terça-feira, 28 de setembro de 2021

Vitória histórica...

Benfica 33 - 28 Rheim-Neckar
(18-13)

Gigantes, grande exibição, grande vitória... uma das 'maiores' da secção! Estes Alemães são fortíssimos, têm um plantel cheio de jogadores com curriculum, eram provavelmente um dos maiores favoritos à conquista da Taça EHF antes desta eliminatória... Eram de longe a equipa a 'evitar' no sorteio!
E em duas grandes partidas com o Benfica, foram eliminados sem apelo nem agravo, e só não perderam os dois jogos, porque os árbitros na Alemanha, não quiseram!!!

Não é fácil destacar um jogador, pois todos fizeram o seu papel, mesmo assim sem esquecer as bombas do Petar, o Sergey merece ser destacado: uma autêntica parede nestes dois jogos!!!

Agora na fase de grupos da Taça EHF, depois de derrotar um adversário deste nível, mantendo esta atitude e esta qualidade, tudo é possível!

"Pronto, se for preciso"


"O homem que, por três vezes, assumiu inteiramente o cargo de presidente da Direcção do Benfica

António Afonso da Costa e Sousa nasceu em 19 de Maio de 1906 na Quinta da Portucheira, em Torres Vedras. A sua actividade de atleta resumiu-se ao futebol, que praticou na escola. na adolescência foi para um colégio interno, em Lisboa, onde estudou economia, o que lhe possibilitou vir a trabalhar no Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa.
Os estudos não lhe permitiram dedicar-se ao desporto. No entanto, fez-se sócio do Benfica em 1922, onde foi figura de relevo até à sua inesperada morte, em 19 de Novembro de 1958.
A partir de 1937 passou a integrar os órgãos sociais do Clube, desde suplente do Conselho Fiscal a vogal da Direcção, tendo assumido a tesouraria por demissão do efectivo, em 1940.
Em 1944, ocupando o cargo de suplente da Direcção havia três gerências, foi efectivado para a chamada 'Direcção dos Suplentes', quando toda a Direcção foi castigada com uma suspensão de três meses pela Federação Portuguesa de Futebol, devido a um comportamento excessivo do secretário Júlio Ribeiro da Costa, num jogo frente ao Belenenses. Em 26 de Outubro de 1944, Costa e Sousa, como primeiro suplente, foi elevado a presidente interino da Direcção, cargo que assumiu durante o tempo imposto, presidindo a banquetes de homenagem e confraternizações. Foi nesse período que a equipa feminina de Tiro do Clube conquistou o seu primeiro título.
Foi eleito vice-presidente da Direcção nas eleições de 1946, pela primeira lista opositora da história do Benfica. Em 30 de Julho, Costa e Sousa voltou a assumir o cargo de presidente após a demissão de Manuel Conceição Afonso, mantendo-se até Janeiro de 1947. Durante estes seis meses, encabeçou dois momentos importantes para o Clube: a escritura da compra da sede da Avenida Gomes Pereira, me Novembro de 1946, e, no mês seguinte, a inauguração da primeira pista de atletismo do Clube.
Enquanto vice-presidente, assumiu uma terceira vez o cargo mais alto da Direcção durante o mês que decorreu entre a morte do presidente Tamagnini Barbosa e as eleições de Janeiro de 1949. Aí, presidiu a um banquete em honra de Ferreira Bogalho, com quem se envolveu em debates saudáveis ao longo dos anos, nas Assembleias Gerais. Foi a sua última posição nos órgãos sociais do Benfica.
De carácter cauteloso e desembaraçado, seria convidado a integrar uma lista em 1950, tendo afirmado que se encontrava 'pronto se for preciso' para ajudar no desenvolvimento do Clube.
Conheça os nomes que dirigiram o Benfica na área 28 - Homens do Leme, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Rodrigo Pinho | A arma secreta de Jesus?


