que tem sido feita da baliza do Benfica?
Professor Neca: O Helton Leite está com o Odysseas. Foi meu guarda-redes no Boavista FC. O pai dele [João Leite] foi guarda-redes no Vitória SC e foi meu adversário. Conversava com o Helton e dizia-lhe que ele tinha tudo para dar o salto para o Benfica, Porto ou Sporting. Está no Benfica. Já defendeu, e bem. Agora está a jogar o Odysseas, que também é um belíssimo guarda-redes e tem mais anos de Benfica, e está a defender muito bem. O Helton está à espera da oportunidade dele. Um clube como o Benfica tem que ter dois guarda-redes deste nível, tal como o Porto tem o Marchesín e o Diogo Costa. Neste momento, o Marchesín, que é guarda-redes da seleção argentina, não entra no Porto, porque o Diogo é um guarda-redes de grande categoria. O Helton Leite tem que trabalhar para quando tiver oportunidade responder da mesma forma como está a responder o Odysseas.

Bola na Rede: Na segunda passagem pelo Vitória FC, com Lito Vidigal, pegam na equipa a quatro jogos do fim. Foi uma pequena loucura?
Professor Neca: O Lito telefona-me à meia-noite. “Mister, temos aqui uma situação. Faltam quatro jogos e o Vitória FC quer que a gente vá para lá. O que é que acha? O capitão, o [José] Semedo, e o sub-capitão, o Zequinha, vieram a minha casa“. Fizemos as malas e fomos embora para Setúbal. Disse ao Lito que se os capitães tinham ido ter com ele era porque a equipa estava com ele. Nesse dia, às quatro da manhã arrancámos para estarmos em Setúbal às sete. No penúltimo jogo, estávamos a jantar para ir jogar no dia seguinte com o Sporting, que tinha ganho os jogos todos com o Rúben Amorim. Durante o jantar, estava a jogar o CD Tondela com o Braga. Para nós, era importante que o Braga ganhasse, como era normal, para o Tondela ficar ali quase na descida. Resultado? Tondela 1-0 Braga. Estávamos a jantar e ouviam-se as moscas, um silêncio sepulcral. Toda a gente estava a pensar “já fomos, já descemos de divisão”. Eu e o Lito estávamos à frente um do outro. Concluímos que tínhamos que ter uma reunião com os jogadores. Ninguém podia ir para a cama sem conversarmos. Tínhamos que empatar ou ganhar em Alvalade, onde ninguém tinha ganho depois do Rúben Amorim assumir o comando. Tivemos uma conversa com a equipa como achávamos que devíamos ter, porque senão ninguém ia dormir. Convencemo-nos de que íamos ganhar ou empatar em Alvalade, só dependia de nós. Empatámos 0-0. Depois, tínhamos que ganhar à Belenenses SAD em casa. A massa adepta mobilizou-se e ganhámos 2-0. Passado umas semanas, tudo acabou com o drama dos incumprimentos.

Bola na Rede: O que é que ainda lhe falta viver no futebol?
Professor Neca: Muita coisa. Gostava muito de conhecer Timor-Leste, através do futebol. Gostava de continuar a dar palestras. Estou também ligado à Associação de Treinadores. Gostava de ser diretor desportivo, porque acho que tenho aí um espaço."