"Proveniente do CS Marítimo, Rodrigo Pinho deu o maior salto da sua carreira e chegou a um grande português após contar com passagens por SC Braga, CD Nacional e, por último, CS Marítimo.
Nas temporadas transatas, Rodrigo Pinho mostrou qualidade para voos maiores e a sua oportunidade acabou por chegar. Mas será que chegou mesmo o tempo do avançado brasileiro?
Pois bem, ainda que apresente qualidade, Rodrigo Pinho não é primeira opção de Jorge Jesus para a frente de ataque encarnada, até porque existem no plantel jogadores bem mais capazes do que Pinho. Ainda assim, o brasileiro nascido na Alemanha é uma boa adição que garante profundidade ao plantel encarnado.
O esquerdino de 30 anos mostra-se mais como uma segunda opção viável, capaz de brilhar em certas situações do jogo e não como um titular indiscutível. Aliás, o próprio deveria saber disso quando assinou pelo SL Benfica. Contudo, creio que haverá espaço, e minutos, para Rodrigo Pinho.
Poderá ser importante para fazer descansar os colegas de posição em jogos de taças e poderá também funcionar quase como que um elemento surpresa quando o jogo estiver “encalhado”.
Possante fisicamente, Rodrigo Pinho é também um avançado bastante móvel, nada normal para as caraterísticas que apresenta. Ainda que seja ponta de lança, tem a capacidade de jogar de costas para a baliza, sabendo temporizar o timing para soltar a bola para os colegas e ainda ser capaz de aparecer em zonas de finalização.
É de pensar que com a sua envergadura, Rodrigo Pinho fosse um homem de área, mas muito pelo contrário. É um avançado rápido e explosivo que sabe explorar bem as costas do adversário, para além de ser muito forte no duelo individual. Não temos aqui o próximo Cristiano Ronaldo, mas temos uma opção bastante viável para render Yaremchuk.
No plantel encarnado encontra a concorrência direta de Darwin Núñez, Haris Seferovic e Gonçalo Ramos, para além do supramencionado, Yaremchuk, o que torna os minutos de jogo ainda mais escassos, até porque Jorge Jesus tem apostado num sistema 3-4-3, sendo Yaremchuk o homem da frente e Rafa Silva e Darwin os jogadores que, não estando na ala, têm mais tendência para pisar esses terrenos.
Nesta temporada, ao serviço das águias, conta com três jogos disputados de águia ao peito, totalizando 82 minutos de utilização e um golo marcado. Quiçá registe números como na temporada passada, que em 21 jogos apontou 15 golos e uma assistência, mas não me parece provável, até porque não tem a mesma preponderância no SL Benfica que tinha no clube insular.
Assim, Rodrigo Pinho terá de lutar por um lugar no onze inicial, mas o que se prevê é que seja um jogador de rotação, tanto para jogos de menor calibre, como para entrar para mexer com o jogo. A qualidade está lá, mas não para ser titular indiscutível no Sport Lisboa e Benfica."

Tão verde, tão verde, à beira de cegar



"Ao vê-lo jogar com a camisola do Torino, o presidente do Valência quis saber: ‘Quantos sacos de laranjas querem por ele?’

Se Amesterdão tinha um Ajax, por que diabo não haveria Roterdão de ter um Xerxes? Não vou pôr-me aqui a comparar a popularidade do herói grego, que aliás é uma figura mitológica, o mais belo e perfeito guerreiro que surgiu na Terra depois de Aquiles, com a de Xerxes, filho de Dário, xá dos aqueménidas, continuamente envolvido em guerra contra os gregos, este sim, personagem histórica.
Da mesma forma, comparar a popularidade do Ajax de Amesterdão com a do pequeno Xerxes de Roterdão, seria absurdo. Mas há algo de que os adeptos do Xerxes se orgulham e com toda a razão: ainda antes de o Ajax ter dado ao mundo os nomes de Cruyff, Neeskens, Krol e o diabo a quatro, o Xerxes exibia na sua equipa um tal de Servaas Wilkes, nascido no dia 13 de outubro de 1923, e durante anos a fio considerado a grande estrela do futebol daqueles que nós, por cá, resolvemos de um dia para o outro começar a tratar por Países Baixos quando sempre foram para si próprios os Países Baixos – Netherlands.
Em campo, Wilkes ganhou a alcunha de Faas. Para azar dele, a Holanda (desculpem lá a informalidade) do seu tempo não era lá das tais coisas. Uma renitência excessiva em entrar pelo caminho do profissionalismo manteve o futebol da região num atraso considerável em relação ao resto da Europa central e, para não ir mais longe, em relação aos vizinhos belgas, por exemplo.
Era um tipo grande, com mais de um metro e noventa, jogava a avançado centro, e às vezes parecia um tudo nada trapalhão até na forma como ia fazendo as bolas entrarem dentro das balizas em quantidades industriais. Ninguém ficou muito espantado quando, em 1949, se tornou no quarto jogador holandês a transferir-se para o estrangeiro. Foi para Milão, para o Inter, onde jogou três anos e continuou a marcar golos.
O meu querido Carlos Mendes é um amigo muito especial, mas vendo bem todos os meus amigos são especiais, sorte a minha. No fundo, há uma velha verdade que diz: cada um de nós é para cada um dos outros cada um de si. Agora que o sol estala na minha varanda de Alcácer, depois da tempestade ter assombrado a madrugada, lembro-me dele aqui sentado, de viola na mão, dedilhando cordas sobre o Sado.
Ele que cantou:
«Em Alcácer eram verdes as aves do pensamento
Eram tão leves tão leves como as lanternas do vento
Em Alcácer eram verdes os cavalos encarnados
Eram tão fortes tão negros como os punhos decepados».
Era de outra Alcácer que falava Joaquim Pessoa, que escreveu a letra, mas as aves do pensamento sempre transportaram consigo aquele homem muito grande que todos conheciam pelo pequeno nome de Faas.
«Em Alcácer eram verdes os homens que não voltaram
Eram tão verdes tão verdes como os campos que deixaram...».
Em Turim, em 1952, ainda se choravam os homens que não voltaram da tragédia de Superga que destruiu a totalidade de uma das melhores equipas da história. Na vontade extrema de recuperar da morte, os dirigentes do clube procuravam contratar estrelas que brilhassem por entre tal escuridão. Faas foi uma delas. Esteve lá um ano e foi um fracasso.
Não havia avançado que pudesse fazer esquecer Mazzola, muito menos um holandês corpulento que não sabia da arte requintada do drible e apenas da matemática dos golos. Só marcou um pelo Torino mas, numa viagem a Valência, caiu no goto dos valencianos: o presidente do Valência perguntou, candidamente – «Quantos sacos de laranja querem por aquele avançado grandalhão?».
Em Valência, Faas Wilkes recuperou a alegria, fazendo parelha no ataque com um espanhol chamado Manuel Mestre Torres que, quando o viu jogar pela primeira vez, exclamou: «Joder! Eres el único jugador del mundo capaz de hacer una pared consigo mismo». Faas fez tabelinhas consigo mesmo, mas sobretudo com Mestre. A populaça adorava-o. Diziam aos quatro ventos: «Se o Real tem Di Stáfano e o Barcelona tem Kubala, nós temos Faas Wilkes».
O falso trapalhão, que tirava adversários da frente com movimentos que pareciam involuntários, viveu quatro anos de felicidade plena. Aos 33 anos regressou à Holanda, para jogar no VVV, mas dois anos mais tarde estava no Levante.
Queria jogar, jogar sempre, se possível até ao dia de morrer em campo, de velhice. Em 1964, com a camisola do Xerxes, disse finalmente adeus à verdura dos relvados. Salvaas Wilkes fora uma espécie de poeta da grande área, o homem que completava o soneto do golo. À sua volta a relva era tão verde, tão verde, quase à beira de cegar..."

Fazer de Portugal uma verdadeira nação desportiva


"Nos últimos anos, o desenvolvimento da atividade física e desportiva ao longo da vida tem sido objeto de diversos relatórios, com origens diversas, e com mais ou menos qualidade. A prática desportiva é uma ferramenta de emancipação e de aprendizagem. Não é um setor que se deva colocar num qualquer canto, esquecido. O desporto faz sonhar a nossa juventude e faz com que alguém encontre o seu lugar na vida ou, como diria o sociólogo Pierre Bourdieu, nesta «miséria do mundo».
As escolas e os clubes desportivos deveriam irrigar mais desporto nas nossas aldeias, vilas e cidades, por forma a que ele assuma um lugar essencial no projeto global de sociedade. É preciso criar condições para se oferecer uma prática desportiva para todos e por todo o lado. Só nestas condições é que ela será integrada no modo de vida de todos, constituindo progressivamente um verdadeiro facto cultural. Esta ambição supõe mudar de paradigma, é claro, posicionando verdadeiramente a atividade física e desportiva para todos, em todo o território e ao longo da vida, no coração da nossa cultura, da nossa educação e na vida quotidiana de todos os portugueses.
Se a pertinência é atestada por vários estudos realizados sobre a prática desportiva, em todos os domínios, é necessário uma mudança profunda sobre como se olha para o fenómeno, uma mudança cultural que exige ambição, tenacidade e mobilização de todos os atores. Mas constatamos que a situação atual está muito afastada desta visão. Temos que reconhecer que, objetivamente, a prática desportiva é muitas vezes percebida como acessória e não como elemento central da nossa cultura e das nossas políticas públicas.
Se o objetivo é desenvolver a atividade física e desportiva, chegando ao maior número de pessoas, temos que ter em conta a progressão das práticas livres e não enquadradas, o que supõe uma evolução profunda da oferta tradicional. Não poderá haver uma estratégia ambiciosa em matéria de desenvolvimento de atividades físicas e desportivas se não se dispõe de instalações suficientes, adaptadas, abertas e repartidas, de tal forma que sejam acessíveis a toda a população e em todo o território. Tem que existir uma competência partilhada e não chefes de fila. Contrariamente a outros países, o Estado português não tem uma estratégia nacional global sobre a atividade física e desportiva."