Qualidade e carácter, resultado cruel


"Quando perto dos 70 minutos de jogo o Bayern apontou o golo inaugural, nada do que se passara no jogo até esse momento faria prever tamanha diferença no resultado final, pesado, muito pesado, e penalizador para o que a nossa equipa fizera em campo até à parte final do encontro.
Três golos bávaros de rajada, entre os 79 e os 84 minutos, deslustraram a exibição convincente e entusiasmante na maior parte do jogo. Até ao Bayern se adiantar no marcador ficou claro que, não obstante a superioridade dos alemães, fomos capazes de disputar o jogo, numa simbiose de respeito pelo adversário e enorme ambição, como fora preconizado na antevisão ao encontro.
O Bayern é apontado, neste momento, como tendo umas das melhores equipas do mundo, para muitos trata-se mesmo da melhor, pelo que não surpreendeu que tenha chegado à Luz a procurar impor o seu jogo.
A nossa equipa, respeitadora, mas corajosa, nunca deixou de procurar a sorte do jogo, criando também oportunidades de golo e conseguindo dividir a partida em largos momentos, nomeadamente até ao primeiro golo sofrido. Ficam na retina as duas ocasiões criadas a anteceder em poucos minutos o livre superiormente executado por Sané, que desfez o empate.
"Quando jogamos contra uma equipa como esta e da forma como o fizemos, não podemos ficar frustrados. Importa perceber o jogo! O Benfica esteve em jogo durante 70 minutos, frente a uma grande equipa. Sofremos o golo de livre, depois foram mais três em cinco minutos. Entendo que as pessoas falem de frustração em função dos quatro golos que sofremos, mas face ao que produzimos, não!", argumentou Jorge Jesus, numa leitura adequada do que se passou no relvado.
André Almeida considerou que "o Benfica fez uma primeira parte boa" e que o jogo "foi dividido até aos 70 minutos", e justificou: "Tivemos oportunidades até ao golo do Sané. Numa bola parada fizeram o 0-1 e, a partir daí, a equipa perdeu-se um pouco e o domínio foi mais do Bayern." O capitão acrescentou ainda: "Temos de nos focar nos 70 minutos em que estivemos bem."
A capacidade demonstrada pela equipa até ao fatídico minuto 70 só pode cimentar a confiança, a personalidade e o carácter patenteados desde o início da temporada. Os vinte minutos finais correram manifestamente mal, por oposição à grande exibição feita até lá, com competência e muita entrega, merecedora do reconhecimento dos Benfiquistas presentes no Estádio.
O incessante e vibrante apoio dos Benfiquistas nas bancadas extravasou a hora e meia de jogo, com a equipa a merecer uma sentida e forte ovação após o apito final, como que a ser lembrada pelos adeptos de que se deverá focar no que de muito bem foi feito no jogo frente a um poderoso adversário e manter-se focada e confiante nos desafios vindouros, a começar já em Vizela no próximo domingo.
Este jogo já pertence ao passado, importa agora apontar as baterias para mais uma jornada do Campeonato Nacional. Há três pontos para conquistar e estamos certos de que a nossa equipa tudo fará para consegui-lo.
Entretanto, ao longo do dia estivemos também em ação no Benfica Campus e nos pavilhões. No Seixal, a nossa equipa de Sub-19 goleou o Bayern, por 4-0, em jogo da UEFA Youth League. No futsal regressámos às vitórias ante o Braga, 3-1 foi o resultado final. E, no basquetebol, obtivemos um excelente triunfo, por 83-69, ante os russos do Parma-Parimatch a contar para a fase de grupos da FIBA Europe Cup.
Hoje as atenções estão viradas para o voleibol, em que a nossa equipa será anfitriã, às 20h00 na Luz, do VaLePa Sastamala, da Finlândia. Trata-se da primeira mão da 2.ª ronda de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, um desafio difícil e em que, para ser superado, será fundamental o apoio dos adeptos. Venha à Luz e ajude a nossa equipa a conseguir a vantagem desejada na eliminatória.
Vamos, Benfica!"

Comunicado


"O Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa, deu as boas-vindas esta manhã no Estádio da Luz ao Sr. John Textor, que teve posteriormente uma reunião de trabalho com dois vice-presidentes do Clube.
O encontro decorreu de forma cordial e o Sr. John Textor ficou de enviar informação adicional sobre as intenções que tem para o Benfica, para posteriormente serem objeto de avaliação e análise por parte da Direção.
Não está prevista, por agora, qualquer nova reunião com o Sr. John Textor."

Senhor Weigl de Champions


"«O Weigl foi percebendo aquilo que eu achava que era importante para a valorização da posição dele. Hoje é um jogador muito mais intenso sem bola»
Jorge Jesus

O próprio Weigl referiu muito recentemente numa entrevista a um orgão informativo do seu país Natal estar hoje um jogador com outra capacidade no posicionamento, e com outra disponibilidade no momento defensivo que lhe permite recuperar mais bolas e ajudar mais a sua equipa.
Na recepção ao Bayern, Julien Weigl mostrou à Alemanha que estará pronto para retomar a rota de outros campeonatos. O crescimento defensivo – onde ainda assim, nunca será um jogador de topo Mundial – aliado à incrível fluidez que dá ao jogo com bola da sua equipa trouxe um Weigl a nível muito elevado."

Sané e a arte do dilúvio bávaro


"O Benfica, que resistiu 70 minutos e causou problemas aos rivais, foi goleado esta noite, no Estádio da Luz, pelo Bayern Munique (0-4), num jogo a contar para a terceira jornada da Liga dos Campeões. Leroy Sané foi a figura do jogo, com dois golos, uma assistência e uma belíssima exibição

Faz lembrar aquelas caminhadas ao fim da tarde, quando a noite se impõe e ganha finalmente a batalha com o sol. E está tudo calmo. A chuva cai, mas não molha, é agradável. De repente, sem aviso, desata no festim das nuvens o maior dilúvio de que há memória. Não há tempo para evitar. Não há um lugar para fugir. Conhecem-se os inevitáveis daquele momento, era uma possibilidade, o desfecho não será bonito. Foi bom enquanto durou, desdenha-se no pensamento.
E assim se parece o Bayern.
Estes senhores que vêm de longe, lá da Baviera, são como as nuvens carregadas de chuva, impiedosas, canibais. Não serenam. Optam por continuar, insaciáveis. E há, entre os que assistem a tal espetáculo, uma espécie de sentimento de culpa, um qualquer devaneio voyeurista, torcendo pela presa, pelo protagonista mais fraco, mas, ao mesmo tempo, gera-se uma hormona qualquer da curiosidade pela desconhecida sangria que, quem sabe, está por vir, pelo tal desfecho que sempre soou a possível, transformando-se depois em algo inevitável. O Bayern é isto tudo: porventura a melhor equipa que existe e, agravando s situação, com o maior apetite do mundo.
O Benfica resistiu durante 70 minutos. E não resistiu somente tapando a baliza, foi corajoso, quis condicionar o Bayern lá à frente, perto de Manuel Neuer, e depois soube sair em contra-ataque muitas vezes. Se há coisa que Julian Nagelsmann, ausente esta noite por doença, soube melhorar neste glorioso clube foi a permeabilidade aos contra-ataques alheios. De acordo com este artigo do “The Athletic”, a equipa de Nagelsmann permite atualmente menos um terço dos contra-ataques do que aqueles que eram tolerados durante o mandato de Hansi Flick, o agora selecionador alemão.
Jorge Jesus avisara que ia montar uma equipa para a frente. E foi assim, o que não significa que iria passar mais tempo com a bola ou a atacar. Rafa, Darwin e Yaremchuk teriam o mesmo papel que tiveram na vitória contra o Barcelona, na Luz, sabendo descobrir espaços e mordendo a grandeza do rival. Há um dado que vale a pena sublinhar: que os dois avançados do Benfica tenham capacidade para andar à bulha, em duelos, com defesas como Niklas Süle e Dayot Upamecano fala muito sobre o poderio que mora no ataque benfiquista. Se o ucraniano é mais refinado tecnicamente, o uruguaio revela mais limitações. Apesar disso, foi mesmo Darwin Núñez que convidou Neuer para uma das defesas da noite, talvez a melhor, num lance pela esquerda, que talvez só compita com aquela que o mesmo guarda-redes fez a remate de Diogo Gonçalves (substituiu o regressado e depois lesionado André Almeida).
Embora com menos bola, João Mário e Julian Weigl iam demonstrando detalhes e decisões que correspondem aos grandes futebolistas. Parecem sombras distantes, ligadas pelo intelecto, pois sabem perfeitamente que podem contar um com o outro para saírem de qualquer aperto. Jogaram futebol, bom futebol, e permitiram à equipa respirar com bola em certos momentos, aguentar, esperar e virar o jogo. Mas os colegas, quase sempre, preferiram outra coisa: acelerar, olhando para a frente e explorando as referências que davam soluções no choque, transporte de bola e velocidade.
Do outro lado, a dinâmica da equipa germânica, campeã nacional desde 2013, não era surpreendente. Lucas Hernández, Upamecano e Süle faziam a linha de três, apoiados pelo sempre competente com os pés Manuel Neuer; Kimmich, silencioso operário genial da utilidade suprema, e Marcel Sabitzer fechavam no meio; Pavard dava largura pela direita e Coman pela esquerda (herói da última Champions conquistada pelo Bayern, na Luz); Thomas Müller (por vezes mais sinaleiro do que participante, dava indicações que abriam verdadeiras crateras no meio-campo) e Leroy Sané eram vagabundos na zona do número 10; Lewandowski era a referência, quase sempre às turras com Nicolás Otamendi.
Se Coman, quando entrou em jogo finalmente, foi um ávido carrasco para os dois laterais direitos que teve pela frente, tal é a ginga e veneno no drible, Leroy Sané foi a chave. Tão talhado para ser extremo, converte-se agora num futebolista que sabe jogar por dentro, dotado de um radar descobridor de espaços e, claro, senhor de um pé mais fino do que a areia da mais bela praia. Os movimentos do ex-jogador do City eram e seriam um problema sempre. As rotações com bola, idem. As acelerações. Os remates. Os passes. Os movimentos de arrastamento. Enfim, tudo.
E, é curioso, estamos talvez perante a melhor versão de Sané, até porque é mais alemão do que nunca. Isto é, tem fome como nunca teve. É mais um detalhe que está no artigo do “The Athletic” em cima referido: aprendeu os encantos de jogar por dentro com Nagelsmann, que lhe aconselhou também a encontrar-se com um psicólogo. Deram com a tecla e agora que se lamentem os outros que o têm de parar.
O Estádio da Luz, ciente da realidade e das diferenças em campo, soube sonhar. A cada golo anulado ao Bayern - foram dois -, o rugido subia de tom. Os duelos ganhos na relva, no ar, no choque, na picardia ou na sabedoria eram celebrados como aqueles abraços repetidos nas festas de fim de ano. As gentes sentiam-se representadas e gritavam por eles, pelos futebolistas, quais mensageiros da coragem.
O Bayern teve sempre mais bola, era dono do jogo, mas nunca esteve demasiado confortável. Aliás, isso só aconteceu a partir do minuto 70, quando Leroy Sané decidiu sacudir o pó dos dossiers de estatística. Afinal, esta equipa contava com uma média de 4,3 golos por jogo, que, se eliminarmos o jogo da Taça (12-0), é de 3,6. São, depois desta noite, 56 golos em 13 jogos. É uma máquina trituradora. Antes do fatídico minuto 70, viram-se inúmeras oportunidades de golo, mais do lado do Bayern, naturalmente, principalmente com o remate ao poste de Pavard e um cabeceamento de Lewandowski, que Odysseas Vlachodimos evitou, tal como outras jogadas perigosas dos alemães. O guarda-redes do Benfica, sereno e seguro, ia sendo decisivo. Yaremchuk, depois de se impor a Upamecano, ganhou o corredor, chutou cruzado (não o suficiente para Darwin corrigir) e não esteve longe de organizar um evento de alegria.
Mas voltemos ao minuto 70.
Uma entrada imprudente de Otamendi ao colega de profissão que ia habitando no mesmo metro quadrado que ele ofereceu um livre direto para a canhota de Sané. Fez-se algum silêncio na Luz, talvez se temesse algo. O esfomeado requintado que há agora em Sané meteu a bola na baliza: as redes esticaram-se como fazem quando estão felizes. Um-zero.
E o carrossel começou.
A fadiga que morava na cabeça dos jogadores, esquecido e engolido pela canção que se ouvia no ainda marcador favorável, baixou finalmente às pernas. A maior posse de bola alheia começou a passar fatura, como passa sempre quando se está em desvantagem. A crença e a ilusão num bom resultado é o que mantém a energia ligada e a concentração no pináculo. Depois da desilusão, há muitas vezes o descomprimir, o inevitável, a chuva, o dilúvio. Os adeptos cantaram para os seus jogadores, não queriam que caíssem, já sabem como toca o fado bávaro. Mas não seria possível evitar o que estava por vir, nem os homens que saltaram do banco puderam evitar a sangria (e que ingrato é entrar num jogo com este ritmo e exigência). E, timidamente, imperou o sentimento de injustiça.
Em somente 12 minutos, o Bayern marcou quatro golos. Depois de Sané, Everton Cebolinha marcou na própria baliza, Lewa fez mais um, a passe de Sané, que fecharia a contagem, com mais um detalhe com categoria. O canhoto, mais alemão e sagaz do que nunca, tinha as chaves do jogo e assinou dois golos e uma assistência, homenageando com doçura o número que leva nas costas, o respeitoso 10. E Nagelsmann, que no quarto de hotel se deve ter aborrecido tanto com o zero-zero que colocou Gnabry por Pavard, está cansado de saber que este rapaz vai virar jogos do avesso sempre que quiser.
Alguns adeptos da casa iam saindo quando as escrituras iam aparecendo nos ecrãs gigantes, mas a maioria ficou. Instalara-se então um ambiente fúnebre, com o sangue a escorrer pelas feridas da alma desta gente que passou um dia inteiro a acreditar em sonhos maravilhosos, esquecendo os rumores da impossibilidade. Ouvia-se “sou benfiquista, com muito orgulho, com muito amor” lá ao fundo, triste, conformado, num tom reativo-sereno. Esse cântico cresceu quando estava prestes a soar o apito final do árbitro. Havia, afinal, orgulho. Aquela primeira parte foi importante para calibrar a bússola para o que aí vem."

SL Benfica 0-4 FC Bayern München: Efeito dominó na Luz


"A Crónica: O Pior Foi o 1º Golo
O SL Benfica recebeu e foi derrotado por 4-0 frente ao FC Bayern München, no jogo a contar para a Liga dos Campeões.
Numa primeira parte eufórica mais sem golos, vimos um Bayern a mostrar ao que vinha, mas com um SL Benfica a não tremer e a responder à qualidade alemã.
Logo aos cinco minutos, Leroy Sané rematou cruzado de pé esquerdo, mas a bola foi para fora. Aos 29 minutos, foi Coman colocou à prova Vlachodimos. Entre as oportunidades criadas pela equipa alemã, apareceu Darwin Nuñez para quase fazer explodir o estádio da Luz. Grande trabalho individual do uruguaio para uma grande defesa de Neuer.
Já depois da entrada de Diogo Gonçalves, gritou-se golo para o lado dos Bávaros, mas Lewandowski não usou os utensílios que o tornam num dos grandes goleadores do futebol mundial. Mão na bola e o 0-0 manteve-se até ao intervalo.
Na segunda parte, o sonho da Luz acabou por cair por terra. Antes do primeiro golo dos Bávaros, Pavard tirou tinta ao poste e Thomas Müller marcou irregularmente. Aos 55 minutos, Diogo Gonçalves esteve muito perto de fazer o primeiro num lance individual, mas Neuer voltou a mostrar porque é um dos melhores do mundo. Sucediam-se as oportunidades, mas o ditado costuma dizer “quem não marca sofre”…
Aos 70 minutos, Leroy Sané marcou de livre direto e a partir daí foi um efeito dominó de golos. Everton Cebolinha fez um auto-golo, Robert Lewandowski marcou a contar e Sané acabou por bisar. Estavam misturados os ingredientes para um 4-0 muito inglório.

A Figura
Leroy Sané Não podemos dizer que tenha sido o melhor jogo da carreira de Leroy Sané, mas foi sem dúvida o melhor em campo esta noite. A atuar numa zona mais central, foi o responsável por conduzir todo o ataque dos Bávaros na zona central e fez o mais importante: o primeiro golo que desbloqueou o resto do jogo.

O Fora de Jogo
Encarnados após o 1.º golo Foi claramente uma equipa diferente até Leroy Sané marcar o primeiro golo de livre. Pensava-se que o SL Benfica conseguisse um empate ou até mesmo uma vitória, mas depois os encarnados desorganizaram-se completamente.

Análise Tática – SL Benfica
A equipa de Jorge Jesus apresentou-se num 3-4-3 com um trio móvel composto por Rafa, Yaremchuck e Darwin Nuñez (em momento de pressão ofensiva) e num 3-5-2 com Rafa a aparecer como terceiro elemento da zona intermediária (em momento de 1.ª fase de construção)
O modelo de jogo do SL Benfica baseou-se muito nas transições ofensivas, com uma equipa muito agressiva, mas em que Rafa não era tanto o homem que buscava a profundidade. Darwin e Yaremchuck eram os dois homens que procuravam furar mais entre os centrais. Na segunda parte e principalmente depois do primeiro golo sofrido, vimos problemas em parar a circulação de bola do Bayern. O setor defensivo também ficou bastante destabilizado.

11 Inicial e Pontuações
Vlachodimos (7)
Otamendi (6)
Lucas Veríssimo (6)
Vertonghen (6)
Grimaldo (5)
André Almeida (5)
Weigl (6)
João Mário (5)
Rafa (6)
Darwin (7)
Yaremchuck (6)
Subs Utilizados
Diogo Gonçalves (7)
Everton (2)
Taarabt (-)
Gonçalo Ramos (-)
Pizzi (-)

Análise Tática – FC Bayern Munchen
Os Bávaros apresentaram-se num 4-2-3-1, com Müller muito no apoio a Lewandoski e a encostar na ala e com Leroy Sané no meio. Coman foi uma novidade no onze inicial e ocupou a outra ala. O modelo de jogo baseou-se em jogadas rápidas, com Coman a aparecer como um dos homens mais fortes no um para um. Sané aparecia a conduzir o jogo pela zona central. Em termos defensivos, mostraram uma grande agressividade defensiva, pese embora não deixassem de ser surpreendidos por algumas jogadas do SL Benfica.
Depois do primeiro golo, a ansiedade tornou-se numa tranquilidade e as jogadas começaram a sair de olhos fechados.

11 Inicial e Pontuações
Neuer (8)
Hernández (5)
Upamecano (7)
Süle (7)
Pavard (4)
Kimmich (6)
Sabitzer (6)
Müller (7)
Leroy Sané (8)
Coman (7)
Lewandowski (5)
Subs Utilizados
Gnabry (7)
Stanisic (-)
Musiala (-)
Tolisso (-)
Richards (-)

BnR na Conferência de Imprensa
Não foi possível colocar questões ao treinador do SL Benfica, Jorge Jesus, e ao treinador adjunto do FC Bayern Munchen, Benjamin Gluck."

Alma, Honra e amiúde Qualidade, mas eles são Galáticos e só custou o primeiro


"São de outro Mundo. Não há como catalogar de forma diferente. Da qualidade do Bayern à do Benfica vai um mundo de diferença. Porém, onde podia tentar equilibrar, como podia tentar magoar a equipa bávara, o Benfica teve alma, honra e qualidade. E se foi feliz em tantas ocasiões, poderia ter sido ainda mais, afinal com o resultado empatado dispôs de 4! grandes oportunidades para inaugurar o marcador.

A ordem era clara e resgatava a estratégia do jogo perante o Barcelona. Defender com muita gente, assumir o HxH nos movimentos de apoio no espaço entre defesas e médios dos atacantes do Bayern – Por isso João Mário e Weigl abertos na imagem – Os centrais tiveram a responsabilidade de ser proativos no controlo do espaço à sua frente – e esperar por um momento em que o campo abrisse procurando então ativar os poderosos (com espaço) Rafa, Darwin e Yaremchuk.
Sofreu demasiado para suster os ímpetos dos germânicos ao longo de todo o jogo, mas tal já era mais do que expectável. O que talvez não fosse de supor seria a forma como se libertou por diversas vezes em Transição, criando lances de perigo que mesmo que de forma injusta, poderia ter mudado o destino encarnado.

Assim pretendia o Benfica vencer – Saídas com Espaço para Darwin

Os dois golos anulados, a entreajuda de um sem número de individualidades que deram tudo o que tinham, e o tribunal da Luz sempre ao lado do seus chegou a dar a sensação de que o Benfica poderia dividir o resultado – Se a fortuna continuasse a protegê-lo em momento defensivo – Porque no ofensivo, Darwin, Diogo Gonçalves por duas vezes e Yaremchuk poderia ter fintado o destino.
O golaço de Sané veio abrir o jogo e a partir do momento em que o Benfica se viu forçado a ter de dividir o jogo para ir atrás do resultado, percebeu-se de forma ainda mais clara o mundo de diferença entre as duas equipas. No jogo pelo jogo, o Benfica foi abalroado e chegou a temer-se que a goleada que até aos setenta minutos parecia improvável, fosse até mais pesada.

Homem do Jogo:
WeiglEncontrou sempre saída da pressão adversária, ligou o jogo, teve o impacto com bola habitual e ainda venceu duelos e roubou bolas. Foi enorme no controlo do jogo contra uma equipa e jogadores que e movem algumas mudanças acima quando o campo se abre."

Vermelhão: Faltaram 20 minutos...!!!

Benfica 0 - 4 Bayern


15 minutos, muito ingratos! Dentro das nossas limitações, tivemos muito bem até aos 70 minutos... houve uma ou outra falha, mas as marcações individuais a todo o campo, resultaram quase sempre, a 'linha' defensiva esteve também quase sempre bem... e tirando aquela sucessão de erros/oportunidades do Bayern no início do 2.º tempo, o Benfica esteve bem... Faltou um bocadinho de 'estrelinha' nas oportunidades que tivemos: 4 descaradas e mais algumas semi-oportunidades... Todas com 0-0 no marcador, se o Benfica tem marcado primeiro, creio que o jogo podia ter oura história... Pessoalmente, o momento do jogo, acaba por ser o remate cruzado do Roman... grande arrancada... Devíamos ter ficado em vantagem, e minutos depois, ficámos em desvantagem! Estava com receio dos últimos minutos, porque com o cansaço, o zelo defensivo normalmente perder-se... e a profundidade 'defensiva' no banco, era curta...!

Uma das poucas más decisões defensivas, foi na jogada que terminou com o remate rasteiro do Sané, o Nico devia ter 'subido'... O 'problema' mais recorrente, foi o duelo do Coman, com o Digi! O Diogo esteve muito tempo de fora, e contra um dos jogadores mais rápidos do futebol actual... acabou por ser fintado, quase sempre da mesma forma!

Um dos segredos, dos primeiros 70 minutos, foi a forma como os jogadores souberam defender o 'espaço' longe da bola! É muito tentador, um jogador 'atacar' o portador da bola, e esquecer-se do seu posicionamento, e contra uma equipa que troca a bola, como o Bayern faz, é fatal, quando os jogadores se esquecem das suas 'marcações': veja-se no 2.º golo, o jogador que apareceu sozinho para fazer o cruzamento...

Jogo enorme do Weigl e do João Mário, defensivamente. Obrigados a tomar decisões constantemente, sobre quem pressionar... e foram os únicos que conseguiram ter a bola no pé, resistindo, algumas vezes, à pressão do adversário!

Se o Jesus merece ser criticado? Talvez por ter demorado tanto tempo a tirar o Rafa: claramente sem o 'pico' normal, a recuperação da lesão, retirou-lhe velocidade... estava completamente roto, depois daquela jogada onde sacou o Amarelo ao Hernandez! Agora, na estratégia esteve bem, contra esta máquina ofensiva do Bayern, com o plantel do Benfica, dificilmente poderíamos fazer melhor... Aliás, os minutos após o 2-0, provaram isso, bastou o Benfica pressionar um bocadinho mais alto, e perder as 'marcações' para aparecer o espaço para os ataques rápidos dos Bávaros...

Ainda bem que houve VAR, porque os apitadeitos, raramente travaram ataques promissores do Bayern, mesmo quando as irregularidades eram evidentes! Então foras-de-jogo foram vários... só não foram mais vezes revertidos, porque os lances não acabaram em golo!

E já agora, para aqueles que irão dizer que o Benfica, montou o autocarro à espera do erro, comparando aquilo que muitas equipas fazem 'ao Benfica' no Tugão: realço para memória futura, que o Benfica não fez anti-jogo, não andou a perder tempo, não andou a dar porrada a tudo o que mexia... não andou a simular lesões... Jogámos com as linhas mais recuadas, fomos humildes, lutámos, tentámos e conseguimos sair várias vezes em ataques rápidos... e a bola acabou por não cair para o nosso lado!

Agora o mais importante é o Vizela e depois a Taça da Liga e depois novamente a Liga! O jogo em Munique, ainda vem longe... Como já tinha antecipado, o calendário não nos foi favorável, e com a vitória do Barça, corremos o risco de ir a Barcelona em desvantagem na corrida para o 2.º lugar!